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GEOTECNIA – ÍNDICES FÍSICOS

 Os índices físicos são um tema bastante relevantes na geotecnia. Eles respondem


muitas das dúvidas que surgem sobre os parâmetros dos solos, nos permitindo estimar
e calcular diversas propriedades desse material.
 Os solos são compostos basicamente por três fases:
 Sólida: grãos que compõem o esqueleto mineral de um tipo de solo (partículas
minerais e orgânicas).
 Líquida: Água que se encontra entre os vazios do solo. Um solo pode estar
SATURADO ou não. Essa água pode ter diversas nomenclaturas:
 Água molecular: aquela que compõem a estrutura do solo;
 Água adsorvida: aquela que se encontra em um nível mais
macroscópico. Envolve a superfície do grão do solo aderindo-se a ela,
característica bastante comum em SOLOS ARGILOSOS
 Água livre: aquela que se encontra mais liberada entre os vazios do
solo. Gera poropressão, percolação.
 Água capilar: aquela que pelo fenômeno de capilaridade ascende acima
do nível freático. Acarreta em mudanças na TENSÃO EFETIVA dos
solos.
 Gasosa: É o ar que fica entre as partículas nos vazios dos solos.
 O volume total VT de um solo será: VT = Vv + Vs >> VT = Va + Vw + Vs, onde:
 VT = volume total de um solo;
 Vv = volume de vazios;
 Vs = volume dos grãos
 Va = volume de ar dentro do solo;
 Vw = volume de água dentro do solo
 Em relação aos pesos tem-se que PT = Pw + Ps, onde:
 PT = peso total do solo;
 Pw = peso da água contida no solo;
 Ps = peso dos grãos do solo.

 A seguir serão apresentados os principais IF:

1. TEOR DE UMIDADE (W): É um dos IF mais relevantes para a geotecnia visto que o mesmo
é extremamente útil para entendermos diferentes comportamentos do solo. Relação
PERCENTUAL entre o peso de água e o peso de sólidos:
Pw
W= x 100%, unidade: %
Ps
Sua determinação pode se dar em laboratório pelo método da estufa – anexo NBR
6485/84 onde o solo úmido (grãos e água) é pesado Pu (peso do solo úmido) e depois é
colocado na estufa. Após o processo de secagem teremos apenas os grãos secos. Assim tem-se
que Pw = Ps – Pu.
Outra maneira de se determinar a umidade em campo é por um método expedito para
campo através do método da frigideira. Basicamente a frigideira fará o papel da estufa devido a
dificuldade de leva-la para campo. O processe é bastante simples: pega-se o solo e com o
auxilio de uma frigideira e um fogareiro promove-se a secagem do solo até que toda a água seja
retirada. Assim o solo úmido Pu é pesado, depois promove-se a secagem na frigideira e
posteriormente pesar o material seco Ps. Com isso o Pw também será dado como no método da
estufa: Pw = Ps – Pu.
Existe também o SPEED MOISTURE TEST, mais conhecido como Speed Test. Esse
método consiste em colocar dentro de um recipiente uma ampola de gás acetileno e o solo
úmido. Ao promover uma agitação no recipiente a ampola será quebrada liberando o gás que
reagirá com a água gerando assim uma pressão. O instrumento já é pré-calibrado e conforme a
quantidade de água a pressão será > ou <. A medida de pressão será lida e comparada com a
calibração feita e assim observada qual a umidade do solo.
Os valores comuns de W são entre 10 a 40% (solos arenosos e siltosos) e em solos
argilosos moles é possível chegar em W > 100%. Quanto mais rígida é uma argila menor será
sua W.

2. ÍNDICE DE VAZIOS (e): Relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos. É


adimensional.
Volume de vazios

Volume de sólidos

Extremamente utilizado para se explicar fenômenos importantes na geotecnia como o


ADENSAMENTO que consiste em uma redução dos vazios do material. No caso da
COMPACTAÇÂO quanto mais compacto o solo estiver menor o índice de vazios e o no caso de
solos fofos maior o índice de vazios. Valores comuns de “e” para areias variam de 0,4 a 1, já
para argilas (solos lateríticos, arenosos-argilosos) 0,3 a 1,5 e para argilas moles e/ou orgânicas
(material acinzentado, normalmente com odor) tem-se e > 3. Observa-se que materiais com um
alto índice de vazios apresentam elevado teor de umidade.
3. POROSIDADE (n): Relação percentual entre volume de vazios Vv e o volume total V T ou V.
Sua unidade é dada em porcentagem.
4. GRAU DE SATURAÇÃO (S): é a quantidade de água presente nos vazios do solo. Trata-se
de uma relação percentual entre o volume de água Vw e o volume de vazios Vv.

5. PESO ESPECÍFICO REAL DOS GRÃOS (gS): relação entre o peso Ws (Ps) e o volume Vs
dos sólidos. É dado em KN/m 3. É uma densidade relacionada ao grão (composição
mineralógica do solo). Solos que apresentam muita matéria orgânica MO apresentam gS
menor (mais leve) e aqueles que apresentam minerais pesados (óxido de ferro) possuem
maiores gS (mais pesados).

Apresentam a seguinte faixa de valores:


25 a 28 KN/m3
ESTIMATIVA >> 26,5 KN/m3 (valor de referência_ gS da areia
quartzo)
>28 KN/m3 (solos lateríticos)
5.1. Como determinar o gS
O gS é determinado através do ensaio de PICNÔMETRO conforme NBR 6508/84 que foi
cancelada e substituída pela NBR 6458/2016.

Sendo o Ws (Ps) de fácil determinação o ponto chave reside na descoberta do Vs.


Determinar o Vs é tarefa complexa, entretanto o Ensaio do Picnômetro nos permite
determinar tal parâmetro. Abaixo a sequência do referido ensaio:
 Inserir o solo seco + água dentro do recipiente (PICNÔMETRO) durante 24 hs;
 Após as 24 hs e antes do início do ensaio a amostra é colocada em um
dispersor (mixer) com o intuito de expulsar o ar presente entre os grãos;
 Retornar a amostra para o PICNÔMETRO e tampar a mesma. Essa tampa é
ligada a uma bomba de vácuo que irá sugar todo o ar presente nos vazios do
solo, restando apenas grãos + água entre os vazios da amostra;
 Preencher o PICNÔMETRO com água e realizar a pesagem do mesmo;
 Com isso teremos as seguintes medidas:
 Peso do PICNÔMETRO somente com água (A);
 Peso do PICNÔMETRO com água e solo (B);
 Peso do solo seco Ws (Ps) (C);
 Ao despejar a amostra de Ws no PICNÔMETRO haverá o
extravasamento de um certo volume de água e essa água extravasada
é justamente o Vs (D) que os grãos ocuparam no PICNÔMETRO, assim
tem-se: (A + C) – B = Excedente na água que sobrou. Essa sobra de
água refere-se ao peso da água Wa (Pa) ocupado pelo volume do solo.
Trata-se do mesmo princípio do Método de Archimedis. Diante disse,
tem-se a seguinte expressão: Wa = (A + C) – B.
 Faz-se necessária a conversão do Wa (peso de água) em Va (volume
de água). Sabe-se que ga = Wa/Va e que o ga = 10 KN/m3. Com o valor
de Wa excedente encontrado no ensaio teremos Va = ga / Wa e esse Va
será o Vs (volume dos sólidos) a ser utilizado na expressão para
encontrarmos o gS.
6. PESO ESPECÍFICO APARENTE NATURAL (g ou gNAT): Parâmetro extremamente importante
para a área de compactação e terraplanagem. Vai auxiliar-nos a entender diversos
fenômenos, calcular o peso e as tensões verticais do solo, empuxo e etc. Trata-se da
relação entre o peso e volume totais:

Apresentam os seguintes valores:


Valores comuns: 16 a 21 kN/m3 (Areia fofa: 16 a 17/Areia compacta: 18 a 19/ Material
laterítico: 20 a 21 e Argilas muito moles: < 15)

7. DENSIDADE DOS GRÃOS (G): Relação entre o gS (peso específico real dos grãos) e o gw
(peso específico real da água). OBS: O valor de ga (peso específico da água é 10 KN/m 3,
podendo haver variações de acordo com a temperatura da água).

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