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Os solos são compostos por três fases: sólidos, ar e água, sendo o comportamento dependente
das quantidades relativas de cada uma delas. Podemos medir as grandezas físicas de cada uma
das três fases, o peso e o volume, da mesma forma, posso relacionar as três fases presentes.
Estas relações entre as fases constituintes de um solo, são os índices físicos. Os índices físicos
do solo são então as relações entre pesos, entre volumes ou entre pesos e volumes dos
componentes do solo. A Figura 1 mostra as fases presentes no solo e a representação dos
volumes e pesos de cada uma das fases.
Figura 1: As fases do solo: (a) estado natural; (b) volumes; (c) volumes com índice
de vazios. (PINTO, 2006)
Pw
w= (⋅100%) Equação 1
Ps
onde:
Pw = peso de água;
A umidade dos solos varia de 0 a 60 % na maioria dos casos, mas pode chegar a valores
bastante elevados em argilas orgânicas marinhas da ordem de 300 a 400 %. Estes valores são
influenciados pela localização da amostra, mais próximos da superfície, proximidade de
lagos, rios ou fontes de água, do período de coleta da amostra (dias chuvosos) e do
condicionamento das amostras antes do ensaio para determinar seus valores. A quantidade de
água presente em um solo depende da quantidade de vazios presentes na amostra, solos
aparentemente secos tem umidade na ordem de 2 a 3 % (FIORI, 2015).
O peso específico natural (γn) é determinado pela relação entre o peso total de uma amostra de
solo (P) e o volume total dessa mesma amostra (V), conforme coletado em campo. É expresso
geralmente em g/cm3 ou kN/m3, conforme a Equação 2.
P
γn = Equação 2
V
onde:
O peso específico natural do solo (γn) é muitas vezes dito apenas peso específico do solo ou
no caso de compactação do solo é denominado peso específico úmido. Para sua determinação
utiliza-se um cilindro de volume conhecido, determina-se o peso da amostra coletada com o
cilindro pela diferença de peso entre o cilindro cheio com a amostra e o cilindro vazio antes
da coleta. Deve-se ter o cuidado durante a coleta para não alterar as características do solo
natural e durante o acondicionamento e transporte das amostras para não alterar a umidade do
solo natural, como se encontra em campo. O peso específico natural do solo (γn) varia
geralmente de 17 a 21 kN/m3, mas pode chegar a 14 kN/m3 no caso de argilas orgânicas
moles (PINTO, 2006).
O peso específico dos sólidos ou dos grãos (γs) é determinado pela relação entre o peso de
partículas sólidas de uma amostra de solo ou peso seco do solo (Ps) e o volume
correspondente de sólidos dessa mesma amostra (Vs). É expresso geralmente em g/cm3 ou
kN/m3, conforme a Equação 3.
Ps
γs = Equação 3
Vs
onde:
O peso específico dos sólidos (γs) está relacionado diretamente com os minerais que
compõem a amostra de solo. As areias, compostas basicamente por quartzo, apresentam
valores da ordem de 26,5 kN/m3. Este índice varia pouco e pode se adotar o valor de 27
kN/m3 quando não se dispõe deste valor para os cálculos dos demais índices físicos (PINTO,
2006). É determinado em laboratório para cada solo colocando-se uma amostra de solo seco
em um picnômetro para determinação de seu volume respectivo de forma indireta pelo
volume de água deslocada.
O peso específico da água (γw) é determinado pela relação entre o peso de água (Pw) e o seu
volume (Vw). É expresso geralmente em g/cm3 ou kN/m3, conforme a Equação 4.
Pw
γw = Equação 4
Vw
onde:
Pw = peso de água;
Vw = volume de água.
O peso específico da água varia com a temperatura e com os sais dissolvidos, geralmente
adota-se o valor de 1,0 g/cm3 ou 10 kN/m3 que corresponde ao peso específico da água à 4 ºC
(FIORI, 2015).
A determinação da umidade do solo pode ser feita a partir da coleta de uma amostra de solo
que é colocada em um recipiente (cápsula de metal) previamente pesada. O conjunto é então
levado à balança para pesagem obtendo-se P1, a precisão da balança recomendada pela norma
é de 0,01 g. A seguir esse conjunto é deixado em uma estufa a 105 ºC por um período de 6 h
ou até a completa secagem da amostra, esse tempo varia em função das características do
solo. Após a completa secagem o conjunto é levado à balança novamente para pesagem
obtendo-se P2. Conhecendo-se o peso da cápsula (P3), temos:
P1 − P2
w= Equação 5
P2 − P3
(PINTO, 2006, 3ª. ed.) Uma amostra indeformada de solo foi recebida no laboratório, parte
desta amostra foi colocada em uma cápsula, o conjunto (cápsula + solo úmido) pesou 119,92
g. A cápsula com o solo úmido permaneceu em uma estufa a 105 ºC até a sua completa
secagem (cerca de 18 h), após esse período o conjunto pesava 109,05 g. A massa da cápsula
(“tara”) era de 34,43 g. Determine o teor de umidade do solo.
Solução:
O teor de umidade é calcula pela relação entre o peso de água de uma amostra e o
peso de partículas sólidas (ou peso seco), desta forma temos que determinar os
pesos dessas duas fases presentes na amostra:
O peso de água pode ser determinado pela diferença entre o peso da cápsula com
o solo úmido e o peso da cápsula com o solo seco: Pw = 119,92 – 109,05 =
10,87 g
Pw
w= (⋅100%)
Ps
10,87 g
w= = 0,1456 multiplicando por 100% w = 14,56%
74, 62 g
P3
γs = Equação 6
( P2 + P3 − P1 )
Os valores das pesagens devem ser anotados em gramas e o resultado será em g/cm3.
(PINTO, 2006, 3ª ed.) Para realização do ensaio foi utilizada uma amostra de solo seco de
63,32 g. Esta amostra ficou imersa na água em um picnômetro e agitada num dispersor
mecânico por 20 min., após esse período, o picnômetro foi submetido a vácuo para retirada
das bolhas de ar presentes no interior da amostra, em seguida, o picnômetro foi cheio de água
deaerada. O conjunto (picnômetro + solo seco + água) pesou 749,43 g. O picnômetro cheio
apenas com água deaerada pesou 708,07 g. Para ambas pesagens os picnômetros
permaneceram em um recipiente com água para estabilizar a temperatura. Considerando o
peso específico da água de 10 kN/m3, calcule o peso específico dos sólidos.
Solução:
Considerando que fosse possível colocar o solo seco no picnômetro sem que
houvesse perda de água, teríamos: Ps + Picnômetro com água = 63,32 g +
708,07 g = 771,39 g. No entanto, ao se colocar o solo seco no recipiente, o
volume de água para preencher o picnômetro é menor e o conjunto nesse caso
pesou 749,43 g. Para determinarmos a quantidade de água que falta no
picnômetro basta fazermos a diferença: 771,39 g – 749,43 g = 21,96 g.
Pw Pw 21, 96 g
γw = Vw = = Vw = Vs = 21,96cm3
Vw γw 1g / cm3
O volume de água que é ocupado pela amostra de solo é de 21,96 cm3 e este
corresponde ao volume das partículas sólidas. Assim temos:
Ps 63,32 g
γs = γs = 3
= 2,88 g / cm3
Vs 21, 96cm
Para determinação do peso específico natural de um solo, foi moldado um corpo de prova
cilíndrico de 10 cm de diâmetro interno e 12,7 cm de altura. O cilindro foi cravado com o
auxílio de uma haste e um peso metálico de modo que o cilindro foi inserido no solo
Solução:
O peso específico natural do solo é calculado pela razão entre o peso natural do
solo e seu respectivo volume total, considerando que todos os cuidados foram
tomados durante a coleta e o transporte do solo até o laboratório, o peso total
do solo natural é calculado pela diferença do cilindro cheio de solo e o peso do
cilindro amostrador vazio: P = 2150 g – 350 g = 1800 g.
P 1800 g
γn = γn = = 1,80 g / cm3 ou 18,0 kN/m 3
V 996, 95cm3
Apenas o peso específico natural, o teor de umidade e o peso específico dos sólidos são
calculados diretamente em laboratório, os demais índices são calculados a partir de relações
com estes três.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PINTO, C. de SOUZA. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas, 2006. 3ª Edição.
São Paulo: Oficina de Textos, 355 p.