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Secagem do Trigo

No Moinho Trigossul, o trigo a granel comprado das distribuidoras


agrícolas geralmente apresenta alto teor de umidade, assim o trigo deverá ser
secado. De acordo com Souza (2006), em regiões de clima subtropical como
na região sul do país, o trigo colhido apresenta teores de umidade próximos a
18%. A legislação prevê umidades adequadas no intervalo de 11-13%. Assim,
será justificável o uso de secadores nos silos de armazenamento dos grãos de
trigo.

É de suma importância a utilização da secagem artificial que não altere


as propriedades reológicas e o teor de glúten da farinha. No processo de
armazenamento dos grãos de trigo será imprescindível o controle adequado
das condições do processo térmico, o que resultará em produto de melhor
qualidade. O trigo oferece maior resistência ao fluxo de ar do que outros
cereais (SILVA, 2006). Portanto, é necessário ajustar uma camada mais fina de
grãos para diminuir a resistência ao fluxo de ar, o qual será realizado na pré-
limpeza.

Segundo Popinigs (1985), as sementes de trigo podem atingir


temperaturas mais elevadas que as indicadas, sem que haja redução imediata
em seu poder germinativo. O tempo é um fator essencial na secagem dos
grãos de trigo. Quando o trigo a 14% de teor de umidade é submetido a
temperaturas entre 70 e 85ºC durante meia hora causa danos ao glúten.
Temperaturas superiores a 65ºC podem modificar a porcentagem de proteínas,
reduzir o conteúdo de glúten e alterar as propriedades reológicas da farinha de
trigo, afetando, assim, a qualidade dos grãos (SOUZA, 2008). Portanto, no
Moinho Trigossul, as temperaturas de secagem não deverão ultrapassar 65ºC
e que o tempo de exposição seja inferior a 15 minutos.

O sistema de secagem que será utilizado no armazenamento do


Moinho Trigossul é denominado de secador cascata., o qual será acoplado ao
silo-pulmão. O secador do tipo cascata apresenta capacidade horária nominal
de secagem de 15 a 250 t/h (SILVA, 2006). Portanto, suprirá a demanda de
recebimentos dos grãos de trigo a granel na unidade produtiva.
No secador cascata, o processo de secagem será realizado por uma
mistura de fluxos de ar em sentido concorrente, contracorrente e cruzado
(BORTOLAIA, 2011). O equipamento é constituído por uma série de calhas em
forma de “V” invertido dispostas em linhas alternadas ou cruzadas
internamente no corpo do secador. Os grãos irão se mover para baixo, sob a
ação gravitacional e sobre as calhas invertidas. O ar de secagem entrará numa
linha de calhas e sairá nas outras imediatamente adjacentes (superior ou
inferior). Portanto, desta forma ao descerem pelo secador ora movimentam-se
em sentido concorrente com o ar, outrora em sentido contracorrente, assim,
resultando em uma secagem consideravelmente uniforme. (BIAGI et al, 2002) e
(BROOKER, 1961).

Conforme pode ser observado na Figura 2, 2/3 da altura da torre


correspondem à câmara de secagem. O ar de secagem com temperaturas
próximas de 65ºC entrará pelo lado esquerdo. E do lado direito será procedida
a sucção do ar exausto, que geralmente possui temperatura entorno de  7 ºC
acima da temperatura ambiente (SILVA, 2006).

Figura y – Esquema de um secador cascata.

Fonte: SILVA (2006).


O 1/3 inferior da altura da torre é destinado à câmara de resfriamento.
Cujo objetivo será retirar calor da massa de grãos, deixando-a com
temperatura próxima a ideal para a armazenagem no silo-pulmão. Para o
secador esquematizado na Figura 8, ocorrerá o reaproveitamento do ar que sai
da seção de resfriamento. Assim, ao invés de lançá-lo ao ambiente, este será
misturado ao ar de secagem, melhorando o rendimento energético do secador.
O secador esquematizado na Figura 2 tem ventiladores colocados na parte
superior. A função dos ventiladores será assegurar a vazão de ar necessária à
secagem.

Todo o processo de secagem no secador cascata no Moinho Trigossul


será realizado de forma contínua. Os grãos secam e resfriam passando uma
única vez pelo secador. Para os secadores tipo cascata, se o teor de umidade
do produto for inferior a 20%, estes operam de forma contínua, caso contrário,
funcionam de forma intermitente (SOUZA, 2008). Assim, o tipo de processo
contínuo corrobora com o teor de umidade a 18% dos grãos de trigo a granel
que a unidade fabril do Moinho Trigossul recebe.

REFERÊNCIAS

BIAGI, J. D.; BERTOL, R.; CARNEIRO, M. C. Secagem de Grãos para


Unidades Centrais de Armazenamento. Organizado por: Irineu Lorini; Lincoln
Hiroshi Miike; Vildes Maria Scussel. 2002.

BORTOLAIA, L. A. Modelagem matemática e simulação do processo de


secagem artificial de grãos de soja em secadores de fluxo contínuo. Tese
de doutorado (Engenharia Mecânica) – Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. – UFRGS. Porto Alegre, 2011.

BROOKER, D, B. (1961). Pressure Patterns in Grain Drying Systems


Established by Numerical Methods. Transaction of the ASAE.:72-74.

SILVA, L. C. Operação de secadores cascata. Boletim Técnico: AG:02/16.


Universidade Federal do Espírito Santo. Departamento de Engenharia de
Alimentos. 2006.
SOUZA J. S. Secagem e armazenagem de produtos agrícolas. Viçosa:
Aprenda Fácil, 2008.

POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. Brasília: Agiplan, 1985.

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