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Compost Badded Pack Barn: características e considerações sobre o

manejo (Parte 2)
Compost Badded Pack Barn: características e considerações sobre o manejo (Continuação...)

Alimentação, Água e Passarela Concretada

Para melhor desempenho animal, a alimentação e a água devem ser facilmente acessíveis e disponíveis
a todo o momento. A área de alimentação pode ser localizada dentro do galpão ou sob um teto
separado, fora do galpão. Entretanto, é preferível se utilizar áreas de alimentação dentro do galpão,
pois incentivam o consumo de ração. Os comedouros devem estar o mais próximo possível da área de
descanso. Deve haver ao menos de 60 a 75 centímetros de espaço no cocho por vaca. O bebedouro
deve prover 90 centímetros de perímetro por grupo de 15 a 20 vacas, e ao menos dois locais de água
separados por baia. Mesmo havendo necessidade de redução dos custos com instalação, ainda assim
os produtores não devem reduzir o espaço de acesso à alimentação e a água.

A passarela concretada deve ter dimensão de 3,5 a 5 metros de largura (Figura 16), com acesso a
cama por diferentes pontos de entrada (Figuras 17 e 18). As vacas geralmente vão utilizar mais
eficientemente o espaço de repouso da cama quando houver múltiplos pontos de entrada ao longo da
passarela. Se há apenas uma entrada e estreita, pode haver desenvolvimento de área suja e molhado
em função do tráfego de vacas. Além disso, as vacas se distribuem menos ao longo do galpão.

Figura 16. Amplas passarelas melhoram o fluxo de vacas, minimizam o risco de lesões e permitem mais
fácil acesso a alimentos e água.
Figura 17. As entradas para a cama são sempre as áreas mais molhadas dentro do galpão. Entradas
largas minimizam este inconveniente. Além disso, entradas estreitas aumentam potencialmente as
áreas molhadas.

Figura 18. Várias entradas minimizam a umidade. As entradas devem ser espaçadas a cada 15 metros.

Passarela concretada ao longo do galpão, de um lado ou ambos, permite que a vaca percorra menor
distância para ter acesso ao alimento e água (Figura 19).
Figura 19. Os cochos devem ser acessados pelo tratorista sem bloqueios na parte superior.

O consumo de ração pode ser estimulado quando a vaca esta em conforto térmico que pode ser
proporcionado por ventiladores e aspersores (Figura 20 e 21).
Figura 20. Ventiladores colocados ao longo dos cochos são úteis para minimizar os efeitos do estresse
por calor e aumentam o consumo de ração.

Figura 21. Aspersores ao longo dos cochos complementam os ventiladores, o que fornece benefícios
adicionais à refrigeração da vaca quando o índice de umidade ultrapassa 68%.

É importante que ambos comedores e bebedores sejam localizados junto a passarela concreta, pois é
comumente o momentos que as vacas costumam defecar e urinar, assim evita-se a elevação da
umidade nas camas. Isso também elimina a necessidade de alterar a altura da cama com o passar do
tempo (figuras 22 a 24).
Figura 22. Acesso adequado à água é fundamental. A maioria dos sitemas Compost Barn não atendem
as recomendações para o espaço de água. Estes sistemas fornecem adequado acesso à água e são
localizados distantes das camas.
Figura 23. Quando as vacas acessam os bebedouros nas camas, as áreas em torno da água ficam
geralmente molhadas, o que propicia o crescimento de bactérias maléficas. O aumento da umidade nas
camas prejudica o sucesso da compostagem.

Figura 24. Este galpão adaptou um tubo com água de fluxo livre em toda a extensão da cama,
entretanto o acesso à água ocorre pelo lado da pista de alimentação.

As fezes e urina no corredor de alimentação são removidas diariamente. O tratamento de dejetos deve
ser feito de acordo com o manejo convencional da propriedade.

Tamanho do Compost Barn

Um guia para determinar o tamanho do Compost Barn é apresentado na Tabela 1. Em primeiro lugar é
preciso decidir quanto espaço será disponibilizado para alocar cada animal. Em geral, a área deve
fornecer, no mínimo, 9,6 m2 de espaço de descanso por vaca (8 m2 para Jerseys). O espaço por vaca
tem que ser aumentado em 1 m2 pra cada 10 litros de leite acima de 23 litros por dia, isso é necessário
porque essas vacas produzem mais urina e fezes devido à maior ingestão de alimentos e água. Em
instalações para vacas especiais dentro do plantel, o espaço por animal deve ser de 12 m2 .

Um galpão superlotado (Figura 25) pode resultar em muita umidade na cama, vacas sujas e alta
contagem de células somáticas, por estas razões:
• maior volume de fezes e urina são gerados, o que faz com que o nível de umidade do galpão suba a
níveis excessivos e diminua consideravelmente o processo de compostagem;
• a compactação física da cama aumenta o que reduz o fluxo de ar;
• a quantidade de contaminação fecal (Streps e coliformes) no espaço de repouso aumenta o que pode
levar a uma maior incidência de mastite ambiental.

Figura 25. A causa mais comum que leva o Composto Barn ao fracasso é a superpopulação de vacas.
Fornecer menos de 9,6 metros quadrados de áreas de descanso por vaca é uma receita para a
decepção. A quantidade de umidade depositada através de urina e fezes é demasiadamente grande.

Ventilação Natural

Uma ventilação adequada é essencial. A ventilação remove calor e umidade criada pelas vacas e pelo
processo de compostagem. A ventilação adequada inclui geralmente circulação natural de ar através do
galpão, além disso, a ventilação mecânica (ventiladores), também pode ser utilizada para prevenir a
formação de zonas de ar estagnado. A necessidade de ventilação irá variar entre as épocas do ano,
sendo que deve ser mais intensa principalmente no verão. Desde que a ventilação seja adequada, esta
pode melhorar a saúde e imunidade geral das vacas, pois a ventilação promove o controle de poeira e
partículas finas que podem causar problemas respiratórios, refrigera as vacas e evita problemas
relacionados com a secagem da superfície do galpão (o que ajuda a manter as vacas limpas).

As paredes laterais devem ter ao menos 3,6 metros acima do muro de contenção (Figura 26), caso os
galpões sejam extensos, a altura da parede lateral aberta deve ser de aproximadamente 4,2 metros e
assim não impedir a secagem da cama e remoção de ar estagnado (Figura 27).

Figura 26. Paredes laterais altas e abertas maximizar a ventilação. A parte aberta deve ter no mínimo
3,6 metros entre a parte superior da parede de contenção e a parte inferior do beiral do telhado do
galpão.

Figura 27. Este galpão é muito fechado, o que evita a secagem da cama, adequada compostagem e
remoção de ar.

A beirada do telhado deve ser igual a um terço da altura da parede lateral para evitar que a chuva
chegue a cama. Além disso, calhas reduzem a formação de poças de água ao redor do galpão e assim
eleve a umidade dentro da instalação (Figuras 28 e 29).
Figura 28. Beiral do telhado pode ajudar a minimizar a entrada de chuva e luz do sol que entra no
galpão.

Figura 29. Telhado com beiral curto aumenta a probabilidade de precipitação dentro do galpão e
favorece a formação de áreas molhadas.

Caso necessário, para regiões muito frias em determinados meses do ano, as cortinas laterais ajudam
a minimizar os efeitos de ventos de inverno e intempéries (Figura 30). Ventilação excessiva nos meses
de inverno pode gerar aumento da umidade da cama e de perda de calor.
Figura 30. Em regiões excessivamente frias no inverno, os ventos frios dentro do galpão podem
remover rapidamente o calor necessário para a compostagem. Assim, as cortinas são recomendadas
nestas ocasiões. As cortinas devem ser colocadas pelo menos no lado em que os ventos forem
predominantes.

Mesmo no inverno as cortinas laterais precisam manter um mínimo de abertura para evitar que o
galpão superaqueça, e apresente altos níveis de condensação, névoa, amônia e possa gerar
pneumonia nas vacas (Figura 31).
Figura 31. Cortinas podem ajudar na distribuição das vacas dentro do galpão, principalmente em
galpões com uma orientação norte-sul. A cortina não deve bloquear o fluxo de ar.

A inclinação do telhado deve ser de forma a permitir boa taxa de ventilação natural por vaca. Telhados
planos em grandes galpões limitam a taxa de ventilação natural e podem facilmente criar bolsões de ar
quente e úmido.

Orientação leste-oeste do galpão pode prover algumas vantagens, pois aproveita os ventos de verão e
reduz a quantidade de sol da tarde entrando na instalação. Esta orientação minimiza o tempo que a luz
solar incide sobre as vacas e também na passarela de alimentação. Nestas situações, o
posicionamento ideal do galpão deve ser orientado de forma que os ventos de verão incidam
perpendicularmente à parede lateral longitudinal, o que permite ventilação adequada. O beiral do
telhado pode ser estendido se necessário para reduzir a luz solar da tarde que entra no galpão.

Recomenda-se que no ponto mais elevado do telhado haja um lanternim que maximiza a ventilação. O
lanternim deve ter 8 centímetros pra cada 3 metros de largura do telhado, com uma abertura mínima de
30 cm. O ar flui para o galpão através das paredes laterais e sai através do lanternim no alto do
telhado. Lanternins são geralmente mais eficazes se os ventos predominantes são perpendiculares ao
comprimento maior do galpão.

São encontrados também alguns modelos diferentes de lanternins que se abrem em um único sentido.
Tais lanternins são projetados de forma a evitar a entrada de chuvas no galpão. Estes lanternins
alternativos, juntamente com suas vantagens e desvantagens são descritos entre as Figuras 32 a 40.
Figura 32. Um lanternim na parte mais alta do telhado favorece a remoção de ar, entretanto se não for
bem planejado pode permitir a entrada de água no galpão.

Figura 33. Um lanternim com um pequeno telhado adicional (tampa) proporciona remoção de ar e
reduz a possibilidade da chuva entrar no galpão. Este modelo remove mais ar do galpão
independentemente da direção do vento. Embora este lanternim possa trazer custos adicionais às
instalações, os benefícios do desempenho das vacas ultrapassam facilmente o custo ao longo da vida
do galpão.
Figura 34. Este galpão utiliza bem os recursos de ventilação. Entretanto, o fim completamente fechado
ligado à sala de ordenha pode limitar o fluxo de ar.

Figura 35. Projeto recomendado para a construção de lanternim com tampa. Oito centímetros de
abertura (X) para cada 3 metros de largura do galpão (mínimo de abertura de 30 centímetros).
Figura 36. Estes projetos compartilham todas as características do primeiro projeto, exceto para o
lanternim aberto. Estes usam um telhado onde uma parte ultrapassa a altura da outra, a abertura é
suficiente para permitir a remoção de ar. A desvantagem para este modelo é que quando o vento sopra
em direção à abertura, pode empurrar o ar quente e velho de volta para o galpão.

Figura 37. Este telhado pode fornecer remoção de ar razoável quando a abertura é alta o suficiente
conforme ilustrado. No entanto, a boa remoção de ar só ocorre quando o vento se move. Quando o
vento se move em direção à abertura, o vento força o ar de volta para o galpão. Este projeto não é
recomendado.

Figura 38. Projeto de um lanternim que as partes do telhado se sobrepõem. Oito centímetros de
abertura (X) para cada 3 metros de largura do galpão (mínimo de abertura de 30 centímetros). Este
projeto não é o mais indicado.
Figura 39. Quando a abertura é muito estreita, a passagem restringe a retirada de ar quente da parte
superior do galpão, o que não é recomendado.

Figura 40. Cada um destes galpões sofre da mesma falha de projeto. Em cada caso, a abertura do
lanternim restringe a remoção de ar no ponto mais alto do telhado.
O local do galpão pode ditar uma orientação diferente devido ao terreno, os custos de preparação do
local ou outros edifícios já construídos. As desvantagens de orientação do galpão podem ser superada
com desenho do piso, ampliação do beiral para reduzir penetração da luz solar e ventilação mecânica
para superar reduzida ventilação natural.

"Vale destacar que as informações aqui apresentadas sobre o Compost Barn foram obtidas nos Estados
Unidos. O clima nos Estados Unidos varia de temperado continental à árido frio, enquanto o Brasil apresenta
clima tropical, assim deve haver cautela na implantação de tal sistema nas nossas condições climáticas
devido ao calor excessivo em algumas regiões do país e épocas do ano."

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