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pasto
O estado fisiológico, fatores climáticos (temperatura ambiente, umidade relativa e horas luz), além de
raça, idade, tamanho corporal, consumo de alimentos (e o nível nutricional dos mesmos), de matéria
seca e de sódio são fatores que influenciam a ingestão de água. (NCR, 2007).
A água a ser fornecida aos animais pode ter origem de fontes naturais (represas, lagos e córregos) ou
artificiais (bebedouros). Em ambos os casos deve-se evitar a presença de agentes contaminantes
químicos (sulfatos, amônia, nitritos, nitratos e restos de defensivos) ou microbiológicos (coliformes
estreptococos fecais, salmonelas e outros).
Estudos realizados evidenciam que o fornecimento de água aos bovinos via bebedouros, oferece
vantagens, tanto no sentido de oferta, distribuição, como na questão de contaminantes (BICA, 2005).
Os animais que têm acesso direto aos açudes, córregos, riachos, entre outros acabam defecando e
urinando na água e áreas adjacentes.
Deve-se também observar que os bovinos quando fazem uso das aguadas naturais, pelo intenso
acesso, provocam processos erosivos destes mananciais e suas matas ciliares. Dentro desta visão, é
necessário a preservação e conservação dos ecossistemas naturais, devido á limitação do estoque dos
recursos naturais e nosso compromisso como envolvidos na produção pecuária, de manter e sustentar
tais recursos, a fim de evitar no futuro as catástrofes sócio-ambientais que ocorrem de um modo cada
vez mais frequente em nosso cotidiano.
A escolha da abordagem sobre bebedouros e a produção bovina em pasto tem o interesse de levar ao
conhecimento dos envolvidos com a atividade pecuária, as tecnologias disponíveis, e assim desenvolver
um processo produtivo em que se respeitem as necessidades, preferências e bem-estar animal, focado
neste aspecto, foi
elaborado este trabalho, por meio de uma revisão de literatura sobre a água e os bovinos, e suas
interações e possíveis impactos na produtividade animal. Na intenção de organizar de forma clara, as
informações adquiridas, foram organizadas em tópicos.
Os bovinos necessitam de suprimento constante de água, abundante, com boa qualidade e limpa para:
fermentação e metabolismo no rúmen de forma normal, manter o fluxo do alimento no trato digestivo,
favorecer boa digestão e absorção de nutrientes, manter o volume normal do sangue e suprir as
demandas dos tecidos corporais (ADAMS E SHARPE, 1995). O método de fornecimento de água para os
bovinos via bebedouro, atende, quando bem dimensionado, as exigências de constância, abundância,
boa qualidade e limpeza.
Ingestão voluntária
De acordo com Winchester e Morris (1956), predizer a quantidade de água ingerida (volume e
frequência) é muito difícil, porque ocorre uma grande variação nos níveis de ingestão, no mesmo animal
em dias consecutivos, sob aparentemente iguais condições, por outro lado, esses autores consideram
a predição da ingestão em um grande grupo de animais uma boa estimativa, pois a diferença individual
se dilui na média do grupo. No Brasil foram realizados experimentos com gado de leite, em diferentes
categorias animais, para mensurar o consumo de água .(TAB 1).
TABELA 1 – Ingestão voluntária média de água (L/dia) com e sem evaporação, pelas diferentes
Categorias
No estudo de Tapki e Sahin (2006), vacas com alta produção de leite, maiores do que 25 kg leite/dia,
beberam 62% mais água, do que vacas de menor produção, menores de 20 kg leite/dia. Segundo
Marino (2006), com um correto dimensionamento de bebedouro, um bovino de corte com 450 kg (1 UA),
em temperatura ambiente de 27°C, consome 55 l/ dia. Benedetti (2009), relata que, considerando-se
bovinos de dois anos, a necessidade mínima é de 45 litros/cab/dia ou cerca de 8 -9 litros/ 100 kg de
peso vivo, em condições de manejo adequado, distância correta de bebedouros e clima temperado.
A restrição de água pode reduzir o consumo de alimento, seguido por uma diminuição na produção de
leite (ANDERSSON et al.;1987; NCR, 2001) ou no ganho de peso dos animais, segundo encontra-se em
NRC (2000).
O uso de bebedouro para bovinos na criação em campo vem sendo recomendada como melhor opção
para substituir a utilização direta dos recursos hídricos como sangas, riachos, córregos, ou para
substituir a utilização de açudes artificiais.
Os critérios considerados para avaliar a qualidade da água segundo NRC (2001) são: 1- propriedades
organolépticas: odor e gosto; 2- propriedades fisioquímicas: pH, sólidos totais dissolvidos, oxigênio
total dissolvido, dureza; 3- presença excessiva de minerais ou componentes: nitratos, cálcio, sódio,
sulfatos; 5- presença de bactérias. Melhorar a qualidade da água de bebida dos bovinos aumenta a
ingestão de água e nutrientes, por consequência, resulta em aumento no ganho de peso e
performance animal (LARDNER et al., 2005).
Bebedouros bem manejados, armazenam água de melhor qualidade, livre de dejetos animais, o que
resulta em um melhor desempenho animal. Em trabalho de Willms et al. (2002), foi constatado
incremento de 23% de ganho de peso em novilhas com acesso a água limpa, num bebedouro em
relação as que tinham acesso direto a uma lagoa. Os bovinos evitaram água contaminada com 0,005%
de excremento fresco, quando podiam escolher entre essa água e outra água potável.
A utilização de bebedouros, em vez de fonte direta natural de água, resulta em um maior consumo de
água e maior ganho de peso dos animais, com consequências positivas em relação à performance
animal, eficiência econômica e ambiental (MINER ,1995). Bica (2005) observou que, os bovinos
desenvolveram uma preferência por beberem em bebedouro, do que em açude, e apresentaram, a
mais 29% ganho de peso diário, em relação aos animais que só podiam beber em açude.
Piaggio e Garcia (2004) testaram a diferença de disponibilizar água somente na sala de ordenha (duas
vezes ao dia) ou no pasto e na sala de ordenha para vacas leiteiras, e os animais percorriam no
máximo 500 m para beber água. Foi encontrada uma maior produção de leite (5% a mais) nos animais
com água no pasto e na sala de ordenha. Coimbra (2007), cita que, em grandes áreas com criações
extensivas, a localização da fonte de água e do saleiro pode interferir na distribuição dos animais e na
utilização e no aproveitamento da pastagem. Os animais não andam indefinidamente à procura de
alimento ou água, geralmente eles percorrem, no máximo, 10 km por dia (HURNIK et al., 1995). Os
animais tendem a pastar próximos da fonte de água. No trabalho de Ganskopp (2001), a distância
máxima que os animais permaneceram da fonte foi de 2,13 km.
Marino (2006) cita que o posicionamento do bebedouro nas pastagens merece atenção. Sua localização
próxima a áreas sombreadas e em locais que evitem a formação de lama proporciona maior conforto
aos animais. Segundo ainda o mesmo autor, o ideal é que o animal não tenha que percorrer grandes
distâncias para beber água, permitindo sua ingestão ao longo de todo o dia. Coimbra (2007) em seu
trabalho comenta que o bovino gasta cerca de 0,48 cal por kg de peso corporal por metro percorrido
(HURNIK et al , 1995). Zocoler et al. (2001) encontraram o resultado que, bovinos de corte, com um
deslocamento diário de 228,93 m/ UA, sob terreno plano, envolve um custo energético de 97,77
MJ/UA/ano, o que resulta em uma perda de 2,271 kg/UA/ano.
Faria (2006) comenta que, bebedouros mais baixos parecem também serem preferidos. Os bovinos
preferem bebedouros mais rasos com água limpa, permitindo a visualização do fundo.
Considerações finais
Diante do exposto neste trabalho de revisão, notase, a necessidade de mais trabalhos abordando o
enfoque da influência do uso de bebedouro, assim como sua adequação, com mais raças, em micro-
climas diferenciados e com manejos diversos, para assim serem obtidos mais dados, aumentando a
base de dados para futuras recomendações e hipóteses que acrescentem no desenvolvimento da
produção animal. Conclui-se portanto, que devemos produzir de modo sustentável e ecologicamente
correto, respeitando as leis ambientais, manejando corretamente este bem precioso que é a água,
resultando assim, em uma produção continuamente crescente e adequada aos anseios atuais do
consumidor de produtos de origem animal.