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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

THAÍS CARVALHO RODRIGUES

EQUIPAMENTOS DE SECAGEM

CURITIBA
2022
1

1 INTRODUÇÃO

A secagem é um processo que envolve a combinação da transferência de


calor e a transferência de massa devido a difusão que ocorre da água presente no
interior do sólido para a superfície. Isto porque nesta operação a água ou qualquer
outro líquido presente em um sólido é removido em forma de vapor mediante a
aplicação de calor em condições controladas.
Este processo pode fazer com que os materiais adquiram uma vida útil muito
maior como por exemplo o caso de alimentos desidratados, além disso gera economia
principalmente devido ao transporte, pois reduz o volume e o peso do sólido facilitando
o armazenamento e manejo.
É valido ressaltar que o processo de secagem remove a umidade do sólido
até um certo limite, que dependerá de diversos fatores, como a umidade relativa do ar
e as características do material que está sendo submetido a este processo, como a
granulometria, afinidade por água, área superficial, entre outros.
A força motriz desta operação se dá por meio de um gradiente de pressão
parcial de vapor da água entre o ar quente e a superfície do sólido, proporcionando
arraste do vapor das partes mais internas do material para a superfície.
Neste trabalho, serão abordados diversos tipos de equipamentos que efetuam
a secagem de materiais, bem como detalhes de seu funcionamento, mecanismos e
algumas de suas aplicações.
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2 EQUIPAMENTOS DE SECAGEM

Como apresentado anteriormente, a secagem é uma operação unitária que tem


como finalidade evaporar o líquido de um sólido até o limite permitido, sendo assim,
esta operação requer uma quantidade considerável de energia. Para gerar
economia e otimização do processo é de suma importância fazer a escolha do tipo
de equipamento a ser utilizado de acordo com o material a ser utilizado e a
quantidade de umidade que se deseja remover.
Sendo assim, esta seção será dedicada a apresentação dos equipamentos que
podem ser utilizados na secagem e suas particularidades.

2.1 ESTUFAS
As estufas são secadores de bandejas e consistem no modelo mais simples
dos equipamentos de secagem, consiste em uma câmara de isolamento térmico
apropriado, com sistemas de aquecimento e ventilação do ar circulante sobre as
bandejas ou através das bandejas. Neste tipo de secador o produto é colocado em
bandejas ou outros acessórios similares que podem possuir o fundo inteiriço ou
vazado (para caso de sólidos de granulometria maior) sendo exposto a uma corrente
de ar quente em ambiente fechado.
A troca térmica pode ser realizada de maneira direta ou indireta, no caso de
bandejas vazadas a troca se dá de maneira direta e o tempo de secagem é reduzido
em comparação com bandejas inteiriças.
As bandejas contendo o produto se situam no interior de um armário, no qual
ocorre a secagem pela exposição ao ar quente. O ar circula sobre a superfície do
produto a uma velocidade relativamente alta para aumentar a eficácia da transmissão
de calor e da transferência da matéria (FELLOWS, 2006). Este equipamento
geralmente é utilizado em operações de baixa escala e em batelada, um aspecto
importante a ressaltar é que as condições das bandejas próximas a alimentação de ar
são diferentes daquelas que se encontram mais afastadas, sendo assim o tempo de
secagem dependerá da localização do solido na estufa, a Figura 1 apresenta a
esquematização da circulação de ar dentro do equipamento.
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FIGURA 1 – CIRCULAÇÃO AR NA ESTUFA

FONTE: FELLOWS, 2006.

Algumas vezes, é realizada uma modificação que consiste na inclusão de um


sistema de vácuo à câmara de secagem, tal adaptação soluciona o problema dos
materiais que não podem ser secos a elevadas temperaturas devido a deterioração
ou reagirem com o oxigênio presente no meio secante (geralmente utilizado ar ou
vapor d’agua). O vácuo mantém a pressão de vapor ao redor do produto o mais baixa
possível e permite que a temperatura na qual a umidade evapora seja reduzida,
resultando em melhora na qualidade do produto.
A transferência de calor em estufas ocorre por meio da convecção, através da
troca de calor entre um fluido e um sólido. Assim, o ar, aquecido por uma fonte de
energia, transfere calor para a superfície sólida do produto a ser seco. O gradiente de
temperatura entre esta superfície aquecida e o centro do material provoca, então, a
troca de calor entre estas duas regiões, agora por condução térmica.
Suas aplicações são variadas, mas são destinadas principalmente à secagem
de alimentos, escalas laboratoriais no caso de determinação de umidade de sólidos,
análises gravimétricas, determinação de teor de cinzas, entre outros. São mais
eficientes na secagem de pastas, tortas e materiais granulares visto que pedaços
menores desidratam mais rapidamente devido ao contato mais próximo do ar quente
com o material a ser secado (FERREIRA, 2004).
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2.2 COMPARTIMENTOS À VÁCUO

Este tipo de secador funciona em batelada por meio de aquecimento indireto.


Este equipamento é constituído por prateleiras fixas que são conectadas em paralelo
com os bocais de entrada e saída.
A troca térmica entre o meio secante e o sólido ocorre por meio da convecção
em grande parte, devido a facilidade de implementação e com nível tecnológico mais
acessível (JANGAM, 2011).

FIGURA 2 – SECADOR DE PRATELEIRA À VÁCUO

FONTE: JLS INTERNATIONAL, 20?.

A secagem a vácuo é uma alternativa à secagem convencional, pois possui


vantagens como aumento de taxa de secagem e menor exposição ao oxigênio,
reduzindo as chances de degradação dos constituintes presentes nos alimentos
(AGHBASHLO et. al., 2013), sendo assim é amplamente utilizada quando os materiais
a serem secados necessitam de cuidados especiais quanto a temperatura na qual são
submetidos como produtos farmacêuticos, extratos de vitaminas, produtos químicos
entre outros materiais sensíveis ao calor.
Além disso, a secagem à vácuo é um processo em que o material úmido é
seco sob pressão subatmosférica e uma de suas características é que a oxidação do
produto é evitada, pois, o contato do produto com o ar durante o processo de secagem
diminui, visto que a temperatura na qual a secagem ocorre, é reduzida.
Esse método de secagem pode ser considerado intermediário, entre a
secagem convectiva e a liofilização, pois é capaz de trabalhar em baixas pressões
(menores que 100 mmHg), obtendo-se maiores taxas de evaporação de água e um
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produto de melhor qualidade se comparado com a secagem convencional com ar


quente (DEBS-LOUKA et al., 1996).

2.3 SECADORES DE TÚNEL

Secadores do tipo túnel são amplamente aplicados na indústria de alimentos


e para secagem de materiais que possam ser colocados em esteiras sem a geração
de poeira.
No secador tipo túnel há o deslocamento contínuo de sólidos úmidos através
da câmara de secagem pela montagem das bandejas em vagonetes. A secagem
acontece por meio de uma corrente de ar aquecido em contracorrente ou concorrente
com o material, sendo o túnel não necessariamente aquecido (ZEMPULSKI,
ZEMPULSKI, 2007).
Num sistema alternativo, o material é colocado num transportador de correia
que passa através do túnel. A Figura 3 representa um secador a túnel com ventilação
forçada e sistema de controle automático, utilizado para alimentos como por exemplo
batatas.

FIGURA 3 – SECADOR DO TIPO TÚNEL

FONTE: UFGRS, 20?.

Este túnel pode ser equipado com elementos próprios de aquecimento,


ventiladores, controladores de umidade, controladores de temperatura e pressão entre
outros elementos (Lehmkuhl, 2004).
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2.4 SECADOR ROTATÓRIO

O secador rotatório consiste em um cilindro oco que gira a partir de rolamentos


presentes no exterior da carcaça (MUJUMDAR, 2006). Geralmente este tipo de
equipamento é levemente inclinado para que os sólidos alimentados possam avançar
gradualmente ao longo do secador, do bocal de entrada até o bocal de saída. A Figura
4 apresenta a esquematização de um secador rotatório.

FIGURA 4 – ESQUEMATIZAÇÃO SECADOR ROTATÓRIO

FONTE: Adaptado de HANDBOOK OF INDUSTRIAL DRYING, 2006.

A quantidade da carga dos sólidos úmidos é um fator que afeta


consideravelmente toda a operação, pois se for muito pequena reduz a taxa de
produção e se for muito grande provoca uma ação elevatória irregular, com uma parte
dos sólidos rolando no fundo do tambor e podendo ocasionar um produto úmido
(FOUST et al., 1982).
A direção do meio secante (corrente, contracorrente), será determinada a
partir das propriedades do sólido que se deseja secar. Geralmente o fluxo concorrente
é utilizado para materiais sensíveis ao calor e o contracorrente para aproveitamento
da eficiência térmica. Quanto ao meio secante pode ser utilizado gases de combustão,
vapor superaquecido ou ar aquecido, sendo que em alguns modelos de secador
rotatório os tubos internos são aquecidos utilizando vapor d’agua mantendo a
temperatura do ar e atuando como superfície de secagem.
Uma vantagem deste tipo de secador em relação aos secadores de bandejas
e túneis, é que a superfície exposta do sólido é muito maior, resultando numa elevada
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taxa de secagem. Outro aspecto importante é que o equipamento pode ser operado
de maneira continua ou em batelada, no caso de regimes contínuos o produto úmido
é alimentado na parte mais elevada e sai pela parte inferior por meio da gravidade.
Os secadores rotativos são geralmente separados em diretos, indireto direto,
indiretos e tipos especiais. Esta classificação é dada nos modos de transferência de
calor entre o gás (ar) e o sólido (material). Secadores de contato direto são os mais
simples e econômicos e são usados quando não existe problema no contato direto do
gás e o sólido. No entanto este tipo de contato pode gerar perdas de material devido
a vazão do gás, pois as partículas solidas geralmente são muito finas (MUJUMDAR,
2006).
Já nos secadores de contato indireto, existe entre o ar e o material uma parede
de metal que os separa, porém, transferindo ou removendo calor do material por
condução e radiação, promovendo a secagem (MACEDO, 2016). Uma vantagem dos
tipos indiretos é que estes necessitam apenas de fluxo de gás suficiente para remover
vapores através do cilindro, além de serem muito bons para processos de secagem
que requeiram atmosferas especiais e sem a interferência do ar externo (MACEDO,
2016).
O secador rotativo direto é constituído por um cilindro de metal, com ou sem
aletas internas, sendo adequado a operações de baixa e média temperatura e são
limitados pela resistência do metal de sua forma construtiva. Já o secador indireto de
vapor em tubo é construído com um cilindro de metal e uma ou mais linhas de tubos
de metal instalados internamente ao longo de seu comprimento. Geralmente
apropriado a operações de trabalho com vapor quente e processos que exigem água
de arrefecimento (MACEDO, 2016).
Este tipo de sacador é muito empregado para a secagem de grãos como milho
e soja, material de pó e outros e outras misturas especiais para indústria química,
metalúrgica e de construção. Sendo assim são empregados para secagem de sólidos
granulados, que geralmente não conseguem ser retidos em telas, chapas ou esteiras
como no caso dos secadores apresentados neste trabalho.
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2.5 SECADOR FLASH

O material úmido é disperso em um fluxo de meio secante que pode ser ar ou


gás aquecido que irá circular pelo tubo de secagem em alta velocidade. Durante a
circulação o sólido é secado e o produto desejado separado por meio de ciclones que
geralmente são acoplados neste tipo de secador.
Devido aos gases de escape, os ciclones são seguidos geralmente de
depuradores que são responsáveis pela limpeza a fim de garantir que as emissões
estejam nos parâmetros estabelecidos.
No diagrama apresentado na Figura 5, pode perceber que a estrutura básica
é dada por um dispositivo de alimentação dos sólidos, um duto que proporciona o
tempo de residência necessário, e um separador sólido-gás (ZEMPULSKI,
ZEMPULSKI, 2007).

FIGURA 5 – SECADOR FLASH

FONTE: DEDERT, 20?


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Este equipamento é denominado “flash” devido a secagem ocorrer de maneira


rápida, sendo assim o tempo de residência do material é bastante curto o que acarreta
a economia de energia gasta na operação.
Podem ser operados em duas configurações, sendo elas a de circuito aberto
que permite a operação em temperaturas mais baixas podendo ser utilizado ar
atmosférico de baixa umidade e a configuração parcial de reciclagem de gás que
permite a recirculação do fluxo de gases de escape do secador a fim de utilizá-lo como
um meio de secagem pré-aquecido.
Esses secadores são utilizados principalmente para produtos leves e que se
quebram, indústria química, secagem de lamas, pastas ou materiais aderentes,
indústria de minérios entre vários outros. No caso da secagem de lamas é necessário
que a alimentação seja composta também por uma parte do produto seco, a fim de
melhorar a eficiência da operação, produzindo um material com a qualidade desejada.

2.6 SECADOR DE LEITO DE JORRO E FLUIDIZADO

O leito de jorro convencional é composto por uma câmara de secagem


cilíndrica conectada a uma base cônica. Na parte inferior da base têm-se um orifício
de dimensão reduzida por onde o fluido de jorro é alimentado no sistema.
O regime de jorro será estabelecido por meio da entrada de um jato de fluido
em leito de sólido particulados. Sendo assim a região de jorro é definida pela região
na qual as particulas apresentam aceleração ascendente formando um canal central.
A região anular é composta pelas particulas que formam uma região densa
que se deslocam contra o fluxo de ar.
Este tipo de secador propicia uma grande mistura dos sólidos, além de possui
grande contato entre o sólido e o fluido, o que permite a secagem eficientes de
materiais sensiveis a temperatura e garante produtos com características de
uniformidade adequada.
Os secadores de leito de jorro são muito utilizados na secagem de pastas como
soluções, suspensões, emulsões (SCHNEIDER; BRIDGWATER, 1993).
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FIGURA 6 – SECADOR DE LEITO DE JORRO

FONTE: ADAPTADO DE MATHUR E GISHLER (1955)

O secador de jorro pode ser considerado uma modificação do secador de leito


fluidizado. Enquanto o leito de jorro é destinado a secagem de materiais granulares e
pastas, o secador de leito fluidizado é utilizado para materiais de granulometria mais
finas.
O princípio de funcionamento é basicamente o mesmo do que o apresentado
para o secador de jorro, ocorrendo um transporte de calor, momento e de massa. A
fluidização irá ocorrer devido a injeção de ar quente por meio de uma chapa perfurada
na parte inferior do equipamento. Este equipamento possui uma alta eficiência térmica
e baixo consumo energético, sendo indicado para secagem de materiais em pó ou
granulados úmidos.
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FIGURA 7 – SECADOR DE LEITO FLUIDIZADO

FONTE: DIRECT INDUSTRY, 20?

2.7 SECADOR DE LEITO DESCENDENTE

Este tipo de secador é utilizado para secagem de sólidos particulados e é


constituído por uma série de calhas invertidas em forma de V, dispostas em linhas
alternadas paralela ou transversalmente, dentro da estrutura do secador. Neste
secador o produto movimenta-se para baixo e entre as calhas, sob ação da gravidade
(BROOKER et al., 1992).
O ar de secagem entra numa linha de calhas e sai nas outras imediatamente
adjacentes, superiores ou inferiores. Com isso, ao descer pelo secador, o produto é
submetido à ação do ar de secagem que pode estar em sentido contracorrente,
cruzado ou paralelo. Em outros modelos, pode-se utilizar calhas retas ou circulares,
abertas e dispostas umas sobre as outras. Neste caso o produto passa por dentro das
calhas (BROOKER et al., 1992).
Cada tabuleiro apresenta uma camisa de aquecimento de modo que o
material possa ser aquecido ao passar por uma chapa e resfriado ao passar para outra
chapa.
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FIGURA 8 – SECADOR DE LEITO DESCENDENTE

FONTE: PROCESS ENGINEERING, 20?

2.8 SECADORES PNEUMÁTICOS

Os secadores pneumáticos podem ser classificados como um sistema de


transporte gás-líquido, o processo de secagem é continua e se dá por meio da
convecção forçada.
Esses equipamentos possuem condutores metálicos que podem ser
horizontais ou verticais cujo comprimento é ajustado para o tempo de permanência do
material de modo que fique tempo suficiente para realização da secagem até a
umidade desejada.
A velocidade de circulação do meio secante é mais rápida do que nos
secadores de leito fluidizado discutidos anteriormente, sendo assim ao mesmo tempo
que esses secadores arrastam o solido, eles também o secam. Vale ressaltar que
nesses equipamentos a vazão de ar aquecido é ajustada de maneira a realizar uma
separação das partículas, sendo assim as partículas menores de menor área
superficial e que, portanto, tem uma secagem mais rápida, são transportadas para os
dutos de saída enquanto isso as partículas maiores que ainda não atingiram a
secagem desejada.
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FIGURA 9 – SECADOR PNEUMÁTICO

FONTE: DIRECT INDUSTRY, 20?

Nos secadores de fluxos contracorrentes, o ar e o produto fluem em sentido


contrário, o que propicia à temperatura da massa de sólidos atingir valores muitos
próximos aos do ar de secagem.
As aplicações para este tipo de equipamento são desidratar e transportar
produtos simultaneamente tais como grãos de cereais, farinhas ou flocos de batata

2.9 SECADORES CILÍNDRICOS

É um secador que promove bom contato e mistura entre fases. Sua


construção é simples: é constituído de um casco cilíndrico levemente inclinado e
equipado com suspensores que o giram. À medida que o cilindro rotaciona o material
no interior sofre um cascateamento, no qual os sólidos dobem e descem pelo tambor
trocando massa e calor com o ar quente, o que proporciona a secagem do material.
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FIGURA 8 – SECADOR CILÍNDRICO

FONTE: DIRECT INDUSTRY, 20?.

Pode funcionar de modo de secagem com contato direto ou indireto, operando


geralmente em regime contínuo de troca de calor. Além disso, pode-se operá-lo em
concorrente – para materiais mais sensíveis – ou contracorrente – secagem mais
rápida e eficiente (BAKER, 1983). A secagem nesse equipamento é por meio da troca
de calor convectiva.
São usados amplamente na indústria, principalmente para grãos, secagem de
papel, areais, argilas, madeira e materiais que não quebram com facilidade. Seu
projeto é complexo pois necessita da determinação de muitas variáveis: taxas de
alimentação do sólido e do ar, temperaturas do gás e do material a ser seco, diâmetro,
comprimento, inclinação e rotação do cilindro, capacidade e número de suspensores
no secador (ARRUDA, 2008; BICALHO et al., 2010).

2.10 SECADORES DE TAMBOR

Os secadores de tambor são especializados na secagem de materiais


pastosos. Este equipamento é constituído por cilindros horizontais giratórios que são
aquecidos internamente por vapor d’agua, o material é depositado na superfície
aquecida.
Esse tipo de operação demanda uma camada de sólido secante espessa,
densa e contínua na superfície do tambor. Os produtos costumam sair com ótima
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uniformidade de secagem, a instalação do equipamento é consideravelmente


compacta e permite operação contínua (FOUST et al., 1982).

FIGURA 9 – SECADOR TAMBOR

FONTE: FOUST et al., 1982

Dentre suas aplicações, pode-se citar secagem de flocos de batata, leite, soro,
sopas. Também podem ser utilizados para secagem de alimentos infantis, produção
de amido pré-gelatinizado, fabricação de cereais, pesticidas, massas de fruta, goma
arábica e outros (FOUST et al., 1982).

2.11 SPRAY DRYER

Nesta secagem há a atomização de um líquido que contém sólidos em


suspensão ou emulsão – através de um sistema centrífugo ou de alta pressão – em
uma câmara com fluxo de ar quente. Dessa forma, a água de evapora rapidamente,
de modo que a temperatura das partículas não se eleva muito. Seu funcionamento é
muito eficiente para a secagem de lamas, suspensões e pastas.
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FIGURA 10 – SECADOR SPRAY DRYER

FONTE: FREUND VECTOR .

Os sistemas de secagens por pulverizador são compostos por: sistema injetor


de carga e atomizador, sistema de produção e de injeção de gás quente, câmara de
secagem, sistema de separação sólido-gás e sistema de descarga do produto. O
projeto de cada um destes sistemas depende do material a ser secado e é influenciado
pelos projetos das outras partes da unidade. Na figura a seguir tem-se o
funcionamento deste equipamento.

FIGURA 11 – FUNCIONAMENTO DO SPRAY DRYER

FONTE: ZEMPULSKI, ZEMPULSKI, 2007.

A atomização gera uma grande área de contato, devido ao espalhamento em


gotas, o que resulta em boas altas taxas de transferência de calor e massa, além de
menores tempos de operação. Dependendo de como a atomização é realizada, pode-
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se formar um produto com estrutura e características específicas; pó fino, partículas


soltas, partículas porosas, aglomerados compactos, entre outros (MASTERS, 1997).
Podemos ter atomizadores que usam força centrífuga, bombeando o líquido
para um disco giratório, onde será acelerado antes de ser expelido pelo atomizador.
Há um segundo tipo, que se baseia no bombeamento do líquido em alta pressão na
câmara de secagem.
O sentido de movimentação dos materiais no interior da câmara de secagem
pode ocorrer três modos distintos; concorrente, contracorrente e misto. Quando se
lida com alimentos, costuma-se usar a operação em concorrente, de modo que o ar e
o produto entrem no topo da câmara e escoem em direção ao fundo. Nesta operação,
o produto com alta umidade inicial entra em contato com o ar na temperatura mais
alta, de tal forma que, enquanto a água é removida do produto, este permanece na
sua temperatura de bulbo úmido, a qual geralmente não ultrapassa 50°C. Quando o
produto chega ao seu estado seco, o ar já se esfriou, o que diminui o risco de
degradação pela temperatura (MASTERS, 1997).

2.12 SECADORES POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA

O processo de secagem ocorre por transferência de energia eletromagnética,


fornecida por lâmpadas elétricas e painéis cerâmicos ou metálicos aquecidos.
A construção consiste em um tambor horizontal pelo qual o material é
transportado, por esteira contínua, suporte vibratório ou hélice interna e exposto a uma
fonte de radiação infravermelha (Figura 13). Conforme a sensibilidade ao calor do
produto, o comprimento de onda emitido é alterado, sendo mais curta para mais
sensíveis e mais longa para menos sensíveis.
Suas principais vantagens são a simplicidade do equipamento utilizado, o fácil
direcionamento da fonte de calor e transferência de energia eletromagnética na região
do infravermelho na superfície do material sem gerar um aquecimento no ar ambiente,
alta taxa de aquecimento com aquecedores compactos, vasta gama de aplicações,
menor tempo de processamento resultando em significativa economia de energia,
entre outros (BARBOSA; et al, 2014)
Apesar das inúmeras vantagens um dos principais fatores limitantes é a baixa
penetração de aquecimento de material, sendo necessário operação intermitente com
quantidades de calor diferentes em cada estágio (NINDO; MWITHIGA, 2011).
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FIGURA 12 – SECADOR POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA

FONTE: Eletrothermo, 2022.

2.13 SECADORES DIELÉTRICOS

Operam pelo aquecimento no interior do material, ao serem expostos a um


campo elétrico de alta frequência, similar aos secadores por radiofrequência e por
micro-ondas (SANTOS, 2007).
O calor é resultante da fricção molecular gerado pelas rápidas mudanças na
direção do campo eletromagnético, que ocasiona a mudança de orientação dos
dipolos dielétricos ou dos líquidos polares (OLIVEIRA, 2009).
Sua principal aplicação é na indústria alimentícia para secagem de cereais e
biscoitos.

2.14 LIOFILIZADORES
A liofilização consiste na secagem de um produto através de seu
congelamento ou exposição ao ar muito frio, onde posteriormente é levado para uma
câmara de vácuo. Nesse ambiente a umidade sublima e é removida por meio de
bombeamento de ejetores a vapor ou bombas de vácuo mecânica (SICCHA; UGAZ,
1995). Geralmente os liofilizadores trabalham a uma pressão absoluta de 2mmHg ou
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a temperatura de -10 Cº, e durante o processo de sublimação poros são formados no


interior do produto que é secado (RAMOS, 2013).
Ao remover cerca de 60% a 80% do teor de água de um alimento, ocorre uma
sensível redução de seu peso além de prolongar a conservação útil e de reter a
maioria dos nutrientes presentes no mesmo, como proteínas e vitaminas mais
sensíveis ao processo de secagem a temperaturas mais elevadas (PEDRO; NUNES,
2011).
Vale ressaltar que cada produto consiste em um parâmetro de processo
diferente, sendo necessário estudos aprofundados para determinar tempo,
temperatura e pressão para cada caso, a fim de obter a máxima eficiência.

FIGURA 13 – LIOFILIZADOR INDUSTRIAL

FONTE: DATA SONIC, 2022

Alimentos liofilizados retem a maioria de seus nutrientes graças ao tratamento


em baixas temperaturas. Apesar de gerar produtos de alto valor, é um tipo de secagem
especialmente cara quanto a aquisição e operação. É constantemente usado na
secagem de café, sopas e outros alimentos.

REFERÊNCIAS

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