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Disciplina: Fenômenos de Transporte 2 (LOQ 4084)

Escola de Engenharia de Lorena


EEL – USP
1. INTRODUÇÃO: CONCEITOS GERAIS DOS FENÔMENOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E RELAÇÃO COM A
TERMODINÂMICA. CONSERVAÇÃO DE ENERGIA;

2. MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR:CONDUÇÃO, CONVECÇÃO E RADIAÇÃO;

3. CONDUÇÃO: ANALOGIA COM O CIRCUITO ELÉTRICO EM PAREDES SIMPLES E COMPOSTAS NAS GEOMETRIAS:
PLANA, CILÍNDRICA E ESFÉRICA;

4. EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA CONDUÇÃO: CONDUÇÃO EM REGIME ESTACIONÁRIO, CONDUÇÃO DE CALOR EM MEIOS


COMPOSTOS, SISTEMAS COM GERAÇÃO DE CALOR, CONDUÇÃO EM REGIME TRANSIENTE;

5. SUPERFÍCIES ESTENDIDAS (ALETAS): ALETAS COM SEÇÃO TRANSVERSAL UNIFORME (RETA), DESEMPENHO DAS
ALETAS, EFICIÊNCIA GLOBAL DA SUPERFÍCIE;

6. COEFICIENTE CONVECTIVO (MÉTODO EMPÍRICO): CONVECÇÃO NATURAL E FORÇADA, CONVECÇÃO EM


ESCOAMENTO EXTERNO, CONVECÇÃO EM ESCOAMENTO INTERNO, CORRELAÇÕES EXPERIMENTAIS PARA A
DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE CONVECÇÃO;

7. ANÁLISE TRANSIENTE: PARÂMETROS CONCENTRADOS E ÁBACOS;

8. PROJETOS DE TROCADORES DE CALOR: MÉTODO MLDT.

Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães


email: dhguima@usp.br
AULA 7: FUNDAMENTOS DA TRANSIENTE:

I. INTRODUÇÃO;

II. O ADIMENSIONAL DE BIOT;

III. MÉTODO DE CAPACITÂNCIA GLOBAL OU ANÁLISE GLOBAL DO SISTEMA;

IV. CONDIÇÃO DE CONTORNO MISTA;

V. EMPREGO DE CARTAS DE TEMPERATURAS TRANSIENTES - PLACAS;

VI. EMPREGO DE CARTAS DE TEMPERATURAS TRANSIENTES – CILINDROS E


ESFERAS.
I. INTRODUÇÃO:

- O estudo de problemas com a abordagem da condução de calor transiente levará em


consideração os problemas de transferência de calor dependentes do tempo;

- Esses problemas transientes acontecem, via de regra, quando as condições de contorno se


alteram;
Linguote metálico sendo removido de um
forno e fica exposto a uma corrente de ar
frio.
A energia se transfere:
 por convecção e radiação, da superfície
para o ambiente;
 Por condução do interior do metal para
a superfície.

- A temperatura, em cada ponto do linguote, diminui até que se atinja o equilíbrio.


II. O ADIMENSIONAL DE BIOT:

Ti  Ta :

Ta - Resistência convectiva na camada do fluido circundando o sólido;


Ti
- Resistência condutiva no interior do sólido.

Ta t  t4
resistência int erna condutiva dentro do sólido
 Bi
resistência externa convectiva na sup erfície do sólido

t  t3 Bi  40  1 DESPREZÍVE L;
h
t  t2 d C k h  Ls
t  t1
Bi   0,1  Bi  40  RESISTÊNCI AS FINITAS ;
1h Ks
dC
Bi  0,1  DESPREZÍVE L.
Ti t=0 k
r
V
Ls 
A
- Como avaliar o comportamento de temperatura no interior do
linguote?
- Pelo Método da Capacitância Global.

III. MÉTODO DA CAPACITÂNCIA GLOBAL OU ANÁLISE GLOBAL DO SISTEMA:

- Se o resfriamento começa no instante t=0, a temperatura do sólido


diminui com t > 0, até atingir o valor de T∞ e essa redução deve-
se ao coeficiente de transferência de calor por convecção na
interface sólido-líquido.

- A essência do Método da Capacitância Global é a hipótese das temperatura do sólido ser


espacialmente uniforme em qualquer instante durante o processo transiente, admitindo que os
gradientes de temperatura, no interior do sólido, sejam desprezíveis.
- Quando podemos efetuar os cálculos pelo Método da Capacitância Global? (Bi<0,1)

 Aquecimento ou resfriamento de objetos metálicos;

 Temperatura aproximadamente uniforme ao longo do interior do objeto;

 Objetos com alta condutividade térmica, quando postos em um meio pobre em condução de
calor;

 Calor transferido instantaneamente ao longo do interior do objeto, evitando gradientes de


temperatura em função da posição.

taxa de var iação 



taxa de calor do sólido de volume 
  
 
  da energia int erna 

V através da sua sup erfície 
 do sólido de volume V 
 
taxa de var iação 

taxa de calor do sólido de volume 
  
 
  da energia int erna 

V através da sua sup erfície 
 do sólido de volume V 
 

dT t 
h  A  T  T t     C  V  (*)
dt

- Introduzindo a temperatura adimensional:   T t   T  (**)

d t  h A
- (**) em (*):   t 
dt   C V

- Separando as variáveis e integrando:

d t  h A 
d t  h A
t
h A
  dt  ln  0  

 t    t
 t    C V 
0  t   C V 0   C V
h A   h A    h A 
ln   ln  0    t  ln     t     exp   t  (***)
  C V  0    C V  0     C V 

h  At ht  k   L  h L  t
Onde:       2  Bi  Fo (*v)
  c V   c  L  k   L  k L

- (*v) em (***):   0  e BiFo

Exemplo 1: Uma placa de alumínio [K=160W/(m.C ), =2790 Kg/m3, C=0,88 KJ/(Kg. C)]
com 3 cm de espessura e uma temperatura uniforme T0=225C é repentinamente imersa em um
fluido agitado mantido a uma temperatura constante T=25C. O coeficiente de transferência de
calor entre a placa e o fluido é h=320 W/(m2.C). Determine o tempo necessário para que o
centro da placa atinja 50 C.
Exemplo 2: A temperatura de uma corrente de gás é medida com um termopar. A junta pode ser
aproximada por uma esfera de 1 mm de diâmetro, condutividade térmica de 25 W/(m.C), massa
específica 8400 Kg/m3 e calor específico 0,4 KJ/(Kg. C)]. O coeficiente de transferência de
calor entre a junta e a corrente de gás é h = 560 W/(m2.C). Quanto tempo passará para que a
diferença de temperatura se reduza em 99% da inicialmente aplicada ?
- Qual será a temperatura do centro geométrico da esfera após 10 segundos de contato, supondo
que a temperatura inicial da esfera seja 80C e a temperatura ambiente seja 25C?

Exemplo 3: Uma esfera de aço [C=0,46kj/kg.°C; k=35w/(m.°C); =7800 kg/m3] de 5 cm de


diâmetro e inicialmente à temperatura uniforme de 450°C é subitamente colocada num ambiente
controlado onde a temperatura é mantida a 100°C. O coeficiente de transferência de calor por
convecção é 10 W/m2°C. Calcule o tempo necessário para que a esfera atinja a temperatura de
150°C.
IV. CONDIÇÃO DE CONTORNO MISTA:

- Podemos estudar a aplicação desse método quando uma parte da fronteira estiver sujeita à
convecção e a outra a um fluxo de calor, conforme ilustrado a seguir:

Assim, consideramos que a placa de espessura L,


inicialmente à temperatura uniforme T0, em qualquer
instante t > 0, receba calor em uma de suas superfícies a
um fluxo constante q,, e, ao mesmo tempo, dissipa calor
por convecção pela outra superfície, com T e h.

- Então, fazendo o Balanço de Energia, admitindo área constante (A) em ambas as faces, temos
que: dT t   q ,,  h  T  T t     C  L  dT t  (I)
A  q ,,  h  A  T  T t     C  A  L  
dt dt

- Admitindo a temperatura adimensional (t):  t   T t   T


h
m
d t   C  L
- Rearranjando a equação (I):  m  t   Q (II)
dt q ,,
Q
 C  L
d t 
 m  t   Q (II)
dt
- A solução da equação (II) é a soma da parte homogênea com a solução particular, dada por:
 t   C  e  mt   p (III)

Q
- Onde C é a constante de integração, e a solução particular é dada por: p  (IV)
m

 t   C  e mt 
Q (V)
- (IV) em (III):
m

- Como condição inicial, temos que:  t  0  T0  T  0

- A constante de integração C é determinada aplicando-se a condição inicial na equação (V):

Q Q
 0  C  e m0   C  0  (VI)
m m

- (VI) em (V):  t    0  e  mt

 1 e  mt
 Q

 
m q ,, (VII)
 t    0  e  mt
 1 e  mt

h
Exemplo 4: Um ferro elétrico de engomar tem uma base de aço [C = 450 J/kg.°C; K =
70W/(m.°C); =7840 kg/m3] que pesa 1 Kg. A base tem uma área de 0,025 m2 e é aquecida pela
outra face por um elemento calefator de 250 W. Inicialmente, o ferro está em uma temperatura de
Ti=20°C. Repentinamente, inicia-se o aquecimento e o ferro dissipa calor por convecção pela
superfície externa para o ambiente a T=20°C, com um coeficiente de transferência de calor h =
50 W/m2°C. (i) Calcule a temperatura do ferro após 5 minutos ligado;(ii) qual será a temperatura
de equilíbrio do ferro, se a corrente elétrica não for desligada?
V. EMPREGO DE CARTAS DE TEMPERATRUAS TRANSIENTES – PLACA:

- Em muitas situações, os gradientes de temperatura no interior dos sólidos não são desprezíveis
e não é aplicável uma análise global do sistema (ou seja, o Número de Biot é maior que 0,1).
Neste caso, a análise dos problemas de condução de calor envolve a determinação da
distribuição da temperatura no interior do sólido em função do tempo e da posição, tornando-
se mais complexo.

- Vários são os métodos usados para resolver tais tipos de problemas e, dentre eles, um dos mais
utilizados é o dos ábacos, a partir dos seguintes adimensionais: Número de Biot (Bi), Número
de Fourier (Fo) e Temperatura Adimensional (/ 0).
Carta de temperaturas transientes numa placa de espessura 2L sujeita à convecção em ambas as
faces (temperatura em x=0, ou seja, no plano central).
Carta de temperaturas transientes numa placa de espessura 2L sujeita à convecção em ambas as
faces (correção de posição).
Calor adimensional transferido Q/Q0 numa placa de espessura 2L.
Exemplo 5: Uma placa de ferro com 5 cm de espessura [C = 460 J/kg.°C; K = 60W/(m.°C);
=7850 kg/m3] está inicialmente Ti=225°C. De repente, ambas as faces são expostas à
temperatura ambiente de T=25°C com coeficiente de transferência de calor de h = 500 W/m2°C
(i) Calcule a temperatura no centro em t = 2 minutos após o início do resfriamento;
(ii) Calcule a temperatura a 1,0 cm da superfície em t = 2 minutos após o início do resfriamento;
(iii) Calcule a energia removida da placa por metro quadrado durante este intervalo de tempo.
VI. EMPREGO DE CARTAS DE TEMPERATRUAS TRANSIENTES – CILINDROS E
ESFERAS:
Carta de temperaturas transientes num cilindro maciço longo, de raio r = b, sujeito à convecção
na superfície r = b (temperatura T0 no eixo do cilindro).
Carta de temperaturas transientes num cilindro maciço longo, de raio r = b, sujeito à convecção
na superfície r = b (correção de posição).
Calor adimensional transferido Q/Q0 num cilindro longo de raio b.
Carta de temperaturas transientes numa esfera maciça de raio r = b, sujeita à convecção na
superfície r = b (temperatura T0 no eixo do cilindro).
Carta de temperaturas transientes numa esfera de raio r = b, sujeita à convecção na superfície r =
b (correção de posição).
Variação da energia interna como função do tempo em uma esfera de raio r0.
Exemplo 6: Uma esfera de ferro com 5 cm de diâmetro [C = 460 J/kg.°C; K = 60W/(m.°C);
=7850 kg/m3] está inicialmente Ti=225°C. Repentinamente, a superfície da esfera é exposta a
um ambiente à temperatura de T=25°C com coeficiente de transferência de calor de h = 1000
W/m2°C
(i) Calcule a temperatura no centro da esfera em t = 2 minutos após o início do resfriamento;
(ii) Calcule a temperatura à profundidade de 1,0 cm a partir da superfície, 2 minutos após o
início do resfriamento.
CILINDRO FINITO

OBJETOS FINITOS

PLACA FINITA

 Ta  T   Ta  T   Ta  T 
  
 
   
 Ta  T0 CILINDRO FINITO  Ta  T0 CILINDRO INFINITO  Ta  T0  PLACA INFINITA

 Ta  T   Ta  T   Ta  T   Ta  T 
  
 
 
 
   
 Ta  Ti  PLACA FINITA  Ta  Ti  PLACA INFINITA, L 2  Ta  Ti  PLACA INFINITA, H 2  Ta  Ti  PLACA INFINITA,e 2
Exemplo 7: Estimar a temperatura do centro geométrico de um produto alimentício, inicialmente
e 35 C, contido numa lata de 3,319 polegadas de diâmetro e por 4,38 polegadas de comprimento,
quando exposto a água a 100C, durante 2 horas, sendo o coeficiente de transferência de calor por
convecção de 2000 w/m2C. as propriedades termo-físicas do alimento contido da lata são:
K=0,34 W/mc;
=900 Kg/m3;
C=3,5 KJ/kgc.

Exemplo 8: Um alimento sólido está sendo resfriado em latas no formato de um paralelepípedo


de 8 cm de altura, 4,5 cm de largura e 3,6 cm de espessura. O processo de resfriamento está sendo
realizado por meio de água fria , a 2C. Sendo a temperatura inicial do alimento sólido de 95 C e
o coeficiente de transferência de calor convectivo de 250 W/m2 C, determine a temperatura do
centro geométrico do alimento contido na lata após 2 horas de resfriamento.
Dados: propriedades termo-físicas do alimento sólido:
  950 Kg
m3
;
C  3,9 kJ
Kg  C
;
K  0,36 W .
m  C
BIBLIOGRAFIA: FRANK KREITH, MARK S. BOHN. Princípios de
Transferência de Calor. Thomson.

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