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Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e Aplicações

3ª edição
Yunus A. Cengel, John M. Cimbala
McGraw-Hill, 2014

Capítulo 2
PROPRIEDADES DOS FLUIDOS

Prof. Igor Marcel Gomes Almeida


Objetivos

• Conhecer as propriedades básicas dos fluidos;


• Entender o conceito de viscosidade e as
consequências que o efeito de atrito causa nos
escoamentos;
2.1 - INTRODUÇÃO Critério para
• Propriedade: qualquer diferenciar
característica de um sistema. propriedades
Algumas familiares: Pressão, P; extensivas e
Temperatura, T; Volume, V e intensivas.
massa, M.
• Intensivas: independentes da
massa do sistema. Temperatura,
pressão e massa específica.
• Extensivas: dependem do tamanho
– ou extensão- do sistema.
• Especificas: propriedades
extensivas em função da massa.
2.2. – Densidade e gravidade específica
Densidade (massa específica) Gravidade específica: relação
entra a densidade de uma
substância e uma padrão, em
temperatura fixa.

Volume específico

Peso específico - peso de uma


unidade de volume.
Densidade de gases ideais
Equação de estado: qualquer equação que relaciona pressão, temperatura e
densidade de uma substância.
Equação de estado de gás ideal: mais simples e conhecida equação de estado
para substâncias em fase gasosa.

Ru = constante universal dos gases.

A escala de temperatura termodinâmica no SI é a escala Kelvin (K). No sistema


Inglês é a escala Rankine (R).
Um gás ideal é qualquer substância que obedeça a relação Pv = RT.

A relação de gás ideal aproxima fortemente o comportamento P-v-T de


gases reais em baixa densidade.

Sob baixas pressões e elevadas temperaturas, a densidade de um gás


reduz e se aproxima do comportamento ideal (ar, nitrogênio, oxigênio,
hidrogênio, hélio, argônio...).

Gases densos como vapor de água e de refrigerantes, não podem ser


tratados como gases ideais pois estão próximos da saturação.
2.3. Pressão de vapor e cavitação
• Temperatura de saturação, Tsat: temperatura em que uma
substância pura muda de fase a uma dada pressão.
• Pressão de saturação, Psat: pressão em que uma substância pura
muda de fase a uma dada temperatura.
• Pressão de vapor, Pv: pressão exercida pelo vapor em equilíbrio de
fase com o líquido a uma dada temperatura. É idêntica à pressão de
saturação do líquido (Pv = Psat).
• Pressão parcial: pressão de um gás ou vapor em mistura com outros
gases. Ex: pressão atmosférica é a soma das pressões parciais do ar
seco e do vapor de água.
Pv = Psat = Pliq
• Em um escoamento, existe a
possibilidade da pressão do líquido ser
reduzida ao ponto da pressão de vapor a Danos por
uma dada temperatura, resultando em cavitação.
vaporização.
• As bolhas de vapor (chamadas de
BOLHAS DE CAVITAÇÃO) colapsam ao
encontrarem regiões com pressões mais
elevadas, gerando ondas de pressão
altamente destrutivas.
• Este fenômeno é a causa da perda de
performance em rotores, chamado de
CAVITAÇÃO.
• Importante consideração no projeto de
Turbinas e Bombas.
BOM X RUIM
Torpedo supercavitante
Propulsor de
submarinos
2.4. Energia e calores específicos
• Energia pode existir nas formas térmica, mecânica,
cinética, potencial, elétrica, magnética, química e
nuclear. O seu somatório constitui a Energia Total,
E.
• Formas macroscópicas de energia: relacionadas ao
movimento e efeitos externos como gravidade,
magnetismo, eletricidade e tensão superficial.
• Forma microscópicas de energia: relacionadas a
estrutura molecular de um sistema e o grau de
atividade molecular.
• Energia interna, U: somatório de todas as formas A energia
microscópicas de energia. macroscópica de
• Energia cinética, EC: energia resultante do um objeto muda
movimento relativo a alguma referencia. com a velocidade
• Energia potencial, EP: energia resultante da e elevação.
elevação em um campo gravitacional.
Entalpia
Energia de um escoamento

P/ρ é a energia do escoamento, também


chamado de trabalho do escoamento, que é a
energia por unidade de massa necessária para
mover e manter o escoamento.

P/ fluidos incompressíveis:

Energia interna representa a


energia microscópica de um
fluido em repouso. Entalpia
representa a energia
microscópica de um fluido em
movimento.
Calores específicos
• Calor específico a volume constante, cv: energia requerida para
aumentar a temperatura de uma unidade de massa de uma substância
em um grau, mantido o volume constante.
• Calor específico a pressão constante, cp: energia requerida para
aumentar a temperatura de uma unidade de massa de uma substância
em um grau, mantida a pressão constante.

Gás Hélio
Compressibilidade e velocidade do som
O volume (massa específica) de um fluido varia com a
temperatura e pressão.

Geralmente expandem quando aquecidos e despressurizados


e contraem quando resfriados e pressurizados.

A QUANTIDADE DE VARIAÇÃO DE VOLUME É DIFERENTE


ENTRE OS FLUIDOS!

Necessário definir propriedades que relacionam variações


de volume com pressão e temperatura. Essas propriedades
são:

COEFICIENTE DE COMPRESSIBILIDADE, κ
COEFICIENTE DE EXPANSÃO VOLUMÉTRICA, β
Coeficiente de
compressibilidade

Representa a variação de
Em variações finitas... pressão correspondente a
uma variação de volume ou
massa específica com a
temperatura constante.

Qual o coeficiente de compressibilidade para um fluido realmente


incompressível?

Κ (essencialmente incompressível)
(típico para líquidos)
Martelo hidráulico: som produzido quando a
tubulação é “martelada”. Ocorre quando o
líquido encontra uma interrupção brusca e é
comprimido localmente.
• Pode ser muito destrutivo em termos de danos
estruturais e de selos mecânicos.
• Deve-se utilizar de SUPRESSORES ou CHAMINÉS
DE EQUILÍBRIO.
Para gás ideal:

• O coeficiente de compressibilidade para um gás ideal é igual a sua PRESSÃO


ABSOLUTA. O coeficiente aumenta com o aumento da pressão.
Coeficiente de expansão volumétrica (β)
A massa específica de fluidos depende mais fortemente da temperatura
do que da pressão.
A variação da massa específica com a temperatura é responsável por
diversos fenômenos naturais...
Para quantificar esses
efeitos é necessário definir
uma propriedade que
represente a VARIAÇÃO
DA MASSA ESPECÍFICA
COM A TEMPERATURA
SOB PRESSÃO
CONSTANTE.
Indica a variação do volume (massa
específica) com a temperatura sob
pressão constante.
Velocidade do Som e número de Mach
• Velocidade em que uma onda de pressão infinitesimal se propaga no
meio.
Balanços de
massa, energia e
relação
termodinâmica
de processo
reversível (Tds =
0).
Para qualquer fluido
P = ρRT

Para gás ideal


Número de Mach: relação entre a
velocidade do escoamento ou
objeto e a velocidade do som no
meio.

O número de Mach pode ser


diferente sob diferentes
temperaturas!
Viscosidade
dx = Vdt ζ Ft Gradiente de
V dV velocidade
1 2
V dy
L dβ 𝑑𝑉 𝑉
L =
𝑑𝑦 𝐿
O Fixa

dx
1 2 dβ = taxa de deformação
L dβ 𝑑𝑥 𝑉𝑑𝑡 𝑑𝛽 𝑉 Taxa de
𝑡𝑎𝑛𝑑𝛽 = = = deformação
𝐿 𝐿 𝑑𝑡 𝐿
Deslizamento entre camadas de fluidos
Tensão cisalhante ocasiona taxa de
ζ V1 𝑑𝑉 deformação.
𝜏~ O fluido exerce resistência ao cisalhamento até
V2 𝑑𝑦
V1 > V2 o equilíbrio
𝑑𝑉 𝑑 𝑑𝛽
𝜏~ ~
𝑑𝑦 𝑑𝑡

A viscosidade (ou coeficiente) é a proporcionalidade entre tensão-deformação:

𝑑𝑉 Para fluidos Newtonianos


𝜏=𝝁
𝑑𝑦
𝐹 𝐹
𝜏 = = 2 = 𝐹𝐿−2
𝐴 𝐿 𝜏 𝐹𝐿−2 𝑁∙𝑠
𝜇= = = 𝑭𝑳−𝟐 𝒕 = 𝑷𝒂 ∙ 𝒔
𝑑𝑉 1 𝑚 2
𝑑𝑉 𝐿 𝑡 1 𝑑𝑦 𝑡
= =
𝑑𝑦 𝐿 𝑡
Os fluidos para os quais a taxa de
deformação é linearmente proporcional à
tensão de cisalhamento são chamados de
fluidos Newtonianos (água, ar, gasolina e
óleos).

Sangue e plásticos líquidos são Não-


newtonianos.
𝐹𝑡 Viscosímetro de placas paralelas
Viscosímetros 𝜏=
𝐴
𝐹 = 𝜏𝐴
𝑑𝑉
𝐹=𝜇 𝐴
𝑑𝑦
𝑉
𝐹 = 𝜇𝐴
𝐿
Viscosímetro rotativo
𝑇 = 𝐹𝑅
𝜇𝐴𝑉 𝑉 = 𝜔𝑅𝑖 𝐴 = 2𝜋𝑅𝑖 𝐿
𝑇= ∙ 𝑅𝑖 𝑙 = 𝑅𝑒 − 𝑅𝑖
𝑙
2𝜋𝑅3 𝜔𝐿
𝑇=𝝁
𝑙
EXEMPLO
Uma placa fina move-se entre duas placas planas horizontais estacionárias com uma
velocidade consta de 5 m/s. As duas placas estacionárias estão separadas por uma distância
de 4 cm, e o espaço entre elas está cheio de óleo com viscosidade de 0,9 Ns/m2. A placa fina
tem um comprimento de 2 m e uma largura de 0,5 m. Se ela se move no plano médio em
relação às duas placas estacionárias (h1=h2=2 cm), qual é a força requerida para manter o
movimento? Qual seria essa força se h2 = 1 cm e h1 = 3 cm?

Fixa Primeiro passo é fazer um esboço do perfil de


h1 5 m/s velocidades do sistema:
F
h2 Fluido
Fsup F
Fixa
Finf

𝜇𝐴𝑉 5−0
𝐹𝑠𝑢𝑝 = = 0,9 ∙ 1 ∙ = 225 𝑁 𝐹𝑖𝑛𝑓 = 𝐹𝑠𝑢𝑝 𝐹 = 225 + 225 = 450 𝑁
𝐿 0,02
𝜇𝐴𝑉 5−0
𝐹𝑠𝑢𝑝 = = 0,9 ∙ 1 ∙ = 150 𝑁
3 cm 𝐿 0,03
F
1 cm
𝜇𝐴𝑉 5−0
𝐹𝑖𝑛𝑓 = = 0,9 ∙ 1 ∙ = 450 𝑁
𝐿 0,01

𝐹 = 150 + 450 = 600 𝑁

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