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ILUMINAÇÃO

Cuidado
com a fumaça
A fumaça é fundamental no processo da concepção da luz, pois é ela que
vai fazer o registro de todos os efeitos criados durante um show. Os
iluminadores sabem que o uso da fumaça tem de ser estudado também
como conceito, pois faz parte da iluminação cênica. Mas o que acontece
quando há reclamações sobre a causa de irritação ou alergia em função
do contato com a fumaça? Saiba como anda essa questão
Karyne Lins
karyne@backstage.com.br

P rimeiro é importante entender que tipo de material os


iluminadores encontram para produzir fumaça. São vá-
rios líquidos com toda espécie de densidade e aromas,
sendo que muitos não oferecem o registro do químico responsá-
vel por sua fabricação. É com essa preocupação que os entrevis-
produto”, diz Luiz Nobre, diretor da empresa Confraria da Luz
(PR) e presidente da AbrIC (Associação Brasileira de Ilumina-
ção Cênica). Ozair Guimarães, que trabalha com iluminação
para eventos corporativos, prefere utilizar o líquido do tipo neu-
tro, pois ajuda a evitar cheiro de queimado que alguns aromas
tados fazem um alerta em relação aos líquidos de fumaça exis- acabam provocando nas máquinas de grande porte, como a F
tentes no mercado. 100, PRO 2000, ZR 33, entre outras.
“Há líquidos fabricados de forma quase caseira que obvia- Existem líquidos à base de glicerina (fluído) que origi-
mente não uso por não me sentir seguro quanto à segurança do nam uma fumaça mais espessa ou à base de água, o que tor-

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na a fumaça mais dissipável e rala,
além da Haze machine, que possui
um fluído específico para criar uma
textura invisível de fumaça sem per-
der o desenho da luz.
Os entrevistados explicaram que há
muitos tipos de líquidos e misturas para
produção de fumaça, desde o tradicional
Rosco, Martin, até as mais diversas mistu-
Tonn Carvalho sabe da responsabilidade de utilizar Para Luiz Nobre os técnicos não estão mais
ras de álcool com glicerina encontradas líquidos de qualidade para gerar fumaça utilizando substâncias duvidosas

em qualquer farmácia. A opção mais a mais pesada e obtendo o mesmo resul- quada do líquido quando se dilui o pro-
‘barata’ tem seus problemas relacionados tado do gelo seco. duto com qualquer outra substância.
à durabilidade, resíduos na máquina e “Não se deve alterar o conteúdo do líqui-
até diferenças de temperatura da quei- Qual é a reclamação do de forma alguma, pois ele pode se tor-
ma, provocando aquele inconfundível Tonn Carvalho, que hoje trabalha no
cheiro de queimado. segmento de música sertaneja, definiu
Para as máquinas mais comuns co- em poucas palavras o que causa este mal-
nhecidas como Fog, eles recomendam o estar no artista. “O que provoca um chei-
“Muita fumaça, mesmo
líquido do fabricante Rosco, por possuir ro desagradável é o resíduo de glicerina que seja para desenhar
uma mistura mais leve, o que dá à má- que fica dentro da máquina. Num próxi- melhor sua luz, pode
quina um melhor aproveitamento da mo show, ele produz um cheiro meio ar- causar a sensação de
conversão da energia elétrica em calor. dido que irrita a garganta e os olhos. Por sufoco no artista e se a
As máquinas conhecidas como Haze isso sempre é bom fazer uma limpeza na substância não for de
não utilizam calor na produção do efeito máquina após cada trabalho. Além disso, qualidade comprovada o
final que é a neblina e não fumaça e uti- o perigo está com certeza na substância
perigo é o mesmo”
lizam uma mistura especial. usada (glicerina de má qualidade ou de
A fumaça “fria” utiliza o velho méto- farmácia misturada com água)”, denun-
do de mergulhar um bloco de gelo seco cia Tonn.
em um “tonel” de água aquecida com o Luiz Nobre acha que os artistas recla- nar prejudicial à saúde”, alertou Ozair.
mam da quantidade de fumaça coloca- Marcos Franja (Nação Zumbi, Fer-
da no espetáculo ou show, e, quando isso nanda Porto, Yamandú Costa) explica
acontece com ele, a reclamação é em que os líquidos menos prejudiciais seriam
A opção mais ‘barata’ relação às essências usadas. “Indepen- aqueles que usam a água como base,
tem seus problemas dente da quantidade usada ou da subs- apesar de as necessidades do show serem
relacionados à tância, acho que muita fumaça, mesmo determinantes para esta escolha. As re-
durabilidade, que seja para desenhar melhor sua luz, clamações ficam por conta dos bolos que
resíduos na máquina e pode causar a sensação de sufoco no ar- o excesso de fumaça pode causar fazen-
tista e se a substância não for de qualida- do com que a banda sucumba a uma
até diferenças de
de comprovada o perigo é o mesmo”. nuvem de fumaça, bem como o mau
temperatura da
Ozair Guimarães diz que geralmente direcionamento que projeta o jato da fu-
queima a maior parte das reclamações feitas por maça diretamente no vocal. Ele aconse-
músicos e artistas é relacionada ao lha também a evitar o uso de essências
ressecamento da garganta e ardência (odores) misturadas ao líquido.
auxílio de serpentinas de alta potência. nos olhos. Isso acontece quando são usa-
Porém há hoje no mercado um acessório dos líquidos de procedência duvidosa e A opinião dos músicos
que, acoplado a qualquer máquina de cheiros enjoativos de alguns aromas. Por- Muita ou pouca fumaça? O saxofonis-
fumaça comum, “esfria” a fog tornando- tanto, o perigo está na utilização inade- ta Zé Canuto gosta de muita fumaça,

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Ozair Guimarães observa que as empresas Zé Canuto aconselha a não projetar fumaça nos
precisam se preocupar com a saúde do artista músicos de sopro

mas só se ele estiver na platéia. Por outro imprescindível o cuidado com a quan-
lado, quando está tocando, prefere a fuma- tidade, especialmente perto dos músi-
ça de uma forma mais moderada. O músi- cos de sopro.
co Luiz Carlos Sá diz que para fazer efeito “Há alguns anos eu estava participando
tem que ser muita, senão o show fica pobre. de um show em Curitiba quando uma
“Para mim, quanto menos fumaça, enorme massa de fumaça me envolveu. O
melhor. Pois, além de atrapalhar a minha que aconteceu foi que quando soprei a
comunicação visual com os outros músi- flauta não saiu uma nota. Isto porque a fu-
cos no palco, dependendo do tipo da fu- maça era mais pesada do que o ar que eu
maça, ela molha minha bateria, e os pe- estava jogando para dentro do instrumen-
dais ficam escorregadios”, declarou to. Não deu para competir com a fumaça e
Lellei Pinheiros, baterista da cantora a música acabou ficando sem a melodia da
gospel Pâmela. introdução”, conta Zé Canuto.
Em relação à alergia que alguns mú- “Irritação, somente no sentido neuro-
sicos dizem ter quando têm contato lógico, pois fico realmente chateado com
com a fumaça, Zé Canuto disse que o fato de não enxergar os músicos, não
em seu caso a fumaça não causa irrita- conseguir interagir com eles e em alguns
ção, principalmente porque o material momentos nem conseguir ler o set list”,
que é utilizado evoluiu bastante, mas é disse Lellei Pinheiro.

Marcos Franja e o cuidado com o uso da fumaça


Acredito que uma má utilização da centro, utilizo uma fog no fundo e central,
fog possa enterrar a luz e a banda jun- uma vez que o projeto visa dar mais des-
tas. O que procuro observar na hora de taque em efeitos em cima da vocalista.
determinar quantidade e posiciona- Yamandú Costa Trio – Erudito. So-
mento é o estilo musical, a disposição da lista no centro e baixo e batera nas
banda e da cenografia e o posicio- laterais. Utilizo uma fog no fundo do
namento e a altura dos praticáveis. Vou palco dentro da coxia com circulador.
usar como exemplo três artistas com os Os acionamentos devem estar enco-
quais trabalho: bertos por palmas ou momentos de
Nação Zumbi - Som pesado. Dese- clímax da música para que possa
nho de palco com dois praticáveis à mé- abafar o ruído da máquina, ruído este
dia altura abertos lateralmente no fundo que não pode ocorrer neste tipo de
(dois fog’s, um embaixo de cada prati- apresentação. Muitas vezes, encon-
cável com jatos fracos e intervalos cur- tramos resistência na música erudita
tos). O objetivo é ter volume de fumaça com relação à utilização da fumaça,
constante sem criar bolo. porém se a mesma for bem dosada e
Fernanda Porto - Eletrônico e MPB. houver sensibilidade para o momento
Banda em semicírculo e vocalista, que de acionamento ela pode contribuir
neste caso é também a atração maior. No plasticamente com o show.

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Luiz Carlos Sá testa a qualidade da fumaça na Marcos Franja sempre se preocupou com o uso da
passagem de som fumaça nos shows

Como eles resolvem nua um pouco a fumaça próxima à


Zé Canuto até hoje pede para os bateria. “Quando não levo, o proble-
iluminadores apontarem o canhão de ma persiste. Então preciso me “virar
fumaça numa direção que não seja a nos trinta”. Peço para que os rodies
sua. Luiz Carlos Sá explicou que al- direcionem a fumaça para as laterais
guns líquidos usados causam irritação do palco e não tão para o centro. E, ao
e outros não. Se durante um show isso invés de sair de trás da bateria, por
começa a acontecer ele pede para o exemplo, sair um pouco mais ao la-
rodie parar, no entanto, o que tem do”, diz Lellei.

“Irritação, somente no sentido neurológico, pois fico


realmente chateado com o fato de não enxergar os
músicos, não conseguir interagir com eles e em alguns
momentos nem conseguir ler o set list”
(Lellei Pinheiro)

Conscientização
tido resultado mesmo é experimentar dos iluminadores
na passagem de som para ver a quali- Os entrevistados foram unânimes ao
dade do líquido, podendo este ser usa- responder que hoje os iluminadores estão
do ou não. Para Lellei Pinheiros, ge- mais atentos e compreensivos quanto à
ralmente um pequeno ventilador ate- utilização da fumaça e a tendência é só

Para entender melhor


Fumaça de gelo seco, fumaça de que propriamente a visibilidade do fa-
máquina, fumaça com água fria, fumaça cho de luz.
com água quente, etc. Como cada um A máquina de fumaça a base de fluído
deles se encaixa num espetáculo (show, produz uma fumaça de espessura seme-
teatro, dança, etc)? lhante à do gelo seco, porém, bem mais
A fumaça a base de gelo seco é uma leve. Esta fumaça tende a subir e se dissi-
fumaça muito espessa e pesada com par pelo espaço, vagarosamente, dese-
tendência a se dissipar de forma rastei- nhando assim os fachos de luz. Os fluídos
ra. Tem como foco a construção do am- a base de água produzem fumaça me-
biente e não o desenho da luz, ou seja, nos espessa que se dissipa rapidamente.
as indicações que levariam a optar por Existe ainda a Haze que produz uma
este tipo de fumaça estariam mais liga- fog praticamente invisível com ótimo po-
das à construção de um ambiente do der de definição dos fachos.

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usar produtos que não causem irritação
nem alergia. “Quando o palco está preen-
chido aos olhos de cada iluminador é que
eles param de colocar fumaça. E também
tem a questão do artista. Há artistas que
não gostam muito porque são alérgicos ou
por qualquer outro motivo, e aí os ilumi-
nadores seguram um pouco mais ou até
mesmo não utilizam este efeito”, observa
Lellei Pinheiros não gosta de fumaça pois o impede Fábio Juca entende como se deve dosar a fumaça
positivamente Zé Canuto. a interagir com os outros músicos no palco nas gravações de DVD

“Apesar de há um tempo muitas pes- mais agora que as máquinas em sua Na medida certa
soas de teatro usarem o Cloreto de grande maioria são em DMX que possi- No ato da criação de uma concep-
Amônia por dar uma fumaça sem o ba- bilitam o iluminador através do console ção de luz para show, os cuidados com
rulho das máquinas, com a descoberta de luz controlar a máquina. Já Marcos o uso de fumaça devem ser tão primor-
diais como qualquer outro detalhe na
iluminação. “No momento de criação
“O local é que vai determinar se a máquina da concepção de luz, nós, ilumina-
dores, pensamos sim na fumaça como o
utilizada vai reproduzir o que pensamos no
meio que vai tornar a luz visível e até
momento da criação do projeto. Vento,
como efeito em algumas situações. Po-
temperatura e tipo de máquina interferem rém o local é que vai determinar se a
diretamente no produto final” (Murilo) máquina utilizada vai reproduzir o que
pensamos no momento da criação do
projeto. Vento, temperatura e tipo de
dos males do Cloreto de Amônia muitos Franja acredita que de forma geral exis- máquina interferem diretamente no
não usam mais”, ressaltou Luiz Nobre. ta uma ansiedade com relação à fuma- produto final”, disse Murilo, ilumi-
Ele lembrou também que hoje as pessoas ça o que muitas vezes acaba resultando nador da banda Catedral e da cantora
sabem usar melhor a fumaça, ainda no excesso. Marina Elali.
Os entrevistados se lembraram da
importância em relação ao posiciona-
Mantendo o bom funcionamento das máquinas
mento da máquina, que depende de
A melhor forma é sempre limpar a rá queimando. Fábio Jucá diz que o lí-
algumas variantes que vão do estilo
máquina após algum evento, mantendo quido à base de glicerina causa entupi-
assim uma manutenção séria. A limpeza mento das vias da máquina, por isso, musical ao mapa de palco. “De qual-
do aquecedor é fundamental e para limpar a máquina após cada trabalho, quer forma o raciocínio é cobrir a maior
isso é preciso lavá-lo periodicamente não deixar resíduo de glicerina na estu- área possível sem o impacto direto da
com água destilada sem o uso de qual- fa da máquina nem deixar derramar lí-
quer tipo de produto químico (somente quido na máquina são formas eficazes
fog na banda. Vale a pena comentar
água) para seu bom desempenho. Utili- de evitar problemas. “Um procedimen- que o estilo da música associada ao de-
zar sempre líquido de qualidade e nun- to perigoso e que, portanto, deve ser senho do palco e demais necessidades
ca diluir o produto, ou seja, usar sem- evitado é feito por quem utiliza um líqui-
cenográficas irão sinalizar para a quan-
pre como sai da garrafa. Procurar utili- do ‘barato’, que é limpar sempre o inte-
zar as marcas de fluídos indicadas pelo rior da máquina com álcool colocando- tidade de máquinas e suas localizações
fabricante e de boa qualidade, pois es- o dentro do reservatório e deixando a bem como a quantidade de fog por jato
ses líquidos podem ficar dentro das má- máquina trabalhar normalmente por um e seus intervalos de acionamento”, ex-
quinas sem risco de corrosão ou deteri- tempo tomando cuidado para não dei-
plicou Marcos Franja.
oração dos componentes internos, e xar entrar ar dentro da tubulação. Isso
limpeza periódica do tubo condutor não pode acontecer, pois se trata de
(serpentina). Se você insistir no aciona- um líquido inflamável numa máquina No show e na TV
mento da fog e a mesma estiver entu- quente. Na dúvida, compre um líquido Existe uma proporção de uso para
pida ou sem líquido, a máquina acaba- decente”, alerta Murilo Campos.
shows que são transmitidos para TV ou

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“Em casas fechadas você pode trabalhar


com pequenos volumes e acionamentos
distanciados. Em locais abertos temos de utilizar
grandes volumes com um breve intervalo entre os
acionamentos” (Marcos Franja)

gravação de DVD. Em ambos os casos, qualquer ambiente. Em eventos abertos


o iluminador tem que chegar a um será necessário um pouco mais. Esse tan-
acordo com o diretor de fotografia, já to a mais vai depender das condições cli-
que fotografia e muita fumaça não máticas do local, lembrando que tam-
combinam. Na iluminação para capta- bém depende do tipo de espetáculo que
ção, seja DVD ou TV, é preciso ter o se está fazendo. Um show de rock permi-
cuidado de manter películas finas de te ao iluminador usar mais fumaça, o de
fumaça (para estes casos a Haze se tor- MPB um pouco menos. O importante é
na mais indicada) e intervalos distan- usar o bom senso.
ciados de acionamento. “Em casas fechadas você pode tra-
Uma fumaça muito espessa e em balhar com pequenos volumes e acio-
grande volume impossibilita a penetra- namentos distanciados. Quando existe
ção da câmera, ou seja, esta luz dese- a possibilidade da mesma sair pelo sis-
nhada acaba virando uma parede para tema de ar é o ideal. Em locais abertos
a câmera. Dicas como frente mais bai- temos de utilizar grandes volumes com
xa para imprimir bem o fundo e cuida- um breve intervalo entre os aciona-
do com os contrastes e cromas também mentos e distribuir por ambos os lados
são recomendados. (uma vez que não saberemos para que
De modo geral são utilizadas Haze ao lado o vento irá se deslocar)”, comple-
invés de Fog, pois esta última acaba cri- tou Marcos Franja.
ando uma resistência na passagem da luz
que uma câmera não interpreta automa- Estilos musicais
ticamente como nosso cérebro e acaba Num show de rock pesado há liber-
tornando a imagem mais pesada e difícil dade para usar mais a fumaça pelo pró-
de “focar” com precisão. prio conceito musical (considerando
“A restrição para o uso da fumaça em que não se está trabalhando com proje-
gravação de DVD é muito grande. Na ções). Porém, num show de MPB, os
transmissão ao vivo a liberdade é maior. cuidados devem ser dobrados para que
Nesses dois casos, geralmente, existe um o uso não acabe prejudicando a propos-
diretor de fotografia que define a quan- ta do show.
tidade ideal ou até se vai haver fumaça”, Deve-se ter cuidado redobrado com
confirmou Fabio Jucá, iluminador da a música erudita e a clássica, justamen-
cantora Vanessa da Mata. te por se tratar de uma música complexa
em informação em que o centro deve
Casas fechadas ser o músico e seu instrumento. Nos
e eventos abertos shows mais teatrais, a expressão facial
Tonn Carvalho explicou que o ideal é do artista, que faz parte de uma deter-
ter fumaça suficiente para definir os fa- minada “cena” da música, não pode ser
chos de luz dos movings ou contraluz em escondida pela fumaça.

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