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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO MUSICAL - III

PREPARAÇÃO VOCAL PARA CANTORES POPULARES:


SEUS EFEITOS IMEDIATOS E A IMPORTÂNCIA PARA A
CONSTRUÇÃO DA QUALIDADE DA VOZ

Airton Gehlen do Amaral

Itajaí, 07 de março de 2016


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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI


VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO MUSICAL - III

PREPARAÇÃO VOCAL PARA CANTORES POPULARES:


SEUS EFEITOS IMEDIATOS E A IMPORTÂNCIA PARA A
CONSTRUÇÃO DA QUALIDADE DA VOZ

Airton Gehlen do Amaral

Monografia apresentada ao Curso de Pós-


Graduação Lato Sensu Especialização em
Educação Musical da Universidade do Vale do
Itajaí, como requisito parcial à obtenção do
título de Especialista em Educação Musical -
III.

Orientadora: Professora MSc. Giana Cervi

Itajaí, 07 de março de 2016


3

AGRADECIMENTO

Agradeço ao Mestre Eduardo Hector Ferraro, que


promoveu um espaço de discussão sobre as temáticas de
pesquisa em educação musical, através de seminários,
oferecendo subsídios para a construção do projeto de
pesquisa desta monografia. A professora MSc Heloísa
Helena Leal Gonçalves por toda a atenção e apoio. A
minha orientadora professora MSc Giana Cervi, que com
seus ensinamentos transformaram de uma forma positiva a
minha vida. A coordenação do Curso de Música da
Univali, pela organização e a todos os meus colegas do
curso que me ajudaram e inspiraram de uma forma direta e
indireta. Aos meus pais, Deus, esposa e filhas.
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho monográfico a minha esposa,


Cristiane Vieira por sua compreensão durante o decorrer
do curso e as minhas filhas, Amanda, Maria Clara e Júlia,
motivo do meu esforço.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a
coordenação do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Educação Musical -
III e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, 07 de março de 2016

Airton Gehlen do Amaral


Especializando
PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente Monografia de conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização


em Educação Musical - III da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo
especializando Airton Gehlen do Amaral, sob o título Preparação vocal para cantores
populares: Seus efeitos imediatos e a importância para a construção da qualidade da voz foi
entregue em 07 de março de 2016 para avaliação da coordenação do curso, sendo a referida
Monografia aprovada, com conceito: B.

Itajaí, 07 de março de 2016

Prof. MSc. Giana Cervi


Orientadora

Prof. MSc. Alexandre Luis Vicente


Coordenação
SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................................................. 9

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................... 15

FUNDAMENTAÇÃO TEORICA. ................................................................................... 15

1.1 CONCEITO DE BIOFISICA...................................................................................... 15


1.2ACÚSTICA ................................................................................................................... 16
1.3 PROPRIEDADES DO SOM ...................................................................................... 17
1.4 NOÇÕES BÁSICAS DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA VOCAL 18
1.4.1 RESPIRAÇÃO .......................................................................................................... 20
1.4.2 RESSONÂNCIA E ARTICULAÇÃO .................................................................... 21

1.5 PREPARAÇÃO VOCAL ............................................................................................ 22


CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................... 25

2.1 METODOLOGIA ........................................................................................................ 25


PRÁTICAS REALIZADAS NA PREPARAÇÃO VOCAL .......................................... 26

2.2 EDUCAÇÃO DA VOZ................................................................................................ 26

2.3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO COM DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES. ...... 27


2.4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AFINAÇÃO NO CANTO ......................................... 31

2.5 DESAQUECIMENTO VOCAL ................................................................................. 33


CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 34

ANÁLISE DE DADOS ...................................................................................................... 34

3.1 RESULTADOS OBSERVADOS ............................................................................... 34

3.2 RESULTADO DAS AVALIAÇÕES.......................................................................... 36


3.3 ENTREVISTA COM OS ALUNOS PARTICIPANTES ......................................... 38
3.3.1 RESULTADO DAS ENTREVISTAS ..................................................................... 39
PERFIL DOS ALUNOS.................................................................................................... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 43

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ...................................................................... 44


viii
RESUMO

Cantar é um ato humano que pode ser executado de uma forma descompromissada e lúdica ou
tratado como performance de caráter profissional ou amador. Quem decide estudar canto,
além de cantar músicas deve pensar em preparação vocal. Este trabalho trata da educação da
voz e dos efeitos da preparação vocal na voz cantada, para demonstrar a importância da
preparação vocal para a melhor emissão no canto. Os resultados foram obtidos através de
entrevistas e avaliações feitas com um grupo de alunos do curso de música/canto da Fundação
Cultural de Balneário Camboriú-SC e do grupo vocal dessa mesma instituição que realizaram
aulas no período de 2009 a 2014. Foram analisadas as aulas do primeiro semestre do ano de
2014 em um grupo de quarenta alunos que formavam duas turmas. Serão relatadas no
trabalho quais práticas foram realizadas e os resultados obtidos na evolução desses alunos em
relação à afinação, respiração, dicção e timbre, através de avaliações da emissão vocal,
realizadas em sala de aula e de uma entrevista onde o aluno responde sobre sua percepção a
respeito das mudanças vocais obtidas após o trabalho.

Palavras chave: Canto. Preparação vocal. Aquecimento vocal.


10

ABSTRACT

Singing is a human act that can be performed in an uncompromised and playful manner or
treated as a professional character performance or amateur. Who decide to study singing, and
singing songs should think of vocal preparation. This work deals with the education of voice
and effects of vocal preparation in singing voice, to demonstrate the importance of vocal
preparation for the best broadcast in the sing. The results were obtained through interviews
and assessments with a group of students of music / singing Cultural Foundation Balneário
Camboriú-SC and the vocal group of the same institution that held classes from 2009 to 2014
were analyzed lessons of the first half of 2014 in a group of forty students who formed two
groups. Will be reported on work, which practices were carried out and the results obtained in
the evolution of these students in relation to pitch, breathing, diction and tone, through
assessments of phonation, held in the classroom and an interview where the student answers
on their perception about the vocal changes obtained after work.

Keywords: Singing. Vocal preparation. Vocal warm-up.


INTRODUÇÃO

Esta monografia foi elaborada para a conclusão do curso de pós-


graduação Lato Sensu, especialização em Educação Musical, pela Universidade do Vale do
Itajaí – UNIVALI - SC. O projeto de pesquisa da monografia teve a contribuição do professor
Mestre Eduardo Hector Ferraro, que promoveu um espaço de discussão sobre as temáticas de
pesquisa em educação musical, em aulas no formato de seminários. O material teórico trazido
pelo professor e os seminários com discussões entre os alunos ofereceu subsídios para a
construção do projeto de pesquisa, capacitando à elaboração, o desenvolvimento e a execução
de uma pesquisa científica na área da educação musical, situando o projeto como processo de
investigação.

A temática deste trabalho é a educação da voz através da preparação


vocal para cantores populares, com seus exercícios, técnicas de afinação, emissão nos
parâmetros elementares da música e o aquecimento vocal, e os seus reflexos na prática do
canto e no desenvolvimento vocal do cantor, tanto em grupo vocal como solista, e as suas
possíveis contribuições para uma melhor emissão vocal tanto de uma forma imediata como
para a construção da qualidade da voz.

Ela surgiu através da observação em aulas coletivas e individuais de


canto, primeiro como aluno percebendo as modificações na emissão vocal e da realização
sistemática com periodicidade, obtendo-se assim resultados transformadores. Posteriormente
como professor de canto e regente de coral e grupo vocal, observando o desenvolvimento da
qualidade da emissão vocal dos alunos, através da avaliação de sua emissão vocal de forma
contínua e sistemática dentro do processo ensino e aprendizagem. Nas primeiras aulas, foram
verificados os conhecimentos sobre o canto e a habilidade natural de cada aluno, seguindo
com acompanhamento semanal, registrado em diário de classe junto com o conteúdo
trabalhado e metrificado por acompanhamento descritivo individual.

As anotações foram realizadas em sala, com pequenas descrições das


emissões vocais, durante o processo de preparação, durante a aula e pouco tempo depois do
final. Sendo este o material utilizado para registrar as avaliações finais, feitas no final de cada
semestre dos anos letivos.
12

A pesquisa foi realizada com grupos de alunos do curso de


música/canto e do grupo vocal da Fundação Cultural de Balneário Camboriú no Estado de
Santa Catarina, instituição formal de ensino vinculada à Secretaria Municipal de Ensino. Os
alunos eram residentes na região do vale do Itajaí, compreendendo as cidades de Balneário
Camboriú, Itajaí, Camboriú, Navegantes e Itapema. Apesar de o trabalho com os alunos ser
realizado no período de 2009 a 2014, foi realizado um recorte das aulas do ano de 2014 em
três turmas de vinte alunos. As aulas tinham duração de duas horas com a frequência de duas
vezes por semana. O curso foi dividido em dois semestres: do início de março à metade de
julho e início de agosto à metade de dezembro. Serão relatadas no trabalho quais práticas
foram realizadas, a sua origem, qual a sua funcionalidade e as suas diferentes finalidades,
formando um pequeno guia de exercícios para a preparação e o aquecimento vocal.

A percepção do cantor sobre a alteração da sua própria voz após


realizar a preparação e aquecimento, também foi investigada por meio de entrevistas
realizadas com questionário objetivo mostrando os resultados obtidos por esses alunos.

O cantor, independentemente de sua demanda musical, gênero e estilo


deve ter consciência que o seu próprio corpo deve ser pensado e tratado como um instrumento
musical, o som com as suas diferentes frequências e timbres, é modulado e projetado por seu
aparelho fonador. Assim como um instrumento musical deve estar em bom estado de
conservação, regulado e afinado, como por exemplo, se for instrumento de corda deve estar
com cordas novas e afinadas na tensão correta, em instrumentos de sopro de palheta, as
palhetas devem estar flexíveis para vibrar, ou seja, o corpo do instrumento e seus acessórios
têm que estar em perfeitas condições para gerar um bom som, também na voz humana é
importante que se faça uma preparação, para ajustar o instrumento. “O cantor tem o
instrumento mais natural de todos mas, ao mesmo tempo, um instrumento complicado e
difícil de dominar: a sua própria voz” (ZANDER, p.198). O determinante para uma boa
emissão de voz cantada é a parte anatômico fisiológica em boas condições, assim como a
consciência do cantor em ter a percepção analítica sensorial auditiva para ouvir e reproduzir
os sons de uma forma musical. O aquecimento vocal, além de preparar a voz e os outros
sistemas envolvidos na produção vocal, para o seu uso imediato, teria o poder de melhorar
efetivamente o condicionamento muscular do aparelho fonador, se realizado de forma
sistemática e constante, resultando em uma melhor emissão.
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Porem existe cantores que resistem à prática da preparação vocal,


entre eles profissionais alegando falta de tempo, como há alunos mais introvertidos e tímidos
que ficam inibidos em realiza-los, por acharem que vão expor-se de uma forma
constrangedora para os colegas. Existem ainda os alunos que encaram o canto e a sua prática
de uma forma recreativa, pois gostam ou amam cantar, mas não tem pretensão alguma de
profissionalizar-se ou apresentar-se em público, então acham desnecessário realizar um
programa de preparação porque querem apenas cantar músicas, talvez pensem que vocalizes e
aquecimento é coisa para cantores profissionais.

Foi objeto de estudo dessa pesquisa os resultados verificados nas


fichas de avaliação de aulas canto coletivo e práticas de canto coral, assim como as atividades
e exercícios realizados nas aulas e ensaios e ainda os resultados percebidos pelos alunos
através da sensação após o aquecimento vocal.

Como problemas sobre a temática se faz as seguintes considerações: O


aquecimento vocal serve para aquecer a musculatura apenas com um efeito imediato? Ele
produz efeito somente na hora e momento de cantar? Se for realizado sistematicamente com
periodicidade contribuirá para uma melhoria na qualidade da voz, tendo assim um efeito
transformador? Por que alguns coralistas e cantores tem resistência à prática do aquecimento e
preparação vocal?

A justificativa deste trabalho se dá pela intenção de mostrar e ao


mesmo tempo esclarecer ao estudante de canto, o que representa a prática da preparação e
aquecimento vocal, sendo essencial para a qualidade vocal. O interesse sobre o assunto
permite que estas atividades se tornem benéficas atingindo um público interessado na prática
do canto popular, mostrando a importância de realizar a preparação vocal.

A esse respeito defenderam Andrada e Silva & Costa (1998), que


trabalham como otorrinolaringologista e fonoaudióloga no Departamento de
Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo, sobre as orientações gerais para a produção
da voz cantada, resultado de atendimento diário onde realizaram exames clínicos e fizeram o
tratamento de cantores entre eles cantores que desenvolveram patologias no trato vocal,
devido ao mau uso. Os autores colocaram que o aquecimento é essencial para qualquer
cantor, que deve ter consciência que as pregas vocais são músculos, e como todo músculo
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precisa ser aquecido antes de uma atividade mais intensa para evitar a sobrecarga, o uso
inadequado ou um quadro de fadiga vocal.

Através de experiências vivenciadas como aluno e também como


educador musical em aulas de canto e canto coral, formulou-se hipóteses sobre os problemas
que orientaram a investigação da pesquisa. Estima-se que o estudo da técnica vocal realizando
a preparação e o aquecimento vocal de uma forma sistemática por um período de tempo de
um semestre, contribuiria para a qualidade da emissão vocal tanto para o canto quanto para a
voz falada, e que alguns dos alunos, principalmente os iniciantes ou cantores amadores, sem a
pretensão de se profissionalizar, cantando por hobby, para formarem novas amizades (no caso
de participantes de corais) ou por gostarem de cantar de uma forma recreativa, normalmente,
apresentam uma resistência maior para realizar os exercícios de preparação vocal. Via de
regra imagina-se que não gostem do aquecimento vocal, porque acham desnecessário, ficam
impacientes, achando que demora muito, mesmo quando o aquecimento é realizado em torno
de quinze minutos.

Como objetivo geral o estudo tem a intenção de demonstrar como a


preparação vocal, incluindo o aquecimento vocal e as suas técnicas, podem contribuir com a
melhoria da qualidade da voz, de uma forma imediata e promovendo resultados efetivos no
aparelho fonador. Com o estudo e a descrição das atividades realizadas nas aulas, será
possível também elaborar um pequeno guia de exercícios para a preparação e o aquecimento
vocal, entendendo os seus fundamentos teóricos, uma condição essencial para praticar o canto
de uma forma saudável evitando assim patologias pelo mau uso e abusos vocais.

Entre o referencial teórico utilizado destacam se as obras de


Figueiredo, Behlau, Zander e Martinez, pois são autores que tratam da educação da voz e da
prática do aquecimento e preparação vocal. A Metodologia será apresentada em seção textual
especifica, porém vale destacar que foram selecionadas algumas técnicas de aquecimento
vocal que melhor contribuem para a preparação da qualidade da voz, tendo em vista os
resultados observados a partir dos efeitos no aparelho fonador, a partir de dados coletados,
análise da revisão bibliográfica e aplicação de instrumento. Por fim, também será instrumento
de seleção a observação realizada no desenvolvimento e desempenho de alunos em aulas de
canto e análise de suas avaliações que foram realizadas em instituição formal de ensino.
CAPÍTULO 1

FUNDAMENTAÇÃO TEORICA.

1.1 CONCEITO DE BIOFISICA

O estudo e as explicações tanto da formação do som e de sua


propagação no meio elástico, que no caso do canto é produzido por seres vivos, e a fisiologia
do corpo humano e suas funções do aparelho fonador (fisiologia da voz), que são os
elementos que formam e produzem o som da voz falada e cantada, fazem parte da Biofísica.

O olhar da ciência sobre o ato de cantar mecanicamente como


produção de som humano é explicado academicamente pela biofísica. Também é intuito deste
trabalho abordar sucintamente tudo o que cerca a produção vocal para de acordo do interesse
do leitor se aprofundar no tema que mais lhe convêm. Mais estudado por fonoaudiólogos e
otorrinolaringologistas, pode ser útil para o cantor conhecer os conceitos de biofísica,
podendo conceituar e dar nomenclatura aos acontecimentos e sensações ocorridas com o seu
corpo no momento do canto, como também trabalhar determinadas musculaturas para obter
uma melhor sonoridade resultando em um aprimoramento do seu desempenho.

A Biofísica segundo Okuno e Caldas (1982) é uma


ciência interdisciplinar que amplia a visão da ciência como um leque de explicações sobre o
funcionamento de organismos vivos, fazendo a unção entre a biologia e a física. O corpo
humano, quando está em funcionamento e os fenômenos por ele produzido inclusive a
fonação, é produzido entre outros, por fatores biológicos e físicos.

Duran (2011) define a Biofísica como uma área de conhecimento


interdisciplinar que tem como objetivo o estudo de fenômenos físico-biológicos que
envolvem organismos vivos e comportamentos resultantes dos vários processos da vida. Seu
aprendizado exige conhecer outras ciências, dentre as quais a física tem um papel
fundamental, porque a aplicação de suas leis, princípios e metodologias permite explicar
muitos dos fenômenos.
16

A Biofísica tem como característica o estudo da Biologia usando


métodos e princípios científicos da Física. Podemos considerar que a ciência não orbita suas
disciplinas marcantes como a Química, Biologia, e Física, em órbitas separadas, e sim como
um conjunto interdisciplinar (OKUNO e CALDAS 1982). Estudar a Física aplicada nos seres
vivos pode ser muito útil em áreas como a Medicina, Biomedicina, Educação Física,
Fisioterapia e também na Fonoaudiologia e Música.

Duran (2011) expõe que é vasta sua área de atuação, possibilitando


compreender vários fenômenos que fazem parte do seu corpo, que diariamente se transforma
e está sempre repetindo seus ciclos vitais para vida. Aspectos como eletricidade,
eletromagnetismo, mecânica, e física nuclear fazem parte da composição de vários fenômenos
biológicos. Com esta junção da Biologia com a Física o compartilhamento de teorias
possibilita criar novos horizontes científicos, tais como a bioacústica que estuda a propagação
sonora em meios elásticos e sua recepção pelos animais, incluindo os humanos. Os avanços
dessa área em especifico possibilitou o desenvolvimento de aparelhos auditivos que trouxe
um maior conforto para quem sofre de alguma deficiência no aparelho auditivo.

Outra frente de pesquisa que deriva da Biofísica é a Biomecânica que


estuda ou aplica a mecânica na Biologia, sendo muito utilizada em áreas como a Educação
Física, Fisioterapia, enquanto ciência, ela visa tratar aspectos cinemáticos do movimento
humano, ou seja, o movimento mecânico dos sistemas vivos.

1.2ACÚSTICA

Lacerda (1967) define acústica como a ciência do som. E este sendo


produzido a partir de um corpo elástico tirado de seu ponto de repouso, realizando assim um
movimento de vai-e-vem chamado de vibração. Através de definições da Biofísica se explica
o que é o som, como se forma e produz o som e como funciona a transmissão do som e sua
propagação no meio físico material.

“O Som é uma onda mecânica que possui a intensidade e frequência


necessárias para ser percebida pelo ser humano. Entendemos como onda mecânica uma onda
que precisa de meios materiais, como o ar ou o solo, para se propagar. ”
(www.infoescola.com/fisica/acustica/).
17

A propagação do som é descrita no site Só Biologia de forma


semelhante àquelas ondas que se formam na superfície lisa de um lago quando uma pedra cai
ali. O som também é uma onda que se propaga, porém, a diferença é que se propaga no
espaço, em todas as direções. A produção do som está relacionada com as vibrações de
materiais, por exemplo, ao falarmos vibramos as nossas cordas vocais; vibramos as cordas de
um violão ao tocá-lo, a “pele” de um tambor é vibrada quando a batucamos, etc. Das fontes
sonoras até as nossas orelhas as vibrações produzem ondas que se propagam no meio material
que pode ser sólido, líquido ou gasoso. O som movimenta as moléculas de ar e estas batem
umas nas outras, transferindo, dessa forma, sua energia para outra molécula. As vibrações
transmitidas são chamadas de ondas sonoras.

A Divisão de Astrofísica do INPE afirma que o som é produzido ao


colocarmos uma quantidade (massa) de ar em movimento. E as ondas sonoras são formadas
pela compressão e a rarefação do ar, formando variação de pressão. Nós percebemos o som
porque as ondas no ar chegam aos nossos ouvidos e fazem o tímpano vibrar. As vibrações são
transformadas em impulsos nervosos, levadas até o cérebro e lá codificadas. Quando essa
vibração ocorre de uma maneira repetitiva, rítmica, ouvimos um tom, com uma altura igual à
sua frequência. Um cantor cuja voz é classificada como baixo possui uma faixa de alturas
situada, normalmente, entre 80 e 300 Hz. Uma cantora classificada como soprano possui a
faixa de alturas entre 300 e 1100 Hz. Os instrumentos musicais podem produzir tons dentro de
um intervalo muito maior do que o da voz humana. O ouvido humano, porém, só percebe
sons cuja frequência se limita ao intervalo entre 20 e 20000 Hz.

1.3 PROPRIEDADES DO SOM

A definição das propriedades do som segundo Lacerda (1966) são


quatro: Duração, intensidade, altura e timbre.

Duração é o tempo de produção do som, tem relação ao ritmo e ao


tempo, no canto está relacionado tanto ao tempo de emissão de cada fonema como as frases
musicais e suas entradas na parte certa do compasso que variam de música para música.

Intensidade é a propriedade de o som ser mais fraco ou mais forte. É o


volume do som, confundido popularmente com altura, o som alto ou baixo é outro parâmetro.
18

A intensidade compreende também a dinâmica da música, que é a arte de graduar a


intensidade sonora na execução musical. Usam-se sinais e palavras em italiano para indicar os
diferentes graus de intensidade, por exemplo, mezzo forte (mf ) para um som meio forte e
mezzo piano ( mp ) para um som meio fraco.

Altura é a propriedade do som ser mais grave ou mais agudo. O som


com baixa frequência (grave) tem um número menor de vibrações por segundo medido em
HERTZ Hz, e o som com alta frequência (agudo) tem mais vibrações por segundo. Por este
motivo é correto afirmar que o som sobe para o agudo e desce para o grave. No canto é
comum os cantores acharem uma determinada passagem muito alta (aguda) sendo necessário
que os músicos acompanhantes tenham que mudar o tom da harmonia da música inteira, para
abaixar a tonalidade, deixando a frase menos aguda indo assim para uma região vocal mais
confortável do cantor.

Timbre é a qualidade do som, que permite reconhecer a sua origem. É


a identidade sonora, o timbre nos permite reconhecer a origem da fonte sonora, sendo este um
instrumento musical ou não. Um mesmo instrumento ou voz pode ter diferentes timbres, de
acordo com a região do corpo do instrumento que é executado ou do registro no trato vocal,
peito, cabeça, som claro ou escuro, facial ou nasal.

“Todo e qualquer som musical tem, simultaneamente, as quatro


propriedades”. (LACERDA, 1966).

1.4 NOÇÕES BÁSICAS DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA


VOCAL

A voz é o som produzido pelo homem que o identifica quanto a sua


idade, sexo, personalidade, estado emocional. Ela é produzida na laringe, através da vibração
das pregas vocais, que realizam seu movimento graças ao fluxo de ar que vem dos pulmões
(expiração). Este som vai se modificando nas cavidades que estão no pescoço e cabeça como
a faringe, cavidades bucal e nasal e seios da face elas funcionam como “alto-falantes” e
amplificam e timbram o som vindo das pregas vocais.

No corpo humano não existe um sistema exclusivo para a fonação. O


chamado aparelho fonador é formado por alguns órgãos e estruturas do sistema respiratório e
19

do sistema digestivo, que tem a sua função principal a respiração e a digestão dos alimentos
que nos mantém vivos.

A anatomia referente à voz não é composta por um único órgão e sim por um
conjunto de estruturas que se inter-relacionam para atingir o objetivo vocal.
Portanto, quando estudamos a voz devemos focar nossa atenção em todo este
grupo, que doravante vamos denominar de aparelho fonador.1

Pacheco descreve o aparelho fonador sendo composto basicamente,


pela laringe onde estão localizadas as pregas vocais, pelos pulmões, traqueia, estruturas
articulatórias e ressonadores. A laringe se localiza na região anterior do pescoço, é formada
por músculos e cartilagens, é uma estrutura que faz parte do aparelho respiratório.

Kindersley (1996) define a laringe como a “caixa da voz”, une a


faringe a traqueia. E possui duas funções principais. A primeira é impedir, por meio da
cartilagem superior (a epiglote), que o alimento entre nos pulmões durante a deglutição. Em
outras condições, a epiglote permanece aberta e a laringe é um canal livre. A segunda função
é a participação na produção da voz. É onde se localizam as pregas vocais que são músculos
intrínsecos delicados que vibram na corrente de ar que flui para fora do corpo gerando assim o
som e as diferentes frequências de som (notas musicais). Sartori (2000 p.165) afirma que “a
laringe é o órgão da voz”. Esses músculos intrínsecos das pregas vocais estão protegidos pela
laringe que é uma estrutura de seis cartilagens. O osso hióide suspende a laringe no pescoço.

Existem dois grupos principais de músculos na laringe os extrínsecos


e os intrínsecos conforme definição de Boone e McFarlene. Os músculos extrínsecos têm
uma ligação à laringe e outra a estruturas externas à laringe, dando apoio e elevando e
abaixando a posição da laringe no pescoço. Os músculos extrínsecos têm a função de elevar
(elevadores) e baixar (depressores) a laringe. Nos sons agudos emitidos os elevadores
extrínsecos elevam levemente a laringe, e nos sons graves os músculos extrínsecos
depressores abaixam um pouco a laringe.

Os músculos intrínsecos da laringe segundo Pinho (1998) são os


abdutores (abrem), adutores e tensores das pregas vocais. Eles são identificados por siglas

1 ANDRADA e SILVA, Marta Assumpção de, e COSTA, Henrique Olival. Voz cantada: Evolução,
avaliação e terapia fonoaudiológica. São Paulo: Lovise, 1998. p.43.
20

TA - tireoaritenóideo denominado como músculo vocal, AA - aritenóideo, CT -


cricotireóideo, CAP - cricoaritenóideo posterior, CAL - cricoaritenóideo lateral.

O feixe interno do músculo TA se contrai de forma isométrica


encurtando as pregas vocais que se engrossam, aumentando a quantidade de massa solta para
vibrar. O músculo tireoaritenóideo contribui para a produção dos sons graves e intensos
(fortes) (Sartori, 2000 p. 172). Já o músculo cricotireóideo é o tensor responsável pelo
alongamento das pregas vocais e causa a redução da quantidade de massa mucosa solta para
vibrar sendo responsável pela emissão dos sons agudos da nossa voz.

Podemos concluir então que para emitirmos um som agudo a laringe


se movimenta para cima e as pregas vocais se esticam e para cantarmos um som grave a
laringe desce e as pregas vocais se encurtam e engrossam. Por isso é tão importante a
musculatura do pescoço e os músculos intrínsecos e extrínsecos da laringe estarem relaxados,
alongados e aquecidos, para exercerem a sua função corretamente, aumentando assim a
probabilidade de cantarmos realizando pouco esforço e possivelmente melhorando a
qualidade das notas em diferentes alturas de som, resultando em um aumento da tessitura
vocal.

Para produzirmos a voz, obedecemos uma sequência de atos coordenados:


inicialmente devemos inspira, ou seja, colocar o ar para dentro dos pulmões;
nesta situação, as pregas vocais se afastam da linha média, permitindo que o
ar passe livremente. Ao emitirmos a voz, as pregas vocais se aproximam da
linha média, controlando e bloqueando a saída do ar dos pulmões, iniciando
a expiração pulmonar. O ar, passando pela laringe, coloca em vibração as
pregas vocais, que estão próximas entre si. As pregas vocais, desta forma,
fecham-se e abrem-se numa sequência muito rápida, realizando os chamados
ciclos vibratórios. Quanto maior a velocidade dos ciclos vibratórios, mais
alta é a frequência do som emitido, o que quer dizer que mais aguda será a
voz produzida. (Behlau e Rehder 1997, p.2)

1.4.1 RESPIRAÇÃO

A função básica da respiração é fornecer oxigênio às células do corpo


e remover o dióxido de carbono, processo vital para a manutenção da vida. (Sartori, D. 2000,
p. 155).
21

Pela definição de Kindersley (1996) o sistema respiratório é formado


pelo nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. O ar é levado para dentro e para
fora do sistema respiratório pela respiração. A respiração resulta de contração e relaxamento
muscular: durante a inspiração, o diafragma e os músculos intercostais se contraem para
ampliar o tórax, diminuindo a pressão dentro dele, de modo que o ar de fora do corpo possa
entrar nos pulmões; durante a expiração, os músculos se relaxam para diminuir o volume do
tórax, aumentando a sua pressão interna, de modo a expelir o ar dos pulmões.

Os músculos da respiração são os pilares do canto, e o diafragma é o


principal deles. Músculo divisor, impar, mediano e assimétrico, situado entre
o tórax e abdome. Muito ativo, sobretudo quando cantamos, desempenha
relevante papel no decorrer da emissão sonora, e sua acentuada presença no
canto é fruto de uma correta respiração. (COSTA 2001, p.25).

Segundo Sandroni (1998) a respiração ideal para o canto é a chamada


costodiafragmático-abdominal onde ocorre uma ampliação equilibrada da caixa torácica, as
costelas móveis se alargam lateralmente e o abdômen relaxa, avançando um pouco para
frente. É como se o diâmetro da cintura aumentasse, alargando a base dos pulmões.

1.4.2 RESSONÂNCIA E ARTICULAÇÃO

Para Sartori (2000) a ressonância é um fenômeno acústico


extremamente importante para os cantores. Sendo um fator que ajuda o cantor poder verificar
constantemente se a emissão da voz está correta. O sistema de ressonância amplifica o som
fundamental vindo da laringe que é de intensidade fraco, ele é dividido em ressonadores
infraglóticos e ressonadores supraglóticos.

As estruturas infraglóticas são a traqueia, os tubos bronquiais, os


pulmões e a caixa torácica.

As estruturas supraglóticas envolvidas na ressonância, algumas delas


também estão envolvidas na articulação dos fonemas na fala e no canto, são elas: Boca
(cavidade oral), cavidade nasal, seios paranasais, língua, lábios, mandíbula, palato (duro e
mole), nasofaringe ou rinofaringe, orofaringe, laringofaringe, laringe e faringe.
22

A mudança constante na forma, na posição e no grau de elasticidade das


estruturas do trato vocal permite combinações acústicas variadas, ou seja,
diferentes ressonâncias, o que resulta na imensa variedade dos sons (...) que
somos capazes de produzir. O sistema de ressonância é o principal
responsável pela estética de uma voz, embelezando-a ou não, aumentando a
intensidade de determinados sons e amortecendo outros. (Sandroni,C. apuud
Russo,I.C.P.1993,p.120)

Segundo Costa (2001) a qualidade da voz está mais em função dos


ressonadores do que das pregas vocais. As cavidades de ressonância agem aumentando o som
fundamental da laringe, diminuindo o esforço de seus músculos, motivo pelo qual estão
sempre à disposição como principal auxiliar na ampliação dos sons, que quando emitidos em
direção às cavidades de ressonâncias, se espalham ampliando o raio de ação, enriquecendo os
harmônicos, tornando-os mais belos e com seu brilho natural.

1.5 PREPARAÇÃO VOCAL

A preparação vocal é tema de estudo tanto de musicistas como


cantores, professores de canto e regentes de coro como de fonoaudiólogos e médicos
otorrinolaringologistas. É importante destacar os trabalhos de autores da fonoaudiologia que
tratam da prática do aquecimento e preparação vocal, a exemplo de Behlau e Rehder que
apresentam os principais cuidados a serem tomados com a voz, a fim de se evitar ou reduzir
problemas vocais. Pacheco (2006) relata que é fundamental recordar que a voz é produzida
por ação muscular e enfatiza a importância do cantor fazer exercícios de aquecimento e
desaquecimento vocal. Já Silva (1998) afirma que o aquecimento vocal é essencial a todo
cantor independente de estilo e demanda musical.

Figueiredo (1990, p.13e14) defende que a situação sob a ótica do


treinamento feito com planejamento e avaliação, a organização e a objetividade do
treinamento capacita os cantores e estimula a aprendizagem e contempla diferentes aspectos
da técnica vocal. Apesar de provocar antipatia e desinteresse por parte dos cantores de coral
pondera que a técnica vocal pode ser um obstáculo para o desempenho coral, pois sem
interesse por parte dos cantores torna-se difícil alcançar resultados positivos. Ainda afirma
que a realização mecânica de vocalizes provoca desinteresse nos cantores.

Já Zander expõe que o regente deveria aplicar pelo menos quinze


minutos de cada ensaio para exercícios de preparação vocal, e que alguns coralistas fazendo
23

sentir não estarem de acordo “levantem um certo protesto”. Por sua experiência na prática de
ensaios com coro, quando deixa de realizar os exercícios por um motivo ou outro, “o ensaio
não rende tanto quanto deveria, e, o que é mais grave, os cantores saem com uma impressão
de ter feito muito esforço, o que é negativo. ” (ZANDER, 2003).

O estudo da técnica vocal realizando a preparação e o aquecimento


vocal pode contribuir para a melhor qualidade da emissão vocal no canto. Segundo Martinez
(2000) há um grande desequilíbrio em um coro do naipe que aqueceu e os que não aqueceram,
e afirma que ninguém deverá começar a cantar sem que tenha realizado pelo menos o
aquecimento da voz.

Os conceitos da Física aplicada à música são explicados por autores


de literatura de educação musical como Osvaldo Lacerda no Brasil e Imogem Holst na
Inglaterra. Eles exemplificam de diferentes formas os mesmos fenômenos físicos que
acontecem na geração do som, Holst descreve o som físico como configuração da nota
musical onde “cada nível de som claro, sustentado é uma nota e suas combinações formam
música” (Holst, 1963). Enquanto Lacerda explica em seu compendio os conceitos da física na
transmissão do som e sua propagação no meio físico e suas relações com a música de uma
forma mais conceitual.

Estes conceitos da formação do som e sua propagação são muito


importantes e devem fazer uma relação com a fisiologia do corpo humano onde através da
explicação conceitual da Biofísica de como é produzido o som vocal através da configuração
da fisiologia da voz na anatomia humana, nos dão a visão da medicina e da fonoaudiologia.
Sobre os princípios da fisiologia vocal na formação e projeção do som, otorrinolaringologistas
e fonoaudiólogos como Behlau, Rehder, Brack, Pacheco, Silva e Costa, abordam este tema
em diferentes publicações esclarecendo os mecanismos de funcionamento da voz, permitindo
que estes conhecimentos sejam aplicados na preparação vocal, estimulando a musculatura
correta para cada tipo de emissão desejada. Esses conceitos trazem clareza nos objetivos da
técnica vocal e apontam benefícios para o canto, ou seja, se for usada determinada
musculatura e ressonadores, essa posição dos músculos e direcionamento focal do ar, resultara
em determinado som, dando através destes procedimentos, domínio do cantor sobre a sua voz,
evitando assim esforço vocal.
24

As metodologias de preparação vocal no canto lírico e popular trazem


o uso da voz como instrumento musical com as propriedades inerentes ao som e a música:
altura, intensidade, timbre e duração. Alguns livros de regência e canto escritos por cantores
ou regentes como os autores Martinez, Sartori, Goria, Costa, Zander e textos acadêmicos de
Figueiredo, nos trazem essas temáticas em textos publicados em nosso país até a atualidade.

.
25

CAPÍTULO 2

2.1 METODOLOGIA

A análise bibliográfica teve o seguinte procedimento, foram realizadas a


analise através da pesquisa de livros da revisão bibliográfica e dissertações e artigos acessados
no meio eletrônico, que tem como tema; som, fisiologia, preparação vocal, aquecimento vocal
e canto. A primeira etapa foi de estudo das teorias e conceitos do som como acústica, e
conceitos da Biofísica que é uma ciência interdisciplinar que amplia a visão das explicações
sobre o funcionamento de organismos vivos, o aspecto fisiológico muscular da prática da
técnica vocal e do canto, como fenômeno físico (som) e biológico (corpo humano).
Organizou-se um levantamento bibliográfico, leitura, fichamento e de outras fontes que
permitam o aprofundamento sobre o assunto.

A pesquisa foi realizada através da análise das avaliações feitas com


quarenta indivíduos que formavam dois grupos de vinte alunos, matriculados no curso de
música/canto da Fundação Cultural de Balneário Camboriú no Estado de Santa Catarina,
instituição formal de ensino vinculada à Secretaria Municipal de Ensino, que realizaram aulas
no período do primeiro semestre de 2014. Com as avaliações individuais feitas em aula, foi
verificado se os exercícios de aquecimento e preparação vocal que eles aprenderam e
realizaram durante o período do curso, resultaram em uma melhora da emissão vocal em
quesitos como a afinação, a articulação, a respiração e o timbre. Para isso, foi feito um
comparativo desses quesitos do início e do final do semestre.

Após foi realizada uma pesquisa através de entrevista com ex-alunos


do curso de canto da fundação cultural de Balneário Camboriú e do grupo vocal dessa mesma
instituição, que realizaram aula no período do primeiro semestre de 2014. Foram
entrevistados vinte alunos. É importante salientar que a quantidade de alunos entrevistados foi
menor do que os avaliados em aula, pela dificuldade de localização ou evasão. Essas
entrevistas foram realizadas por meio de um questionário respondido ao entrevistador em
encontro pessoal ou enviado por e-mail, também foram utilizados o Face book e o aplicativo
WhatsApp para contatar os ex-alunos e o aplicativo Messenger para se comunicar e também
receber os questionários.
26

Com os dados e informações obtidos a partir da coleta de dados foi


elaborado o plano escritural e sua produção, etapa de interpretação, síntese e procedimento de
elaboração do texto, em linguagem acessível e inteligível, realizando tabulação com quadro
comparativo através de informações tais como idade, sexo, grau de instrução, objetivo
profissional ou amador, e os resultados obtidos pelos alunos, observados a partir de práticas
de ensino e aprendizagem.

PRÁTICAS REALIZADAS NA PREPARAÇÃO VOCAL

2.2 EDUCAÇÃO DA VOZ

Por ser um curso gratuito com livre acesso, sem testes de admissão, de
política inclusiva, tendo apenas o limite mínimo de idade que era acima de doze anos, havia
uma grande procura de alunos não só da própria cidade como de alguns municípios vizinhos,
principalmente de Camboriú e Itapema. A responsabilidade de oferecer um bom serviço, por
se tratar de um órgão público com finalidade socioeducativa, levava a priorizar a saúde vocal,
através de exercícios apropriados ao uso fonatório, e também à educação musical ensinando
os princípios e fundamentos da música e do canto. Sendo estes fatores mais importantes do
que desenvolver um repertório extenso ou focar as aulas em performance exclusivamente
ensaiando para apresentações.
O Curso de canto popular da Fundação Cultural tinha no plano de
curso como ementa: Atividades para ajustar a afinação no canto, aquecimento e
desaquecimento vocal. O objetivo geral de conhecer os princípios básicos da afinação e os
exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal, melhorando a emissão vocal e prevenindo
patologias. E como objetivos específicos podem listar:
 Realizar os principais exercícios do aquecimento vocal.

 Reconhecer a relação da voz com a percepção e controle da emissão.

 Relacionar as informações teóricas da fisiologia do aparelho fonador com a emissão


da voz.

 Identificar o alfabeto musical cantando as frequências corretas.


27

 Explorar a voz cantada quanto às suas propriedades e possibilidades musicais,


desenvolvendo repertório.

A Cronologia do curso informava que o conteúdo seria desenvolvido


em dois semestres, com aulas de duas horas de duração realizadas duas vezes por semana.
Os recursos/materiais utilizados eram simples e baratos, como uma
sala de aula ventilada e Instrumento harmônico para acompanhar; Teclado ou violão. Também
foi utilizado instrumento para auxiliar na afinação, um diapasão de garfo. Os exercícios de
preparação vocal foram selecionados a partir de revisão bibliográfica, servindo para a
elaboração de um miniguia prático em forma de apostila, usada para orientar os alunos a
realiza-los, podendo ser usado por esses também em casa. Esta apostila foi elaborada em 2006
com a participação e contribuição da fonoaudióloga Aline Ferreira Argenta, e implementada
no Centro Educacional Municipal Dona Lili, no bairro da Barra em Balneário Camboriú, com
os alunos do fundamental dois em aulas de canto no contra turno escolar e teve um excelente
resultado prático, com uma melhora perceptível até na fala dos alunos. Esta apostila foi
aperfeiçoada e revisada em 2009 sendo utilizada de 2009 a 2014 no curso de música/canto da
Fundação Cultural (FCBC).

2.3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO COM DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES.

Atividades de relaxamento
 Soltar os braços ao longo do corpo e efetuar movimento de rotação do tronco.

 Soltar com movimentos leves e relaxar membros superiores e inferiores.

 Inspirar profundamente levantando os ombros lentamente ao expirar soltar os ombros


de uma só vez rapidamente.

Postura básica

 Pés paralelos devem estar afastados na direção dos ombros e os joelhos relaxados.
 Pélvis alinhada: os quadris devem estar na mesma altura um do outro.
 Coluna reta, ombros e braços relaxados a fim de não tencionar o pescoço.
 Pescoço reto e alongado.
 Queixo reto, paralelo ao chão, olhando para frente.
28

Alongamento e circulação
Coluna:
 Alongar (“Esticar” levantar braços paralelos).

 Alongar (“Enrolar e desenrolar” descendo tronco e subir percebendo as vértebras).

 Corrigir postura alinhando as vértebras e alongando o músculo peitoral.

Cabeça, pescoço e ombros:


 Movimentação dos músculos do pescoço movendo a cabeça para os lados (movimento
em diagonal como sinal de DÚVIDA e horizontal como sinal de NÃO) e para baixo e
cima (movimento vertical como sinal de SIM).

 Rotação de cabeça emitindo a vogal A (sentido horário e anti-horário).

Respiração
Para uma boa projeção da voz no canto, é necessário obter o controle
da respiração. A inspiração no dia a dia deverá ser sempre nasal, pois o nariz funciona como
um filtro de ar. Se inspirarmos pela boca, estaremos inspirando todas as impurezas podendo
ocasionar doenças inflamatórias do aparelho respiratório. Caso não seja possível respirar pelo
nariz, sugere-se a procura por um médico especialista (otorrinolaringologista). Porém ao
cantar entre frases consecutivas, que a pouco espaço de tempo entre uma frase e outra, os
cantores respiram pela boca, por haver uma abertura maior que as narinas, o ar tem uma
entrada rápida e em maior volume.

Respiração costodiafragmático-abdominal:
 Utilizar para o canto a respiração chamada diafragmática; costo-diafragmática, ou
abdominal-intercostal.

 Respirar profundamente e solte. (Explicação e percepção do diafragma)

 Inspirar pelo nariz e canalizar esse ar em direção ao abdômen (como se fosse encher a
barriga de ar).
 Expirar pela boca e solte o ar em ‘S’ (ssssshh) observando que enquanto o ar é
expelido a barriga vai esvaziando lentamente até chegar ao normal.
29

 Cuidado para não utilizar o ar de reserva, ou seja, não pressionar a barriga forçando-a
a se esvaziar mais depressa que o normal, pois isto poderá causar mal-estar.

 Inspirar pela boca e nariz rápido e soltar lento com o som de S. (O aluno deve
perceber a movimentação das costelas e do abdômen). Conforme Serra (2002) não se
deve subir os ombros ao inspirar.

Articulação
 Alongamento do masseter com exercícios de abertura ampla da boca:

 Lentamente abrir amplamente e fechar a boca. (3x)

 Pronunciar de uma forma exagerada, repetindo continuamente e lentamente algumas


vezes; MUA, UAI, I U, U I.

 Musculatura da língua e boca.

 Estalar a língua pressionando contra o palato duro (céu da boca).

 Encostar a ponta da língua no lábio superior e inferior (com a boca aberta), e ponta de
língua nos cantos da boca.

 Trava- Línguas. (Falar frases) repetir três vezes:

 Bagre branco, branco bagre.

 Chão sujo, casa suja.

 A Xuxa acha a Sasha chata e a Sasha acha a Xuxa chata.

Os trava-línguas geram descontração entre a turma, ao achar graça de si próprio e até


uma competição saudável e bem-humorada. Existem vários outros trava línguas que
podem ser explorados, facilitando a emissão de certas consoantes.

AQUECIMENTO PREGAS VOCAIS

Schwarz e Cielo (2009) realizaram um estudo com 24 sujeitos, do


sexo feminino, com idades entre 20 e 30 anos, sem queixas vocais. Todos esses indivíduos
30

foram submetidos à avaliação da laringe, por meio do exame de videolaringoestroboscopia,


antes e após a execução da TVSL (técnica de vibração sonorizada de língua). A TVSL foi
aplicada em três séries de quinze repetições, em tempo máximo de fonação com tom e
intensidade habitual, com intervalos de 30 segundos de repouso passivo entre cada série. O
resultado obtido após a execução da TVSL se evidenciou diferença estatisticamente
significativa para a melhora do tipo de voz, do foco de ressonância vertical, da qualidade
vocal, do predomínio de sensações positivas e o aumento da frequência fundamental.

 Técnica de vibração sonorizada de língua (TVSL):


Vibração de ponta de língua (Tr) em uníssono (frequência média e intensidade
moderada).

Vibração de ponta de língua (Tr) em escalas diatônicas maiores ascendentes.


(Procurando explorar uma região de frequências médias evitando os extremos graves e
agudos).

Vibração de ponta de língua (Tr) em saltos de oitavas região frequências média,


trabalha também a mobilidade da laringe facilitando a afinação e melhorando as zonas
de passagem.

 Vibração de lábios (Br).

Alunos com dificuldade em realisar os exercícios citados acima das TVLS realiza-los
com vibração de lábios, estes alunos devem realizar exercícios de fortalecimento da
musculatura da língua e fazer as TVLS aos poucos ao seu ritmo com curta duração foi
observado o avanço de vários alunos ao realizar esses procedimentos.

 Fricativas sonoras:

 Inspirar profundamente e expirar emitindo o som de uma forma contínua, suave e


regular das consoantes, Z, V, G.

 A consoante Z tem o ponto focal da ressonância no palato duro (céu da boca).

 A consoante V tem o ponto focal da ressonância nos lábios.

 A consoante G tem o ponto focal da ressonância na orofaringe.


31

Explicar esses pontos da fisiologia do trato vocal, e fazer o aluno perceber em seu
corpo estas vibrações.

Ressonância

Cantar com a boca fechada chamado de bocca chiusa (termo em


italiano) no canto erudito e Humming (termo em inglês) no canto popular.
Assemelham-se aos exercícios de ressonância que além de aquecer as pregas vocais,
envolve controle respiratório e melhora o timbre, ativando os ressonadores do trato
vocal. Com a boca fechada sem apertar os lábios e nem os dentes (mandíbula um
pouco baixa), garganta aberta e livre como se fosse emitir a vogal A, mas com os
lábios fechados, inspire pelo nariz sem absorver muito ar e expire emitindo um som,
que resultara no som HUM. O som deve ser leve e “vaporoso” como se fosse “sair
pelos olhos”, sentindo a vibração em toda mascara fácil e no topo da cabeça.

Também se pode mastigar esse som (huuuum), ou cantar em bocca


chiusa intervalos de segundas formando pequenas frases musicais ou pentacordes e
escalas. Geralmente usam-se tons um pouco mais graves ou médios graves.

2.4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AFINAÇÃO NO CANTO

 Ouvir e reconhecer um som. (Fonte sonora- timbre, altura, duração e intensidade.).

 Compreender frequência e amplitude do som que gera as diferentes alturas, formando


assim as notas musicais.

 Aluno emitir um som espontâneo (a partir desse som, encontrar a nota mais próxima
no diapasão e ajusta-lo). Se for uma turma o procedimento deve ser efetuado por todos
os alunos da turma, frequentemente os alunos após ouvirem os primeiros sons tendem
a repeti-lo ou cantar frequências próximas naturais a uma zona de conforto da
extensão vocal humana.

 Esta nota afinada será a fundamental do cantor, no caso de uma turma utilizar a nota
aproximada mais cantada pela maioria em um registro médio, a partir da nota que está
em uma zona de conforto vocal, formar o pentacorde (as cinco primeiras notas das
32

escalas maior, tônica - Iºgrau até a dominante- Vºgrau). “Para melhor entender uma
sequência melódica torna-se necessário os elementos tonais estarem inseridos numa
escala ou tonalidade específica. ” (SLOBODA, 2008).

 Deutsch e Feroe (1981) desenvolveram um estudo em que melodias tonais simples


como operando no interior de alfabetos de notas, está associada à facilidade de
memorização. O alfabeto de notas da cultura ocidental são as escalas diatônicas e/ou
cromáticas e arpejos; se apropriando desses alfabetos é possível construir uma
sequência ordenada a partir de qualquer nota.

 As sequencias combinando movimentos por graus conjuntos são mais simples e fáceis
de lembrar.

 Com o pentacorde noção de movimento melódico ascendente e descendente. Sobe


para o agudo e desce para o grave. Se movimentando em graus conjuntos.

 Usando a 1ª, a 3ª e a 5ª notas do pentacorde temos as notas que formam os acordes


perfeitos maiores. Acordes estes que são à base da harmonia tonal ocidental.

 Após os alunos conseguirem afinar as notas do pentacorde no tom mais confortável,


modular através de semitons cromáticos para outros tons.

 Usando os princípios da afinação, desenvolver repertório musical.

 Escolher primeiramente uma música com contorno melódico simples (sem muitos
saltos de intervalos e rítmica não muito complexa).

 Alunos devem ler o texto da música para compreender a fonética e o sentido poético
da interpretação.

 Esta canção deve estar em uma tonalidade compatível com a afinação geral do grupo
que o professor já identificou.

 Alunos cantam a escala da música para ajustar a afinação, depois cantam a primeira
nota que começa a melodia.

 Após cantar a música, que pode ser executada por partes (A B C) ou se for mais
simples executada por inteira sem dividir por partes.
33

 Com estes e outros procedimentos aplicados a probabilidade do cantor (a) e do coral


afinar é muito maior.

2.5 DESAQUECIMENTO VOCAL

“A massagem deve ser feita sempre após o uso e nunca antes de


cantar, pois logo no primeiro momento ela relaxa os músculos e acaba engrossando a voz,
mas com suavização na coaptação glótica. ” (COSTA e SILVA 1998).

 Relaxamento, soltando (balançando levemente) os membros superiores e inferiores,


ficando alguns minutos em silêncio. (2 a 4 minutos).

 Bocejo.

 Vibrações lábios e línguas (Tr e Br) em escalas descendentes procurando a região


grave e utilizando pouco volume.

 Massagem digital específicas na região da laringe, visando à musculatura extrínseca


da laringe.

 Massagem com apertos na região da nuca e nos trapézios.


CAPÍTULO 3

ANÁLISE DE DADOS

3.1 RESULTADOS OBSERVADOS

Uma breve descrição do ambiente de ensino e dos alunos.

Foram observados, acompanhados semanalmente e registrando no


diário de classe, e analisados com preenchimento de fichas do acompanhamento descritivo e
avaliações, três grupos de alunos que realizaram aulas de canto, com preparação vocal e
desenvolvimento de repertório, no período de um ano (dois semestres) no ano letivo de 2014,
as aulas fizeram parte do curso de música da Fundação Cultural de Balneário Camboriú
(FCBC), mantidas pela Secretaria Municipal de Educação da mesma cidade, que
disponibilizou o professor. As aulas ocorreram, no primeiro semestre em dois locais, no
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - (CEJA) vinculada à Secretaria de
Educação do Estado de Santa Catarina, localizada na Rua 1822 nº 30 Centro, onde havia duas
turmas de canto, uma no período matutino e outra no período vespertino. E no CENTRO DE
REFERENCIA DE ASSISTENCIA SOCIAL (CRAS) que é uma iniciativa do Governo
Federal através do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome, em parceria
com a Prefeitura de Balneário Camboriú, localizada na Rua Paraguai nº401 no Bairro das
Nações, com uma turma no período matutino.

O curso tinha uma proposta social e inclusiva sendo gratuito e de livre


acesso, tendo apenas o limite mínimo de idade acima de doze anos, os alunos eram pré-
adolescentes, adolescentes, jovens, adultos e da terceira idade de ambos os sexos. No CRAS
havia seis alunos com necessidades especiais, sendo um cadeirante, um deficiente visual, dois
com deficiência intelectual e três com dislalia (sendo um deles o mesmo que apresentava a
deficiente visual).

Cada turma era composta por vinte alunos, fazendo um total de


sessenta alunos inscritos nestas três turmas. Das três turmas fiz a tabulação com as duas
turmas do CEJA totalizando quarenta alunos. A turma do CRAS por haver alunos de
35

necessidades especiais houve alterações na forma de apresentar e desenvolver conteúdo.


Sendo necessário realizar um estudo particular da evolução destes alunos, onde o
desenvolvimento e os resultados são mais graduais. As turmas do CEJA tinham a variação do
período matutino e vespertino.

QUADRO ESTATISTICAS

O quadro terá o recorte do primeiro semestre, pois como a carga


horária semanal era intensa, neste período já se pode observar a evolução dos alunos. No
segundo semestre houve também a matricula de novos alunos, para preencher as vagas dos
alunos desistentes do primeiro semestre, mudando assim o grupo de alunos.

Identificação do grupo de alunos: Sobre 40 sujeitos inscritos no primeiro semestre;

SEXO
Masculino Feminino
09 indivíduos 31 indivíduos

IDADE
13 a 29 anos 30 a 59 anos Acima de 60 anos.
20 indivíduos 14 indivíduos 06 indivíduos

ESCOLARIDAE
Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior
9 indivíduos 17 indivíduos 14 indivíduos

O quadro mostra que havia um equilíbrio nas faixas etárias, mas a


maioria dos alunos eram mulheres, adolescentes e jovens, na faixa etária dos 13 aos 29 anos,
que estudaram até o ensino médio ou estavam cursando o mesmo.
36

3.2 RESULTADO DAS AVALIAÇÕES

Os exercícios foram realizados de uma forma continua e sistemática,


com uma frequência de duas vezes por semana em aulas com a duração de duas horas durante
o semestre letivo. Os alunos também foram instruídos a realizarem parte dos exercícios em
casa. Observou-se o desenvolvimento das habilidades dos alunos. Nas primeiras aulas indo
de encontro à realidade do aluno, analisando as suas dificuldades em sua emissão vocal e os
parâmetros do canto já conhecido ou dominado pelo aluno. O desenvolvimento seguia sendo
registrado ao decorrer do semestre, através de avaliação individual de cada aluno, sendo
preenchida uma ficha avaliativa com critérios e instrumentos de avaliação, resumia-se assim
várias anotações feitas sobre o aluno, como afinação nos exercícios e nas músicas, dicção ou o
uso dos ressonadores para “timbrar” a voz. Diagnosticando de uma forma sucinta a evolução
do aluno.

Critérios de Avaliação e instrumentos:

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INSTRUMENTOS

Demonstra interesse pelas atividades propostas a turma. Participação em aula.

Entoa com afinação os sons da escala maior e seus intervalos. Emissão do som das notas com e sem o auxilio de
harmonia.
Controle respiratório ao emitir vogais e consoantes fricativas. Emissão com estabilidade dos sons longos e curtos.

Executa o alfabeto musical, escalas e arpejo dos acordes Vocalizes.


perfeitos maiores. Controla a emissão dos sons de ressonância.

Controle articulatório na voz falada e cantada. Dicção.

Controle da sonoridade atingindo timbres de voz facial, Voz homogênea com cobertura, equilíbrio dos
ressonâncias faciais, mistas e de peito. registros e das ressonâncias.

Executa coletivamente e individualmente o repertório com Cantar obedecendo à pulsação, o compasso, as


precisão rítmica. entradas, o ritmo e os acentos das músicas.

Executa coletivamente e individualmente o repertório com Entoar os sons afinados com a frequência das notas
precisão de afinação. da melodia e sua harmonia.
37

Evasão no curso

Das duas turmas houve uma desistência de seis alunos, dois do


período matutino e quatro do período vespertino. O motivo mais ocorrente foi o fato do aluno
começar a trabalhar no horário da aula, tanto por começar um emprego novo como por
alteração no horário de trabalho coincidindo assim com o horário da aula.

Foram avaliados no início do semestre, quarenta alunos e ao final do


semestre a avaliação foi de um grupo de trinta e quatro alunos, devido à evasão. Por esse
motivo será tabulado o grupo de trinta e quatro alunos que concluíram o primeiro semestre e
participaram de todo o processo com assiduidade de frequência obtendo assim os resultados.

Quadro da evolução do grupo de alunos;

Sobre 34 sujeitos inscritos que iniciaram e concluíram o primeiro


semestre de 2014:

AFINAÇÃO - Precisão ao entoar as notas na sua frequência.


Começo do semestre Final do semestre
Domina este critério 08 Indivíduos. 19 Indivíduos.
Está em processo 17 Indivíduos. 12 Indivíduos.
Apresenta dificuldade 09 Indivíduos. 03 Indivíduos.

A maioria dos alunos obteve uma melhora significativa na afinação,


mesmo os que continuaram na ficha com - Está em processo, progrediram em sua emissão
das notas. Os que apresentam dificuldades ao final do semestre melhoraram a sua percepção e
afinação, mas o trabalho de um semestre não foi o suficiente para conseguirem afinar com
regularidade.

RESPIRAÇÃO -Estabilidade na emissão dos sons longos e curtos.


Começo do semestre Final do semestre
Domina este critério 08 Indivíduos. 21 Indivíduos.
Está em processo 16 Indivíduos. 09 Indivíduos.
Apresenta dificuldade 10 Indivíduos. 04 Indivíduos.

A maioria dos alunos dominaram as técnicas de respiração resultando


em sons melhor emitidos e estáveis (sem “quebra de som”), e em finais de frases terminando
com qualidade e tempo correto. Problemas respiratórios como alergias, sinusite crônica e
38

renite atrapalharam os alunos que continuaram a apresentar dificuldade do inicio ao fim do


semestre. Esses alunos foram orientados ou a procurar um médico clinico geral, que esse iria
orienta-lo melhor, ou ir direto a um especialista em otorrinolaringologia.

DICÇÃO - Controle articulatório.


Começo do semestre Final do semestre
Domina este critério 27 Indivíduos. 31 Indivíduos.
Está em processo 04 Indivíduos. 01 Indivíduos.
Apresenta dificuldade 03 Indivíduos. 02 Indivíduos.

A maioria dos alunos já começou o curso apresentando uma boa


dicção e um controle articulatório satisfatório para o canto. Três alunos tinham sérios
problemas na fala tendo melhorado ao longo do semestre.

TIMBRE -Equilíbrio dos registros e das ressonâncias.


Começo do semestre Final do semestre
Domina este critério 09 Indivíduos. 19 Indivíduos.
Está em processo 14 Indivíduos. 10 Indivíduos.
Apresenta dificuldade 11 Indivíduos. 03 Indivíduos.

Em relação ao timbre também a grande maioria dos alunos tiveram


uma significativa evolução. Houve alunos que apresentavam bom timbre com equilíbrio, mas
com problemas de afinação, como também o contrario, uma voz afinada com os fonemas
emitidos todos na frequência das notas corretas, mas com um timbre “escuro” ou muito nasal,
sem conseguir equilibrar com os registros e as ressonâncias.

3.3 ENTREVISTA COM OS ALUNOS PARTICIPANTES

As entrevistas foram realizadas com os alunos participantes dos cursos


de canto da Fundação Cultural de Balneário Camboriú-FCBC ano 2014 alunos que residem
no Vale do Itajaí em Santa Catarina nas cidades de Balneário Camboriú, Itapema e Camboriú.

Essas entrevistas foram realizadas por meio de um questionário


respondido ao entrevistador em encontro pessoal ou enviado por email, também foram
utilizados o Face book e o aplicativo WhatsApp para contatar os ex-alunos e o aplicativo
39

Messenger para se comunicar e também receber os questionários. O questionário foi


elaborado com sete perguntas; duas para identificar este aluno, através de dados como sexo e
idade; duas perguntas trazendo o perfil deste aluno, sobre o objetivo do aluno ao fazer a aula
de canto e a sua disposição em realizar ou não a preparação e aquecimento vocal. E três
perguntas sobre a sua percepção se houve ou não uma evolução na sua prática vocal após
realizar o trabalho vocal, sendo estas respostas confrontadas com as avaliações feitas em aula
destes critérios. Fazendo um comparativo de como os alunos reagem as práticas de ensino em
sua forma de preparar os cantores. E como os alunos cantores profissionais ou amadores
reagem à preparação e ao aquecimento vocal.

3.3.1 RESULTADO DAS ENTREVISTAS

Foram entrevistados vinte ex-alunos do curso de música/canto da


Fundação Cultural de Balneário Camboriú que realizaram as aulas no primeiro semestre de
2014, mesmo período das avaliações feitas em aula. Estes alunos faziam aula no período
matutino e vespertino. Foram selecionados dez alunos de cada turno para não haver
influencia da mudança do turno. Há indivíduos que preferem cantar e se exercitar logo pela
manhã e há os que preferem outros períodos por acharem estar mais despertos.

Perfil dos alunos

Apesar das entrevistas serem realizadas com vinte alunos, não


abrangendo todos os trinta e quatro que participaram das aulas. À amostragem foi respeitando
a proporcionalidade existente entre os sexos e idade do grande grupo.

SEXO
Masculino Feminino
06 indivíduos 14 indivíduos
40

IDADE
13 a 29 anos 30 a 59 anos Acima de 60 anos.
11 indivíduos 08 indivíduos 01 indivíduos

Principal objetivo/motivo porque você realizou as aulas de canto:

Conhecer pessoas, fazer novos amigos ou por lazer. 03 indivíduos


Cultura geral e/ou adquirir conhecimentos. 06 indivíduos
Buscar aperfeiçoamento para se tornar um profissional. 08 indivíduos
Profissional (atua como cantor em shows ou apresentações; em 03 indivíduos
igrejas/templos ou eventos, bares/casas noturnas).

Em aulas você gostava dos exercícios de técnica vocal / aquecimento ou preferia cantar
as musicas logo no inicio das aulas.

Cantar músicas no início das aulas. 04 indivíduos


Fazer aquecimento antes de cantar. 16 indivíduos

A maioria dos alunos cantores prefere aquecer a voz antes de cantar,


mas 20% dos alunos preferem cantar logo no inicio da aula sem o aquecimento ou qualquer
tipo de preparação vocal, mesmo estes alunos relatando que melhorou a afinação com o
trabalho da técnica.
Revelou-se pelo questionário que os alunos que preferem cantar as
musicas logo no inicio das aulas, dois foram que marcaram conhecer pessoas, fazer novos
amigos ou por lazer; um buscando se tornar um profissional e um marcou ser profissional.

No decorrer dos cursos foi observado que alguns alunos ou


participantes não gostavam de realizar os exercícios de aquecimento e preparação vocal. Estes
cantores queriam logo cantar músicas ou desenvolver repertório, como se estivessem
perdendo tempo realizando tal atividade, querendo cantar imediatamente no início da aula.
Achando enfadonho, desnecessário e até mesmo às vezes engraçados os exercícios de
aquecimento e preparação vocal, que podem ser exagerados ou usam partes do corpo que
geralmente não usamos na frente de outras pessoas. Esta ansiedade em ter o resultado final,
que é cantar, sem querer passar por uma preparação do corpo e do aparelho fonador para
41

condicionar e ajustar o som da voz, talvez seja um reflexo da nossa sociedade contemporânea
onde o excesso e a velocidade de informações deixa o ser humano impaciente e ávido por
resultados imediatos e satisfação instantânea.

Feedback dos alunos

Retorno dos alunos as atividades realizadas e a sua percepção as


modificações em sua emissão vocal.

Após realizar os exercícios de preparação vocal nas aulas de canto, você considera que sua afinação:

Melhorou 20 participantes
Não melhorou 00 participantes
Não percebi se melhorou 00 participantes

O estudo revelou que todos os alunos entrevistados sentiram que houve uma
melhora em sua afinação, parâmetro esse indispensável para cantar. Demonstrando através da
percepção do próprio aluno sobre a sua emissão vocal a eficácia do programa de ensino e da
metodologia empregada.

Ao participar das aulas e realizar o trabalho vocal, você considera que sua dicção (ou controle
articulatório):
Melhorou 14 participantes
Não melhorou 00 participantes
Não percebi se melhorou 06 participantes

A maior parte dos alunos considerou que sua dicção ou controle articulatório
melhorou ao participar das aulas e realizar o trabalho vocal, mesmo aqueles que na avaliação do
professor já dominavam esse critério antes do inicio das aulas relataram sentir uma melhora.
Porém 30% dos alunos não perceberam uma melhora na articulação. Nas
avaliações feitas em aula mostrava que a maioria dos alunos já dominava este critério no começo do
curso, antes de realizar as aulas de preparação vocal, podendo ser um motivo que estes alunos não
perceberam uma melhora na dicção.
42

Ao participar das aulas e realizar o trabalho vocal, você considera que sua respiração (ou controle
respiratório ao cantar frases longas):
Melhorou 18 participantes
Não melhorou 02 participantes
Não percebi se melhorou 00 participantes

A grande maioria (90%) dos alunos avaliou que sua respiração e o controle
respiratório ao cantar frases longas melhoraram ao participar das aulas e realizar o trabalho vocal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram selecionadas algumas técnicas de aquecimento vocal que


melhor contribuem para a preparação da qualidade da voz, tendo em vista os resultados
observados a partir dos efeitos no aparelho fonador percebidas pela melhora significativa na
produção vocal do cantor. Esta seleção foi realizada a partir de dados coletados em revisão
bibliográfica, no dialogo entre professor de canto e fonoaudióloga, e na observação realizada
no desenvolvimento e desempenho de alunos em aulas de canto e análise de suas avaliações
que foram realizadas de uma forma contínua e sistemática dentro do processo de ensino
aprendizagem em instituição formal de ensino vinculada a Secretaria de Educação do
município de Balneário Camboriú.

Com os resultados do estudo realizado chega-se a conclusão de que a


prática da preparação vocal através de exercícios para afinação e vocalizes melhoram
significadamente a percepção do cantor em relação à emissão de sua voz, trazendo para si os
parâmetros da qualidade do som musical; como altura definida, timbre equilibrado e controle
da intensidade e do tempo da duração do som, observados por parâmetros vocais, tais como,
qualidade vocal, frequência fundamental ou tempo máximo de fonação. E que o aquecimento
e desaquecimento vocal são essenciais para que os alunos de canto obtenham melhor emissão
vocal tanto de uma forma imediata como para a construção da qualidade de sua voz.
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

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ANDRADA e SILVA, Marta Assumpção de, e COSTA, Henrique Olival. Voz cantada:
Evolução, avaliação e terapia fonoaudiológica. São Paulo: Lovise, 1998.

BAÊ, Tutti. e PACHECO, Claudia. Canto: equilíbrio entre corpo e som: princípios da
fisiologia vocal. São Paulo: Irmãos Vitale, 2006.

BEHLAU, M. e REHDER, M.I. Higiene vocal para o canto coral. Rio de Janeiro: Revinter,
1997.

BONA, Pasquale. Método completo de divisão musical. Milano: G.Ricordi, 1978.

BOONE, D. R. e McFARLANE, S.C. A voz e a terapia vocal. Porto Alegre: Artes Médicas,
1994.

COSTA, Edilson. Voz e arte lírica: Técnica vocal ao alcance de todos. Lovise, 2001.

DURAN, Jose Enrique Rodas. Biofísica - Conceitos e Aplicações. Pearson education do


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coral numa perspectiva de educação musical. Porto Alegre: UFRGS, Dissertação de
Mestrado. 1990.

HOLST, Imogem. ABC da música. London: Oxford University press, 1963.

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LACERDA, Osvaldo. Compendio de Teoria elementar da Música. São Paulo: Ricordi.


1966

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básicos. Curitiba: Dom Bosco, 2000.

OKUNO, E. CALDAS, L, CHOW, C. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. São


Paulo: Harper & Row do Brasil, 1982.
PINHO, S. M. R. Fundamentos em fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

RUSSO, Ieda Chaves Pacheco. Acústica e Psicoacústica aplicadas a Fonoaudiologia. São


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SANDRONI, Clara. 260 Dicas para o cantor popular: Profissional e amador. Rio de
Janeiro: Lumiar. 1998.

SERRA, Lyba. Curso prático de canto. São Paulo: Escala. 2002.

SCHWARZ, K. CIELO, CA. Modificações laríngeas e vocais produzidas pela técnica de


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SOBREIRA, Silvia. Desafinação vocal. Rio de Janeiro: Musimed, 2003.

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www.sobiologia.com.br acessado 20/12/2015 às 21h14min.

http://www.das.inpe.br/~alex/FisicadaMusica/fismus_producao.htm acessado 21/12/2015 às


01h40min.

https://www.priberam.pt/DLPO/

http://www.dicionariodoaurelio.com/
ANEXOS

1. Cópia do questionário feito com os ex-alunos de canto

Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura.


Gerência de Pós-Graduação e Pesquisa
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Musical
Aluno: Airton Gehlen do Amaral

Orientadora: Prof. MSc. Giana Cervi

Questionário objetivo com alunos de aulas coletivas de canto da Fundação Cultural de


Balneário Camboriú – FCBC.

1. Sexo: M( ) F( )

2. Idade quando você realizou as aulas de canto (ano 2014):

( )13 a 29 ( ) 30 a 59 ( )acima de 60 anos.

3. Principal objetivo/motivo porque você realizou as aulas de canto:

( ) Conhecer pessoas, fazer novos amigos ou por lazer.

( ) Cultura geral e/ou adquirir conhecimentos.

( ) Buscar aperfeiçoamento para se tornar um profissional.

( ) Profissional (atua como cantor em shows ou apresentações; em igrejas/templos ou


eventos, bares/casas noturnas).
4. Em aulas você gostava dos exercícios de técnica vocal / aquecimento ou preferia cantar as
musicas logo no inicio das aulas.

( ) Cantar músicas no inicio das aulas.

( ) Fazer aquecimento antes de cantar.

5. Após realizar os exercícios de preparação vocal nas aulas de canto, você considera que sua
afinação:

( ) Melhorou

( ) Não melhorou

( ) Não percebi se melhorou

6. Ao participar das aulas e realizar o trabalho vocal, você considera que sua dicção (ou
controle articulatório):

( ) Melhorou

( ) Não melhorou

( ) Não percebi se melhorou

7. Ao participar das aulas e realizar o trabalho vocal, você considera que sua respiração (ou
controle respiratório ao cantar frases longas):

( ) Melhorou

( ) Não melhorou

( ) Não percebi se melhorou


2. Cópia da apostila elaborada em 2006 e revisada em 2009 utilizada como um dos
materiais de apoio nas aulas de canto.

ESTADO DE SANTA CATARINA.


PREFEITURA MUNICIPAL DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ.
Secretaria Municipal de Educação. Fundação Cultural de Balneário Camboriú.
Escola Municipal Dona Lili.
Fonoaudióloga: Aline Ferreira Argenta
Professor de Música e Canto: Airton Gehlen do Amaral

Técnica Vocal
O que é voz?
É o som produzido pelo homem que o identifica quanto a sua idade, sexo, personalidade,
estado emocional.

Como ela é produzida?


É produzida na laringe, através da vibração das pregas vocais, que realizam seu movimento
graças ao fluxo de ar que vem dos pulmões (expiração). Este som vai se modificando nas
cavidades que funcionam como “alto-falantes”: faringe, cavidades bucal e nasal e seios da
face.

CUIDADOS COM A VOZ:


Proibido:
-Gritar, pigarrear, falar ou cantar durante muito tempo sem lubrificar as pregas vocais;
-cantar em ambiente muito barulhento, com mofo, poeira ou cheiro muito forte;
-ficar exposto muito tempo a ambiente com ar condicionado, pois resseca as pregas vocais.

Evitar:
-Cantar quando estiver doente, resfriado, pois quando cantamos envolvemos todo nosso corpo
e gastamos muita energia;
-choques bruscos de temperatura;
-bebidas muito geladas;
-cochichar, pois, ao contrário do que pensamos, neste ato submetemos nossas pregas vocais a
um grande esforço;
-usar roupas apertadas, principalmente na região do abdômen, cintura, peito e pescoço;
-alimentos gordurosos e “pesados” antes das apresentações, pois dificultam a digestão;
-saltos altos, pois prejudicam a postura e solas grossas de borracha impedem o fluxo natural
de suas energias.

Permitido:
-Beber bastante água (2 litros distribuído ao longo do dia), para manter as pregas hidratadas e
em boa condição de vibração;
-comer maçã regularmente, pois ela tem propriedades que auxiliam na limpeza da boca,
faringe;
-dê preferência a alimentos leves e de fácil digestão (verduras, frutas, peixe, frango).
-procure dormir 8 horas por dia.
RELAXAMENTO E ALONGAMENTO:

1- Eleve as duas mãos com as palmas para cima (alongar o abdômen)


2- Eleve os ombros e solte
3- Gire os ombros para trás e para frente
4- Movimente agora como sinal de DÚVIDA
5- Movimente a cabeça para os lados (NÃO)
6- Como sinal de SIM
7- Rotação de cabeça para os dois lados

POSTURA:

- Pés paralelos, devem estar afastados na direção dos ombros.


- joelhos relaxados, pélvis alinhada: os quadris devem estar na mesma altura um do outro.
- coluna reta, ombros e braços relaxados a fim de não tencionar o pescoço;
- pescoço reto e alongado.
- queixo reto, paralelo ao chão, olhando para a frente (altura dos olhos);

RESPIRAÇÃO:

Para uma boa projeção da voz no canto, é necessário obter o controle da respiração. A
inspiração deverá ser sempre nasal, pois o nariz funciona como um filtro de ar. Se inspirarmos
pela boca, estaremos inspirando todas as impurezas podendo ocasionar doenças inflamatórias
do aparelho respiratório. Caso você não consiga respirar pelo nariz, sugiro que procure um
médico especialista.
Utilizaremos para o canto a respiração chamada diafragmática, costo-diafragmática, ou
abdominal-intercostal.
1-inspirar pelo nariz e canalizar esse ar em direção ao abdômen (enchendo a barriga de ar).
2-expire pela boca e solte o ar em ‘S’ (ssssshh) observando que enquanto o ar é expelido a
barriga vai esvaziando lentamente até chegar ao normal.
Cuidado para não utilizar o ar de reserva, ou seja, não pressionar a barriga forçando-a
a se esvaziar mais depressa que o normal, pois isto poderá causar mal-estar.
ARTICULAÇÃO:

Pare uma boa articulação, é necessário desenvolver a musculatura do véu palatino,


língua, lábios e bochechas. Todos os exercícios de articulação baseiam-se no extremo exagero
com que se articulam as palavras.

Língua- vibrar, estalar, tocar com a ponta da língua nos cantos da boca, lábios
superiores e inferiores, raspar a ponta da língua no céu da boca (dos dentes incisivos ao
palato mole).
Lábios- beijo de velha, beijo de moça, pronunciar iu, iu, iu, ui, ui, ui, ao, ao (também podem
ser colocado dois dedos entre os dentes).
Bochechas-inflar uni e bilateralmente, passar ar de um lado para outro.
Véu palatino- pronunciar a, ã, (arqueando e baixando o palato mole).

AQUECIMENTO VOCAL:

Podemos aquecer nossa voz através de exercícios que irão “massagear” nossas pregas
vocais (que são músculos) que como todo músculo precisa ser preparado e aquecido antes de
ser utilizado.
Exercício 1:
-inspire (armazenando o ar na região abdominal) até que a “barriga” esteja repleta de ar.
-agora, solte o ar aos poucos utilizando o som:

Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr... (a língua deve vibrar bastante, realizar três vezes alternando


descanso).
Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr ... (mudando levemente o tom).

Exercício 2:

Agora acrescentamos as cinco vogais:


Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrá...
Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrré...

Não brinque com este exercício, fazendo sons muito agudos ou muito graves (extremos).
Repita sempre os exercícios em seu tom natural.
RESSONÂNCIA:
Com a boca fechada sem apertar os lábios e nem os dentes (mandíbula um pouco baixa,
formando um vão dentro da boca), garganta aberta e livre como se fosse emitir a vogal A, mas
com os lábios fechados, deixe um espaço livre dentro da boca. Inspire pelo nariz sem absorver
muito ar e expire emitindo um som, que resultara no som HUM. O som deve ser leve e
“vaporoso” como se fosse “sair pelos olhos”, sentindo a vibração em toda mascara fácil e no
topo da cabeça.

DESAQUECIMENTO (+ ou – 5 min.):

O desaquecimento “descansa” a voz.


-Bocejar, espreguiçar, soltar os braços, a cabeça com movimentos de rotação;
-falar com voz leve;
-beber água em pequenos goles;
-ficar calado por alguns minutos.

Cuidados antes e durante as aulas, ensaios, shows e apresentações:

- Não beber bebidas gasosas (refrigerantes), pois o gás causa desconforto ao cantar.
- Não gritar ou falar muito alto.
- Não ingerir bebidas alcoólicas, pois o álcool além de irritar as mucosas, é sedativo e muda a
voz e a articulação das palavras.
- Usar roupas confortáveis.
- Não tomar leite ou derivados, pois aumentam o muco.
- Alimentar-se moderadamente; com o estômago cheio os movimentos do diafragma e
músculos abdominais causam desconforto ao cantar.
- Manter-se calmo; porque o nervosismo e a ansiedade prejudicam a performance.
- Manter-se atento e concentrado nas músicas, nos colegas e nas explicações do maestro.

Como perceber um problema na voz?


Ardência, dor na garganta, perda da voz ou rouquidão são sinais de problema vocal. A
consulta com um médico ou fonoaudiólogo é necessária caso os sintomas permaneçam por
mais de dez dias.

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