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MELHORES PRÁTICAS - FORNO

ENGENHARIA & TECNOLOGIA


Tecnologia & Processo / Engª de Processo e Produtos Página: 1

ASSUNTO: PONTO QUENTE E MANCHA NO CASCO DE FORNOS Ed. 02 - 2016.05.23

OBJETIVO
Definir conceitos e diferenças entre ponto quente e mancha, assim como orientar as ações que devem ser
tomadas, consoante a presenta de ponto quente e/ou mancha tendo em atenção à localização no casco do forno.

MELHORES PRÁTICAS
A temperatura do casco do forno pode aumentar por queda da crosta do forno, por desgaste ou queda dos tijolos
refratários do forno, ou pela simples alteração do tipo de tijolo refratário utilizado. Tijolos refratários com melhor
resistência à penetração de fase líquida e de elementos voláteis tendem a ser menos porosos, logo apresentam
uma condução de calor maior, consequentemente aumentanto a temperatura do casco do forno em comparação
com a utilização de tijolos mais porosos. Alterações na química da farinha podem resultar em queda/diminuição da
formação de crosta no forno pelo que se deve verificar possíveis alterações associadas à queda/redução na crosta
do forno e corrigi-las.
A fim de evitar deformidades inesperadas a temperatura do casco do forno deve ser monitorada
permanentemente, além disso, o casco do forno deve ser inspecionado visualmente pelo menos uma vez por
turno.
Temperatura acima de 350 ºC reduz a resistência mecânica do casco do forno e acima 400 ºC acaba por reduzir
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a própria vida útil do casco do forno podendo inclusive ocorrer uma cristalização martensítica que faz com que o
aço se torne muito mais duro, porém menos dúctil, mais “quebradiço”, reduzindo drasticamente a vida útil do
casco do forno. Desde que o forno esteja rodando continuamente temperatura de até 400 ºC não devem significar
ainda, na prática, um perigo crítico.
Um forno rotativo de clinquer é projetado para suportar tensões máximas combinadas (flexão, cisalhamento,
torsão) de 3.000 psi. A resistência mecânica do aço diminui com o aumento da temperatura e aproximadamente a
450 ºC a resistência mecânica do aço é reduzida drasticamente para cerca de 3.000 psi (~ 200 ºC a resistência é
de aproximadamente 35.000 psi). Já a 480 ºC, o aço começa a converte-se em Austenita que é um tipo de aço
plástico não magnético. Deste modo, o casco do forno não deve ser aquecido acima de 450 ºC.

DEFINIÇÕES:
PONTO QUENTE
São Pontos de temperatura alta (> 380 ºC) que merecem especial atenção, mas não chegam a caracterizas
mancha no casco do forno.

MANCHA
São Pontos de temperatura muito elevada (> 450 ºC) evidenciadas visualmente ou por medição que podem
comprometer a integridade física do casco do forno.
Uma mancha nem sempre é facilmente visível. O tamanho de uma mancha da uma indicação da área deteriorada
do tijolo refratário. A cor de uma mancha é um indicativo da temperatura na região.
Vermelho escuro: 450 ºC a 500 ºC
Vermelho claro: 500 ºC a 575 ºC. Acima de 575 ºC já não há mais tijolos refratários.
Amarelo: 600 º a 700 ºC
Branca: > 700 ºC

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Alteração da fase cristalina do aço, onde o carbono forma uma solução sobressaturada (Martensita)
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AÇÕES NECESSÁRIAS:
As ações necessárias dependem da temperatura do casco do forno (ponto quente ou mancha) e a localização no
casco do forno (zona de formação de crosta, abaixo das alianças, etc.).

PONTO QUENTE
 Posicionar ventilador para resfriamento ou mangueira de ar comprimido;
 Pequena redução de combustível no forno;
 Se necessário alterar formato da chama;
 Monitorar continuamente a temperatura do casco do forno na região do ponto quente;
 Seguir com a operação normal.

MANCHA

Zona de formação de crosta:


 Pensar antes de agir;
 Reduzir significativamente o combustível no forno;
 Reduzir momentaneamente a rotação do forno (aumento do grau de enchimento), posteriormente retornar
ao % de grau de enchimento normal de operação do forno;
 Manter operação do forno o mais estável possível;
 Posicionar ventilador para resfriamento ou mangueira de ar comprimido (situação temporária);
 Monitorar continuamente a temperatura do casco do forno na região do ponto quente;
 Se necessário alterar formato da chama;
 Programar parada do forno em curto prazo.

Caso a mancha ocorra debaixo das alianças ou a mancha for persistente (temperatura > 450º acima de 2 horas e
retorna a aparecer após duas tentativas de apagar a mancha) deve-se parar o forno de imediato e proceder à
substituição do refratário.
Com uma mancha fora da zona de formação de crosta estável (Zona de Transição Superior) e caso as matérias-
primas disponíveis permitam pode-se produzir uma farinha mais fácil de cozer e com maior MA,
consequentemente com maior % de formação de fase líquida a 1 450 ºC, mas também a 1 338 ºC que resultará
na antecipação do início da formação de fase líquida.
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FORMATO DA CHAMA

Consoante posição do ponto quente e/ou mancha pode-se alterar o formato da chama (curta ou comprida; larga
ou estreita).
Definir as zonas de um forno é algo complexo e varia em função da química da farinha, combustível utilizado,
presença ou não de calcinador (altera o comprimento da zona de calcinação), resfriador de grelhas ou de satélite
(altera o comprimento da zona de arrefecimento), etc.
O exemplo abaixo sugere a alteração no formato da chama consoante à posição do ponto quente e/ou mancha. A
localização aproximada das zonas do forno considerou um forno com calcinador, resfriador de grelhas e
coprocessamento.

Na figura abaixo se resumem as alterações no comprimento e diâmetro da chama consoante as alterações no


fluxo de ar Externo e/ou Tangencial.

ALTERAÇÃO NO COMPRIMENTO DE
ALTERAÇÃO NO DIÂMETRO D CHAMA
CHAMA

++ + + + - --
Ar tangencial

Ar tangencial

+ = - + = --

- - - +++ + -
Ar Externo Ar Externo
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TEMPERATURA NA ALIANÇA:

As deformações mais significativas no casco do forno ocorrem junto e sob as alianças. As deformações têm
influência direta na estabilidade e durabilidade do revestimento refratário.
As deformações, acima de valores admissíveis, são responsáveis pelas tensões no casco e costuras (soldas),
provocando o eventual aparecimento de fissuras.
Próximo às alianças a diferença entre a máxima e a mínima temperatura para o mesmo ponto (360 º de rotação)
deve ser inferior a 50 ºC. As diferenças de temperatura no mesmo pondo de medição indicam uma formação
desigual da crosta do forno, que poderia levar à deformação do casco (empeno térmico).
As diferenças de temperatura do casco do forno entre um lado e o outro da mesma aliança indicam que a
dilatação térmica do casco do forno é diferente de um lado que de outro da aliança, consequentemente o diâmetro
do casco do forno é diferente, ou seja, na realidade o casco abaixo da aliança encontra-se cônico. Esta situação
poderá influenciar diretamente na estabilidade e durabilidade do revestimento refratário nesta região.
O sistema de monitorização contínua de temperatura do casco do forno (scanner) não consegue medir a
temperatura sob a aliança (zona cega). Para isto é necessário fazer medições pontuais de temperatura
manualmente utilizando um pirômetro ótico manual. Em alternativa a medição manual há a possibilidade de
instalar um pirômetro ótico fixo que ira fazer a leitura em contínua da temperatura do casco sob a aliança
permitindo o acompanhamento em tempo real.

Em nenhuma hipótese deve-se tentar “apagar” uma mancha que esteja localizada abaixo da aliança. A
única opção a ser tomada é a paragem imediata do forno e proceder à substituição do refratário.

SCANNER DO CASCO DO FORNO:

Os Scanners são sistemas de monitoramento contínuo da temperatura do casco dos fornos, oferecendo uma
representação gráfica, integral, exata, imediata e permanente do perfil da temperatura ao longo do casco do forno.
Sua utilização permite localizar e visualizar instantaneamente a situação no interior do forno, possibilitando
detectar desgaste no refratário, detectar e controlar a formação de anéis no interior do forno além de controlar e
otimizar a formação de crosta no interior do forno,
Para além dos aspectos de otimização de processo a utilização de scanner de medição de temperatura permite
proteger o casco do forno contra sobreaquecimento, evitar o travamento das alianças, programar reparações e a
substituição do refratário, posicionar corretamente os ventiladores de arrefecimento do casco do forno.
Ter em atenção que devido às características da instalação (localização física da cabeça de leitura do scanner,
comprimento do forno, presença de objetos entre o scanner e o casco do forno, etc.) nem todo o casco do forno
pode estar sendo monitorado continuamente pelo scanner (zonas cegas). Neste caso é preciso fazer o
acompanhamento manual da temperatura do casco do forno nestas regiões. É igualmente importante manter a
lente da cabeça de leitura do scanner limpa de forma a evitar interferências na medição da temperatura do casco.
A frequência de limpeza da lente do scanner depende do nível de emissões fugitivas de cada fabrica, devendo ser
verificado a frequência ideal caso a caso.
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VENTILADORES DE RESFRIAMENTO DO CASCO DO FORNO:

A utilização de ventiladores de insuflação de ar no casco do forno reduz a temperatura no local devido ao aumento
do coeficiente de transferência de calor por convecção (convecção forçada) devido ao aumento da velocidade do
ar ao passar pelo casco do forno e não pela vazão de ar do ventilador. Em outras palavras é mais importante a
velocidade em que o ar é insuflado pelos ventiladores de resfriamento do casco do forno do que a vazão do ar
propriamente dita.
Para otimizar a troca térmica, reduzindo a temperatura do casco do forno, é aconselhado que os ventiladores de
insuflação de ar de resfriamento do casco do forno possuam na sua saída nozzles retangulares (maximizar a área
de atuação) de forma a proporcionar uma velocidade do ar na saída do ventilador superior a 20 m/s. A ponta do
nozzle deve estar entre 200 e 300 mm do casco do forno (atenção a porta dos fornos).
De forma alguma se deve insuflar ar ou utilizar mangueira de ar comprimido diretamente nas alianças com pena
de ocorrer uma contração térmica maior da aliança em comparação com o casco e desta forma reduzir
significativamente o movimento relativo da aliança em relação ao casco do forno, no caso de serem flutuantes que
são a maioria dos casos.
É conveniente que os ventiladores junto às alianças possuam uma pá direcionadora ou que a região da aliança
possua uma placa de proteção de forma a evitar a insuflação de ar direta à aliança.

Nota: Nas fotos acima os ventiladores de resfriamento da virola do forno não possuem Nozzle.
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Nota: Ventiladores de resfriamento da virola do forno com Nozzle.

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