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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

CAMPUS ALTO PARAOPEBA


ENGENHARIA QUÍMICA

SEGUNDA AVALIAÇÃO:
ESTUDO DO PROCESSO DE SECAGEM EM LEITO FLUIDIZADO DO BAGAÇO
DE MALTE GERADO NA PRODUÇÃO DE CERVEJA

Relatório apresentado como parte das exigências


da disciplina de Desenvolvimento de Processos
Químicos I sob responsabilidade do Prof. Jorge
David Alguiar Bellido, da Prof. Lisbeth
Zelayaran Melgar e do Prof. Marcelo da Silva
Batista.

Gabriela Reis Moreira - 194500024


Helena Brandão Maia Arantes 174500061
Lucas Oliveira Souza Costa - 194500017
Maria Eduarda Santos Soares - 194500027
Raislayne Fausta Silva Sabará - 194500045

Ouro Branco, MG
2023
1. BALANÇO DE MASSA E ENERGIA, EQUACIONAMENTOS,
TERMODINÂMICA

No processo de secagem existe um fenômeno de transferência simultânea de massa e


energia do sistema capaz de remover a água em grãos úmidos, que neste trabalho, será o
bagaço de malte. O ar aquecido é quem fornece o calor necessário para a evaporação da
umidade por meio da passagem pelos espaços vazios na massa de grãos.

As condições de secagem através de modelos matemáticos relacionam-se com


parâmetros como as propriedades físicas do ar e do vapor, o balanço de massa e energia entre
os grãos e o ar de secagem, as taxas de transferência de calor e a umidade para o grão.

Para o balanço de massa em secadores tem-se a seguinte equação:

ṁar = vazão mássica de ar seco (kg ar seco / s)

ṁss = vazão mássica de sólido seco (kg sólido seco / s)

w = umidade absoluta (kg de água / kg ar seco)

X = umidade do sólido, em base seca (kg água / kg sólido seco)

Y = umidade do sólido, em base úmida (kg água / kg sólido úmido)

Para o balanço de energia em secadores tem-se a seguinte equação:

h = entalpia da mistura ar-vapor (kJ / kg ar seco)


hp = entalpia do sólido úmido (kJ / kg sólido seco)

qponto = taxa de energia térmica perdida na secagem (kW), em condições adiabáticas, qponto = 0

Para o cálculo da entalpia da mistura (ar + vapor):

Determinada analiticamente ou através da carta psicrométrica . Quando T ref = 0

Para o cálculo da entalpia do sólido úmido (sólido seco + água):

Cp,ss = calor específico do sólido seco (kJ/ kg ss ० C)

Cp,L = calor específico da água (kJ/ kg H2O ० C)

Nos leitos fluidizados a transferência de calor pode ser assumida como a condução
através da película de fluido envolvendo a partícula baseada na clássica equação de Newton:

h = coeficiente de troca térmica fluido-partícula

ΔT = variação de temperatura na partícula

Bhamidipati & Singh (1995) concluíram que o coeficiente de troca térmica entre
partícula e fluido aumenta com o aumento da temperatura e da viscosidade do fluido.

A eficiência térmica dos secadores representa o percentual de calor aportado que é


utilizado para reduzir a umidade dos produtos, fundamentando-se na primeira lei da
termodinâmica, que estabelece a relação entre a energia utilizada para evaporar a água do
material úmido e a energia incorporada ao ar de secagem. A energia requerida é significativa
devido ao calor latente de evaporação da água e da baixa eficiência dos secadores industriais
(Syahrul et. al., 2002).

A eficiência térmica depende das temperaturas e velocidades do ar de secagem, da


temperatura e umidade inicial dos grãos e do estado psicrométrico do ar de secagem. Os
balanços de massa e energia calorífica definem a equação:
mg e mAS = massas de grãos e ar seco respectivamente

ΔX = X1 – X2 é a variação de umidade (base seca)

cv = calor de vaporização da água

Cp = calor específico dos grãos

ΔTg = Tg2 – Tg1 é a variação de temperaturas dos grãos

Δi = iASe – iASs é a variação de entalpia do ar de secagem na entrada e na saída do secador.

Os índices 1 e 2 e referem-se ao início e fim do ciclo de secagem.

2. DIAGRAMA DE FLUXO DO PROCESSO

3. OPERAÇÃO DE SEPARAÇÃO E OPERAÇÕES UNITÁRIAS

● Prensagem:

A prensagem é uma operação unitária de separação física muito utilizada na indústria


de alimentos. Nessa etapa o bagaço de malte é submetido a um esmagamento, sob pressão e
aquecimento, em uma prensa hidráulica elétrica para retirar o excesso de água, segundo
dados da literatura, (TOMBINI, Caroline; et al. , 2021) pode haver uma remoção de umidade
até 60 a 70%.

● Secagem:

A operação unitária que consiste em retirar água ou solvente de um produto por meio
de evaporação ou sublimação, aplicando calor de forma controlada, é chamada de secagem.
Na secagem ocorre transferência simultânea de massa e calor, a transferência de calor ocorre
da superfície do sólido para o seu interior e a transferência de massa ocorre na forma de
líquido ou vapor no interior do sólido e na forma de vapor na superfície exposta do sólido.
Sendo assim, a quantidade de energia que deve ser fornecida ao material varia de acordo com
sua composição e os níveis de umidade iniciais e finais. O teor de umidade pode ser expresso
em base seca, relação entre a massa de água e a água total presentes no sólido, ou em base
úmida, relação entre a massa de água e a massa de matéria seca presentes no sólido.

O fornecimento de calor para esse processo se dá a partir de três mecanismos, sendo


eles, por condução, através do ar, por convecção, através do contato com uma superfície
quente e por radiação, normalmente é realizada uma combinação desses três mecanismos
predominando a convecção. A etapa de secagem tem como objetivo conservar os alimentos
livres da proliferação de microrganismos e outros, para maior eficiência do processo devem
ser conhecidos o agente de secagem e as propriedades do material que será seco.

A umidade, que se encontra no estado líquido, no interior ou retida na microestrutura


do sólido, possui menor pressão de vapor do que o líquido puro e é definida como umidade
ligada. Quando a umidade ultrapassa o nível da umidade ligada, é considerada umidade
desligada. A umidade desligada pode ser encontrada na superfície do sólido e possui pressão
de vapor igual a do líquido puro, essa umidade pode ser removida por evaporação ou por
vaporização. A evaporação é realizada quando a pressão do vapor de água na superfície do
sólido se iguala a pressão atmosférica sendo necessário que se aumente a temperatura até a
temperatura de ebulição. Na vaporização a secagem é realizada por convecção havendo
passagem de ar quente na superfície do sólido, dessa forma, a temperatura do ar diminui ao
entrar em contato com o sólido úmido, e a umidade é transferida para o ar, sendo levada por
ele, nessa situação a pressão de saturação do vapor de água é menor que a pressão
atmosférica. Para se escolher o secador adequado é necessário conhecer previamente as
características da secagem, entretanto apenas essa informação não é suficiente sendo
necessário conhecer as propriedades do sólido como a umidade de equilíbrio do sólido e a
sua sensibilidade à temperatura. Para saber o comportamento do sólido durante o processo de
secagem pode-se medir a perda de umidade no decorrer do tempo, assim, é possível construir
a curva de secagem característica para o sólido em estudo.

A transferência de calor depende de fatores externos que influenciam a secagem,


como temperatura, umidade relativa, velocidade do ar e tamanho das partículas. Essas
condições são de especial importância na fase inicial do processo pois ocorre a remoção da
umidade desligada. Em materiais como a madeira há uma diminuição relevante do volume do
material, por causa da diferença de umidade entre seu interior e seu exterior que ocorre
devido a evaporação da umidade superficial, essa intensa diminuição de volume pode
acarretar em falhas e deformação do material por causa da alta tensão interna. Para evitar esse
tipo de problema o ar utilizado deve conter alta umidade relativa para que a remoção da
umidade superficial seja retardada. Alguns fatores internos também influenciam no processo
de secagem, sendo eles:

Difusão líquida: devido à diferença de concentração entre as posições mais internas


do sólido e a superfície, a água se difunde pelo meio sólido.

Difusão de vapor em razão de gradientes de pressão parcial de vapor: a água se move


no interior do sólido, na forma de vapor, quando há um gradiente de temperatura estabelecido
por aquecimento, gerando um gradiente de pressão de vapor. Pode-se explicar o movimento
do vapor através do mecanismo de difusão de Knudsen que é regido pelas as colisões das
moléculas do gás com as paredes dos poros e se sobressai se a distância média entre as
colisões moleculares for maior que o diâmetro do poro, pois, dessa forma, as moléculas
colidiram mais com a parede do poro do que com outras moléculas. Apenas em situações de
alto vácuo, esse mecanismo é relevante.

Movimento de líquido em razão de forças capilares: ocorre em materiais que


apresentam poros granulares ou em sólidos porosos, onde o líquido se movimenta através dos
interstícios e capilares. Com a retirada da água dos poros, a curvatura na interface líquido-gás
aumenta, o que gera uma pressão capilar que é encarregada de atrair o líquido para dentro dos
capilares.

Movimento de líquido ou vapor provocado por diferenças na pressão total: ao secar


alimentos, muitas vezes não se leva em conta o movimento de líquido causado pelas forças
gravitacionais, já que ele é insignificante em poros com dimensões muito pequenas. O
aumento das temperaturas pode provocar uma elevação significativa na pressão de um poro,
gerando um fluxo hidrodinâmico de vapor que, pode ocasionar um fluxo de líquido no
material poroso.

● Fluidização:

O processo de fluidização ocorre quando um leito de partículas é suspenso por uma


corrente ascendente de fluido, que pode ser um gás ou ou um líquido, permitindo que as
partículas se movam para cima e para baixo. Quando o fluido atinge uma certa velocidade, a
fluidização começa e a queda de pressão no leito permanece constante. O sistema nessas
condições se comporta como um fluido, por isso o nome fluidizado. O leito fluidizado é
empregado em diversas atividades industriais devido ao seu baixo custo de construção, alta
eficiência térmica e fácil operação.

A corrente gasosa no leito funciona da seguinte forma, quando em baixa velocidade


ela escoa através das partículas sem que haja movimentação das mesmas de modo que o leito
permanece fixo, conforme a velocidade do gás aumenta as partículas começam a se afastar e
apresentar leve vibração, nesse momento o leito encontra-se expandido, quando a velocidade
aumenta ainda mais o peso das partículas é igual à soma das forças geradas pelo escoamento
do gás em direção ascendente nesse momento o leito encontra-se fluidizado.

Figura x - Tipos de fluidização do leito.

Fonte: TADINI, 2016.

Secadores de leito fluidizado são amplamente empregados no processamento de


produtos químicos, alimentícios, biomateriais, farmacêuticos, pesticidas e agroquímicos,
corantes e pigmentos, detergentes, polímeros e resinas, fertilizantes, entre outros. A operação
desses secadores pode ser realizada de modo batelada ou contínuo, sendo os secadores do
tipo batelada são utilizados para baixas produções ou quando múltiplos produtos precisam ser
fabricados na mesma linha de produção e os secadores do tipo contínuo são utilizados quando
a produção solicitada é em larga escala.

O tempo de secagem pode ser alterado de acordo com o tamanho das partículas, para
remover a umidade de partículas maiores a taxa de secagem aumenta de acordo com o
quadrado do diâmetro das partículas, já para partículas mais finas esse efeito é menor. A
velocidade do gás também influencia no tempo de secagem, com o aumento da velocidade do
gás tem-se um aumento considerável na diminuição da umidade, entretanto, para materiais
em que a difusão no interior do material controla a taxa de secagem a mesma não depende da
velocidade do gás. Um aumento na altura do leito interfere na taxa de secagem apenas para
materiais que possuem alta resistência à transferência de massa.

4. DIMENSIONAMENTO DO PROCESSO

Para a secagem do bagaço de malte em leito fluidizado, será utilizado um leito já


disponível no Laboratório de Engenharia Química (LEQ) da Universidade Federal de São
João del Rei – Campus Alto Paraopeba, onde serão feitas algumas adaptações no
equipamento. O equipamento consiste em um leito de tubo de acrílico, com 92 cm de altura,
diâmetro interno de 7,43 cm, diâmetro externo de 8,2 cm, pleno de 10,6 cm e 0,34 cm de
espessura. Também serão feitos furos ao fundo do equipamento quando for determinada a
granulometria para auxiliar na secagem do resíduo.
As pressões são medidas com a ajuda de um manômetro. Durante o processo não terá
medição de vazão e a medida da altura das partículas foi tomada visualmente com o auxílio
de uma régua adesiva colada ao leito.
Figura 1 - Tubo de Acrílico com régua adesiva.

Fonte: Autor, 2023.


Figura 2 e 3 - Base do Equipamento.
Fonte: Autor, 2023.

Figura 4 - Furos que serão adaptados de acordo com a granulometria da partícula.

Fonte: Autor, 2023.


Para os cálculos do processo, serão medidos as massas e o dimensionamento das
partículas do grão de malte para calcular seu volume, densidade e grau de esfericidade.

● Cálculos do Processo:

Para obter o valor da esfericidade da partícula será utilizada a equação 1.

Onde:

φ = Esfericidade da partícula;

dpI = Diâmetro inicial da partícula (m);

Vp = Volume da partícula (m3).

Para o cálculo da esfericidade, é necessário obter os valores do diâmetro equivalente


da partícula através da Equação 2.

Onde:

dp = Diâmetro da partícula (m);

Vp = Volume da partícula (m³).

Para o cálculo do volume do leito, será utilizada a equação 3.

Onde:

r = Raio do leito (m);


L = Comprimento do leito (m).

Para o cálculo da porosidade das partículas, será utilizada a Equação 4 de estimativa


de perda de carga.

Onde:

∆P = Perda de carga (Pa);

L = Comprimento do tubo (m);

ρp = Densidade da partícula (kg/m³);

ρ = Densidade do fluido (kg/m³);

ε = Porosidade da partícula;

g = Gravidade (m/s²).

Com o rearranjo da equação, tem-se a Equação 5 a seguir:

De onde é possível calcular o valor da porosidade das partículas.

Para determinar o tipo de escoamento, será calculado o Número de Reynolds através


da Equação 6.

Onde:

Re = Coeficiente de Reynolds;

ρ = Densidade do fluido (kg/m³);


v = Velocidade média do fluido (m/s²);

D = Diâmetro do tubo (m);

μ = Viscosidade dinâmica do fluido (kg/m.s).

● Velocidade do Fluido:

5. SELEÇÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS, PRODUTOS E RESÍDUOS


PRODUZIDOS

 Materiais e Equipamentos

Os principais materiais necessários para o desenvolvimento desse projeto experimental


são: bagaço do malte e o leito fluidizado. O leito que será utilizado se encontra no
Laboratório de Engenharia Química (LEQ) da Universidade Federal de São João del Rei –
Campus Alto Paraopeba. Além do leito em si, utilizaremos um compressor, um manômetro,
estufa, prensa, uma linha de peneiramento e um desumidificador.

1. Bagaço do Malte

Figura: bagaço do malte Fonte: Cervejaria Montagna


Fonte: Clube do Malte

Malte Pilsen com baixa granulometria fornecido pela professora Alessandra


Costa Vilaça e retirado do laboratório de produção TECDEF da cerveja MONTAGNA.
2. Leito Fluidizado

Fonte: Autor, 2023.

Leito Fluidizado que se encontra no Laboratório de Engenharia Química (LEQ).

3. Compressor

Fonte: Autor, 2023.


Compressor utilizado para linha de ar comprimido.
4. Manômetro

Fonte: Autor, 2023.

Manômetro que utilizaremos para medir a pressão.

5. Prensa

Fonte: Autor, 2023.


Prensa na qual o bagaço de malte será submetido a um esmagamento, sob pressão e
aquecimento para retirar o excesso de água,

6. Peneira Granulométrica

Fonte: Autor, 2023.

Linha de peneiramento que utilizaremos para granulometria.

7. Desumidificador

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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