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Universidade Ibirapuera – Arquitetura e Urbanismo 18.02.

2014

CONFORTO AMBIENTAL:
CLIMA

TROCAS TÉRMICAS

Profª Claudete Gebara J. Callegaro - Mestranda em Arquitetura e Urbanismo


claudete.callegaro@ibirapuera.edu.br
A temperatura do ar expressa a energia contida no meio e esta depende,
fundamentalmente, da trajetória diária do Sol acima do horizonte e de sua
declinação ao longo do ano.

No decorrer dos dias e das estações do ano, a energia à disposição do ambiente


oscila entre a temperatura mínima e a máxima, estimulando continuamente os
seres vivos que povoam o planeta.

A temperatura é de vital importância para o crescimento e desenvolvimento das


plantas, assim como para a produção, sendo que a maior parte dos processos
fisiológicos de plantas e animais superiores ocorre em temperaturas entre 0 e
40°C .

Uma vez que a temperatura requerida por certa espécie seja conhecida
(processo de adaptação do ser ao meio), pode-se escolher a área mais favorável
para sua cultura e planejar os investimentos em proteção nas épocas de
temperaturas extremas.

A superfície do solo, com ou sem vegetação (inclui as construções), é o principal


receptor de radiação solar e da radiação atmosférica, sendo também um emissor
de radiação.
No caso humano, aprendemos a nos
adaptar ao meio, mesmo em
situações de temperaturas
extremas, por meio de artifícios
próprios de cada cultura.

Esses artifícios são criados para


obtermos certo conforto térmico,
que nos permite exercer as
atividades que desejamos.

Conforto Térmico é definido como o


estado mental que expressa a
satisfação do homem com o
ambiente térmico que o circunda.

A não satisfação pode ser causada


pela sensação de desconforto pelo
calor ou pelo frio, quando o balanço
térmico não é estável >>> troca de
calor

Imagens obtidas em http://www.labcon.ufsc.br/anexosg/230.pdf


A pele é o principal órgão termorregulador do organismo
humano e é por ela que se dão as trocas de calor entre
organismo e meio. Calor sensível = calor
recebido ou doado altera a
A temperatura da pele é regulada pelo fluxo sanguíneo temperatura de um material
que a percorre, ou seja, quanto mais intenso o fluxo, mais percebida pelo tato >> Trocas
elevada sua temperatura. secas com o ambiente.

Calor latente = calor


Ao sentir desconforto térmico, o primeiro mecanismo
recebido ou doado não altera
fisiológico ativado é a regulagem vasomotora do fluxo a temperatura , mas sim o
sanguíneo na camada subcutânea: estado do material (suor
•vasodilatação em caso de excesso de calor externo; passa de líquido a vapor) >>
•vasoconstrição em caso de falta de calor externo. Trocas úmidas com o
ambiente.
Outro mecanismo de termorregulação da pele é a
transpiração, que tem início quando as perdas por
convecção e radiação são inferiores às perdas necessárias
à termorregulação.
Nessa troca de calor, um elemento é praticamente fixo:
nossa temperatura corporal, que num organismo sadio
é de 36,5°Celsius aproximadamente.

O que, então, é variável?


A sensação de conforto térmico resulta de um conjunto de variáveis:

Variáveis humanas:
•atividade física (altera o metabolismo);
•vestimenta (barreira entre corpo e meio);
•características pessoais como sexo, idade, raça, hábitos alimentares, peso,
altura (podem influir na percepção de conforto térmico).

Variáveis ambientais:
•temperatura do ar;
•temperatura radiante média;
•velocidade do ar;
•umidade relativa do ar.
A.S.H.R.A.E. – American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning Engineers

FROTA e SCHIFFER, 2001, p.24


VARIÁVEL HUMANA:
ATIVIDADE FÍSICA

O metabolismo pode ser expresso


em:

•W /m² de pele

•Met (Metabolic Equivalent of Task) =


energia produzida pela superfície do
corpo de 1 pessoa média
descansando sentada. Considera-se
que a pessoa de tamanho médio
tenha uma
superfície corporal de 1,8m² (19ft²).

1 Met = 58,15 W/m² de superfície


corporal.

Tabela e imagem extraídas de LAMBERTS, 2005, p.7.


Tabela e imagem extraídas de LAMBERTS, 2005, p.8-9.
VARIÁVEL HUMANA: VESTIMENTA
A capacidade de uma vestimenta depende do tipo de
tecido, da fibra, do ajuste ao corpo.

A camada de ar formada dificulta as trocas de calor


por convecção:
•mantendo a umidade advinda do organismo
pela transpiração e evitando a desidratação;
•reduzindo a exposição direta à radiação solar;
•reduzindo a sensibilidade do corpo às variações
de temperatura e de velocidade do ar.

A unidade é o clo, originada do termo inglês “clothes”


(roupa) ou “clothing” (vestuário).

1 clo = resistência de um terno completo = 0,155 m² . °C/W

Imagem extraída de http://www.labcon.ufsc.br/anexosg/230.pdf


VARIÁVEIS AMBIENTAIS

A temperatura do ar é a principal variável do conforto térmico.


A sensação de conforto baseia-se na perda de calor do corpo pelo diferencial de
temperatura entre a pele e o ar, complementada pelos outros mecanismos
termorreguladores.

A diferença de temperatura entre dois pontos no ambiente provoca a


movimentação do ar, chamada de convecção natural:
•a parte mais quente torna-se mais leve e sobe;
•a mais fria, desce, proporcionando uma sensação de resfriamento do
ambiente.

A temperatura do ar é chamada de temperatura de bulbo seco, TBS, medida por


um termômetro comum.

Porém, ... sensação térmica na pele implica em se avaliar, também, a umidade do


ar, pois quanto mais úmido o ar, menor sua capacidade de troca de energia com
nosso corpo. (Num lugar seco, a diferença de temperatura entre dia e noite é muito
maior do que em lugar úmido.)
O psicrômetro é um aparelho que apresenta a relação entre a temperatura do ar e sua
umidade, daí decorrendo a medição da sensação de conforto daquele meio.

O psicrômetro faz a leitura de 2 termômetros e inclui a umidade absoluta como


referência fixa:
Temperatura de bulbo seco –é um termômetro comum que dá a medida de
referência. As medidas de TBS são representadas por linhas retas verticais na carta
psicrométrica.
Temperatura de bulbo úmido – é um termômetro usual, em torno do qual é
colocado um pedaço de tecido ou malha porosa, que é mantida molhada. As
medidas de TBU são colocadas sobre a linha curva à esquerda.
Umidade absoluta / umidade específica / relação de umidade – é a massa de
vapor de água em cada quilograma de ar seco. Na carta, são linhas retas
horizontais.

Imagem obtida em
LAMBERTS, 2005,
p.11.
O termômetro de bulbo úmido é
Psychro (do grego) =
exposto à corrente de ar contínua
esfriar, resfriar
no ambiente em análise, até que
chegue à temperatura de saturação
(estacionária).

Quanto mais seco o ar, maior a Velocidade do ar = 5m/s


evaporação da água do tecido e
maior a energia retirada do
termômetro, abaixando sua
temperatura.

É essa última a temperatura que se


sente quando a pele está molhada
e exposta à movimentação do ar.

Sendo assim, embora a


temperatura do ar seja, p.ex., de
30°C, conforme a umidade do ar a
sensação térmica poderá ser de
25°C. Imagem obtida em
www.fem.unicamp.br/~em672/psicrometria.ppt
Observe-se que, neste exemplo, a zona de conforto para pessoas e ambiente nas condições
especificadas é definida por:
• temperatura entre 21 e 29°C
e
•umidade relativa entre 15 e 55%.

Neste caso, a Zona de Conforto foi Figura 25 -CORBELLA e YANNAS, 2003:32


definida considerando-se que:
•as pessoas vestiam roupas entre
0,2 e 0,5 Clo,
•exerciam atividade de 1,0 Met
e
•o movimento do ar tinha uma
velocidade menor que 0,1 m/s,

sendo:

Clo = fator vestimenta (clothes) = 1


“clo”, que corresponde a uma
vestimenta leve, cuja resistência
térmica equivale a 0,15°C m2/W.
Entalpia- É uma propriedade termodinâmica que serve
para medir a energia calorífica do sistema, acima de uma
determinada temperatura de referência; para o ar conta-
se a partir de 0° C. Nesse caso representa a energia de 1 kg
de ar seco e gramas de vapor associadas a ela. Unidade:
[kcal/kg de ar seco; kj/kg de ar seco]. Símbolo => h.

Volume Específico- É o volume, em metros cúbicos,


ocupado pela mistura por quilo de ar seco. Símbolo =>v.

Temperatura de Ponto de Orvalho - É a temperatura na


qual se inicia a condensação de vapor de água do ar.
Unidade [C].Símbolo => Tpo.
formações obtidas em
tp://pt.scribd.com/doc/51123
Umidade Relativa - É a razão entre a quantidade de
9/3/ESTRUTURA-DA-CARTA-
ICROMETRICA umidade existente no ar e quantidade de umidade
máxima que o mesmo pode conter na mesma
temperatura. Unidade: [%]. Símbolo =>UR.

Pressão de Vapor - É a pressão exercida pelo vapor de


água no ar. Unidade: [mmHg; kpa] (absoluta).Símbolo =>
Pv.

Fator de Calor Sensível - É a relação entre calor sensível e


calor total de um processo. Símbolo => FCS.

Pressão Barométrica Padrão - A carta foi construída para


uma pressão barométrica padrão ao nível do mar de
101,325kpa (760 mmHg). Contudo, pode-se utilizá-la, com
pequena margem de erro, para variações de +/- 10%.
A Carta Psicrométrica é utilizada na determinação das condições do ar em situação
natural, de maneira a se poder definir e calcular artifícios que produzam maior
conforto nos ambientes internos e externos: umidificador, aquecedor, ventilador...

Carta Psicrométrica obtida em www.fem.unicamp.br/~em672/psicrometria.ppt


As trocas de calor entre o corpo e o meio se dão de várias formas:

Trocas secas:
•convecção
•irradiação
•condução

Trocas úmidas:
•respiração
•perspiração
•transpiração

Imagem obtida em http://www.brasilescola.com/fisica/processo-propagacao-calor.htm


CONVECÇÃO (estados RADIAÇÃO CONDUÇÃO (corpos
diferentes) (eletromagnética) encostados)

W/m² qc = hc (t - Θ) qr = hr (Θ - Θr) qcd = λ/e (Θe - Θi)

intensidade do W/m² qc qr qcd


fluxo térmico entre
os 2 corpos
temperatura da °C Θ (thetta) Θ (thetta) Θi (temperatura da
superfície do sólido superfície interna do
em observação corpo)

temperatura dos °C t (temperatura do ar) Θr (outros corpos) Θe (temperatura da


demais corpos superfície externa do
corpo)

coeficiente de W/m² hc hr hcd (composto de 2


trocas térmicas °C fatores: λ, e)

e/λ = r (resistência térmica m² °C/W


específica do corpo)

λ (coeficiente de W/m² °C
condutibilidade térmica , que
depende da densidade, da
natureza química, da umidade
do material)
e (espessura do corpo) m
Imagens obtidas em FROTA e SCHIFFER, 1997, p.42, 43
Imagens obtidas em FROTA e SCHIFFER, 1997, . 45, 47
Imagens obtidas em
FROTA e SCHIFFER, 1997,
p. 49, 51
FONTES PESQUISADAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220:3, de 2005.

CORBELLA, Oscar; YANNAS, Simos. Em busca de uma Arquitetura Sustentável para os trópicos -
conforto ambiental. Rio de Janeiro: Revan, 2003.

FROTA, A. B; SCHIFFER S. R. Manual de conforto térmico. São Paulo: Nobel, 1997. (7ª edição lançada
em 2003)

LAMBERTS, Roberto. Desempenho Térmico de Edificações. Universidade Federal de Santa Catarina.


Florianópolis: Labee, 2005. Acessível em http://www.labcon.ufsc.br/anexosg/147.pdf

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