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O termo Hidrostática se refere ao estudo dos fluidos em repouso. Um fluido é uma substância que pode escoar
facilmente e que muda de forma sob a ação de pequenas forças. Portanto, o termo fluido inclui os líquidos e os gases.
Os fluidos que existem na natureza sempre apresentam uma espécie de atrito interno, ou viscosidade, que torna
um tanto complexo o estudo de seu escoamento. Substâncias como a água e o ar apresentam pequena viscosidade
(escoam com facilidade), enquanto o mel e a glicerina apresentam viscosidade elevada.
Neste capítulo, não haverá necessidade de considerar a viscosidade porque estaremos tratando apenas com os
fluidos em repouso e a viscosidade só se manifesta quando estas substâncias estão escoando.
Para desenvolver o estudo de Hidrostática é indispensável o conhecimento de duas grandezas: a pressão e a
massa específica. Assim, iniciaremos este capítulo analisando estes dois conceitos.
Por exemplo, se na fig. 4.1 o peso do objeto for F = 50 kgf, distribuído em uma área A = 25cm2, a pressão sobre
a superfície será
F 50
p= = = 2kgf / cm2
A 25
Este resultado nos mostra que, em cada cm2 da superfície, está atuando uma força de 2,0 kgf.
COMENTÁRIOS
Deve-se observar que o valor da pressão depende não só do valor da força exercida, mas também da área A na
qual esta força está distribuída. Uma vez fixado o valor de A, a pressão será, evidentemente, proporcional ao valor de F.
Por outro lado, uma mesma força poderá produzir pressões diferentes, dependendo da área sobre a qual ela atuar.
Assim, se a área A for muito pequena, poderemos obter grandes pressões, mesmo com pequenas forças. Por este
motivo, os objetos de corte (faca, tesoura, enxada etc.) devem ser bem afiados e os objetos de perfuração (prego, broca,
fuso etc.) devem ser pontiagudos. Desta maneira, a área na qual atua a força exercida por estes objetos será muito
pequena, acarretando uma grande pressão, o que torna mais fácil obter o efeito desejado (fig.4.2a e b).
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UNIDADES DE PRESSÃO
1) No S.I.(Sistema Internacional) vemos, pela definição pressão (p = F/A), que a sua unidade deve ser dada pela relação
entre uma unidade de força e uma unidade de área. Neste sistema, a unidade de força é 1 N e a unidade de 1 m2. Então,
no S.I., a unidade de pressão será 1 N/m2.
2) Na prática, os engenheiros e técnicos costumam usar a unidade 1 kgf/cm2 . Nas máquinas e aparelhos de origem
norte-americana (ou inglesa) é usada como unidade de pressão, 1 libra/polegada2. Nos postos de gasolina, exemplo, os
manômetros (aparelhos para medir a pressão do ar nos pneus) calibrados nesta unidade. A pressão de 1 libra/polegada2
equivale aproximadamente a uma força de 0,5 kgf (1 libra ≅ 0,5 kgf) atuando em uma área 6,3 cm2 (1 polegada ≅ 2,5
cm).
3) Quando estamos tratando com fluidos, é comum usar como unidade pressão 1 milímetro de mercúrio (1 mmHg).
Chamamos 1 mmHg à pressão exercida, sobre sua base, por uma coluna de mercúrio de 1 mm de altura. A pressão de
1 mmHg é muito pequena e esta unidade é usada, nos laboratórios, para medida da pressão de gases rarefeitos.
4) Quando desejamos medir pressões elevadas (gases comprimidos, vapores e uma caldeira etc.), usamos uma unidade
denominada 1 atmosfera = 1 atm. O valor de 1 atm é igual à pressão que é exercida, sobre sua base, por uma coluna de
Hg de 76 cm de altura. Portanto
1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg
MASSA ESPECÍFICA
Consideremos um corpo de massa m, cujo volume é V. A massa especifica ou densidade absoluta do corpo será
representada pela letra grega ρ (rô) e definida da seguinte maneira:
“massa específica ou densidade absoluta de um corpo é a relação entre a sua massa e o seu volume, isto é,”
m
ρ=
V
Consideremos, por exemplo, um bloco de alumínio cujo volume seja V = 10cm3. Medindo a sua massa, encontra-
remos m = 27g. Então, a densidade do alumínio será?
m 27
ρ= = = 2,7g / cm3
V 10
Este resultado significa que, em cada 1 cm3 de alumínio, temos uma massa de 2,7 g. De maneira geral, a den-
sidade de um corpo indica a massa contida na unidade de volume do corpo.
UNIDADES DE DENSIDADE
Pela definição de densidade, ρ = m/V, observamos que a unidade de medida de densidade deve ser a relação
entre uma unidade de massa e uma unidade de volume. Portanto, no S.I., a unidade de ρ será 1 kg/m3. Na prática é
muito comum o uso de outra unidade: 1 g/cm3. É fácil mostrar que:
g kg
1 3 = 10 3 3
cm m
EXEMPLO:
Um tambor, cheio de gasolina (ρ = 0,70 g/cm3), tem a área da base A = 0,75 m2 e a h = 2,0 m.
a) Qual é a massa de gasolina contida no tambor?
2. Suponha que a moça do exercício anterior estivesse 4. Um tijolo foi colocado sobre uma mesa, apoiando-se
usando sapatos de saltos muito finos. Considere que a inicialmente da maneira mostrada em A e, posteriormente,
área da base de cada salto é igual a 1 cm2 e que a metade na posição B.
do peso da moça se distribui sobre os saltos.
2
5. Um bloco de madeira, cujo volume é de 500 cm3, tem
massa igual a 300 g.
a) Qual é a densidade dessa madeira em g/cm3 e em
kg/m3?
b) Explique, com suas palavras, o significado dos resulta-
dos encontrados em (a).
c) Uma tora desta madeira tem 2,5 m3 de volume. Qual é a
sua massa?
O ar, como qualquer substância próxima à Terra, é atraído por ela, isto é, o ar
tem peso. Em virtude disto, a camada atmosférica que envolve a Terra, atingindo uma
altura de dezenas de quilômetros, exerce uma pressão sobre os corpos nela mergulha-
dos. Esta pressão é denominada pressão atmosférica.
Em todos os planetas que possuem atmosfera, existirá uma pressão atmosférica
com um certo valor. Na Lua, não havendo atmosfera, não haverá, conseqüentemente,
pressão atmosférica.
Até a época de Galileu (século XVII), a existência da pressão atmosférica era des-
conhecida pela maioria das pessoas e, até mesmo, contestada por muitos estudiosos da
Física. O físico italiano, Torricelli, contemporâneo e amigo de Galileu, realizou uma famosa
experiência que, além de demonstrar que a pressão atmosférica existe realmente, permitiu
a determinação de seu valor.
A EXPERIÊNCIA DE TORRICELLI
Para realizar sua experiência, Torricelli tomou um tubo de vidro, com cerca de 1m
de comprimento, fechado em uma de suas extremidades, enchendo-o completamente com
mercúrio (fig. 4.4a). Tampando a extremidade livre e invertendo o tubo, mergulhou esta ex-
tremidade em um recipiente contendo também mercúrio. Ao destampar o tubo, Torricelli
verificou que a coluna líquida descia, até estacionar a uma altura de cerca de 76 cm acima
do nível do mercúrio no recipiente (fig. 4.4b). Concluiu, então, que a pressão atmosférica,
pa, atuando na superfície do líquido no recipiente, conseguia equilibrar a coluna de mercú-
rio. Observe que, acima do mercúrio, no tubo, temos vácuo, pois, se fosse feito um orifício
no tubo nesta região de modo a permitir a entrada de ar, a coluna desceria até se nivelar
com o mercúrio do recipiente. Fig. 4.4
Como a altura da coluna líquida no tubo era de 76 cm, Torricelli chegou à conclu-
são de que o valor da pressão atmosférica, pa, equivale à pressão exercida por uma colu-
na de mercúrio de 76 cm de altura, isto é,
pa = 76 cmHg
Por este motivo, a pressão de 76 cmHg é denominada 1 atmosfera e definida como uma
unidade de pressão, conforme vimos anteriormente.
COMENTÁRIOS
1) O valor Pa = 76 cmHg é obtido quando a experiência é realizada ao nível do mar. De-
pois de Torricelli, o cientista e filósofo francês, Pascal, repetiu a experiência no alto de
uma montanha e verificou que o valor de pa era menor do que ao nível do mar. Este era
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um resultado razoável, pois quanto maior for a altitude do local, mais rarefeito será o ar e menor será a espessura da
atmosfera que está atuando na superfície do Hg. Se a experiência fosse realizada, por exemplo, no alto do monte Eve-
reste, a coluna de Hg, no tubo, desceria até cerca de 26 cm de altura, isto é, naquele local temos p a = 26 cmHg.
2) A experiência de Torricelli poderia ser realizada usando-se outros líquidos, em lugar do Hg (Pascal chegou a realizar a
experiência com vinho!). Entretanto, o Hg é mais usado em virtude de sua grande densidade, o que acarreta uma coluna
líquida de altura não muito grande. Se a experiência for realizada com água, por exemplo, como a sua densidade é 13,6
vezes menor do que a do Hg, a altura da coluna de água será 13,6 vezes maior, isto é, será igual a 10,3 m.
3) O barômetro é o aparelho que nos permite medir a pressão atmosférica. Existem barômetros de vários tipos, sendo
um dos mais usados o barômetro empregado por Torricelli. Os barômetros são utilizados para diversas finalidades, co-
mo, por exemplo, prever tempestades (o valor da pressão atmosférica é afetado pelas alterações, na atmosfera, que an-
tecedem uma tempestade). O barômetro pode ser usado, também, como altímetro, isto é, para determinar a altura de um
lugar através da medida da pressão atmosférica.
1) Com uma bomba de vácuo, podemos extrair grande parte do ar do interior de uma lata vazia. Se fizermos isto, a lata
será esmagada pela pressão atmosférica. Antes de retirarmos o ar, isto não acontecia porque a pressão atmosférica
estava atuando tanto no interior quanto no exterior da lata (fig. 4.5a). Ao ser ligada a bomba de vácuo, a pressão interna
torna-se bem menor do que a externa e a lata é esmagada (fig. 4.5b).
Fig.4.5
4
2) A primeira bomba de vácuo foi construída por von Guericke em
Magdeburgo, na Alemanha, permitindo que ele realizasse a famosa
experiência dos hemisférios de Magdeburgo. Tomando dois hemis-
férios, bem adaptados um ao outro, formando, assim, uma esfera
oca de cerca de 50 cm de diâmetro (fig. 4.6a), von Guericke extraiu
o ar do interior dessa esfera. Como a pressão interna foi muito redu-
zida, a pressão externa (pressão atmosférica) forçou um hemisfério
tão fortemente contra o ou que foram necessários 16 fortes cavalos
para separá-los (fig. 4.6-b).
Fig. 4.7
Exemplo:
O aparelho que serve para medir a pressão de um gás é denominado manômetro. Um
tipo de manômetro muito usado consiste em um tubo em forma de U, contendo Hg, co-
mo mostra a fig. 4.8.
Desejando-se medir a pressão de um gás em um reservatório, adapta-se a extremidade
do ramo menor do tubo ao reservatório e observa-se o desnível do Hg nos dois ramos do
manômetro.
Na fig. 4.8, qual é a pressão, pG do gás no reservatório, sabendo-se que a pressão atmos-
férica local vale Pa = 68 cmHg?
A pressão do gás, pG atuando no ramo esquerdo do tubo, consegue equilibrar o desnível
da coluna de Hg nos dois ramos e a pressão atmosférica que atua na extremidade aberta
do ramo direito.
Portanto, temos
pG = Pa + desnível de Hg
Logo
pG = 68 cmHg + (210 - 30) cmHg donde pG = 248 cmHg
Fig. 4.8
Exercícios de Fixação: sua cidade e encontrou Pa = 64cmHg. Qual é a altitude
7. a) Sabe-se que a pressão atmosférica em Marte é cer- aproximada da cidade?
ca de 10 vezes menor do que o valor da pressão atmosfé-
rica na Terra. Qual seria a altura da coluna de Hg na expe- 9. a) A densidade do Hg é quantas vezes maior do que a
riência de Torricelli, se ela fosse realizada naquele plane- da gasolina?
ta? b) Então, qual seria a altura da coluna líquida, na expe-
b) E qual seria a altura da coluna de Hg se a experiência riência de Torricelli, se ela fosse realizada com gasolina,
fosse realizada na Lua? Explique. ao nível do mar?
8. Verifica-se, experimentalmente, que quando se sobe 10. Uma pessoa, realizando a experiência de Torricelli, em
100 m na atmosfera terrestre há uma diminuição de cerca sua cidade, usando água em vez de Hg, verificou que a al-
de 1cmHg no valor da pressão atmosférica. Tendo em vis- tura da coluna líquida era de 8,0 m. Considerando que a
ta esta informação, responda às questões seguintes: pressão de uma coluna d’água de 10 m de altura cor-
a) Qual deve ser o valor da pressão atmosférica no alto do responde, praticamente, a 1atm, expresse o valor da pres-
Pão de Açúcar? (altitude de 400 m) são atmosférica nesta cidade:
b) Um estudante mediu o valor da pressão atmosférica em a) Em atm. b) em cmHg.
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11. a) Um habitante da Lua conseguiria tomar um refrige-
rante, usando um canudinho, como se faz aqui na Terra?
Explique.
b) Por que uma lata de conserva fechada amassa-se com
facilidade? (Lembre-se de que, para conservar um alimen-
to, seu contato com o ar deve ser evitado.)
12. Um manômetro, semelhante àquele estudado no
exemplo desta secção, foi usado para medir a pressão do
ar no interior dos dispositivos mostrados na figura deste
exercício. Sabendo-se que a pressão atmosférica no local
onde foram feitas as medidas era de 70 cmHg, qual é o
valor da pressão do ar:
a) No pneu da figura I?
b) No pneu (furado) da figura II?
c) Na câmara de rarefação da figura III?
13. O ponto mais fundo de uma piscina cheia d’água está
situado a 10 m de profundidade. Sabendo-se que esta
piscina está localizada no nível do mar, diga qual é, em
atm, o valor da pressão:
a) Na superfície da água da piscina.
b) No ponto mais fundo da piscina (lembre-se de que uma
coluna d’água de 10 m de altura exerce uma pressão de,
praticamente, 1 atm).
4.3 VARIAÇÃO DA PRESSÃO COM A PROFUNDIDADE
A PRESSÃO AUMENTA COM A PROFUNDIDADE
Já sabemos que a pressão atmosférica diminui à medida que nos elevamos na at-
mosfera. Naturalmente,isto deveria acontecer, pois o peso da camada de ar, que exerce a
pressão atmosférica em um dado local, é tanto menor quanto maior for a altitude do local.
Quando mergulhamos em uma piscina, observamos uma situação semelhante. A
medida que nos aprofundamos na água, a pressão aumenta, pois o peso da camada liqui-
da, que exerce a pressão em um ponto, é tanto maior quanto maior for a profundidade
deste ponto(fig. 4.9). Este fato ocorre em todos os fluidos, de um modo geral. A seguir, va-
mos estabelecer uma relação matemática que nos permitirá calcular a pressão no interior
de um fluido, em uma dada profundidade.
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Supondo que um dos pontos se encontre na superfície do líquido e que o outro ponto
esteja a uma profundidade h (fig. 4.11), vemos que a pressão no primeiro ponto será a pres-
são atmosférica pa e, então, a pressão p, no segundo ponto, pode ser obtida pela relação
p = pa + ρ.g.h
p = pa + ρ.g.h
COMENTÁRIOS
1) Pela equação p = pa + ρ.g.h, vemos que, se h = 0, temos p = pa (estamos na superfície do
líquido) e, à medida que h aumenta (estamos mergulhando no líquido), a pressão aumenta
linearmente com h. Então, o gráfico p x h, para um dado líquido, terá o aspecto mostrado na
fig. 4.12.
Fig. 4.11
2) Pela mesma equação, observamos que a pressão, em um dado ponto no interior do lí-
quido, é constituída de duas parcelas: a primeira, pa, representa a pressão exercida na
superfície livre do líquido e a segunda, ρ.g.h, representa a pressão produzida pelo peso
do próprio líquido.
p1 = p 2 = p 3
3) A pressão exercida propriamente pelo líquido é dada por ρ.g.b. Assim, para um dado
líquido, em um mesmo local, ela só depende de h. Portanto, na fig. 4.13, as pressões
nos fundos dos três recipientes que contêm o mesmo líquido serão iguais, embora os
vasos tenham formas diferentes e contenham quantidades diferentes de líquido.
Fig. 4.13
b) Sabendo-se que a pressão atmosférica local vale pa = 76 cmHg, qual é a pressão total no fundo da piscina?
A pressão total é dada por p = pa + ρ.g.h. O valor pa = 76 cmHg, no sistema S.l., é pa = 1,01x105N/m2
Então
p = pa + ρ.g.h = 1,01x105 + 0,98x105 donde p = 1,99x105N/m2.
Observe que, neste exemplo, a pressão atmosférica colabora para a pressão no fundo da piscina com um valor maior do
que a pressão exercida apenas pela água.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: a) Calcule, no Sistema Internacional
14. A figura deste exercício mostra um recipiente contendo de Unidades, o aumento da pressão
um certo líquido. Escreva, em ordem crescente, as pressões ao se passar do ponto (1) para 2
o
nos pontos indicados na figura. ponto (2). Considere g = 10 m/s e a
massa específica da glicerina 1,25
g/cm3.
b) Sabendo-se que a pressão no
ponto (1) é p1 = 1,06x105 N/m2, qual
é o valor da pressão p2 no ponto (2)
?
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17. Considere o gráfico p x h mostrado na fig. 4.12. largura, 2m de comprimento e 1m de altura. Para aumen-
a) Expresse a inclinação deste gráfico em função de p e tar a pressão da água nas torneiras, um bombeiro sugeriu
de g. que se colocasse, no mesmo local, uma outra caixa de
b) Indique duas alterações que seriam observadas no grá- maior capacidade com 2m de largura, 3m de comprimento
fico se ele se referisse a uma experiência realizada na e 1m de altura. Você concorda com a proposta do bombei-
Lua. ro? Explique.
18. Uma grande piscina e um pequeno tanque, um ao lado 20. Para responder às questões seguintes, basta lembrar-
do outro, contêm água a uma mesma profundidade. se de que a pressão de 1atm corresponde pressão de
a) A pressão no fundo da piscina é maior, menor ou igual uma coluna de Hg de 76 cm de altura.
à pressão no fundo do tanque? a) Um recipiente aberto, contendo Hg, em um local onde a
b) A força total, exercida pela água, no fundo da piscina é pressão atmosférica 76 cmHg. A que profundidade, neste
maior, menor ou igual à força total no fundo do tanque? a pressão seria de 2 atm?
b) Responda à questão anterior, supondo que o recipiente
19. Em uma residência, há uma caixa d’água de 1m de estivesse no alto do monte Everest (pa = 30cmHg).
4.4 APLICAÇÕES DA EQUAÇÃO FUNDAMENTAL
Como exemplos do emprego da equação p = pa + ρ.g.h, apresenta-
remos, nesta secção, o estudo dos vasos comunicantes e o Princípio de
Pascal.
VASOS COMUNICANTES
Consideremos dois recipientes, que não precisam ser do mesmo
tamanho nem possuir à mesma forma, cujas bases estão ligadas por meio
de um tubo (fig. 4.14).
Dizemos que os recipientes são vasos comunicantes. Coloquemos
um líquido qualquer nestes vasos e esperemos que seja atingida a situação
de equilíbrio, Os pontos A e B (fig. 4.14), situados em um mesmo nível hori- Fig. 4.14
zontal, devem estar submetidos a pressões iguais, pois, do contrário, o líqui-
do não estará em equilíbrio.
Sendo ρ a densidade do líquido, podemos escrever:
PRINCÍPIO DE PASCAL
Consideremos um líquido, em equilíbrio, no interior de um recipiente, como está mostrado na fig. 4.16.
Nos pontos (1) e (2), as pressões valem p1 e p2, respectivamente, e, por um processo qualquer, aumentarmos
de Δp1 a pressão em (1) (por exemplo, exercendo uma força no pistom colocado sobre o líquido), a pressão em (2)
sofrerá um aumento Δp2. Pela relação p2 = p1 + ρ.g.h, podemos verificar facilmente que:
Δp2 = Δp1
8
isto é, o aumento da pressão em um ponto (2) é igual ao aumento da pressão provocado no pon-
to (1). Este fato foi descoberto, experimentalmente, em 1653, pelo cientista francês Pascal, que
assim o enunciou: “o acréscimo de pressão, em um ponto de um líquido em equilíbrio, transmite-
se integralmente a todos os pontos deste líquido”. Em virtude disto, esta propriedade dos líqui-
dos é denominada princípio de Pascal. Observe que, embora na época de Pascal esta proprie-
dade fosse apenas um fato experimental, atualmente verificamos que ela pode ser deduzida
imediatamente da equação fundamental da Hidrostática que, por sua vez, é uma conseqüência
das leis de equilíbrio da Mecânica.
Fig. 4.18
Fig. 4.19
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
21. Certas máquinas de fazer café possuem um tubo ex-
terno, transparente, ligado ao corpo da máquina (tubo AB
mostrado na figura deste exercício). Explique por que é
possível saber qual é o nível do café no interior da má-
quina, simplesmente observando o tubo AB.
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22. Suponha que, em uma construção, os pedreiros emen- 2000 cm2. Determine o valor da força f que o menino está
daram duas mangueiras, de diâmetros diferentes, para ni- exercendo, sabendo-se que a área do pistom no qual ele
velar os azulejos em duas paredes distantes. 0 fato de as atua é de 25 cm2.
mangueiras terem diâmetros diferentes prejudicou o nive-
lamento?
O PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES
No século III a.C., o grande filósofo, matemático e físico Arquimedes realizando expe-
riências cuidadosas, descobriu uma maneira de calcular o empuxo que atua em corpos mergu- Fig. 4.21
lhados em líquidos. Suas conclusões foram expressas através de um princípio, denominado
princípio de Arquimedes, cujo enunciado é o seguinte: “todo corpo mergulhado em um líquido recebe um empuxo vertical
para cima, igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo”. Observe que este princípio nos mostra como calcular o valor
do empuxo, isto é,
“o valor do empuxo que atua em um corpo mergulhado em um liquido é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo”.
Usando as leis de Newton, poderíamos chegar a este mesmo resultado para o cálculo do empuxo. Observe,
entretanto, que Arquimedes descobriu estes fatos através de experiências, muitos anos antes de Newton estabelecer as
leis da Mecânica.
COMENTÁRIOS
Para que você possa compreender melhor o princípio de Arquimedes, vamos analisar a situação apresentada na fig.
4.22.
10
1) Suponha que um bloco de madeira seja introduzido parcialmente na água, co-
mo mostra a fig. 4.22a. Como ele está deslocando um certo volume de água, ele
r
receberá um empuxo, E , de valor igual ao peso da água deslocada. Por exem-
plo, se o bloco estiver deslocando 2,0 L de água, o empuxo que ele receberá se-
rá igual ao peso destes 2,0 L de água, isto é, E = 2,0 kgf.
2) Se aprofundarmos mais o corpo na água (fig. 4.22b), o volume por ele deslo-
r
cado será maior e o valor do empuxo E também aumentará. Por exemplo, se o
volume deslocado, agora, for de 5,0 L, o empuxo será E = 5,0 kgf, pois 5,0 L de
água pesam 5,0 kgf. Você poderá perceber este aumento do empuxo porque te-
rá que fazer mais força para conseguir mergulhar mais o bloco de madeira na
água. Fig. 4.22
3) Quanto maior for o volume de água deslocado pelo bloco, maior será o empuxo que ele receberá. Na fig. 4.22c, o
bloco já está totalmente mergulhado e, portanto, está deslocando a máxima quantidade de água possível. Neste caso, o
volume deslocado é igual ao volume do próprio corpo. Então, se o volume do bloco for de 6,0 L, ele estará deslocando
6,0 L de água e estará recebendo um empuxo E = 6,0 kgf (peso da água deslocada). Depois que o corpo estiver
totalmente mergulhado, mesmo que o afundemos um pouco mais, o valor do empuxo não aumenta, pois o volume do
líquido deslocado permanece constante, igual ao volume do próprio corpo.
E = md.g
onde md é a massa do líquido deslocado.
Sendo ρL a densidade do líquido e Vd do volume do líquido deslocado, temos
Vemos, então, que o valor do empuxo será tanto maior quanto maior for o volume de líquido deslocado e quanto
maior for a densidade deste líquido.
Por outro lado, o peso, P, do corpo mergulhado no líquido pode ser expresso em função de sua densidade, ρC, e
do seu volume, VC, da seguinte maneira:
P = m.g e como m = ρC.VC vem P = ρC.VC.g
Quando o corpo estiver totalmente mergulhado no líquido, ele estará deslocando um volume de líquido Vd igual
ao seu próprio volume VC, isto é, Vd = VC. Portanto, para um corpo totalmente imerso no líquido, temos
E = ρL.VC.g e P = ρC.VC.g
Comparando estas duas expressões, vemos que elas diferem apenas quanto aos valores de ρL (densidade do
líquido) e ρC (densidade do corpo). Portanto:
1) se ρL < ρC, teremos E < P e, neste caso, como vimos, o corpo afundará no líquido.
2) se ρL = ρC, teremos E = P. Nestas condições, como sabemos, o corpo ficará em equilíbrio quando estiver totalmente
mergulhado no líquido.
3) se ρL > ρC, teremos E> P. Este é o caso em que o corpo sobe no líquido, aflora em sua superfície até atingir uma
posição de equilíbrio, parcialmente mergulhado, na qual E = P.
Com esta análise poderemos prever quando um sólido flutuará ou afundará em um líquido, simplesmente conhe-
cendo as suas densidades. Consultando uma tabela de densidades, podemos concluir, por exemplo, que a cortiça flutua
em gasolina, mas um pedaço de gelo afundará nela e flutuará na água (como você já sabe). O ferro afundará na água
mas flu-tuará no mercúrio, enquanto o ouro e a platina afundarão neste líquido.
Esta mesma análise nos permite concluir que, se um submarino está submerso, em equilíbrio, sua densidade
média é igual à da água do mar. E fácil concluir, também, que um balão sobe na atmosfera porque sua densidade média
é menor do que a do ar.
Naturalmente, como a densidade do ar diminui com a altitude, o valor do empuxo sobre o balão também dimi-
nuirá enquanto ele sobe. Assim, em uma certa altura, ele atingirá uma posição de equilíbrio, na qual E = P.
EXEMPLO:
Um cilindro metálico, cuja área da base é A = 10 cm2 e cuja altura mede H = 8,0 cm, está flutuando em mercú-
rio, como mostra a fig. 4.23. A parte do cilindro mergulhada no líquido tem uma altura h = 6,0 cm.
a) Qual é o valor do empuxo sobre o cilindro (considere g = 10 m/s2)?
11
Sabemos que o empuxo é dado por
E = ρL.Vd.g
Em nosso caso, ρL é a densidade do mercúrio.
Vd representa o volume de mercúrio deslocado pelo cilindro. É claro que Vd será igual ao volume da
parte do cilindro que se encontra submersa no mercúrio. Portanto (fig. 4.24):
Vd = A.h = 10x6,0 ou Vd = 60cm3 =60x106m3
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
r
25. Um bloco sólido encontra-se mergulhado em um líquido b) O valor do empuxo E que atua no bloco aumentaria,
na posição mostrada na figura deste exercício. Designemos diminuiria ou não sofreria alteração?
r
por F1 a força de pressão exercida pelo líquido na face su-
r 27. Como vimos, o navio da figura abaixo está flutuando,
perior do bloco e por F2 a força de pressão na face inferior. em equilíbrio.
a) O empuxo que ele está recebendo da água é maior,
menor ou igual ao seu peso?
b) A densidade média do navio é maior, menor ou igual à
densidade da água?
r r
a) Desenhe, em uma cópia da figura, os vetores F1 e F2 .
r r
b) F2 é maior, menor ou igual a F1 ?
r
c) Como você calcularia o valor do empuxo E exercido pelo 28. Um barco, cujo peso é 800 kgf, desce navegando em
r r um rio e chega ao mar.
líquido sobre o bloco a partir dos valores de F1 e F2 ?
a) Qual o valor do empuxo que ele recebia quando estava
no rio?
26. Suponha que o bloco do exercício anterior fosse deslo- b) Quando estiver navegando no mar, qual o valor do em-
cado, dentro do líquido, para uma profundidade um pouco puxo que ele estará recebendo?
maior. c) A parte submersa do barco aumenta, diminui ou não se
r altera quando ele passa do no para o mar?
a) O valor de F1 aumentaria, diminuiria ou não sofreria alte-
r 29. Um bloco de madeira, cujo volume é de 10 L, está flu-
ração? e o valor de F2 ? tuando em água, com metade de seu volume submerso.
12
a) Qual é, em litros, o volume de água deslocada pelo blo-
co?
b) Qual é, em kgf, o peso desta água deslocada?
c) Lembrando do princípio de Arquimedes, diga qual é, em
kgf, o empuxo que o bloco está recebendo?
d) Então, qual é, em kgf, o peso do bloco?
( ) É possível observar-se uma esfera de ferro flutuar na Gabarito: 1D, 2D, 113D, 4B, 5C, 6A, 7E, 8D, 9E, 10B, 11B, 12E, 13A,
água. 14D, 15C, 16D, 17D, 18A, 19E, 20C.
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