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Centro Federal de Educação

Tecnológica de Minas Gerais

Departamento de Ciência
e Tecnologia Ambiental
Disciplina:
Drenagem Pluvial
Código: DEAM 016

Professor: André Luiz Marques Rocha


Engo Agrícola e Ambiental
MSc. Engenharia Agrícola
Recursos Hídricos e Ambientais
andrerocha@deii.cefetmg.br
1
Drenagem Urbana - Conceito

“Conjunto de medidas que têm como


finalidade a minimização dos riscos aos quais
a sociedade está sujeita e a diminuição dos
prejuízos causados pelas inundações,
possibilitando o desenvolvimento urbano da
forma mais harmônica possível, articulado
com as outras atividades urbanas.”

DAEE/CETESB, 1980

2
Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Nas Idades Antiga e Média as cidades eram construídas


“junto” aos cursos d‟água.

3
Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Ano: 1750

4
Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Ano: 1850

5
Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Idade Antiga (4000 a.C a 476 d.C) e Idade Média (séculos V a


XV): ausência de sistemas de evacuação de esgotamento
sanitário e sistemas de drenagem urbana, acarretando
condições de vida bastante insalubres;
As aglomerações urbanas medievais dividiam espaço com os
esgotos que eram expostos no sistema viário;

 Cidades Pútridas
Epidemias de cólera e tifo na Europa (sec. XIX)

Fonte:Baptista et. al. (2005) 6


Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Cloaca Máxima em Roma - Itália


Antiga rede de esgoto (séc. VI a.C)

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Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

De uma maneira geral, pode-se dizer que a Drenagem


Pluvial ou Urbana baseou-se muitos por muitos anos na
Visão Higienista no século XIX, sendo influenciada até
os dias atuais.

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Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Visão Higienista (Sanitarista): afastamento rápido de


esgotos e águas pluviais visando mitigar problemas
relacionados à saúde pública (principalmente doenças de
veiculação hídrica).

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Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Visão Higienista (Sanitarista)

Dogma dos Engenheiros:toda água circulante deve


seguir rapidamente para o esgoto, evitando insalubridades
e desconfortos nas casas e ruas.

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Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

Períodos Históricos Marcantes


•1940 – Melhoria do Fluxo
•1960 – Mudanças de pensamento – Visão Ambiental
• 1970 – Atenuação dos Picos de Vazão
•1980 – Soluções desejáveis são aquelas que atuam sobre
as causas
•1990 – Drenagem Urbana Sustentável

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Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana
•1940 – Melhoria do Fluxo
Surgimento de obras de escoamento rápido das águas
pluviais (condutos, galerias, canais)

Corte em meandros dos cursos hídricos naturais

Diferenciação em Sistema Separador Absoluto e


Sistemas Unitários

 Origem do Método Racional para cálculo do


Escoamento Superficial (ES) 12
Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana
•1960 – Mudanças de Pensamento – Visão Ambiental
 Surgimento de reflexões sobre os danos causados no
meio ambiente causadas pelas ações antópicas

Indagações e restrições quanto às ocupações de áreas


ribeirinhas (planícies de inundações)

Tipos de obras e seções de escoamento com menor


perda

13
Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana

•1970 – Atenuação dos Picos de Vazão


Necessidade de implantação de Medidas
Compensatórias.

 Construção de Bacias de Detenção (temporário) e


Retenção (permanente).

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Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana
•1980 – Soluções desejáveis são aquelas que atuam
sobre as causas
Controle de fluxos na origem

Diminuição de volumes de escoamento

Necessidade de implantação de sistemas de infiltração

Novas posturas tecnológicas

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Evolução Histórica do Conceito de
Drenagem Pluvial ou Urbana
•1990 – Drenagem Urbana Sustentável
Reconhecimento da complexidade das relações entre:
 Os sistemas naturais
 Os sistemas urbanos artificiais
A sociedade
 Sustentabilidade Ambiental + Social + Econômica
controle de cheias e qualidade das águas
gestão de recursos hídricos e saneamento ambiental
planejamento dos recursos hídricos, planejamento
urbano e conservação da natureza
16
Bacia Hidrográfica

Conceito
Área definida topograficamente, drenada por um curso d‟água ou
um sistema conectado de cursos d‟água, tal que toda vazão
efluente seja descarregada por uma simples saída .

Área de captação natural da água de precipitação que faz


convergir o escoamento para um único ponto de saída. Compõe-se
de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de
drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar
em um leito único no seu exutório (TUCCI, 1997).

17
Bacia Hidrográfica

Vertente Vertente

Fonte: Agência Nacional das Águas


Exutório

18
Bacia Hidrográfica

•A bacia hidrográfica compõe-se basicamente de um


conjunto de vertentes e de uma rede de drenagem formada
por cursos d‟água que confluem até resultar um leito único
no exutório.

•Microbacia Hidrográfica:área de formação natural,


drenada por um curso d‟água e seus afluentes, a montante
de uma seção transversal considerada, para onde converge
toda a água da área considerada (CRUCIANI, 1976;
BRASIL, 1987).
19
Resposta Hidrológica da Bacia
Hidrográfica

•O papel hidrológico da BH é o de transformar uma entrada


de volume concentrada no tempo (precipitação) em uma
saída de água (escoamento) de forma mais distribuída no
tempo.

20
•A área da microbacia depende do objetivo do trabalho que
se pretende realizar (não existe consenso sobre qual o
tamanho ideal).

BORDAS et al. (1985):

- Microbacias: área de até 10 ha


- Minibacias: 10 a 100 ha
- Sub-bacias: 1.000 a 40.000 ha
-Pequenas bacias: acima de 400 km2

Obs: 1 ha = 10.000 m2 = 0,01 km2

21
Individualização da Bacia de Drenagem

Fonte: Vilela ; Mattos, 1975

•Divisor de águas superficial (topográfico)

•Divisor freático

•Divisor geológico

22
Individualização da Bacia de Drenagem

Fonte: Vilela ; Mattos, 1975

23
• Uma bacia hidrográfica compreende toda a área de
captação natural da água da chuva que proporciona
escoamento superficial para o canal principal e seus
tributários.

• O limite superior de uma bacia hidrográfica é o divisor


de águas (divisor topográfico), e a delimitação inferior
é a saída da bacia (confluência).

24
• Para entender o funcionamento de uma
bacia, torna-se necessário expressar
quantitativamente as manifestações de forma
(a área da bacia, sua forma geométrica, etc.),
de processos (escoamento superficial, deflúvio,
etc.) e suas inter-relações.

25
Características Físicas da Bacia Hidrográfica

• Dados fisiográficos de uma BH são todos aqueles dados


que podem ser extraídos de mapas, fotografias aéreas e
imagens de satélites.

• Basicamente são áreas, comprimentos, declividades e


coberturas do solo, medidos diretamente ou expressos por
índices.

• De importância em locais onde faltam dados ou em


regiões onde não seja possível a instalação de estações
hidrométricas.

26
• O comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica
é função de suas características morfológicas, ou seja,
área, forma, topografia, geologia, solo, cobertura vegetal,
etc..

• A fim de entender as inter-relações existentes entre


esses fatores de forma e os processos hidrológicos de
uma bacia hidrográfica, torna-se necessário expressar as
características da bacia em termos quantitativos.

27
•Vários parâmetros físicos foram desenvolvidos, alguns
deles aplicáveis à bacia como um todo, enquanto que
outros relativos a apenas algumas características do
sistema.

•O importante é reconhecer que nenhum desses


parâmetros deve ser entendido como capaz de
simplificar a complexa dinâmica da bacia hidrográfica,
a qual inclusive tem magnitude temporal.

28
• Parâmetros físicos: área, fator de forma, compacidade,
altitude média, declividade média, densidade de drenagem,
número de canais, direção e comprimento do escoamento
superficial, comprimento da bacia, hipsometria (relação
área-altitude), comprimento dos canais, padrão de
drenagem, orientação, rugosidade dos canais, dimensão e
forma dos vales, índice de circularidade, etc.;

29
•Parâmetros geológicos: tipos de rochas, tipos de solos,
tipos de sedimentos fluviais, etc.;

•Parâmetros de vegetação: tipos de cobertura vegetal,


espécies, densidade, índice de área foliar, biomassa, etc.;

30
Área de Drenagem

Dado fundamental para definir a potencialidade hídrica


da BH (seu valor multiplicado pela lâmina precipitada
define o volume de água recebido pela bacia).

Determinação da área:

a) planimetragem direta de mapas;

b) cálculos matemáticos de mapas arquivados


eletronicamente através do SIG.
”Escala normalmente usada 1:50.000”

31
Área de Drenagem
• A maioria das características da bacia está correlacionada
com sua área.

•A área deve ser definida em relação a um dado ponto ao


longo do canal, ou à própria saída ou confluência da bacia.

•A área total inclui todos os pontos situados a altitudes


superiores à da saída da bacia e dentro do divisor
topográfico que separa duas bacias adjacentes.

•A determinação da área deve ser feita com muito rigor, a


partir de fotografias aéreas, mapas topográficos, ou
levantamento de campo, e se possível com auxílio de
computadores.

32
Área de Drenagem

 Característica de grande relevância


 Ex: Cálculo Escoamento Superficial – Método Racional
Q ES = C x im x A
• Se A = 1 km2 → 100ha → 1 x 106 m2
• C = 0,9 (piso asfalto, concreto)
• im = 20 mm/hora → 5,556 x 10-6 m/s
• Q ES = 5,0 m3/s = 5000 L/s

Isso é pouco? É muito?


Qual a capacidade de absorção da bacia?

33
Delimitação de uma bacia hidrográfica

700
700
700
695

695
700

690
690
695

685 680

690 680
700

675 685

680 675 680

685

670
680 665

685

Divisor de Águas
655 660 665 670

Exutório

34
Forma da Bacia

•Uma bacia hidrográfica, quando representada em


um plano, apresenta a forma geral de uma pêra.
Dependendo da interação clima-geologia, todavia,
várias outras formas geométricas podem existir.

•Em qualquer situação a superfície da bacia é


côncava, a qual determina a direção geral do
escoamento.

35
Forma da Bacia

•A forma é uma das características físicas mais


difíceis de ser expressas em termos quantitativos.

•A forma da bacia, bem como a forma do sistema de


drenagem, pode ser influenciada por algumas outras
características da bacia, principalmente pela geologia.

•A forma pode, também, atuar sobre alguns dos


processos hidrológicos, ou sobre o comportamento
hidrológico da bacia.

36
Fator de Forma ou Índice de Conformação (Kf)

A
Kf  2
L

Coeficiente de Compacidade ou Índice de


Compacidade (Kc)

P P
Kc   K c  0,28
2R A

37
Fator de Forma (Kf)

• HORTON (1932) propôs o fator de forma,


definido pela fórmula:
A
Kf  2
L
Em que:
Kf = fator de forma
A = área da bacia
L = comprimento do eixo da bacia (da foz ao ponto
extremo mais longínquo no espigão).

• Quanto menor o kf → bacia menos sujeita a enchentes;

• Microbacias de formas retangulares são menos susceptíveis a


enchentes que as circulares, ovais ou quadradas.

38
Exemplo:

Calcular o fator de forma para as bacias A e B.

P
Bacia A Bacia B P
LA = 8,7 km

LB = 5,2 km
Exutório A Exutório B
AreaA = 18,7km2 AreaB = 18,7km2

Como seriam os hidrogramas para as bacias A e B?

39
O escoamento direto de uma dada chuva na bacia (A)
não se concentra tão rapidamente como em (B), além do
fato de que bacias longas e estreitas como a (A) são
mais dificilmente atingidas integralmente por chuvas
intensas (SCHWAB et al.,1966).

Comparativamente, bacias de fator de forma maior têm


maiores chances de sofrer inundações do que bacias de
fator de forma menor.
L arg ura Média Lmedia A / L A
Kf  Kf    2
Comprimento Axial L L L

40
Índice de Circularidade(Ic)

Outro índice de forma é o chamado “Índice de


Circularidade” proposto por Miller em 1953 (citado
por CHRISTOFOLETTI, 1974), de acordo com a
fórmula:
A
I c  12,57 * 2
P
Em que:
IC = índice de circularidade < 1
A = área da bacia
P = perímetro da bacia

Quanto mais próximo de 1, mais próxima da forma


circular será a bacia hidrográfica.
41
Coeficiente de Compacidade (Kc)

P P
Kc   K c  0,28
2R A

• Kc→ adimensional

• Quanto maior o Kc → mais irregular é a bacia

• Kc = 1 →bacia circular (teórico)

• Microbacias com Kc próximo de 1 devem ter maior


proteção em cobertura florestal e conservação de
solos

42
Discretização em Sub-bacias
vários níveis de subdivisão da bacia

Sub1
3 1
represa
2 Sub2
Sub3

4 Sub4

saída
saída
43
Características do Relevo

Comprimento da Bacia Hidrográfica

 Comprimento da bacia (L)

 Comprimento do rio
principal (LRio)

• Os comprimentos da bacia e do rio


principal são importantes para a
estimativa do tempo que a água leva
para percorrer a bacia.

44
Cotas e Distâncias das Curvas de Nível
na Bacia Hidrográfica

Curva de Distância Distância Declividade


nível (m) entre curvas (m) acumulada (m) entre curvas (m/m)
695
690 150 150 0,033
685 900 1050 0,006
680 700 1750 0,007
675 1400 3150 0,004
670 1100 4250 0,005
665 300 4550 0,017
660 200 4750 0,025
655 350 5100 0,014

45
Perfil Longitudinal da
Bacia Hidrográfica
PERFIL LONGITUDINAL

695
690
685
COTAS (m)

680

Trecho 1
675
670
665 Trecho 2
660
655
650
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
DISTÂNCIA (m)

• Rio possui dois trechos típicos, cada um deles relativamente homogêneo dentro de si.

•Trecho 1: mais plano, vai da cota 690m à cota 670m, com um percurso total de 4250m.
A declividade média neste trecho é (690-670)/4250 = 0,0047 m/m.

•Trecho 2: maior inclinação, vai da cota 670m à cota 655m, percorrendo uma distância
de 5100-4250 = 850m. A declividade média neste segundo trecho é de (670-655)/850 =
0,018 m/m.

46
Perfil Longitudinal Típico da
Altitude do leito Bacia Hidrográfica

alto médio baixo

Distância ao longo do rio principal

47
Zonas do Curso D’água

48
Zonas do Curso D’água

49
Declividade da Bacia Hidrográfica

• Diferença de altitude entre o início e o fim da


drenagem dividida pelo comprimento da drenagem.

• Tem relação com a velocidade com a qual ocorre o


escoamento, e consequentemente, enchente máxima.

• Equação de Manning: v proporcional a S0.5

v: velocidade A * Rh 2/3
*S 1/ 2 Q Rh 2 / 3 * S 1/ 2
S: declividade Q v 
n A n

50
Declividade da Bacia Hidrográfica
Bacia: Ribeirão Lobo – SP
Área de Drenagem: 177,25km2
1 2 3 4 5 6
Faixa declividade Nº de Frequência
% do Total Decl. Média Col. 2 * Col. 5
(m/m) ocorrências Acumulada (%)
0,0000 - 0,0049 249 69,55 100,00 0,00245 0,6101
0,0050 - 0,0099 69 19,27 30,45 0,00745 0,5141
0,0100 - 0,0149 13 3,63 11,18 0,01245 0,1619
0,0150 - 0,0199 7 1,96 7,55 0,01745 0,1222
0,0200 - 0,0249 0 0 5,59 0,02245 0,0000
0,0250 - 0,0299 15 4,19 5,59 0,02745 0,4118
0,0300 - 0,0349 0 0,00 1,40 0,03245 0,0000
0,0350 - 0,0399 0 0,00 1,40 0,03745 0,0000
0,0400 - 0,0449 0 0,00 1,40 0,04495 0,0000
0,0450 - 0,0499 5 1,40 1,40 0,04745 0,2373
TOTAL 358 100,00 2,0571
Declividade média = 0,005746 m/m
249 2,0571
%  *100  69,55% Sm   0,005746 m / m
358 358
51
Declividade da Bacia Hidrográfica
Bacia: Ribeirão Lobo – SP
Área de Drenagem: 177,25km2

52
Declividade da Bacia Hidrográfica

Ponto mais
baixo: 20 m

Ponto mais
alto: 300 m

Comprimento drenagem = 7 km
Declividade = 0,04 m/m ou 40 m por km
53
Declividade no Rio

• Comprimento do rio principal (L): para cada bacia


existe um rio principal. Define-se o rio principal de
uma bacia hidrográfica como aquele que drena a
maior área no interior da bacia. A medição do
comprimento do rio pode ser realizada por
curvímetro ou por geoprocessamento;
n
 Declividade média do rio (Sm) :
l S i i
Sm  i1
H(0,85L)  H(0,10L) L
Sm 
0,75L 2
 
 

• Declividade equivalente do rio (Se) : S e  n
L 
 -1/2 
  liSi 
 i1 
54
Declividade no Rio

• Exemplo: Bacia hidrográfica do rio Paraíba

Foram utilizados o índice de declividade de Roche e o


índice global IG
Altitude para a qual
n há 95% da área de
ID  L 
1/2
aidi bacia acima dessa
1 altitude
Altitude para a qual
há 5% da área de
Intervalo entre bacia acima dessa
Fração em duas curvas de altitude
porcentagem da nível.
superfície A,
compreendida H5  H95
entre duas curvas IG 
de nível vizinhas
L
55
Declividade no Rio

• Exemplo: Bacia hidrográfica do rio Paraíba


n
H5  H95
ID  L1/2
1
aidi IG 
L
SUB-BACIA ALTITUDE di FRAÇÃO ai x di SOMA
1/2 Id Ig
ai (ai x di)
260 - 280 20 0,0224 0,448 0,669328
280 - 400 120 0,172 20,64 4,543127
400 - 600 200 0,626 125,2 11,18928
Caçamba
600 - 800 200 0,165 33 5,744563
800 - 850 50 0,015 0,75 0,866025
23,0 4,5 17,3
70 - 80 10 0,025 0,25 0,5
80 - 200 120 0,482 57,84 7,605261
Porangaba 200 - 400 200 0,405 81 9
400 - 550 150 0,088 13,2 3,63318
20,7 2,9 9,4
360 - 400 40 0,057 2,28 1,509967
400 - 480 80 0,261 20,88 4,569464
480 - 600 120 0,438 52,56 7,249828
Balsamo
600 - 800 200 0,226 45,2 6,723095
800 - 880 80 0,018 1,44 1,2
21,3 4,4 16,5
570 - 600 200 0,146 29,2 5,403702
600 - 800 200 0,382 76,4 8,740709
Seco 800 - 900 100 0,454 45,4 6,737952
900 - 930 50 0,018 0,9 0,948683
21,8 4,6 6,0 56
70 - 120 50 0,059 2,95 1,717556
Curva Hipsométrica

• Representação gráfica do relevo médio da bacia

• Descrição da relação entre área de contribuição e


altitude.
Altitude

890
(m)

350
Fração da
0 0,25 0,5 0,75 1,0 área
57
Curva Hipsométrica

Bacia: Ribeirão Lobo – SP


Área de Drenagem: 177,25km2

940
920
900
880
H5
860
840
820
800
780
760

H95
740
720
700
680
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100%

58
Ordens dos Cursos d’água

•Reflete o grau de ramificação da rede de drenagem de uma bacia

•linhas de drenagem que não possuem nenhum tributário são


designadas como linhas de 1ª ordem

• Critérios mais utilizados: Horton (1945); Strahler (1957)

http://www.dpi.inpe.br/cursos/tutoriais/modelagem/cap2_modelos_hidrologicos.pdf

59
Ordens dos Cursos d’água

•Strahler (1957)

• Canais de 1ª ordem → todos os canais que não possuem tributários


• Canais de 2ª ordem → são formadas pela confluência de 1ª ordem,
podendo ter afluentes de 1ª ordem

• Canal de ordem u: formado pela união de dois canais de ordem u-1,


podendo receber afluência de canais com qualquer ordem inferior

• O Rio principal e afluentes não


mantêm o número de ordem na
totalidade de suas extensões,
como acontece no sistema Horton

60
Ordens dos Cursos d’água

• Horton (1945)

• Canais de 1ª ordem → não possuem tributários


• Canais de 2ª ordem → tem apenas afluentes de 1ª ordem
• Canais de 3ª ordem → recebem afluência de canais de 2ª ordem e
podem também receber diretamente canais de 1ª ordem
• Canal de ordem u pode ter tributários de ordem u-1 até 1

•A maior ordem é atribuída ao Rio


Principal, valendo esta designação
em todo o seu comprimento, desde
o exutório da bacia até sua
nascente

61
Ordens dos Cursos d’água

• Horton (1945)

• Como decidir qual é o rio principal numa confluência?

Partindo da jusante da confluência, estender a linha do curso d‟água


para montante, para além da bifurcação, seguindo a mesma direção.
O canal confluente que apresentar maior ângulo é o de ordem
menor

Ambos com mesmo ângulo  rio de menor extensão é o de


ordem mais baixa

62
Ordens dos Cursos d’água

• Horton (1945)

1 2
32 2
32 1
3 2
1 4 1 43 1 2
2 3 2 1
2 2
2 4 2 1
4 3 2 1 43 1 2
4 1
1 2
2 4
4

63
Ordens dos Cursos d’água

• Horton (1945)

1 2
3 2
3 1
1 4 3 2
1 1 2
2 4 2 1
2 2
4 2 4 2 1
4 1
1
4 1
1 2
2 4
4

64
Tempo de escoamento

Tempo de viagem = 2 min

Tempo de viagem = 15 min

65
Chuva de curta duração

15 minutos tempo

66
Tempo de concentração (tc)

• Tempo necessário para que a água precipitada no ponto mais


distante da bacia escoe até o ponto de controle, exutório ou
local de medição.

• Relação com:
 Comprimento da bacia (área da bacia)
 Forma da bacia
 Declividade da bacia
 Alterações antrópicas
 Vazão (para simplificar não se considera)

67
Tempo de concentração (tc)

• Fórmulas empíricas para a determinação tempo de


concentração
o Kirpich:publicada no Califonia Culverts Practice utilizado em
pequenas bacias rurais (até 0,5km2)
0 , 385
 L 
3
tc  57 *  
 h 
tc: tempo de concentração na bacia (minutos);
L : extensão do curso d„água (Km);
∆h:Desnível entre a cabeceira do rio até o local do projeto ou
diferença de altitude ao longo do curso d‟água (metros);

68
Tempo de concentração (tc)

• Fórmulas empíricas para a determinação tempo de


concentração
o Kirpich Modificada: utilizado para bacias rurais (maiores que
100 ha = 1km2)
0 , 385
 L 
3
tc  85,2 *  
 h 

tc: tempo de concentração na bacia (minutos);


L : extensão do curso d„água (Km);
∆h:Desnível entre a cabeceira do rio até o local do projeto ou
diferença de altitude ao longo do curso d‟água (metros);

69
Tempo de concentração (tc)

• Fórmulas empíricas para a determinação tempo de


concentração

• Ventura  para regiões planas

tc  4,54  A A em km2

• Ventura  para regiões em declives

A A em km2
tc  4,54  S em m/km
S
• Passini  para regiões planas tc  345,6  A  S

70
Tempo de concentração (tc)
• Fórmulas empíricas para a determinação tempo de
concentração
o Método do Número da Curva ou Método SCS Lag Formula
(Soil Conservation Service dos EUA):utilizado em pequenas
bacias rurais (até 0,8km2)
0, 7
 1000  L0,8
tc  3,42 *   9 * 0,5
 CN  S

• CN é o número da curva (curve number) do método desenvolvido


pelo Soil Conservation Service.

• Deve-se ajustar o valor de CN para bacias urbanas em função da


parcela dos canais que foram modificados e da área
impermeabilizada.

L= comprimento (km) e S = declividade (m/m)


71
Tempo de concentração (tc)

o Método do Número da Curva ou Método SCS Lag Formula


(Soil Conservation Service dos EUA)

• Para uma ocupação não-homogênea do solo urbano, o SCS


recomenda que seja feita uma média ponderada dos números da
curva.

• Como as velocidades de escoamento


k

 Ai * CNi também se alteram, o SCS propõe que


CN  i
o tempo de concentração também seja
A ajustado.

72
Tempo de concentração (tc)

o Método Cinemático do SCS (Soil Conservation Service dos


EUA)
• Para bacias compostas de trechos de declividades variáveis, esta
fórmula se baseia no fato de que a somatória dos tempos de
trânsito em cada trecho nada mais é que o tempo de concentração.

• Do ponto de vista conceitual, este


L
tc  16,67 *  método é o mais correto, pois permite que
v se leve em conta as características
específicas da bacia.

• O SCS propõe o uso de uma tabela para o cálculo das velocidades


na parte superior da bacia onde há predominância de escoamento
em superfície.

73
Tempo de concentração (tc)
o Método Cinemático do SCS (Soil Conservation Service dos EUA)
•Valores de velocidades médias de escoamento recomendadas pela
SCS de acordo com a declividade (S)
Tipo de Escoamento 0≤S≤3% 4%≤S≤7% 8%≤S≤11% S≥12%

Em Superfície
-Florestas 0 a 0,5 (m/s) 0,5 a 0,8 (m/s) 0,8 a 1,0 (m/s) ≥1,0 (m/s)

- Pastagens 0 a 0,8 (m/s) 0,8 a 1,1 (m/s) 1,1 a 1,3 (m/s) ≥1,3 (m/s)

- Áreas cultivadas 0 a 0,9 (m/s) 0 ,9 a 1,4 (m/s) 1,4 a 1,7 (m/s) ≥1,7 (m/s)

- Pavimentos 0 a 2,6 (m/s) 2,6 a 4,0 (m/s) 4,0 a 5,2 (m/s) ≥5,2 (m/s)
Em Canais
- Mal definidos 0 a 0,6 (m/s) 0,6 a 1,2 (m/s) 1,2 a 2,1 (m/s) ------
- Bem definidos Calcular pela fórmula de Manning

74
Outros Fatores de Relevância

Cobertura Vegetal

o Florestas: maior interceptação; maior


profundidade de raízes.

o Maior interceptação = escoamento demora mais a


ocorrer.

o Maior profundidade de raízes = água consumida


pela evapotranspiração pode ser retirada de
maiores profundidades do solo.

75
Outros Fatores de Relevância

Uso e Manejo do Solo

o Substituição de florestas por lavoura/pastagens


o Urbanização: telhados, ruas, passeios,
estacionamentos e até pátios de casas
o Modificação dos caminhos da água
o Aumento da velocidade do escoamento (leito natural
rugoso x leito artificial com revestimento liso)
o Encurtamento das distâncias até a rede de
drenagem (exemplo: telhado com calha)

76
Outros Fatores de Relevância

Uso e Manejo do Solo

o Agricultura = compactação do solo


o Redução da quantidade de matéria orgânica no
solo
o Porosidade diminui
o Capacidade de infiltração diminui
o Raízes mais superficiais: Consumo de água das
plantas diminui

77
Outros Fatores de Relevância

Taxa de Infiltração de Água (Tx ) e Tipo dos Solos


oSolo Argiloso: Tx < 5 mm.h-1
oSolo Franco-argiloso: Tx = 5 a 10 mm.h-1
oSolo Franco: Tx = 10 a 20 mm.h-1
oSolo Franco-arenoso: Tx = 20 a 30 mm.h-1
oSolo Arenoso: Tx = 30 mm.h-1
o Normalmente:
 Solos arenosos → maior infiltração e menor escoamento
superficial (ES)
 Solos argilosos → maior ES
 Solos mais rasos → maior ES

78
Outros Fatores de Relevância

Geologia

 Rochas do sub-solo afetam o comportamento da bacia


hidrográfica.

 Rochas porosas tem a propriedade de armazenar


grandes quantidades de água (rochas sedimentares –
arenito).

 Rochas magmáticas tem pouca porosidade e armazenam


pouca água, exceto quando são muito fraturadas.

 Bacias com depósitos calcáreos tem grandes cavidades


no sub-solo onde a água é armazenada.

79
Ciclo Hidrológico

80
Ciclo Hidrológico

81
Ciclo Hidrológico

82
Ciclo Hidrológico

83
Ciclo Hidrológico

84
Processos do Ciclo Hidrológico
Precipitação e evaporação
no espaço e no tempo

Precipitação direta em
Precipitação sobre Interceptação
lagos, rios e
áreas impermeáveis vegetal
Evaporação e reservatórios
evapotranspiração

Interceptação por
diferentes superfícies

Infiltração de
superfícies
permeáveis

Balanço no meio
não-saturado
Evaporação e
evapotranspiração

Escoamento Escoamento no meio


Percolação
superficial não-saturado

Escoamento
subterrâneo

Vazão superficial
85
Balanço Hídrico

• Balanço entre entradas e saídas de água em uma bacia


hidrográfica
• Principal entrada  precipitação
• Saídas  evapotranspiração e escoamento.
• A equação abaixo tem que ser satisfeita:
ΔARM ΔS/Δt  P  ETpc  ES
 P  ETpc  ES ou
Δt
Onde
ARM ou S  variação do volume de água armazenado na bacia (m3)
t intervalo de tempo considerado (s)
P  precipitação (m3.s-1)
ETpc  evapotranspiração (m3.s-1)
ES escoamento superficial (m3.s-1)

86
Balanço Hídrico

87
Balanço Hídrico

• A variação de armazenamento pode ser desprezada na maior


parte das bacias em intervalos de tempo longos (como um ano
ou mais)
entrada saída
desprezível Etpc=evapotranspiração
potencial da cultura.
Alguns autores também
ΔS
 P  ETpc  ES P  ETpc  ES relacionam
hídrico.
ao déficit
Δt
Reescrita em unidades de mm.ano-1, o que é feito dividindo os volumes pela
área da bacia
As unidades de mm são mais usuais para a precipitação e para a
evapotranspiração.
Coeficiente de Escoamento
Representa a relação
do volume que escoa Q Q max ES
sobre a superfície do C  
terreno e o volume P P P
total precipitado
88
Coeficiente de Escoamento

Percentual da chuva que se


transforma em escoamento

Valor “C” depende de:


• solo
• cobertura do solo
• tipo de ocupação
•característica da chuva (tempo de retorno, intensidade
da precipitação, distribuição temporal)
Valor “C” entre 0 e 1: Na prática os valores vão de 0,05 a 0,5 para a
maioria das bacias.

C ≈ 0 – solos (pisos) com menor impermeabilização


C ≈ 1 – solos (pisos) com maior impermeabilização
89
Balanço Hídrico para algumas Regiões
Hidrográficas Brasileiras
Q
C
P
Região Área Chuva Vazão Evapo Chuva Vazão Evapo Vazão
transp. transp. %
km 2 m 3/s m 3/s 3
m /s mm mm mm Chuva
Amazonas - Total 6112000 493491 202000 291491 2546 1042 1504 41
Amazonas- Brasil 3884191 277000 128900 139640 2249 1047 1134 47
Tocantins 757000 42387 11300 31087 1766 471 1295 27
Atlântico Norte 242000 16388 6000 10388 2136 782 1354 37
Atlântico Nordeste 787000 27981 3130 24851 1121 125 996 11
São Francisco 634000 19829 3040 16789 986 151 835 15
Atlântico Leste (1) 242000 7784 670 7114 1014 87 927 9
Atlântico Leste (2) 303000 11791 3710 8081 1227 386 841 31
Paraná 877000 39935 11200 28735 1436 403 1033 28
Paraguai 368000 16326 1340 14986 1399 115 1284 8
Uruguai 178000 9589 4040 5549 1699 716 983 42
Atlântico - Sul 224000 10519 4570 5949 1481 643 838 43
Brasil - Amazonas Total 10724000 696020 251000 445020 2047 738 1309 36
Brasil - Amazonas Parcial 8496191 479529 177900 293169 1780 660 1088 37
(1) Do Japaratuba (SE) ao Pardo (BA)
(1) Do Jequitinhonha (MG/BA) ao Paraíba do Sul ( SP/MG/RJ)

90
Exemplo 1
Qual seria a vazão de saída de uma bacia completamente
impermeável, com área de 60km2, sob uma chuva constante à taxa de
10 mm.hora-1?

Resolução:

Cada mm de chuva sobre a bacia de 60km2  volume total de 60.000


m3 lançados sobre a bacia  em uma hora são lançados 600.000 m3
de água sobre esta bacia.

A bacia é impermeável  toda a água deve sair pelo exutório a uma


vazão constante de 167 m3.s-1.
• Q = C x P x A ou Q = 0,278 x C x im x A
• Se A = 60 km2 (60 milhões de m2), C = 1
• P = im = 10 mm/hora (2,7 . 10-6 m/s)
• Q = 167 m3/s
91
Exemplo 2

A região da bacia hidrográfica do rio Taquari recebe precipitações


médias anuais de 1600 mm. Em Muçum (RS) há um local em que são
medidas as vazões deste rio e uma análise de uma série de dados
diários ao longo de 30 anos revela que a vazão média do rio é de 340
m3.s-1.

A) Considerando que a área da bacia neste local é de 15.000 Km2, qual


é a evapotranspiração média anual nesta bacia?

B) Qual é o coeficiente de escoamento de longo prazo?


Obs:Desprezar o armazenamento ao longo do tempo para resolver as
alternativas A e B.

C) Considerando que a área da bacia neste local é de 15.000 Km2, qual é


a evapotranspiração média anual nesta bacia? Considerar a infiltração
média anual igual a 460mm.
92
Exemplo 2

Resolução:
A)
desprezível

Δ ARM
 P  ETpc  Q ES P  ETpc  Q ES
Δt

A vazão média de 340 m3.s-1 em uma bacia de 15.000 km2 corresponde


ao escoamento anual de uma lâmina dada por:

Q(m3  s1 )  3600  24  365 (s  ano1 ) 1


Q(mm/ano)  2
 1000 (mm  m )
A(m )
ou
3,6 . 24 . 365
Q(mm/ano)  Q(m3  s1 )
A(km 2 )

93
Exemplo 2

3,6 . 24 . 365
1
Q(mm/ano)  Q(m  s )
3

A(km2 )
3,6  24  365
Q ES (mm/ano)  340   715 mm  ano 1
15000
A Evapotranspiração é dada por

ETpc  P  QES  1600  715  885 mm  ano -1

B) O coeficiente de escoamento de longo prazo é dado por


C  QES P  715 1600  0,447
C) Evapotranspiração considerando I = 460 mm/ano.

ETpc  P  QES  I  1600  715  460  425 mm  ano -1


94

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