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Editorial
Como o El Niño pode prolongar a inflação dos
alimentos
Entenda o fenômeno El Niño e La Niña
Europa teve em 2022 o verão mais quente da
história
Como as mudanças climáticas impactaram 2022
"Perda de água é alerta para as mudanças
climáticas"
Mesmo com crise hídrica, Brasil perde 40% da
água tratada
Clima global depende de ações urgentes, apela
IPCC
Por que a maior parte do plástico não pode ser
reciclado
O que é o 'problema dos beijos' que atormenta
os matemáticos há séculos
A 'heresia de Kepler': a forma geométrica que
fez o astrônomo questionar Deus
O que são juros compostos, a 'bola de neve'
matemática da qual os super-ricos tiram
proveito
O que é a economia azul e por que ela é
importante para a América Latina
Editorial
Água, Plástico e Meio Ambiente: Um
Chamado Urgente para Ação
A escassez de água e os impactos devastadores do plástico no
meio ambiente são questões que não podem mais ser
ignoradas. Nossa região enfrenta desafios significativos em
relação à conservação da água e à redução do uso e descarte
irresponsável de plásticos. É chegada a hora de agirmos com
urgência e responsabilidade para proteger nosso precioso
recurso natural e preservar o meio ambiente para as gerações
futuras.
A água é um bem fundamental para a vida. No entanto, muitas
vezes damos por garantida a disponibilidade desse recurso
vital. A falta de consciência e o desperdício desenfreado têm
contribuído para a diminuição dos níveis de água em nossos
rios, lagos e aquíferos. Precisamos adotar uma abordagem
mais sustentável em relação ao consumo de água,
implementando práticas de conservação, reutilização e
reciclagem.
Além da escassez de água, outro problema crescente é a
poluição causada pelo plástico. O plástico tem sido
amplamente utilizado em nosso cotidiano, mas sua
durabilidade e dificuldade de decomposição tornaram-no uma
ameaça significativa ao meio ambiente. Milhões de toneladas
de plástico acabam nos oceanos a cada ano, prejudicando a
vida marinha e poluindo nossas praias. É essencial que
reduzamos o consumo de plástico descartável e promovamos
alternativas sustentáveis, como materiais biodegradáveis e
embalagens reutilizáveis.
Felizmente, já existem iniciativas promissoras sendo
implementadas em nossa região. Projetos de conscientização
pública sobre o uso racional da água e programas de
reciclagem têm se mostrado eficazes em outros lugares.
Precisamos seguir esses exemplos e adaptá-los às nossas
necessidades locais. É crucial que as autoridades, empresas,
organizações não governamentais e a população em geral se
unam nesse esforço conjunto para enfrentar esses desafios
urgentes.
No entanto, a solução dessas questões não é responsabilidade
apenas de um setor da sociedade. Todos nós, como indivíduos,
temos um papel a desempenhar. Podemos começar adotando
hábitos mais conscientes em nossas vidas diárias:
economizando água, reutilizando embalagens, reciclando
plástico e optando por produtos sustentáveis. É essencial que
ensinemos às gerações futuras a importância da conservação
da água e do meio ambiente, para que possamos construir um
futuro mais sustentável.
Além disso, é necessário que nossas autoridades locais
programem políticas e regulamentações mais rígidas em
relação ao uso e ao descarte de plástico. Incentivos fiscais
para empresas que adotam embalagens ecologicamente
corretas e a criação de programas de coleta seletiva são
apenas algumas das medidas que podem ser adotadas para
combater esse problema.
A questão da água e do plástico no meio ambiente é uma
ameaça real e iminente para nossa região. Precisamos agir
agora, antes que seja tarde demais.
Como o El Niño pode prolongar a
inflação dos alimentos
Fenômeno climático já voltou e ameaça o planeta com
inundações e secas. Suas temporadas anteriores geraram
trilhões de dólares de prejuízo à economia global.
Seca deve impactar diretamente nas safras de vários países do mundoFoto: FADEL
SENNA/AFP/Getty Images
"De repente, há grande quantidade de chuva perto da costa do
Peru", exemplifica Erin Coughlan de Perez, autora do último
relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) e pesquisadora do Centro Climático da Cruz
Vermelha. "São despejos de água sem precedentes num local
que costuma ser bastante seco."
Os efeitos do El Niño se estendem acima do Oceano Pacífico e
pelo resto do mundo. Eles alteram as rotas das correntes de
jato – ventos fortes muito acima do solo – que viajam pelo
planeta guiados pelas chuvas.
"As nuvens altas cutucam a atmosfera e desencadeiam ondas
[atmosféricas]. Isso perturba o clima em todos os lugares",
detalha Rodrigues.
Seca generalizada
Em 2022, as altas temperaturas se somaram à escassez de
chuva, causando uma situação de seca generalizada na
Europa. Em relação à área afetada, 2022 foi o ano mais seco já
registrado, e 63% dos rios europeus ficaram com vazões
abaixo da média.
No inverno, houve ainda menos dias de neve do que a média,
chegando a até 30 dias em algumas regiões. Na primavera, as
precipitações ficaram abaixo da média em grande parte do
continente.
A falta de neve no inverno e as temperaturas elevadas
provocaram um derretimento recorde das geleiras dos Alpes
– mais de cinco quilômetros cúbicos.
"A água é um bem finito, e talvez não tenhamos sido os mais
eficientes na sua gestão. Nos últimos seis anos, a vazão da
maioria dos rios europeus tem estado abaixo da média, o que
significa que temos que nos adaptar às atuais condições
climáticas, nas quais a disponibilidade de água é menor do
que no passado", afirmou a vice-diretora do C3S, Samantha
Burgess.
Incêndios florestais
O calor e a falta de chuvas formaram o cenário ideal para os
milhares de incêndios florestais que devastaram a Europa em
2022, especialmente no sul. Esses incêndios geraram as
maiores emissões de carbono desse tipo registradas na União
Europeia desde o verão de 2017.
França, Espanha, Alemanha e Eslovênia tiveram as maiores
emissões de incêndios florestais dos últimos 20 anos, e o
sudoeste europeu teve alguns dos maiores incêndios já
registrados no continente.
O relatório também indicou que, em âmbito global, a
concentração de CO2 e metano atingiram no ano passado os
níveis mais altos já medidos por satélites. Esses gases são os
principais causadores do aquecimento global.
cn/lf (EFE, AFP, AP, dpa)
É como se, por dia, cada uma das 61,7 milhões de casas
conectadas ao sistema em todo o país perdessem 343 litros de
água para vazamentos. E junto com a água limpa que volta
para o solo, vão-se quantias consideráveis investidas no
processo de purificação.
"Economicamente há um impacto ao gastar mais recursos
com o tratamento de água, sendo que este recurso a mais
poderia ser investido, por exemplo, em reparar e substituir
pouco a pouco a rede de distribuição de água potável",
comenta Adriana Cuartas, pesquisadora do Centro Nacional
de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
(Cemaden).
Medidas de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas podem salvar vidas e
são mais baratas do que os custos das alterações desenfreadas no clima na
economiaFoto: Mathilde Bellenger/AFP/Getty Images
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), entidade científica que reúne pesquisadores de todo o
mundo, publicou nesta segunda-feira (20/03) um relatório
sobre o estado atual do clima global e as formas de lidar com o
tema.
O documento alerta que o aumento das temperaturas,
catástrofes naturais e alterações nos ecossistemas ameaçam
cada vez mais a vida humana e a natureza em todas as regiões
do mundo. E os avanços alcançados em termos de proteção
climática não são suficientes para reverter esse quadro.
"A implementação de medidas climáticas eficientes e
equitativas poderá não apenas reduzir as perdas e danos para
a natureza e para as pessoas, mas também trará benefícios
enormes", afirmou o presidente do IPCC, Hoesung Lee. "O
relatório ressalta a urgência de mais ações ambiciosas e
mostra que, se agirmos agora, ainda poderemos assegurar um
futuro sustentável e com vida para todos."
O que é o IPCC?
O IPCC é um órgão das Nações Unidas que analisa as
pesquisas atuais sobre o clima. Ele possui centenas de
cientistas que estudam os impactos atuais e os riscos futuros
impostos pela crise climática, bem como formas de mitigar os
impactos negativos e de se adaptar a um planeta mais quente.
Os especialistas avaliam coletivamente milhares de estudos
científicos, bem como relatórios governamentais e da
indústria, para produzir uma análise abrangente sobre a
forma como as mudanças climáticas alteram o mundo.
Desde 2018, o Painel publicou seis relatórios especiais de
grande profundidade. O documento atual é um resumo global
das principais conclusões.
Até 2030, é preciso cortar quase metade das emissões resultantes da queima de
carvão, petróleo e gás, ou enfrentar um aquecimento global de 3° C.Foto: Ina
Fassbender/AFP/Getty Images
Além disso, são necessárias medidas de adaptação aos efeitos
das alterações climáticas já visíveis hoje em dia. Isso poderá
salvar vidas e é ainda mais barato do que os custos das
alterações climáticas desenfreadas na economia e na
sociedade.
No entanto, a janela de oportunidade para atingir esses
objetivos está se fechando rapidamente, afirmam os
cientistas. Até 2030, a comunidade global precisa reduzir a
quase a metade suas emissões resultantes da queima de
carvão, petróleo e gás, ou então enfrentar um aquecimento
global de cerca de 3° C.
"A eliminação rápida e equitativa de todos os combustíveis
fósseis e a mudança para as energias renováveis é essencial e
tem grande potencial para o desenvolvimento sustentável em
todo o mundo", comentou em nota Sven Harmeling, da ONG
Care.
Possíveis soluções
Há inúmeras formas de produzir menos gases com efeito de
estufa, seja através de uma dieta que inclua menos carne,
utilização de transportes elétricos, conversão da indústria
siderúrgica em hidrogênio, fim dos subsídios aos
combustíveis fósseis, expansão dos transportes públicos, ou
proteção da biodiversidade e das florestas.
Para tal, é necessária uma "ação maciça e paralela", afirma
Tom Mitchell, diretor-executivo do Instituto Internacional
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED): "Gostemos
ou não, a única opção é a solidariedade e a responsabilidade
compartilhada, na qual cada um tem de fazer a sua parte."
Impor limites à crise climática requer mais do que apenas
governos. As pegadas ecológicas das cidades e regiões, da
agricultura e do comportamento dos consumidores, também
teriam de ser reduzidos ao mínimo.
A prioridade maior, contudo, é uma rápida eliminação gradual
do carvão, petróleo e gás e a eletrificação simultânea do
sistema energético global, baseada principalmente na energia
eólica e solar. Desde 2010, o custo das energias renováveis foi
reduzido em até 85%.
Maior parte das embalagens plásticas é produzida com sete tipos de material,
basicamente incompatíveis entre si e difíceis de reciclarFoto: Crispin
Kyalangalilwa/REUTERS
Cerca de 85% das embalagens plásticas de todo o mundo
acabam nos depósitos de lixo. Nos Estados Unidos, de longe o
maior poluidor de plásticos em todo o mundo, somente 5%
das 50 milhões de toneladas de lixo desse material
descartado pelas residências foram recicladas, afirma a ONG
ambientalista Greenpeace. Uma triste constatação no Dia
Global da Reciclagem, 18 de março.
Tendo em vista a previsão de que sua produção deverá
triplicar até 2060, os plásticos fabricados principalmente a
partir de petróleo e gás são uma fonte crescente
da poluição carbônica que impulsiona as mudanças climáticas.
Grande parte do lixo plástico acaba nos oceanos, com
impacto grave sobre a vida marinha.
As promessas feitas pelas empresas que mais
consomem plástico, como a Nestlé e a Danone, de promover a
reciclagem e incluir cada vez mais reciclados em suas
embalagens, não vêm sendo cumpridas.
Na Áustria e Espanha, o lobby do plástico, juntamente com os
supermercados, tenta às vezes evitar a responsabilização
fazendo frente contra os esquemas de vasilhames
retornáveis que incluam garrafas de plástico.
Mas ainda há esperança. Novas regulamentações universais
sobre o plástico estão sendo atualmente negociadas no
âmbito de um tratado mundial visando otimizar a produção,
usar e reutilizar o plástico, num modelo de economia circular.
No entanto, essa produção circular ainda se baseia do mito da
reciclagem, que, nas condições atuais, pouco está
fazendo para aplacar a crescente crise do plástico.
Proibir é solução?
Uma pesquisa de 2022, com mais de 23 mil consultados em 34
países, revelou que 80% apoia banir alguns tipos de plástico
que não podem ser facilmente reciclados.
Os autores da pesquisa, conduzida pela entidade internacional
de conservação WWF e pela Plastic Free Foundation, na
Austrália, afirmam que "qualquer progresso significativo em
reduzir o lixo global de plástico" precisa incluir a
proibição dos "tipos de plástico de uso único mais
problemáticos e prejudiciais, equipamentos de pesca e
microplásticos."
A União Europeia (UE) adotou algumas medidas nessa
direção, ao banir dez tipos de plásticos mono-uso que não
empestam apenas as praias europeias, mas também estão na
contramão do modelo de economia circular da UE, segundo
o qual todos os plásticos descartáveis terão de ser
reutilizáveis até 2030.
Enquanto isso mais de 30 países africanos baniu parcial ou
totalmente os sacos plásticos leves. Um tratado global de
plásticos poderia alinhar essas proibições mundo afora,
possibilitando uma regulamentação global coerente.
CRÉDITO, GETTY IMAGES - Legenda da foto - Walter tinha uma dúvida sobre suas
balas de canhão
Tudo começou no século 16 com o famoso explorador ou
pirata (dependendo do seu ponto de vista) inglês Walter
Raleigh. Mas ele não era matemático nem, pelo que sabemos,
tinha problemas com beijos.
O que ele tinha eram balas de canhão e uma pergunta: qual
era a maneira mais eficaz de empilhá-las para minimizar ao
máximo o espaço que ocupavam em suas embarcações?
Era um problema matemático — e, na matemática, essas balas
são esferas e "beijo" (ou ósculo) é uma forma de chamar os
pontos em que uma esfera toca a outra.
A questão de Raleigh geraria um mistério matemático que
povoaria mentes brilhantes por centenas de anos.
Ele fez a pergunta a seu consultor científico em uma viagem à
América em 1585, o ilustre matemático Thomas Harriot, que
deu a ele uma solução:
A melhor maneira de armazenar suas balas de canhão era
organizá-las em forma de pirâmide.
Em um manuscrito de 1591, Harriot fez para ele uma tabela
mostrando como, dado o número de balas de canhão, alguém
poderia calcular quantas colocar na base de uma pirâmide
com uma base triangular, quadrada ou oblonga (alongada).
Mas Harriot continuou pensando sobre o assunto, e levou em
consideração as implicações para a teoria atômica da matéria,
que estava em voga na época.
Milhares de beijos
Além das dimensões 1 (intervalos), 2 (círculos) e 3 (esferas), o
problema do "beijo" está quase sem resolução.
Há apenas dois outros casos em que esse número de "beijos" é
conhecido.
Em 2016, a matemática ucraniana Maryna Viazovska
estabeleceu que o número de beijos na dimensão 8 é 240, e na
dimensão 24 é 196.560.
Para as outras dimensões, os matemáticos foram reduzindo
lentamente as possibilidades a faixas estreitas.
Para dimensões maiores que 24, ou uma teoria geral, o
problema está em aberto.
Há vários obstáculos para uma solução completa, incluindo
limitações computacionais, mas a expectativa é de que haja
um avanço importante nesse problema nos próximos anos.
De que adianta, no entanto, empacotar esferas de dimensão 8,
por exemplo?
O topólogo algébrico Jaume Aguadé respondeu a essa
pergunta em um artigo de 1991 intitulado "Cem anos de E8".
"É usado para fazer chamadas telefônicas, ouvir Mozart em
um CD, enviar um fax, assistir à televisão via satélite,
conectar-se, por meio de um modem, a uma rede de
computadores."
"Serve para todos os processos em que é necessária a
transmissão eficiente de informações digitais."
"A teoria da informação nos ensina que os códigos de
transmissão de sinais são mais confiáveis em dimensões
maiores, e o retículo de E8, com sua simetria surpreendente e
dada a existência de um decodificador apropriado, é uma
ferramenta fundamental na teoria de codificação e
transmissão de sinais."
- Este texto foi publicado
em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cxe5j1yg4llo
A 'heresia de Kepler': a forma
geométrica que fez o astrônomo
questionar Deus
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Se a economia azul — o uso sustentável dos recursos dos
oceanos — fosse contada como um país, ela seria a sétima
maior economia do mundo. Se formassem uma nação, os
oceanos seriam integrantes do G7.
Trata-se do maior ecossistema do mundo, que cobre 70% da
superfície terrestre, fornece 50% do oxigênio que respiramos
e é o maior depósito natural de carbono. No entanto, por
décadas esse ecossistema foi rejeitado.
A sua conservação e proteção ainda tem um longo caminho a
percorrer em áreas como a luta contra a pesca predatória, a
destruição do habitat e as alterações climáticas.
Indústrias importantes ao redor do mundo dependem da
saúde dos oceanos e têm impacto sobre ela. A economia
oceânica movimenta entre US$ 3 e 6 trilhões a cada ano,
segundo dados das ONU.
Isso inclui empregos e todos os serviços relacionados ao
oceano e aos mares, incluindo navegação, pesca, energia
renovável, construção de portos, turismo costeiro e
infraestrutura costeira.
"Se você calcular a economia oceânica como uma economia
nacional, seria a sétima maior economia do mundo", explica
Ole Vestergaard, chefe da Economia Azul Sustentável do
Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), à
BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.