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30/09/2021 21:33 Mudanças climáticas alarmantes: veja 5 grandes resultados do relatório do IPCC | WRI Brasil

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Notícias Blog Mudanças climáticas alarmantes: veja 5 grandes resultados do relatório do IPCC

Mudanças climáticas alarmantes: veja 5 grandes


resultados do relatório do IPCC
por
Kelly Levin, David Waskow e Rhys Gerholdt
- 09.08.2021

As manchetes recentes relacionadas


ao clima extremo parecem ter saído
de um livro de ficção científica:
mesmo os países mais ricos do
mundo não conseguem controlar
incêndios generalizados – que estão
queimando até o Ártico. Inundações
mortais na Alemanha e na Bélgica em
julho de 2021 destruíram Enchentes e eventos extremos se tornarão mais
completamente edifícios e carros, e intensos e frequentes a cada fração de
mais de 1.000 pessoas continuam aquecimento na temperatura do planeta. Na foto,
desaparecidas. Centenas morreram enchente em Manaus, em maio de 2021 (foto:
em enchentes na China. O noroeste Nelson Antoine/Shutterstock)

dos Estados Unidos, conhecido por


seu clima frio, atingiu mais de 38°C por vários dias. E o Ártico perdeu uma área de
gelo marinho equivalente ao tamanho da Flórida entre junho e meados de julho de
2021.
Essas mudanças estão acontecendo com um aquecimento médio de apenas 1,1°C
em relação aos níveis pré-industriais. O mais recente relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o órgão de maior
autoridade do mundo em ciência do clima, conclui que isso é apenas uma amostra
do que está por vir.

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O sexto relatório do Grupo de Trabalho I do IPCC mostra que o mundo


provavelmente atingirá ou excederá 1,5 °C de aquecimento nas próximas duas
décadas – mais cedo do que em avaliações anteriores. Limitar o aquecimento a
este nível e evitar os impactos climáticos mais severos depende de ações nesta
década.
Somente cortes ambiciosos nas emissões permitirão manter o aumento da
temperatura global em 1,5°C, o limite que os cientistas dizem ser necessário
para prevenir os piores impactos climáticos. Em um cenário de altas
emissões, o IPCC constata que o mundo pode aquecer até 5,7°C até 2100 – com
resultados catastróficos.
Claro, cada fração a mais de aquecimento vem com consequências mais perigosas e
caras. Em apenas uma década, estaremos olhando para as manchetes apocalípticas
de hoje pensando em como as coisas estavam estáveis em 2021.

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O relatório oferece ao mundo uma visão clara do estado atual das mudanças
climáticas e descreve as ações transformadoras que os governos devem tomar para
evitar um futuro calamitoso. Aqui estão cinco coisas que você precisa saber:

1) Estamos a caminho de atingir 1,5 °C de aquecimento mais cedo


do que o previsto anteriormente
Nos cenários estudados pelo IPCC, há mais de 50% de chance de que a meta de
1,5°C seja atingida ou ultrapassada entre 2021 e 2040 (há uma estimativa central
para o início de 2030). O período de 2021-2040 é uma década anterior ao intervalo
estimado pelo IPCC no Relatório Especial sobre o Aquecimento Global de 1,5°C
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devido a estimativas maiores de aquecimento histórico e de aquecimento futuro de


curto prazo. Em um cenário de altas emissões, o mundo atinge o limite de 1,5°C
ainda mais rapidamente (2018-2037).
Se o mundo seguir um caminho de alto carbono (SSP5-8.5), o aquecimento global
poderá subir para 3,3-5,7°C acima dos níveis pré-industriais no final do século. Para
colocar isso em perspectiva, o mundo não experimentou um aquecimento global de
mais de 2,5°C nos últimos 3 milhões de anos.

Ao mesmo tempo, o relatório mostra que, mesmo com medidas rigorosas de


redução de emissões, já induzimos muito aquecimento no sistema climático. É
certo que vamos enfrentar eventos climáticos extremos mais perigosos e destrutivos
do que vemos hoje, o que ressalta a necessidade de investir muito em resiliência.

2) Limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século ainda


está ao nosso alcance, mas requer mudanças transformadoras
Por outro lado, se o mundo tomar medidas muito ambiciosas para conter as
emissões na década de 2020, ainda podemos limitar o aquecimento a 1,5°C até o
final do século. Este cenário inclui um pico potencial de 1,6°C entre 2041 e 2060,
após o qual as temperaturas caem abaixo de 1,5°C até o final do século.
Mudanças de pequena escala não serão suficientes, vamos precisar de ações
rápidas e grandes transformações.
O orçamento de carbono restante – a quantidade total que podemos emitir e ainda
termos uma chance de limitar o aquecimento a 1,5° C – é de apenas 400
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gigatoneladas de dióxido de carbono (GtCO2) no início de 2020 (um valor que pode
variar em 220 GtCO2 ou mais se você levar em consideração as emissões de outros
gases de efeito estufa, como o metano). Presumindo níveis de emissões globais
recentes de 36,4 GtCO2 por ano, isso equivale a cerca de 10 anos até esgotarmos o
orçamento. Embora as emissões globais tenham caído devido à Covid-19, elas
voltaram a aumentar rapidamente.
Devemos redefinir a forma como usamos e produzimos energia, fazemos e
consumimos bens e serviços e administramos nossas terras. Limitar os efeitos
perigosos da mudança climática exige que o mundo alcance emissões líquidas zero
de CO2 e faça grandes cortes nos outros gases de efeito estufa, como o metano. A
remoção de carbono pode ajudar a compensar as emissões mais difíceis de abater,
seja por meio de abordagens naturais como o plantio de árvores ou abordagens
tecnológicas como captura e armazenamento direto de ar. No entanto, o IPCC
observa que o sistema climático não responderá imediatamente à remoção de
carbono. Alguns impactos, como a elevação do nível do mar, não serão reversíveis
por pelo menos vários séculos, mesmo após a queda das emissões.
Embora seja difícil atingir a meta de 1,5°C e isso vai exigir um gerenciamento das
compensações, também há uma grande oportunidade: a transformação pode levar
a empregos de melhor qualidade, benefícios para a saúde e para a vida na Terra.
Governos, empresas e outros atores estão lentamente reconhecendo esses
benefícios, mas precisamos de uma ação maior e mais rápida.

3) Nossa compreensão da ciência do clima – incluindo sobre a


conexão com os eventos meteorológicos extremos – é mais forte
do que nunca
Agora é inequívoco que as emissões causadas pelo homem, como a queima de
combustíveis fósseis e o corte de árvores, são responsáveis pelo aquecimento
recente. Dos 1,1°C de aquecimento que vimos desde a era pré-industrial, o IPCC
concluiu que menos de 0,1°C se deve a forças naturais, como vulcões ou variações
do sol.
Além disso, a ciência da atribuição que liga eventos extremos ao aquecimento
induzido pelo homem tornou-se muito mais sofisticada, graças a maiores dados
observacionais, reconstruções paleoclimáticas aprimoradas, modelos de alta
resolução, capacidade maior de simular o aquecimento recente e novas técnicas
analíticas. A influência humana, por exemplo, é provavelmente a principal causa
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de eventos de precipitação mais frequentes e intensos, como as chuvas torrenciais


do furacão Harvey. Também há uma conexão entre as mudanças nas condições
climáticas e o risco de incêndio no Mediterrâneo, nos EUA, na Austrália e no sul da
Europa. Um estudo recente descobriu que o calor extremo (que se tornou pelo
menos duas vezes mais provável como resultado da mudança climática induzida
pelo homem) foi um dos principais impulsionadores dos recentes incêndios na
Austrália, por exemplo. Outro estudo preliminar sugere que o recente calor extremo
no noroeste do Pacífico dos EUA e Canadá seria "virtualmente impossível" sem as
mudanças climáticas causadas pelo homem.
Os cientistas também descobriram que a influência humana é o principal motor de
muitas mudanças na neve e no gelo, nos oceanos, na atmosfera e na terra. As
ondas de calor marinhas, por exemplo, tornaram-se muito mais frequentes no
século passado, e o IPCC observa que as atividades humanas contribuíram com 84-
90% delas desde pelo menos 2006. O aquecimento induzido pelo homem tem muito
provavelmente sido o principal motor do recuo glacial desde década de 1990, a
redução do gelo do mar Ártico desde 1970, o declínio da cobertura de neve da
primavera no Hemisfério Norte desde 1950 e o aumento do nível do mar global
desde pelo menos 1970.

4) As mudanças que já estamos vendo são sem precedentes na


história recente e afetarão todas as regiões do globo
A mudança climática já impactou todas as regiões da Terra. Não estamos apenas
quebrando recordes de aquecimento e outros impactos, mas o mundo em que
vivemos hoje não tem paralelo recente.

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O relatório do IPCC mostra que nenhuma região ficará intocada pelos impactos das
mudanças climáticas, com enormes custos humanos e econômicos que superam
em muito os custos da ação. O sul da África, o Mediterrâneo, a Amazônia, o oeste
dos Estados Unidos e a Austrália verão um aumento de secas e incêndios, que
continuarão a afetar os meios de subsistência, a agricultura, os sistemas hídricos e
os ecossistemas. As mudanças na neve, gelo e inundações de rios são projetadas
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para impactar a infraestrutura, transporte, produção de energia e turismo na


América do Norte, Ártico, Europa, Andes e diversas outras regiões. As tempestades
provavelmente se tornarão mais intensas na maior parte da América do Norte,
Europa e Mediterrâneo.

5) Cada fração de aquecimento leva a impactos mais perigosos e


custosos
O relatório traça o perfil das consequências do aquecimento mundial em 1,5°C e
quão piores serão os efeitos se as temperaturas subirem 2°C ou 4°C. Cada fração de
aquecimento realmente importa – seja relacionada à intensidade e frequência das
precipitações extremas, à severidade das secas e ondas de calor ou à perda de gelo
e neve. Muitas consequências das mudanças climáticas se tornarão irreversíveis
com o tempo, principalmente o derretimento das camadas de gelo, a elevação dos
mares, a perda de espécies e a acidificação dos oceanos. E os impactos continuarão
a aumentar e se agravar à medida que as emissões aumentam.
O relatório conclui que a chance de exceder os pontos de não retorno, como o
aumento do nível do mar devido ao colapso das camadas de gelo ou mudanças na
circulação dos oceanos, não pode ser excluída de um planejamento futuro. Sua
probabilidade aumenta conforme o aquecimento cresce. A 3°C e 5°C,
respectivamente, as projeções sugerem uma eventual perda quase completa da
camada de gelo da Groenlândia (que contém gelo suficiente para elevar o nível do
mar em 7,2 metros) e perda total da camada de gelo da Antártica Ocidental (que
contém gelo equivalente para elevar o nível do mar em 3,3 metros). O derretimento
neste nível redefinirá os litorais em todos os lugares.
O relatório também conclui que nossos preciosos sumidouros de carbono – a terra e
os oceanos – correm grande risco. Atualmente, eles realizam um serviço notável,
absorvendo mais da metade do dióxido de carbono que o mundo emite, mas se
tornam menos eficazes na absorção de CO2 conforme as emissões aumentam. Em
alguns cenários estudados pelo IPCC, a terra deixa de ser um sumidouro de
carbono e acaba se transformando em uma fonte, emitindo CO2 em vez de sugá-lo.
Isso pode levar a um aquecimento descontrolado. Já estamos vendo isso na floresta
amazônica do sudeste, que não é mais um sumidouro de carbono devido a uma
combinação de aquecimento local e desmatamento. Isso não apenas afeta os
esforços climáticos mundiais, mas representa riscos significativos para a segurança

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alimentar e hídrica dos países da região e pode levar à perda irreversível da


biodiversidade.

Atendendo às advertências do relatório do IPCC


Desde o último relatório de avaliação do IPCC em 2014, não apenas a ciência ficou
mais sofisticada, mas continuamos a emitir gases de efeito esfura em taxas
alarmantes. O relatório deste ano é ainda mais sombrio do que as avaliações
anteriores e a mensagem é clara: esta é a década decisiva para limitar o aumento da
temperatura a 1,5°C. Se coletivamente falharmos em reduzir as emissões na década
de 2020 e zerarmos as emissões líquidas de CO2 por volta de 2050, limitar o
aquecimento a 1,5°C está fora de alcance. Os impactos que enfrentaremos farão
com que o clima extremo de hoje pareça ameno.
Agora é hora de governos, empresas e investidores intensificarem suas ações na
proporção e na escala da crise que enfrentamos. Durante esses últimos meses antes
das negociações climáticas da COP26 em Glasgow, é crucial que os países
proponham metas de redução de emissões mais fortes para 2030 e se comprometam
a atingir a neutralidade de carbono até a metade do século, se não antes. Esses
compromissos precisam ser assumidos com as conclusões do relatório do IPCC em
mente, para que tenhamos a chance de lutar por um futuro mais seguro.

Kelly Levin é diretora de Ciência, Dados e Mudanças Sistêmicas do Bezos Earth


Fund.
Este artigo foi publicado originalmente no Insights.

TAGS: 
ação climática,ciência do clima,clima,economia climática,eventos climáticos extremos,IPCC,metas
climáticas,mudanças climáticas,política climática

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