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CENTRO SOCIOECONÔMICO
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELACÕES INTERNACIONAIS
Estamos há 150 anos queimando combustíveis fósseis, e tivemos benefícios por isso.
A pobreza diminuiu, o padrão de vida subiu. Há quem diga que devemos então continuar nos
baseando nessas fontes de energia. Segundo dados do documentário, “Uma verdade mais
inconveniente”, estamos emitindo 110 milhões de toneladas de poluição que retém o calor do
aquecimento global todos os dias. A agricultura é uma grande causa de emissões de gás de
efeito estufa, mas ainda a principal é a emissão de dióxido de carbono da queima de petróleo,
gás e carvão, seja para eletricidade ou para transporte. Isso intensifica a energia térmica e
eleva a temperatura. Entretanto, as consequências desse padrão de produção e consumo são
evidentes, uma vez que geram uma sobrecarga no sistema biosférico ao ponto de ameaçar a
própria capacidade de reposição do planeta, e consequentemente a vida humana.
Como isso está impactando diretamente a vida dos seres humanos? De acordo com
dados do documentário “Uma verdade mais inconveniente”, no norte da China a expectativa
de vida diminuiu em 5 anos e meio por causa da poluição do ar. A Índia, em maio de 2016,
atingiu uma temperatura de 51 graus, suas ruas estão derretendo. Em 2015, no Paquistão 1200
pessoas morreram por causa da onda de calor. Em 2016, fizeram covas antecipadamente para
as pessoas que temem morrer durante as ondas de calor do mesmo ano. Somente na cidade
Tacloban e nas regiões ao redor, um supertufão, em 2013, gerou 4,1 milhões de refugiados.
Ilhas estão desaparecendo, bem como cidades no próprio Estados Unidos estão sendo
invadidas pelo mar, como no Sul da Flórida. As secas diminuem as áreas agricultáveis, bem
como as inundações fazem com que se perca a colheita, colocando, assim, milhões de pessoas
em situação de insegurança alimentar. Desse modo, cada vez mais pessoas tornam-se
refugiadas climáticos. Nesse sentido, o próprio ex-presidente americano, Barack Obama,
afirmou que as mudanças climáticas são, de fato, um problema de segurança nacional e devem
ser tratadas como tal.
Ainda, outro grande problema são as emissões de gás carbônico pelo setor de
transportes. Os carros elétricos além de tenderem a demorar para se tornar comercialmente
viáveis e ingressarem nos mercados em grande escala, só vão ser efetivos para a eliminação
das emissões de carbono se a matriz energética não for mais poluente, ou seja, deve haver uma
transição na matriz energética antes da implantação desses modelos de carros, se não haverá
apenas uma transferência da fonte das emissões, do transporte para eletricidade. Nesse
sentido, se faz urgente os planejamentos do setor público para um maior investimento em
transportes coletivos, de modo a diminuir a emissão individual e o uso predatório de
automóveis nos centros urbanos.
Portanto, fica evidente que o atual cenário catastrófico, causado pela grande emissão
de gás carbônico, demanda respostas urgentes, as quais não só envolvem uma transição
energética para matrizes energéticas renováveis, mas também uma redução no consumo de
energia, pois, parafraseando Bellamy Foster, a “expansão infinita dentro de um ambiente
finito é uma contradição em termos”, uma transição, por mais que tenha desafios, deve ser
feita, se não, não haverá futuro.