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R L
Uma EDO para a corrente I(t) no circuito RLC da Fig. 60 é obtida a partir da seguinte lei (análoga à segunda
lei de Newton, conforme veremos mais tarde).
Lei da Voltagem de Kirchhoff (KVL).7 A voltagem (a força eletromotriz) imprimida num circuito fechado é
igual à soma da queda de tensão ao longo dos outros elementos do circuito.
Na Fig. 60, o circuito é um caminho fechado e a voltagem fornecida E(t) é igual à soma das quedas de vol-
tagem ao longo dos três elementos R, L e C do circuito.
Quedas de Tensão. Experimentos mostram que uma corrente I passando por um resistor, indutor ou capacitor
causa uma queda de tensão (diferença de tensão, medida em volts) nas duas extremidades; essas quedas são
RI (Lei de Ohm) Queda de tensão num resistor de resistência R (!),
dI
LI" # L $ Queda de tensão num indutor de indutância L henrys (H),
dt
Q
$ Queda de tensão num capacitor de capacitância C farads (F).
C
Aqui, Q coulombs é a carga no capacitor, relacionada com a corrente por
dQ
I(t) # $ ,
dt
equivalentemente, !
Q(t) # I(t) dt.
7
GUSTAV ROBERT KIRCHHOFF (1824–1887), físico alemão. Posteriormente, também necessitaremos da lei da corrente de Kirchhoff
(KCL):
Num ponto qualquer de um circuito, a soma das correntes que chegam é igual à soma das correntes que saem.
As unidades de medida das grandezas elétricas receberam os nomes de ANDRÉ MARIE AMPÈRE (1775–1836), físico francês, CHAR-
LES AUGUSTIN DE COULOMB (1736–1806), físico e engenheiro francês, MICHAEL FARADAY (1791–1867), físico inglês, JOSEPH
HENRY (1797–1878), físico norte-americano, GEORG SIMON OHM (1789–1854), físico alemão, e ALESSANDRO VOLTA (1745–1827),
físico italiano.
74 Parte A • Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs)
De acordo com KVL, temos, portanto, na Fig. 60, para um circuito RLC com uma força eletromotriz E(t) =
E0 sen vt (E0 constante) como um modelo para “equações na forma integral e diferencial”
(1")
1
LI" % RI % $
C
!I dt # E(t) # E 0 sen &t.
Para ficarmos livres dessa integral, derivamos (1") com relação a t, obtendo
1
(1) LI ' % RI" % $ I # E"(t) # E0& cos &t.
C
Isso mostra que a corrente num circuito RLC é obtida como a solução dessa EDO não-homogênea de segunda
ordem com coeficientes constantes (1).
De (1"), usando I # Q", obtemos I" # Q'; também obtemos diretamente
1
(1') LQ' % RQ" % $ Q # E0 sen &t.
C
Porém, na maioria dos problemas práticos, a corrente I(t) é mais importante do que a carga Q(t), e por essa razão,
iremos nos concentrar em (1) ao invés de (1').
(E0 S E0 R
(4) a#$
R2 % S2 , b#$ .
R2 % S2
A Equação (2) com coeficientes a e b dados por (4) é a solução particular desejada Ip da EDO não-homogênea
(1) que governa a corrente I num circuito RLC com uma força eletromotriz senoidal.
Utilizando (4), podemos escrever Ip em termos de grandezas “fisicamente visíveis”, a saber, a amplitude I0 e
a defasagem u da corrente em relação à força eletromotriz, ou seja,
(5) Ip(t) # I0 sen (&t ( ))
onde [veja (14) no Apêndice A3.1]
E0 a S
I0 a2 b2 , tan .
R S 2 2 b R
A quantidade R2 S2 é chamada de impedância. Nossa fórmula mostra que a impedância é igual à razão
E0/I0. Isso é algo análogo à razão E/I = R (lei de Ohm).
Uma solução geral da equação homogênea correspondente a (1) é
*1t *2t
I h # c 1e % c2 e
onde l1 e l2 são as raízes da equação característica
R 1
*2 % $ * % $ # 0.
L LC
Podemos escrever essas raízes na forma *1 # (+ % , e *2 # (+ ( ,, onde
R R2 1 1 4L
, R2 .
2L 4L2 LC 2L C
Agora, num circuito real, R nunca é zero (logo, R > 0). Disso, segue-se que Ih se aproxima de zero, teoricamente
à medida que t , mas, na prática, após um tempo relativamente curto. (Ocorre algo semelhante com o movi-
mento visto na seção anterior.) Daí, a corrente transiente I # Ih % Ip tende a se igualar à corrente de regime
permanente Ip e, após algum tempo, a saída será praticamente uma oscilação harmônica, que é dada por (5) e
cuja freqüência é a mesma da entrada (da força eletromotriz).
E XE MP LO 1 Circuito RLC
Encontre a corrente I(t) num circuito RLC com R = 11 (ohms), L = 0,1 H (henry) e C = 10–2 F (farad), que está conectado a uma fonte de
voltagem E(t) # 100 sen 400t (logo, 63 _32 Hz 63 _32 ciclos/s , pois 400 63_32 2 ). Suponha que a corrente e a carga sejam zero quando
t = 0.
Solução. Etapa 1. Solução geral da EDO homogênea. Substituindo R, L, C e a derivada E"(t) em (1), obtemos
0,1I ' % 11I" % 100I # 100 ! 400 cos 400 t.
Logo, a EDO homogênea é 0,1I ' % 11I" % 100I # 0. Sua equação característica é
(6) I(t) # c1e!10 t % c2 e!100t ( 2,3368 cos 400t % 0,6467 sen 400t.
Etapa 3. Solução particular satisfazendo as condições iniciais. Como usar Q(0) = 0? Finalmente, determinamos c1 e c2 a partir das condições
iniciais I(0) = 0 e Q(0) = 0. Da primeira condição e de (6), temos
Além disso, usando (1") com t = 0 e observando que a integral se iguala a Q(t) (veja a fórmula antes de (1"), obtemos
1
LI (0) R 0 0 0, logo I (0) 0.
C
76 Parte A • Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs)
I"(0) # (10c1 ( 100c2 % 0 % 0,6467 ! 400 # 0, logo, (10c1 # 100(2,3368 ( c1) ( 258,68.
A Fig. 62 mostra I(t) e também Ip(t), que praticamente coincidem, excetuando-se num curto período de tempo próximo de t = 0, porque os
termos exponenciais vão a zero muito rapidamente. Portanto, após um intervalo de tempo muito curto, a corrente praticamente executará
oscilações harmônicas com a freqüência de entrada 63 _32 Hz 63 3_2 ciclos/s. Sua amplitude máxima e de sua defasagem podem ser vistas por
meio de (5), que aqui toma a forma
–1
–2
–3