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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

CAMPUS AVANÇADO WALTER DE SÁ LEITÃO


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA – DHI
CURSO DE HISTÓRIA

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES/RN: HISTÓRIA, MEMÓRIA E


PATRIMÔNIO

JOÃO IGOR DA CRUZ LUIZ

ASSU – RN
Setembro/ 2022
JOÃO IGOR DA CRUZ LUIZ

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES/RN: HISTÓRIA, MEMÓRIA E


PATRIMÔNIO 

Monografia apresentado ao curso de história da


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
– UERN, como requisito de avaliação parcial da
disciplina de Técnica de Pesquisa Aplicada à
História I sobre orientação da professora Jovelina
Santos.

Orientadora: Prof.ª Dra. Jovelina Santos

ASSU – RN
Setembro/ 2022
A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES/RN: HISTÓRIA, MEMÓRIA E
PATRIMÔNIO 

Elaborada por:

JOÃO IGOR DA CRUZ LUIZ

Aprovada em: xx/ xxxx / 2022

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Profª. Jovelina Silva Santos


Orientadora
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN

_________________________________________________________

Prof. Lívia Brenda


Examinador
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN

_________________________________________________________

Prof. João Fernando


Examinador
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN

ASSÚ - RN
Setembro/ 2022
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me guiar na vida em busca dos meus


objetivos, agradeço aos meus pais Antônio Luiz Filho e Dalvanete Alves da Cruz Luiz
que com muita força de vontade, como muita luta me fizeram chegar até aqui, não me
deixaram desistir, desistência essa que eu já pensava e que depois dessa minha cirurgia
foi que eu pensei mesmo em desistir, mas por causa deles eu segui em frente e cheguei
até aqui, eles desbravaram em busca de me oferecer o melhor, que é os estudos e lutar
pelos meus sonhos. Agradeço ao meu irmão José Ítalo da Cruz Luiz, a minha avó Cícera
Maria da Silva, aos meus tios e aos meus primos, aos meus amigos, bem como a toda a
minha família que sempre apoiaram e incentivaram nesta caminhada com grandes
dificuldades, sem eles não estaria concretizando este sonho. À Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte (UERN), que com sua grandeza em levar conhecimento aos
seus alunos, que sem dúvida o estudo é um dos maiores bens que o homem pode
possuir. Aos professores e técnicos do Departamento de História do CAA, em especial a
minha orientadora professora Jovelina Santos que me ajudou muito nessa etapa da
minha vida, ela me orientou muito nessa Monografia e principalmente no momento que
mais precisei, que foi quando estava me recuperando da cirurgia, obrigado, agradeço de
coração Professora. E em especial a todos os professores que passaram por minha
jornada acadêmica, que ajudaram na minha formação transmitindo seus conhecimentos.
Ao pessoal da UERN que são pessoas extraordinárias e que tornam o ambiente de
aprendizagem alegre e prazeroso. Obrigado por transmitirem os seus conhecimentos de
forma descontraída e agradável.
RESUMO

A presente monografia investiga a importância da Estação Ferroviária de Lajes como


patrimônio material e imaterial para os munícipes. A monografia se reveste de
importância por contribuir com os estudos referentes a dimensão patrimonial da Estação
Ferroviária de Lajes e suas imbricações com a memória dos cidadãos e cidadãs deste
município. Apresentamos uma abordagem histórica das linhas férreas no Brasil,
abordando os significados econômicos e sociais deste novo meio de transporte que
proporcionava eficiência no escoamento da produção e no transporte de passageiros. Em
Lajes a linha férrea chegou em 1918 dinamizando a economia, mudando a paisagem e a
vida das pessoas. Na perspectiva de compreender os significados da antiga Estação
Ferroviária que assumiu outra dimensão social, histórica e cultural ao se transformar em
Estação das Artes. É perceptível a valorização sócio-histórica desse patrimônio por
parte dos munícipes, muitos dos quais conhecem a história da Estação Ferroviária a
partir das memórias compartilhadas pelos antigos cidadãos e cidadãs lajenses

Palavras chaves: Estação Ferroviária. Lajes. História. Memória.


ABSTRACT

The railways, the locomotives brought with them the economic and technological
advance. The novelty was in the speed of this new means of rapid transport, which
provided efficiency in the flow of production and in the transport of passengers. In
Brazil, railroads began to be built in 1854 on the initiative of Irineu Evangelista de
Souza, the Baron of Mauá, encouraged by the imperial government. In Rio Grande do
Norte, the first railroad built was the Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz, inaugurated in
1883, followed by the Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, inaugurated in
1906, and the Estrada de Ferro, Mossoró-Souza. -PB, opened in 1915. In Lajes the
railway line arrived in 1918. The Lajes railway station is a material and immaterial asset
for its population for having boosted the economy, technology, improvements for the
Municipality, so the residents of Lajes has an appreciation, a patrimonial, affective and
historical relationship with the station. In this sense, this monograph verifies the
importance of the railway station for the residents of Lajes as a memory center,
investigates the history/historical aspects of the Lajes-RN Railway Station, analyzes the
importance of the railway station as a material center and seeks to understand the
importance from the railway station as an affective center for Lajense. Therefore, it is
emphasized that the Monograph is of importance for contributing to the studies related
to the history of the Lajes railway station

Keywords: Train station; slabs; Patrimony; History.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................08

2 A FERROVIA NO BRASIL: um breve balanço histórico...................................10

3. A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA NO RIO GRANDE DO NORTE.

3.1 A malha ferroviária no Rio Grande do Norte.........................................................

3.2 A estação ferroviária de lajes: história e memória iconográfica................................21

4. PATRIMÔNIO E MEMÓRIA: OS SIGNIFICADOS DA ESTAÇÃO PARA OS


LAJENSES ....................................................................................................................28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................39

6 REFERÊNCIAS..........................................................................................................40

7 ANEXO........................................................................................................................42

8 APÊNDICES...............................................................................................................44
8

1 INTRODUÇÃO 

A pesquisa que apresentamos objetiva uma discussão acerca da Estação


Ferroviária de Lajes enquanto patrimônio material e imaterial, referência para a
memória da população lajense. Desde a sua origem no Brasil e no Rio Grande do Norte,
a ferrovia assumiu grande importância para importação e exportação fortalecendo a
economia nacional no auge das atividades açucareira, carvoeira, cafeeira, algodoeira,
dentre outras atividades e funções que a ferrovia assumiu em todo o território nacional
e, particularmente, no município citado acima.
Nosso objeto de pesquisa é a estação ferroviária para os moradores de Lajes,
enquanto patrimônio material e imaterial. Como objetivos específicos buscamos
apresentamos um breve balanço da história da ferrovia no Brasil e o processo de
ampliação da rede por todo o país, alcançando o Rio Grande do Norte no início do
século XX. Objetivamos por fim analisar quais as percepções que os lajenses têm da
Estação Ferroviária, seja dos seus significados para a história social, econômica e
cultural do município, bem como sua importância da estação ferroviária enquanto
patrimônio material e imaterial, para a população lajense.
O recorte temporal da pesquisa se situa entre o ano de 2018 e 2020 e para
realização da pesquisa adotamos a seguinte metodologia: levantamento da bibliografia
geral sobre a ferrovia no Brasil e no Rio Grande do Norte, análise de fontes diversas que
se encontram nos arquivos virtuais e se constituem como centros de memória da
ferrovia no Brasil. Ainda nesse percurso, realizamos busca por fontes históricas sobre a
Estação Ferroviária de Lajes em acervos disponíveis na web e ainda, para atender o
objetivo de compreender a percepção dos lajenses sobre a Estação Ferroviário,
produzimos um questionário no google forms e encaminhamos a diversas pessoas,
sendo respondido por 23 destas, cujo perfil apresentaremos no capítulo final desta
monografia.
A monografia é composta por três capítulos que buscam atender aos objetivos
específicos propostos. Desse modo, o primeiro capítulo apresenta uma breve história da
ferrovia no Brasil, o segundo capítulo trata da chegada da ferrovia no Rio Grande do
Norte e a expansão da malha que chega ao município de Lajes e o terceiro e último
capítulo abordará a relação Patrimônio e Memória na perspectiva de pensar os
significados da Estação para os lajenses.
9

O estudo sobre esta temática tem relevância acadêmica pois contribuirá para
fortalecer a produção historiográfica acerca da temática especialmente por trazer a
relação história, memória e patrimônio.

2 A FERROVIA NO BRASIL: um breve balanço histórico

As ferrovias no século XX foi o grande símbolo da modernidade e do avanço


capitalista que alcançava o interior do Brasil. Além disso, geravam um novo fluxo de
comunicações e esperanças, rasgavam espaços e conquistam sonhos e promessas de
liberdade. Ao lado de um país que se pretendia moderno, convivia em um sólido
patriarcalismo que fincou marcas profundas na hierarquia social. Na direção desses
trens e trilhos seguiam as vidas de muitas mulheres comuns, esposas de fazendeiros,
ferroviárias e prostitutas. No trabalho de Pedro Vasquez1 as estações ferroviárias são
vistas como precursoras de uma memória feminina ligada a um crescente mercado de
trabalho e a uma pulsante vida pública que se delineava, aos poucos, nas estradas.
Buscamos recuperar essa história partindo do estado de São Paulo, sendo esta uma
grande locomotiva da industrialização, para abranger aspectos mais amplos da história
nacional.
Vamos analisar o que nos diz Antón Corbacho Quintela2 sobre a história das
ferrovias no Brasil:

A primeira ferrovia data do ano 1854, construída por iniciativa do


Visconde de Mauá, com um percurso de 14 km, e, a partir de então, a
expansão ferroviária aconteceu com uma grande lentidão; o maior
impulso correspondeu aos anos anteriores à primeira guerra mundial,
registrando-se, em 1914, 26.000 km de rede. Só 8.130 km foram
construídos entre 1920 e 1950, cifra que evidencia o lento progresso
da rede, em cujo marasmo confluíram, no juízo de muitos
especialistas, as perdas sofridas pelo capital estrangeiro e os escassos
ingressos recebidos pelas companhias exploradoras – apesar de as
ferrovias atravessarem as regiões mais densamente povoadas do país.

1
VASQUEZ, Pedro Karp. Nos Trilhos do Progresso: a ferrovia no Brasil imperial vista pela fotografia
& Ferrovia e Fotografia no Brasil da Primeira República. Metalivros, São Paulo. 283 p. : doente.
(algumas col) 22x31cm.
Disponívelem:<http://bri.garderobnaya.su/nos_trilhos_do_progresso_a_ferroviano_bras
il_imperial_vista_pela_fotografia_162672-fb2-download.html>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
2
QUINTELA, A. C. AS FERROVIAS NO ENSAIO BRASIL, LA GRAN POTENCIA DEL SIGLO
XXI. Revista UFG, Goiânia, v. 13, n. 11, 2017. Disponível em:
https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/48409. Acesso em: 14 jun. 2022.
10

De acordo com o desenvolvimento das atividades industriais no país, estado e


cidades, implantar as ferrovias significava dinamizar a economia, sendo de suma
importância ao desenvolvimento econômico e social da população, sobretudo por
oportunizar as trocas comerciais e a locomoção das pessoas.
Até o princípio das linhas férreas, o transporte de produtos era
insatisfatoriamente efetuado, confrontando caminhos de chão, da área da fabricação até
os portos. Segundo Dilma Rodrigues Paula 3 a ampliação da ferrovia respondeu,
economicamente, à necessidade de exportação do café, conjuntamente a um programa
de melhoria dos portos como o de Manaus, Belém do Pará e o do Rio de Janeiro. Dilma
Rodrigues de Paula, traz uma boa análise da história das ferrovias no Brasil, nos
mostrando que:
A história das ferrovias brasileiras começou verdadeiramente em
1852, no momento em que o financista e industrial Irineu Evangelista
de Souza, Barão e Visconde de Mauá, consolidou um contrato com o
Governo provincial do Rio de Janeiro para a edificação de uma
ferrovia, que partindo da Praia de Estrela, no fundo da Baía da
Guanabara, iria até a raiz da Serra de Estrela, contraforte da Serra do
Mar, de onde prosseguiria ao vale do Rio Paraíba e à Província de
Minas Gerais. Nesse mesmo ano foi estruturada a “Imperial
Companhia de Navegação a Vapor Estrada de Ferro Petrópolis” e
implantada a construção da ferrovia. Em abril de 1854 concluía-se o
primeiro trecho ferroviário do Brasil, com bitola de 1,676 e extensão
de 14,5 km, entre a praia, depois Porto Mauá e a loalidade de Fragoso,
a 1,733 km da raiz da Serra. A empresa possuía três locomotivas, uma
das quais a “Baroneza”, fabricadas pela Fairbann Sons, de
Manchester. O trem inaugural, composto de locomotiva, três carros de
passageiros e um de bagagem, fez o percurso até o ponto terminal do
trecho de 25 minutos, numa média de 35 km/h. Fazendo um trecho de
difícil acesso e pouca lucratividade econômica, a E. F. Mauá não se
equilibraria financeiramente, sendo superada pela E. F. D. Pedro II
(depois E. F. Central do Brasil), de 18554.

Em meados do ano de 1820 segundo a mesma autora, os produtos exportados


eram o açúcar que valia 30% das exportações, depois o algodão com 21%, depois o café
com 18% e por último tinham os couros e as peles com 14% do total das exportações.
No ano de 1850 o Brasil tinha como objetivo o interesse na coordenação e na
estimulação em propiciar o crescimento das linhas férreas por causa do aumento da agro
- exportação e sobre os interesses no capital internacional da Inglaterra.

3
PAULA, Dilma Andrade de. 2000 AS FERROVIAS NO BRASIL: ANÁLISE DO PROCESSO DE
ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000. Disponível
em: http://www.docutren.com/historiaferroviaria/Aranjuez2001/pdf/22.pdf. Acesso em 20/06/2022
4
Idem, pág. 2 e 3
11

Nas ferrovias se dão as fases de construção delas pela disponibilidade do capital


internacional britânico, por causa dos recursos internos e também por causa dos
interesses dos políticos do próprio país. Segundo Ana Célia Castro5 a ferrovia do Brasil
tem dois momentos: O primeiro acontece em meados das décadas de 1860 a 1880, já o
segundo ponto detém a antes da Primeira Grande Guerra no ano de 1890. O Brasil
assegurava na legislação de 1857 juros de 7% sobre o custo calculado das ferrovias,
vigorando pelo prazo de concessão das mesmas entre 50 e 90 anos. Ainda tinha os
financiamentos de importação para trilhos e equipamentos, o transporte de carvão era de
graça, na zona de 30 quilômetros davam direito ao uso de madeiras, desapropriações das
minas de carvão, da areia, das pedreiras e etc; as pessoas tinham permissão de explorar
as minas, mas as mesmas tinham que estar no processo de exploração das estradas.
Alguns desses direitos/privilégios eram comuns em qualquer nação. Desta forma a
diferença de subvenções no Brasil era a permissão de uma zona privilegiada com 30
quilômetros, por onde não teria estrada alternativa alguma na margem da ferrovia.

Segundo Góes6, “Pouco mais de cinco anos desde o surgimento da estrada de


ferro no mundo, o Brasil tratou de introduzir no país tão importante invenção, através da
primeira lei ferroviária "Lei Feijó" sancionada pelo Regente, aos 31 de outubro de
1835”. As ferrovias no Brasil foram impulsionadas mais pelas necessidades externas,
relacionadas a exportação de produtos para a Europa e EUA do que mesmo as
demandas internas por transporte de pessoas e mercadorias de circulação interna. A
exportação do café e do algodão se encontram entre os produtos que vão impulsionar a
instalação de linhas férreas.
Ana Célia7 separa as ferrovias em três partes importantes, as da cana de açúcar,
as de integração que até 1900 eram pouco expressivas e as do café. Nos dois primeiros

5
CASTRO, Ana Célia. 1979 AS EMPRESAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL: 1860-1913, RIO DE
JANEIRO. Dissertação (mestrado)-Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e
Ciencias Humanas. Campinas, SP. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/285789>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
6
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a Di sei
piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponível em:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A%20EVOLU
%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE%20DO%20NORTE
%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL%20%201880-1920.pdf. Acesso em:
20/06/2022
7
CASTRO, Ana Célia. 1979 AS EMPRESAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL: 1860-1913, RIO DE
JANEIRO. Dissertação (mestrado)-Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e
Ciencias Humanas. Campinas, SP. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/285789>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
12

grupos seria bem maior a importância do recurso estrangeiro, concentrado nas regiões
do extremo Sul, ou seja, em alta quantidade no extremo Sul.

O capital internacional foi bastante significativo nas linhas férreas dos Estados
do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Dos 490 km construídos até o ano de 1886 na
área capixaba, somente 218 provinham do capital inglês. Eram de capital nacional todas
as 18 ferrovias da área fluminense dessa mesma época. Eram 1.471,541 km construídos
pelos empresários brasileiros totalizados. A importância do recurso estrangeiro, o
britânico principalmente, era relativa nas linhas férreas do Sudeste é relatado pelo
estudo de Andréa Rabello8. A autora diz que não houve recursos da Inglaterra nas linhas
férreas fluminenses até o final do império. A sua fixação contou apenas com a
cooperação do investimento nacional, público ou privado. Entretanto, a tecnologia, a
matéria-prima, o maquinário e o combustível utilizados, vinham de países diferentes,
como a França e os Estados Unidos, e não especificamente da Inglaterra como
presumia-se. Tinha, ainda, as próprias oficinas nacionais para a conservação e até a
criação de vagões para várias empresas.
Segundo Paula:
Com o desenvolvimento da industrialização mais acelerado, após
1945, firmou-se o caminho de uma economia voltada para a produção
e exportação de produtos primários para outra mais voltada para o
mercado interno, tendo na indústria seu carro-chefe. A partir de 1950,
incrementava-se a entrada de maciços investimentos estrangeiros,
principalmente de capital norte-americano. 9

Entende-se que depois de 1945 a indústria teve seu desenvolvimento mais


acelerado, e que a partir da década de 1950 teria grandes investimentos estrangeiros,
sendo eles, os Países da América do Norte, da França, da Inglaterra, da Europa para
construir as linhas férreas.

A partir da década de 1830 surgiram as primeiras leis de incentivo à


construção ferroviária, mas apenas vinte anos depois as ferrovias
começaram a ser construídas. A expansão da rede ferroviária ligou-se,
sobretudo, à necessidade de exportação do café, que exigiu também
um programa de melhoria dos portos como os de Manaus, Belém e
Rio de Janeiro. Somente no dia 30 de abril de 1854 é que se concluiu a
8
RABELLO, Andréa. 1996, p. 124 Os Caminhos de Ferro da Província do Rio de Janeiro: ferrovias
e café na 2ª metade do século XIX. Nitéroi-RJ. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade
Federal Fluminense. Disponível em: https://www.historia.uff.br/academico/pt-br/dissertacoes-e-
teses/dissertacoes/?page=69. Acesso em 20/06/2022.
9
PAULA, Dilma Andrade de. 2000, p. 6 AS FERROVIAS NO BRASIL: ANÁLISE DO PROCESSO
DE ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000.
Disponível em: http://www.docutren.com/historiaferroviaria/Aranjuez2001/pdf/22.pdf. Acesso em
20/06/2022
13

primeira parte desse trajeto ferroviário, com bitola de I .676 metros e


extensão de 14,5 quilómetros, entre a praia, depois chamada Porto
Mauá, e a localidade de Fragoso, a I .733 quilómetros da raiz da Serra
de Petrópolis. 10.
A estrutura atual da linha férrea Nacional teve um impulso do capital
estrangeiro, excepcionalmente pela demanda oferecida por eles´para os produtos
primários do Brasil numa proporção cada vez maior, e para isso, precisavam que o país
que exportasse esses produtos possuísse uma excelente estrutura adequada que suprisse
seus mercados. Segundo a autora Paula, os produtos que tiveram o interesse do mercado
internacional, no Brasil foi o café que era produzido na região sudeste do País11.
Já em meados de 1840 desfrutou de uma notável mudança, pois nesse período de
20 anos o café alcançou 42% das exportações que dispôs o aumento de 24%, já o açúcar
contou com 27% das exportações que baixou 3%, já os couros e as peles tiveram 9%
das exportações e baixaram 6%, e por último o algodão que ficou com 8% do total das
exportações e que baixou 13%. Diferentemente do couro, do algodão e do fumo que,
por causa da intensa expansão demográfica, começaram cada vez mais no território
nacional a serem consumidos, e a exportação do café cresceu tanto que ele assumiu uma
posição de destaque muito importante na economia brasileira12.
Em meados de 1854 foi inaugurada a primeira linha férrea por D. Pedro II de
nome de Baronesa, essa linha férrea possui exatos 14.5 km de extensão e tinha uma
velocidade média de 38 km por hora, e partia do porto de Mauá a Fragoso em Magé. A
linha férrea de D. Pedro II foi especificamente inaugurada em 29 de março de 1858 com
investimentos de várias autoridades daquela época, e 48 km iniciais de extensão ligando
Queimados na Baixada Fluminense ao Rio de Janeiro. Depois da linha férrea de D.
Pedro II que passou a ser, pela sua importância e representatividade, considerada a
espinha dorsal do Brasil, e no ano de 1889 passou a ser chamada de Estrada de Ferro
Central do Brasil. O investimento internacional, principalmente da Inglaterra, e de

10
PAULA, Dilma Andrade de. 2008 154 ANOS DE FERROVIAS NO BRASIL: PARA ONDE
CAMINHA ESSE TREM? 2008. História Revista, Goiânia, 13, n. p. 45-69, jan./jun. 2008. V – I.
Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?
codigo=4852235. Acesso em: 20/06/2022.
11
PAULA, Dilma Andrade de. 2008 154 ANOS DE FERROVIAS NO BRASIL: PARA ONDE
CAMINHA ESSE TREM? 2008. História Revista, Goiânia, 13, n. p. 45-69, jan./jun. 2008. V – I.
Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?
codigo=4852235. Acesso em: 20/06/2022.
12
PAULA, Dilma Andrade de. 2008 154 ANOS DE FERROVIAS NO BRASIL: PARA ONDE
CAMINHA ESSE TREM? 2008. História Revista, Goiânia, 13, n. p. 45-69, jan./jun. 2008. V – I.
Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?
codigo=4852235. Acesso em: 20/06/2022.
14

ênfase em políticas nacionais agroexportadoras marcou profundamente essa fase da


estrutura e do desenvolvimento ferroviário no Brasil.13

3. A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA NO RIO GRANDE DO NORTE.

Encontramos uma significativa bibliografia sobre as ferrovias no Rio Grande do


Norte. Além do mais podemos encontrar uma variedade de fontes em sites
especializados, bem como é possível dispor de um bom número de imagens fotográficas
disponíveis especialmente em blogs organizados por cidadãos e cidadãs que consideram
relevante tornar pública a história e a memória da ferrovia em seus municípios.

No Estado do Rio Grande do Norte as primeiras linhas férreas foram


inauguradas no caminho da cidade de Natal até a cidade de Nova Cruz. Nos dias atuais
a estação da cidade de Natal sofreu alterações nos seus traços originais, esses gostos
eram neoclassicistas, mencionando nos dias atuais uma aparência moderna, uma
aparência com o rosto da população, entende-se que embora tivesse uma referente
mudança na criação de novas salas e do compartimento, o fachada principal da estação
ainda conserva aparências similares com as do prédio original, uma escada com três
entradas e o espaço plano da estação original, localizam-se no parque dessa ferrovia as
plataformas de embarque e desembarque dos passageiros e também edifícios
administrativos14.

As Ferrovias do Estado do Rio Grande do Norte foram implementadas


entre fins do século XIX e a primeira metade do XX. Ao todo foram
construídas três linhas: a Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz, a
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte – que possuía um
ramal até a cidade de Macau – e a Estrada de Ferro de Mossoró a
Souza. A ordem obedece a cronologia de suas construções, sendo a
data de inauguração do primeiro trecho delas, respectivamente, 1881,
1906 e 1912. No total, essas linhas férreas passavam por 28 cidades do
estado, cada uma contando com sua estação15.
13
JUNIOR, Agnaldo Oliveira Moura. ABREU, Guilherme Rodrigues de. JUNIOR, Zilmar Alcântara.
JUNIOR, Dario Moreira Pinto. SHITSUKA, Dorlivete Moreira. 2018 Malha Ferroviária de 1890 a
2016: uma estrutura desfragmentada na história brasileira. Research, Society and Development, v.
7, n. 9, p. 01-18, e1379442, 2018 ISSN 2525-3409 (CC BY 4.0). Disponível em:
https://www.redalyc.org/journal/5606/560659016019/560659016019.pdf Acesso em: 20/06/2022.
14
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007. Disponível em:
http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovincul ado_48.pdf. Acessado em.
12/03/2021
15
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007, p. 3 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007. Disponível em:
15

3.1 A malha ferroviária do Rio Grande do Norte

O Estado do Rio Grande do Norte possui três ramais ferroviários, são eles Natal
a Nova Cruz, a Sampaio Correia e a de Mossoró a São Francisco. No dia 8 de agosto de
1873 dispôs a Lei Provincial de número 682 que permitiu a Cícero de Pontes e outros
que construíssem uma linha férrea que fizesse a ligação de Natal a Nova Cruz16.

Em 16 de novembro de 1878, foi dada a permissão para transferir o


privilégio a "Imperial Brazilian Natal and Nova Cruz Railway
Company Limited." Sua construção começou oficialmente no dia 27
de fevereiro de 1880, tendo sido inaugurado o primeiro trecho (Natal
a São José de Mipibu) e entregue ao trafego no dia 28 de novembro de
1881, presidente Sátero de OIiveira Dias. O engenheiro representante
da companhia era Josom Rigby, o fiscal do governo era o Dr. José de
Cupertino Coelho Cintra e a firma contratada para a construção foi a
Reed Bowen e com o edifício aberto ao público no dia da inauguração
é o mesmo da Praça Augusto Severo. O segundo trecho (São José de
Mipibu a Montanhas) foi entregue em 1882 e o terceiro (Montanhas a
Nova Cruz) foi inaugurado e entregue ao tráfego em 10 de abril de
1883, sua extensão total media 120 Km, 600 metros e seu custo subiu
para 7 . 1 10.049$000 17.

Os estudos de Wagner Rodrigues18 sobre as estradas de ferro no Rio Grande do


Norte apresentam o traçado dessas linhas que se iniciam nos primeiros anos do século

http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovincul ado_48.pdf. Acessado em.


12/03/2021.
16
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a Di
sei piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponívelem:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A
%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE
%20DO%20NORTE%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL
%20%201880-1920.pdf. Acesso em: 20/06/2022
17
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993, p. 14 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE
DO NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a
Di sei piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponívelem:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A
%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE
%20DO%20NORTE%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL
%20%201880-1920.pdf. Acesso em: 20/06/2022
18
RODRIGUES, Wagner do Nascimento. 2006, p.142 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS
DE FERRO: A construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920).
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. Natal/RN.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12408. Acesso em 19/06/2022, p. 142
16

XX. O primeiro trecho da EFCRGN, de Natal a Ceará-Mirim, foi inaugurado em 13 de


junho de 1906. A linha partia do antigo Aterro do Salgado, onde foi construída uma
pequena estação (conhecida por Pedra Preta ou Estação do Padre) de onde se
atravessava por meio de barcos para o cais do escritório da EFCRGN, situado atrás do
pátio Great Western. Essas instalações, bastante provisórias, não seriam suficientes
para suportar o tráfego da linha por muito tempo. Em 1909, a EFCRGN já tinha
avançado bastante, e seu tráfego já exigia um equipamento específico para guarda e
manutenção do material rondante.

No ano de 1911 a barca a vapor da Progresso fez a travessia do Rio Potengi. No


ano de 1914 a linha férrea chegava a Lajes. Em 20 de abril de 1916 foi inaugurada a
ponte de Igapó, que era a maior do Nordeste sobre os rios, ela tinha 520 metros e com
nove vãos. Em 26 de setembro de 1932 chega o ramal em Angicos, em 29 de novembro
de 1960 o ramal chega a Pedro Avelino, também foi construído um sub ramal que ligou
Lajes a São Rafael, além disso, separava as cidades de Baixa Verde, Extremos, até
chegar na cidade de Macau19. As transformações no espaço e na vida social da
população era visível e é possível compreender retalhos dessa história a partir das
memórias de antigos trabalhadores, bem como dos moradores que residiam em áreas
atravessadas pela linha férrea.

O Rio Grande do Norte possuiu três ferrovias, a saber: a Estrada de


Ferro Natal-Nova Cruz, construída a partir de 1881 e inaugurada em
1883, que ligava a capital potiguar aos grandes centros do Nordeste
(João Pessoa, Recife, Campina Grande)2; a estrada de Ferro Central
do Rio Grande do Norte (posteriormente Estrada de Ferro Sampaio
Correia) que foi concebida para ligar a capital à região do Seridó
(Natal-Caicó), construída a partir de 1904 e inaugurada em 1906. A
estrada de Ferro Mossoró-RN - Souza-PB, que pretendia ligar o porto
de Areia Branca e região de Mossoró ao rio São Francisco (Petrolina-
PE), tendo sua construção iniciada em 191520.

19
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a Di
sei piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponívelem:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A
%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE
%20DO%20NORTE%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL
%20%201880-1920.pdf. Acesso em: 20/06/2022
20
SANTOS, João Batista dos. 2016, p. 10 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-
rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
17

Tem somente três estações no ramal de Macau que respectivamente são as


estações de Pedro Avelino-RN, Afonso Bezerra-RN e Macau. Destas três estações a de
Pedro Avelino é a mais antiga, que foi inaugurada no ano de 1922, a estação de Afonso
Bezerra foi inaugurada na década de 1950 e possui uma configuração arquitetônica
dessa época, e no ano de 1962 foi inaugurada a estação de Macau, ela foi construída
com marquise e concreto armado, se diferenciando assim das demais estações da linha
férrea. Entretanto todas têm suas próprias características, e por essas características que
as dão a importância histórica para a memória das cidades a que fazem parte e da
EFCRN. Entretanto no ano de 2014 às estações de Pedro Avelino e Afonso Bezerra
estavam em estado de abandono, por falta de cuidados estava ameaçando desabar. Até o
ano de 1982, especificamente em outubro daquele ano, acabava o transporte de
passageiros de Natal a Macau, porque os trens de passageiros tinham sido suprimidos.
Em meados de 1980 o transporte de passageiros foi realizado somente por empresa de
ônibus, mais precisamente pela empresa Expressa Cabral. Ela realiza, desde então, a
mesma rota do ramal ferroviário Natal-Macau pela BR 406 21.
Em meados de 1990 foram os trens de carga que deixaram de circular na linha
férrea. No ano de 1996 a RFFSA teve as suas linhas divididas e foi privatizada por
empresas como a Ferrovia do Centro Atlântica - FCA, a Estrada de Ferro Vitória -
Minas, e a MRS Logística. Com o fim da RFFSA, desde que a linha férrea Natal-Macau
foi desativada que não circula mais trens nesse ramal. Os trechos das linhas férreas
Natal-Angicos e Natal-Macau da antiga EFCRN estão desativados. No ano de 1996
ocorreu o processo de desativação da Ferrovia com o leilão da malha ferroviária do
Nordeste que aconteceu no mesmo ano. A RFFSA foi extinta no ano de 1998, era ela
quem administrava as linhas férreas no Estado do Rio Grande do Norte. Situação
parecida foi a da antiga EFCRN, onde os trilhos permanecem, mas por causa da ação do
tempo, ou até mesmo, sendo ocupados de maneira incorreta com construções às
margens dos trilhos, eles se deterioram cada vez mais. Já nas demais estações entre
Nova Cruz e Macau permanecem em diversas situações, exceto as estações de
Montanhas, Pedro Velho e São José de Mipibu que já estão demolidas22.

21
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
22
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
18

Algumas estações foram tombadas e servem como centros de culturas


(Ceará-Mirim e Angicos), outras passam por situações ameaçadoras
correndo o risco de ruir, tamanha falta de preservação, como é o caso
de Pedro Avelino e Afonso Bezerra, que se encontram em estado de
abandono. Já as estações de Pedra Preta, João Câmara e Taipu
serviram ou servem como residência de ex-funcionários da extinta
RFFSA. Como já dito anteriormente, a estação de São Rafael foi
demolida, sendo a única da EFCRN que não existe mais. (SANTOS,
2016, p.119 Estrada de ferro central do rio grande do norte em
taipu-rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.23).

Para compreendermos como se deu a chegada do transporte ferroviário em Lajes


a História Oral, que vem se tornando uma importante metodologia nas pesquisas
históricas, especialmente quando ocorre ausência dos documentos escritos, como
metodologia de pesquisa, se fez muito relevante. A importância da estação na
delimitação de novas centralidades pode ser mais bem entendida pelo impacto que a
ferrovia causou nas sensibilidades dos indivíduos.
Neste tópico apresento considerações sobre a estação de Lajes RN, de sua
fundação aos dias atuais, observando alguns pontos principais, como o período que a
estação foi utilizada, e saber um pouco mais sobre a história da estação.
A linha férrea do Estado do Rio Grande do Norte possui um número grande de
estações, em Lajes tem uma das maiores estações da linha férrea, ainda, até hoje
exibindo traços originais, por muito tempo esta estação permaneceu como ponto
terminal.
A estação ferroviária de Lajes chegou aqui na cidade no ano de 1914, foi
inaugurada em 1918, algum tempo depois a cidade de Lajes foi chamada por algum
tempo de Itaretama, era o entroncamento do ramal de Afonso Bezerra, essa estação
ficava na linha férrea que fazia ligação da cidade de Natal até Macau, essa linha saia de
Natal, passava por Lajes, Pedra Preta, Fernando Pedroza, Angicos, São Rafael e por
último Macau, todas essas cidade tinham suas estações naquela época. O trem trazia
mercadorias, pessoas e água para a cidade nos tempos de seca24.
Nas extremidades de Natal, a extensão da linha chegava até a cidade de Lajes,
nova estação terminal, um trecho de aproximadamente cento e vinte quilômetros. Em

23
SANTOS, João Batista dos. 2016, p. 119 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-
rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
24
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007. Disponível em:
http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovincul ado_48.pdf. Acessado em.
12/03/2021.
19

Lajes, a ferrovia resultou em avanços político-administrativos, em decorrência do


desenvolvimento econômico atingido, o que ocasionou a conquista da categoria de vila
e de sede do município.
Mais recentemente a Prefeitura do Município de Lajes realizou, após um período
de reforma, a reinauguração da Estação Ferroviária de Lajes, o antigo prédio da RFFSA
teve reparos e melhorias na sua estrutura, mantendo sua singularidade e detalhes que
fazem do prédio um dos mais grandiosos, admiráveis e belos do RN.25
Através de proposta da Vereadora Rosa Costa, o Legislativo Municipal aprovou
a Lei N° 842/2019, que designa a nova estrutura da RFFSA como Estação das Artes
Poeta Antônio Cruz, atualmente a estação está servindo como restaurante e como
Museu26
O Prefeito José Marques Fernandes, (2017 - 2020), destacou a importância, o
renome da nova estrutura para a herança, para o legado, para o patrimônio histórico dos
trabalhadores da rede ferroviária e as raízes culturais da cidade de Lajes, haja vista que,
a Estação Ferroviária de Lajes teve um papel importante no desenvolvimento
econômico não só de Lajes, mais também de toda a região central do Estado do Rio
Grande do Norte, e durante muitos anos, sendo também, um mecanismo, um
instrumento que representa vida e esperança para os cidadãos lajenses, sendo ela,
receptora dos trens da água, que por muitos e muitos anos socorreu os lajenses nos
tempos de seca.27
Na gestão do Prefeito José Marques Fernandes – quadriênio 2017/2020, foi
aprovada a lei que transformou o espaço da Estação Ferroviária em Estação das Artes,
com objetivo de fortalecer a memória e a história da ferrovia no município, respondendo
a uma demanda política e social que era constantemente verificada no município. No
ato de inauguração os blogs do município enfatizavam a presença das autoridades que
estavam no comando do Poder Executivo Municipal, membros do legislativo,
secretariado municipal, servidores públicos e dentre eles, o senhor Paulo Varela,

25
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f
erroviaria-de-lajes/> acessado em. 12/ 03/ 2021.
26
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f
erroviaria-de-lajes/> acessado em. 12/ 03/ 2021.
27
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f
erroviaria-de-lajes/> acessado em. 12/ 03/ 2021.
20

maquinista de 93 anos, que foi homenageado ao lado de inúmeros outros ex-


funcionários da instituição, sendo eles, os primeiros convidados a entrarem na nova
estrutura da Estação das Artes Poeta Antônio Cruz28.
O trem chegou até Lajes em 1914 com a inauguração da Estação Ferroviária, e
permanecerá por muito tempo deslocando mercadorias e pessoas, e depois a
consonância entre interesses políticos e fenômenos naturais desvirtuaram o mesmo, para
outros interesses no uso do transporte ferroviário em Lajes e cidades vizinhas. Antes de
nos debruçarmos sobre a história dos trilhos em Lajes/RN,
Nos anos seguintes continuaram abrindo novos trechos entre Itapassaroca e
Taipu no dia 15/11/1907, entre Taipu e Baixa Verde (atual João Câmara-RN) no dia
12/10/1910. Depois disso, com o traçado proposto no projeto, no ano de 1913 a linha
alcançou Pedra Preta e no ano de 1914 a linha chegou a Lajes (antiga Itaretama). Em
meados de 1920 as obras do trecho foram suspensas. A linha férrea chegou ao ano de
1933 em São Romão, a atual Fernando Pedroza, e em Angicos, de onde seguia para São
Rafael no ano de 1949. As estações que formam o eixo central da EFCRN são
respectivamente Extremoz RN, Ceará RN, Taipu RN, João Câmara RN, Pedra Preta
RN, Lajes RN, Fernando Pedroza RN, Angicos RN e São Rafael RN. No ano de 1918
começou a ser construído o Ramal de Macau, porém, demorou inacreditavelmente
exatos 43 anos para ser concluído em 1962. A estação de Pedro Avelino-RN foi
inaugurada no ano de 1922, e no ano de 1950 chegou a Afonso Bezerra-RN, e foi até
chegar a Macau, assim concluindo a construção do ramal seguido da inauguração da
estação na cidade. (SANTOS, 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte
em taipu-rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.29).

A supressão metafórica das distâncias geográficas, representada principalmente


nos nomes das linhas, assumia um caráter especial nas estações ferroviárias, que ao
estamparem na fachada principal o destino da linha, assumiram ares de pórticos
mágicos, que colocavam os viajantes em contato imediato com regiões distantes.
(RODRIGUES, 2006 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS DE FERRO: A construção

28
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f
erroviaria-de-lajes/> acessado em. 12/ 03/ 2021.
29
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
21

da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920). Universidade Federal


do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo. Natal/RN. 2006.30).

A aproximação da estação com um pórtico não era circunstancial. 


Gregório e Bugnone (2005), ao analisarem a evolução tipológica da
estação de trem apontam que o novo edifício exigiu inúmeros estudos
por parte de arquitetos e engenheiros no século XIX, mas não deixou
de manter certas aproximações com construções anteriores. A
primeira semelhança refere-se aos postos de pedágio em estradas e
pontes, que assim como as estações tinham o papel de exercer um
rígido controle do fluxo de tráfego. A principal diferença estava no
fato de a estação combinar a circulação e os passageiros numa única
resultante espacial, antes tidas como unidades independentes. Outra
aproximação refere-se à tradição clássica do Arco do Triunfo,
simbolicamente apropriado pelo edifício de acesso às plataformas.
(RODRIGUES, 2006, p. 208 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS
CAMINHOS DE FERRO: A construção da hegemonia de Natal através
das vias de comunicação (1820-1920). Universidade Federal do Rio
Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação
em Arquitetura e Urbanismo. Natal/RN. 2006.31).

Nos relatos coletados pela autora Paula (2000 AS FERROVIAS NO BRASIL:


ANÁLISE DO PROCESSO DE ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000.32), a entrada da locomotiva a vapor indicava
as horas, trazia as notícias da metrópole, trazia também os moços casados. Em torno das
estações era a festança dos “encontros e despedidas”. O assobio da locomotiva a vapor
estabelecia os costumes, conforme relata um cronista anônimo.
Nesta época o trem era muito importante para os moradores das cidades, pelo
fato dos diversos benefícios proporcionados pela mesma, já que, muito antes dos trens
serem implantados o percurso das mercadorias se tornava mais demorado devido ao

30
RODRIGUES, Wagner do Nascimento. 2006 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS DE FERRO: A
construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920). Universidade
Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo. Natal/RN. 2006. Dissertação (Mestrado em Conforto no Ambiente Construído; Forma
Urbana e Habitação). Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12408. Acesso
em 19/06/2022
31
RODRIGUES, Wagner do Nascimento. 2006, p. 208 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS DE
FERRO: A construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920).
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo. Natal/RN. 2006. Dissertação (Mestrado em Conforto no Ambiente
Construído; Forma Urbana e Habitação). Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12408. Acesso em 19/06/2022
32
PAULA, Dilma Andrade de. 2000 AS FERROVIAS NO BRASIL: ANÁLISE DO PROCESSO DE
ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000. Disponível
em: http://www.docutren.com/historiaferroviaria/Aranjuez2001/pdf/22.pdf. Acesso em 20/06/2022
22

tempo de trajeto do ponto de partida ao de chegada, por isso tinha essas festanças, esses
movimentos na chegada do trem na estação.

3.2 - A estação como bem material e imaterial 

As linhas férreas e os trens são uns grandes símbolos imponentes, e por onde
passa cativando às pessoas, trazendo e levando mercadorias e pessoas em geral
proporcionando ema relação econômica e afetiva, sendo estes símbolos arquitetônicos e
da identidade cultural das cidades onde as linhas férreas passavam. No Estado do Rio
Grande do Norte podem ser citadas como símbolos arquitetônicos históricos e culturais
as estações da Ribeira inaugurada no ano de 1881 que faz parte da linha férrea de Natal
- Nova Cruz, e a estação da Esplanada Silva Jardim que fica nas Rocas e foi construída
no ano de 1917, e que faz parte da Estrada de Ferro Central do Estado do Rio Grande do
Norte, essas estações ficam em Natal, na capital potiguar. (SANTOS, 2016 Estrada de
ferro central do rio grande do norte em taipu-rn: transformações espaciais e
memória. Natal/RN. 2016.33).
A estação ferroviária da Ribeira é a estação mais antiga, tendo mudanças
arquitetônicas na década de 1950. Entretanto a estação das Rocas tem uma arquitetura
neoclássica. Inusitadamente, a EFCRN nunca usou essa estação como terminal, as
cargas eram realizadas na estação da Ribeira. Já a estação provisória da Ribeira era
utilizada somente para passageiros. A estação de Nísia Floresta - RN tem uma
neoclássica arquitetura do final do século XIX e foi inaugurada em 1881. Já a estação de
Nova Cruz - RN foi inaugurada em 1883, e tinha dois pavimentos, assim sendo, era a
única estação a ter esses dois pavimentos. Era pela estação de Nova Cruz que era feita a
ligação do Estado do Rio Grande do Norte com a Paraíba, seu Estado vizinho. O trecho
de Natal a Ceará-Mirim foi inaugurado no dia 11/06/1906, juntamente com as estações
de Ceará-Mirim e Extremoz, teve ainda a presença do Ilustre Presidente da República
daquele ano, Afonso Pena, que veio ao Estado para prestigiar as inaugurações.
(SANTOS, 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.34).

33
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
34
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
23

Aqui neste tópico vamos apresentar sobre a estação ferroviária como um bem
material e imaterial mostrando essa dualidade como um questionamento sobre a
necessidade de preservar e para isto precisamos compreender o seu significado, que
segundo o dicionário Aurélio, a definição do termo preservação é “ação que visa
garantir a integridade e a perenidade de algo, por exemplo, um bem cultural”.
(DICIONÁRIO AURÉLIO, 1999 São Paulo: Nova Fronteira, 1999. CD. ROM 35). 
No entanto, a preservação depende do ato de registrar que
significa guardar informações para as gerações futuras
relacionadas à perpetuação de elementos culturais que não
possuem garantia de permanecer. Cabe salientar que o patrimônio
é composto por uma parcela material e outra imaterial.
(MEDEIROS, 2007, p. 27 AS CIDADES E OS TRILHOS:
RESGATE HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS
FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de
Graduação apresentado como requisito para obtenção de grau do
curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Natal. 2007.36). 

Por meio deste comentário compreendemos que a preservação ou


preocupação preservacionista está relacionada ao fato de obter informações, fatos
para as próximas gerações para se ter a cultura dos materiais para lembranças, para
recordações e para manter relações com o passado. 
No início da preocupação preservacionista, o enfoque das ações se
dava primordialmente sobre os meios materiais, sendo relegada a
conservação das práticas, técnicas, costumes e hábitos,
especialmente populares, ao esquecimento, o “saber fazer”, cuja
importância de se proteger o pioneirismo de Mário de Andrade
resgatou. Essa parcela do patrimônio é classificada como
imaterial, enquanto que os objetos, utensílios, indumentária,
mobiliário, estatuária, documentos, arquitetura, e afins, constituem
a parcela material. (MEDEIROS, 2007, p. 27 AS CIDADES E
OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO DA
IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO
NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho
Final de Graduação apresentado como requisito para obtenção de

35
DICIONÁRIO AURÉLIO. 1999 São Paulo: Nova Fronteira, 1999. CD. ROM
36
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 27 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal: Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
24

grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Natal. 2007.37). 

 Preservar é, principalmente no acontecimento da localidade da civilização,


assegurar as relações a uma conjuntura, que retrata toda a sistemática
socioeconômica de um obstinado tempo. Essas relações então seriam preferência na
descrição daquilo a ser conservado em grupo, pois aí já pode estar configurada uma
identidade cultural de um grupo. 
É perceptível que quando tratamos de patrimônio estamos lidando
com um fator inerente ao conceito: o tempo. O patrimônio está
conectado à noção de tempo em suas três facetas. Ao passado,
pois é resultado das condicionantes do mesmo que dimanam a sua
concepção e construção. Ao presente, pois dele surge a
preocupação e o ato de se preservar aquilo que exprime os
caminhos percorridos e que originaram o existente de hoje. E ao
futuro, pois se se preserva algo é com intuito de perpetuá-lo e,
assim, torná-lo acessível às gerações venturas. (MEDEIROS,
2007, p. 28 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO
RIO GRANDE DO NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS
ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como
requisito para obtenção de grau do curso de Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. 2007.38). 

Compreendemos que se preservar algo culturalmente é preservar a


personalidade, seja coletiva ou individual. É vivenciar e conhecer melhor
proporcionando esse conhecimento às futuras gerações. As significações econômicas
da estação ferroviária com o lugar onde se instalava é um aspecto sempre abordado.
Para os lajenses entrevistados e os que responderam ao questionário, o caráter do
desenvolvimento econômico se sobrepõe aos demais. Para alguns pesquisadores,
verifica-se casos em que enquanto o município onde se instalava a ferrovia

37
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 27 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
38
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 28 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
25

apresentava desenvolvimento em maior ou menor grau, os municípios vizinhos


definhavam.

No trabalho de Aline Rodrigues, se encontra uma leitura acerca do


exacerbado otimismo em torno das linhas férreas no Estado do Rio Grande do Norte.
Era uma crença quase inabalável do poder de transformação da ferrovia que além de
fazer o aperfeiçoamento do escoamento na produção, também por elas viriam
indústrias, surgiria o empreendedorismo para os moradores, para a população que
teria a cidade rodeada, e até mesmo cortada pelos trilhos, iriam fazer a produção
agrícola se desenvolver, iriam fazer com que as cidades também se evoluíssem. As
linhas férreas eram apresentadas e compreendidas na perspectiva de funcionarem
como “artérias” que levariam o desenvolvimento para todos os municípios e assim
articuladas promoveriam melhores condições em todo o Estado39. 
Entendemos que por causa das linhas férreas muitas cidades, muitos
interiores do Estado do Rio Grande do Norte, principalmente na cidade de Lajes,
tiveram o aumento da população, também na cidade de Lajes teve avanços político e
administrativos na saúde, ampliando os atendimentos devidos o aumento da
população, gerando a construção de escolas, e melhorias na segurança, atingido
também o desenvolvimento na economia por meio do comercio, proporcionados
pelas linhas férreas.
O aumento demográfico ocorreu também em outras cidades, como
Lajes, onde a população do seu município cresceu de 8.711
habitantes na década de 1920 para 12.521 em 1930, ressaltando
que a E.F. Central chegou a esse núcleo em 1914 (LIMA, 1990c,
p. 186). Em Lajes, além disso, a ferrovia resultou em avanços
político-administrativos, decorrência do desenvolvimento
econômico atingido, o que ocasionou a conquista da categoria de
vila e de sede do município40.  

39
RODRIGUES, Aline Lima. 2015 FRONTEIRA E TERRITÓRIO: CONSIDERAÇÕES
CONCEITUAIS PARA A COMPREENSÃO DA DINÂMICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO.2015.
Revista Produção Acadêmica com temáticas que envolvam: o Urbano, o Regional, o Agrário e o
Ensino de Geografia. disponívelem:<sistemas.uft.edu.br>index.php>article>Acessado em. 12/ 03/
2021.
40
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 103 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
26

          Levando em conta o que foi apresentado compreendemos que por causa das
ferrovias, os municípios tiveram um grande aumento econômico e social e também
houve um grande aumento da população conforme as linhas férreas chegavam às
cidades do Estado do Rio Grande do Norte. A relação afetiva e sócia histórica que a
população lajense tem com a estação ferroviária da cidade, mostrando toda sua
relação com sua comunidade e como ela é reverenciada por todos. 

As ferrovias foram responsáveis pela estruturação do território do


estado do Rio Grande do Norte, impondo novos fluxos comerciais e
travando novas relações entre as cidades. Os edifícios das estações de
trem, por sua vez, representaram, sobretudo, elementos de impacto nas
dinâmicas urbanas dos núcleos por onde passavam as estradas de
ferro. Os caminhos percorridos pelos trilhos constituíam os elementos
“fluxos”, por onde se escoava as mercadorias e os passageiros, os
armazéns, as oficinas e, principalmente, as estações consistiam os
elementos “fixos”, que faziam o intercâmbio entre as cidades e os
caminhos, sendo, dessa maneira, os pontos nodais entre a acumulação
produtiva, que convergiam para os centros urbanos, e o escoamento
dessa produção, que se deslocava para as chamadas “cabeças de
linha”, onde se situavam os portos exportadores. 41 

Compreendemos que as ferrovias do Rio Grande do são responsáveis pela


estruturação de território com novos fluxos comerciais e novas relações para com as
cidades, seus prédios representam elementos de impacto, fluxos com passageiros e
mercadorias elementos fixos para fazerem intercâmbio sobre as cidades, se tornando,
assim pontos estratégicos para a produtividade e para o escoamento da mesma, e
também, se tratando da cidade de Lajes, era muito usado para o ecoturismo na cidade.

A condição de marco arquitetônico foi também um caráter apropriado


pelas estações de trem no RN. Esses edifícios tornaram-se pontos de
referência tanto nas maiores como nas menores cidades, sendo
constantemente destacados entre os principais prédios dos núcleos
urbanos. Geralmente as estações eram referidas como construções de
estética “moderna”, pois seguiam os estilos arquitetônicos
predominantes na época, semelhantemente ao que ocorria em outras
partes do Brasil e do mundo.42
41
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 125 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
42
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 132 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
27

Portanto, outra característica importante sobre as linhas férreas era o marco


arquitetônico, pois para a população da cidade de Lajes, eles têm sua estação como
ponto histórico de referência, e também têm um apreço muito grande pela estação e isso
não é de hoje, vem desde a chegada da ferrovia.

A estação da EFCRGN em Natal, durante a sua construção em 1908,


já era alarmada como “uma das belas construções da capital”, feita sob
“as mais rigorosas regras da arquitetura moderna” (A REPÚBLICA,
17 mar. 1908, p. 02). Em cidades como Baixa Verde e Lajes elas eram
citadas entre a descrição dos principais edifícios 43. 

No ano de 1914 iniciou o progresso na cidade de Lajes por meio dos trilhos com
a nova Estrada de Ferro Central “Eng. Sampaio Correia”, e com ela vinham às pequenas
indústrias de “café, açúcar, algodão, peles”, as casas de comércio e várias famílias
trabalhadoras vindas de vários cantos que se instalaram pela cidade e colaboraram para
o crescimento e desenvolvimento de vila para cidade. No dia 30 de dezembro de 1943,
por causa do Decreto Nº 268 o município de Lajes teve seu nome alterado para
Itaretama, que é um nome indígena que tem o significado de região de pedras. Porém,
esse nome de Itaretama não foi ao gosto da população Lajense, e assim, dez anos
depois, no dia 11 de dezembro de 1953, voltou a se chamar Lajes pela Lei de Nº 1.032.
No ano de 2000, na cidade de Lajes vinha água pelas linhas férreas da estrada de ferro
“Eng. Sampaio Correia”, pelo trem que vinha de Natal com os tanques abarrotados,
cheios por cima de água mineral para abastecer a população da cidade de Lajes e ia até a
cidade de Macau, que era de onde fazia o retorno para o porto de Natal com sal marinho
para exportação. Em novembro de 2000 foi inaugurado o sistema adutor Sertão Central-
Cabugi que trouxe para as cidades localizadas na região do Sertão Central água potável
para dessedentação humana, nesse momento, a cidade de Lajes entrava em uma fase
nova de prosperidade e abundância 44.

https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:


20/06/2022
43
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 132 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
44
SZILAGYI, Gustavo. 2007 Diagnostico ambiental do processo de desertificação no município de
LAjes/RN. Orientador: Fernando Morreria da Silva. 2007.110 f. (Mestrado) – Centro de ciências
humanas e letras e artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN. 2007. Programa de
pós-graduação em geografia. Dissertação de Mestrado. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/18845. Acesso em: 20/06/2022
28

4. PATRIMÔNIO E MEMÓRIA: OS SIGNIFICADOS DA ESTAÇÃO PARA OS


LAJENSES

Neste capítulo iremos abordar os significados da Estação Ferroviária para os


lajenses. Por meio de entrevistas e da realização de um questionário google forms como
tratei na introdução, nos foi permitido compreender algumas percepções que as pessoas
têm e algumas atribuições de significados que são conferidos a Estação das Artes. Para
a entrevista buscamos entender o que pensam os agentes públicos que ocupam cargos na
administração municipal como o Secretário municipal de cultura, o senhor Adeilson
Fernandes da Rocha e a Agente de Cultura, senhora Rosilda Barbosa de Lima.

Conforme o passar do tempo às estações foram sendo tombadas, demolidas, e


até mesmo deterioradas ou em ruínas, para essas faltou preservação, faltou cuidado, já
as outras estão bem conservadas, mostrando até a fachada original. Os trens se tornaram
símbolos arquitetônicos, culturais e históricos das cidades por onde passavam, os trilhos
revelavam uma grande história por trás de cada cidade que passava.

A respeito da relação da comunidade lajense e a Estação Ferroviária, os


entrevistados enfatizam a ideia da promoção de progresso econômico advinda com a
Estação, capilarizando seus impactos na vida social e cultural do município, razão pela
qual os lajenses guardam-na em suas memórias como vetor de transformação. Para
Adeilson Fernandes da Rocha, “a estação ferroviária é considerada um espaço de
memórias afetivas, recordações principalmente com aqueles que conviveram com ela
quando era usada para embarque e desembarque e pessoas e mercadorias”.
No entanto, a implantação de um Estação Ferroviária traz com ela muitos
elementos de transformação do espaço e da vida social. Seu edifício passa a ser
referência para os munícipes e viajantes. Como sua ampla estrutura é ponto de chegada
e de partida, desse modo também ponto de encontro, de despedidas, de abraços e de
adeuses. Para Medeiros:

A condição de marco arquitetônico foi também um caráter apropriado


pelas estações de trem no RN. Esses edifícios tornaram-se pontos de
referência tanto nas maiores como nas menores cidades, sendo
constantemente destacados entre os principais prédios dos núcleos
urbanos. Geralmente as estações eram referidas como construções de
29

estética “moderna”, pois seguiam os estilos arquitetônicos


predominantes na época, semelhantemente ao que ocorria em outras
partes do Brasil e do mundo45.

Continuando a discutir as transformações no espaço promovidas pelos trilhos, o autor


traz duas dimensões dessas construções, os “fluxos” e “fixos”, que embora estejam
relacionadas, cada uma tem atribuições específicas, vejamos:

Os caminhos percorridos pelos trilhos constituíam os elementos


“fluxos”, por onde se escoava as mercadorias e os passageiros, os
armazéns, as oficinas e, principalmente, as estações consistiam os
elementos “fixos”, que faziam o intercâmbio entre as cidades e os
caminhos, sendo, dessa maneira, os pontos nodais entre a acumulação
produtiva, que convergiam para os centros urbanos, e o escoamento
dessa produção, que se deslocava para as chamadas “cabeças de
linha”, onde se situavam os portos exportadores.46. 

Percebemos que há um vivo interesse entre os agentes públicos e mesmo a


população que o conjunto arquitetônico que forma a Estação Ferroviária alcance a
dimensão de um museu de História, visto que ele se apresenta como “Um ícone
histórico-cultural que perpetua a história de Lajes através da arquitetura” como
argumenta a senhora Rosilda Barbosa de Lima e corroborando, o senhor Adeilson
Fernandes da Rocha a apresenta como “o prédio mais bonito. Deveria ser um museu
com a história da ferrovia. Espaço de visitas e património histórico da cidade”
Ressaltando o significado da ferrovia para o crescimento do território onde se
instala, Adeilson Fernandes da Rocha apresenta que o desenvolvimento de Lajes rumo a
emancipação política tem vínculos estreitos com a ferrovia pois “ só alcançou o status
de vila em 1914, com o advento da ferrovia passando os anos em 1923, alcançou a
municipalidade, pois a mesma passou a ser vista como um município em crescimento
devido a chegada da ferrovia para aquele momento o progresso chegou”. Rosilda
Barbosa de Lima acrescenta que “Com o fim do transporte de passageiros, a linha trazia
a água tão escassa em nosso chão e o sal que ainda tinha o cunho econômico”.

45
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo. AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO
DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E INVENTÁRIO DE
SUAS ESTAÇÕES. Monografia de Graduação. Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Natal. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acesso em:
20/06/2022, p.132

46
Idem, pág. 125
30

O crescimento do município de Lajes foi verificado também em termos


populacionais. Os estudos de Medeiros trazem uma população de 8.711 habitantes na
década de 1920 e um salto para 12.521 habitantes na década de 1930 47. Compreendo
que tanto a Agente de Cultura quanto o Secretário de Cultura falam, o posicionamento
deles quanto à estrada de ferro com relação à parte econômica na cidade é de que a
economia da cidade de Lajes cresceu, avançou muito com a chegada da estrada de ferro
com o turismo, com o transporte de cargas e de pessoas.

O aumento demográfico ocorreu também em outras cidades, como


Lajes, onde a população do seu município cresceu de 8.711
habitantes na década de 1920 para 12.521 em 1930, ressaltando
que a E.F. Central chegou a esse núcleo em 1914 (LIMA, 1990c,
p. 186). Em Lajes, além disso, a ferrovia resultou em avanços
político-administrativos, decorrência do desenvolvimento
econômico atingido, o que ocasionou a conquista da categoria de
vila e de sede do município.48

Se a literatura sobre as estradas de ferro trata dos avanços que esse equipamento
trouxe para o território donde se instalavam, as memórias dos trabalhadores ferroviárias
tratam de fadigas e cansaços. José Nazareno dos Santos, antigo maquinista, nos diz o
seguinte: “Eu lembro, na época que eu entrei o trabalho da ferrovia era todo manual, era
muito cansativo, a gente sofria muito” e acrescenta ainda afirmando que “Eu passei 23
anos lá na ferrovia, trabalhei muito, era trabalho manual sabe, era trabalho manual
mesmo, não tinha maquinário né, aí pra o final foi chegando umas maquinazinhas, mas
encerrou logo, aí acabou”. O final de que nos fala o senhor José Nazareno é a década de
1980, quando começam a ser desativadas as linhas férreas. É neste final que
equipamentos são introduzidos para reduzir o esforço humano neste setor de trabalho.

O senhor José Nazareno dos Santos ao tratar do trem de passageiros e do trem de


carga, enfatiza os significados para a população que viu a vantagem de trafegar
entre vários municípios com custos menores e traz informações sobre a variedade
de mercadorias que chegavam via trem:

É porque na época tinha o trem passageiro aí era bom pra população


de Lajes, daqui pra Natal, Pedra Preta, João Câmara, Pedro Avelino
até Macau, passagem mais barata do que nos ônibus, era uma boa né.
Na época que eu trabalhei tinha o trem passageiro e o trem cargueiro,
a maioria das cargas eram sal, cimento, era só isso as cargas que o
trem cargueiro transportava.

47
Idem, pág. 31
48
Idem, pág. 103
31

O trem de passageiros está bem presente na memória dos antigos trabalhadores


ferroviários, por seu significado festivo. Para o maquinista Paulo Augusto Varela “Era
muito importante, que tinha bastante passageiros, quase que não cabia, a estação era a
maior festa do mundo, o povo tinha o prazer de esperar os trens, de barco e de caiba”. O
mesmo maquinista nos informa a diversidade de funções que poderiam ser assumidas no
mundo do trabalho ferroviário, sendo que ele mesmo trabalhou trinta anos,
compreendidos entre 1942 e 1972, assim distribuídos:“[...] trabalhei 10 anos na bancada
como serralheiro ajeitando as locomotivas, trabalhei 10 anos de cambista e trabalhei dez
anos de maquineiro”. Fazendo memória de sua trajetória como maquinista, Paulo
Augusto lembra que que trabalhou “primeiramente de Nova Cruz a Natal, depois
trabalhei de Lajes a Macau e a São Rafael, como maquinista trabalhei de Nova Cruz a
Natal e trabalhei de Natal até Macau”.
Conforme os relatos dos dois trabalhadores ferroviários na Estação de Lajes
chegava gente, animais, mercadorias comuns e água em tempos de seca. José Nazareno
dos Santos explica que a água era oriunda de “Extremoz, chegava aqui distribuindo nas
carroças, nos caminhões pras fazendas, era assim”. Ainda esclarecendo sobre a chegada
da água por meio da ferrovia os velhos ferroviários informaram ainda que em períodos
que a estiagem castigava mais a rede ferroviária contratou trens somente para o
carregamento de água para a estação ferroviária de Lajes e como a cidade tinha 12
vagões e 12 tanques disponíveis exclusivamente para essa situação, vinham seis (6)
cheios para Lajes, e os outros seis (6) ficavam em Extremoz para encher novamente.

O fim dos trens correndo em seus trilhos para chegar aos mais diversos pontos,
foi analisado como prejudicial aos munícipes, uma vez que dificultou a movimentação
de pessoas pobres que não dispunham de recursos para pagar outro tipo de transporte.
Na análise do velho trabalhador ferroviário Paulo Augusto Varela:

Mudou, mudou muita coisa, por que as passagens eram mais baratas nos
pontos levando passageiro que quando vinha com os passageiros era uma
festa muito grande e em várias estações de Natal a São Rafael e a Macau, nos
trens de passageiros era uma festa para esperar o trem, o governo achou de
fechar as estradas de ferro, acabou com as estradas de ferros, quer dizer que
foi um prejuízo para os pais de família que trabalhavam na ferrovia e para o
pessoal pobre que só tinha o transporte de trem, que não podia pagar carro,
hoje em dia tá tudo mudado, acabou o trem aqui no Nordeste, os pobres não
podiam mais viajar por que tudo era caro, os trens eram barato, era 1, 25, a
onde de carro é de ônibus era 3 e pouco, era uma diferença bem grande. Me
lembro de muita coisa, tinha bastante alegria, era muita gente, hoje em dia
32

parece um cemitério, acabou- se a alegria de Lajes e de várias estações, a


alegria do povo era esperar o trem para fazer embarque e desembarque,
tinham vários trens de carga, eram divididos, hoje em dia tá tudo parado, por
causa das pessoas que davam prejuízo49

A reforma na Estação Ferroviária e sua transformação em Estação das Artes


Poeta Antônio Cruz, assumindo a função de ponto turístico e centro de memória,
revitalizou o espaço e propiciou sua utilização em atividades artísticas, educativas e
culturais. Medeiros apresenta o espaço onde se situa a antiga Estação Ferroviária de
Lajes, hoje Estação das Artes:

O edifício está localizado no bairro do Centro em frente à Praça


Manuel Januário Cabral, mais precisamente na Rua Coronel Joaquim
Ferreira. Na praça situam-se vários quiosques e trailers de
alimentação, enquanto à sua volta estão secretarias da Prefeitura,
como a de Assistência Social, e vários estabelecimentos prestadores
de serviços. Bem próximo também se encontra o centro de origem da
cidade50.

Enviamos o questionário a 25 pessoas e obtivemos respostas de 23 destas. As pessoas


que responderam se encontram na faixa etária entre 23 e 58 anos, sendo 17
educadores(as). Há unanimidade em afirmar a importância da Estação Ferroviária como
Centro de Memória e espaço para a formação escolar de crianças e adolescentes quanto
à dimensão do conceito de patrimônio histórico. Para a maioria a Estação das Artes
contribuirá para a valorização da história local e a memória dos trabalhadores da
Estação Ferroviária e das pessoas que vivenciaram os tempos em que o trem corria nos
trilhos no município de Lajes.

49

50
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007, p. 11 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007.
disponívelem:<http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_48.pdf
Acessado em:. 12/ 03/ 2021.
33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância da Estação Ferroviária de Lajes já foi abordada em várias


pesquisas, como dito anteriormente. A ideia de progresso atribuída ao transporte
ferroviário é lugar comum e as mudanças operadas nos espaços onde eram instaladas
também é recorrente. Quanto a Estação de Lajes, cuja especificidade era transportar
água em tempos de grande estiagem, acreditamos que seja relevante a realização de
estudos específicos para entender a dinâmica desse processo, pois, da captação à
distribuição da água certamente podemos construir uma cartografia social e histórica
que muito possa dizer sobre os sujeitos envolvidos e a dinâmica política e social que
costurava o processo.
Quanto aos novos usos desse patrimônio da rede ferroviária, vimos que a
comunidade aguarda investimentos do poder público para que a Estação das Artes não
figure como um monumento ao passado, mas que nesta se opere ações educativas que
possam fortalecer a consciência histórica dos munícipes, valorizar a memória dos
trabalhadores ferroviários e sua contribuição para a história norte-rio-grandense.
34

REFERÊNCIAS

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Dissertação (mestrado)-Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia
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2021.
COELHO, Beatriz. Estudo de caso: como utilizar no TCC, na pesquisa científica e
nos negócios. Disponível em <https://blog.mettzer.com/estudo-de-caso/> Acesso em
25/11/2020.
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GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. - 6. ed. - São Paulo :
Atlas, 2008. Acessado em: 20/06/2022. Disponível em:
http://www.feata.edu.br/downloads/revistas/economiaepesquisa/v3_artigo01_globalizac
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GRANDE DO NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920).
NATAL-RN/1993. "Monografia apresentada a Di sei piina Prática de Pesquisa
Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História". Disponível
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%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO
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MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua
implantação no ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007
disponívelem:<http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovincul
ado_48.pdf>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. AS CIDADES E OS TRILHOS:
RESGATE HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO
GRANDE DO NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de
35

Graduação apresentado como requisito para obtenção de grau do curso de Arquitetura e


Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal. Monografia
(Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf.
Acessado em: 20/06/2022
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. CAMINHOS QUE ESTRUTURAM
CIDADES: REDES TÉCNICAS DE TRANSPORTE SOBRE TRILHOS E A
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Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Pós-Graduação em
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36

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03/ 2021.
37

ANEXO:

Figura 1

A ESTAÇÃO EM SUA INAUGURAÇÃO EM 1918.


(AUTOR DESCONHECIDO)

Figura 2
38

FONTE - A FOTOGRAFIA PERTENCE AO ARQUIVO PESSOAL DE ALINETE LOPES AVELINO


EM VIAGEM A LAJES NO DIA 30.09.1959. NOTA-SE NA FAIXADA DA ESTAÇÃO A
DESCRIÇÃO “ITARETAMA”.

Figura 3

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES DEPOIS DE SUA RESTAURAÇÃO PASSA A SER UM DOS


PONTOS MAIS IMPORTANTES DA CIDADE SENDO ESTE UM CENTRO DE CULTURA
MUNICIPAL. ESTAÇÃO DAS ARTES: POETA ANTÔNIO CRUZ

Figura 4
39

RÉ INAUGURAÇÃO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA COMO UM CENTRO DE MEMÓRIA E


CULTURA PARA A POPULAÇÃO NO ANO DE 2019.

A ESQUERDA DA FOTO ENCONTRASSE A VEREADORA ROSA CONTA E O PREFEITO JOSÉ


MARQUE FERNANDES, A DIRETO o SENHOR “PAULO AUGUSTO VARELA” UM DOS
ENTREVISTADOS NESTA PESQUISA AO SEU LADO O VICE-PREFEITO MARCIO NUNES E
OUTRAS AUTORIDADES E COMUNIDADE EM GERAL.

Disponível em <https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-ferroviaria-de-lajes/>
acessado em 15/04/2022

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