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MEMÓRIAS DA CÂMARA DA VILA DE IGUAPE

(LIVRO DO TOMBO)
1785 — 1827
A. PAULINO DE ALMEIDA
(Chefe da SecAo Histórica do J>epto. dp Arquivo)

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA

Comissionado pelo Sr. Secretário da Educação, durante o período


decorrente de 17 de novembro a 12 de dezembro do ano de 1938, por
solicitação do então prefeito municipal da cidade de Iguape, sr. Manoel
Honório Fortes, a fim de reorganizarmos o arquivo da Prefeitura local,
foi eom surpresa que fomos deparar com apreciável cópia de papéis an
tigos e importantes manuscritos, — em sua maior parte rotos, — na
mais completa desordem, espalhados pelo chão ou amontoados em quar
tos sem luz e sem ar, entregues à ação destruidora do tempo.
Foi assim que, depois de procedermos aos trabalhos preliminares de
ama desinfeção geral, iniciamos os de seleção e classificação, não só dos
mesmos, como de livros, jornais e papéis avulsos, muitos dos quais de
inestimável valor para a história daquela importante cidade do litoral
paulista.
Foi então que tivemos a agradável surpresa de deparar com várias
folhas esparsas de um curioso manuscrito, que, pacientemente recom
posto, desde logo verificamos tratar-se do Tombo daquela histórica ci
dade, ao qual E. G. Young, tivera oportunidade de referir-se em seus
trabalhos sobre a mesma, — livro esse mais conhecido pelo título de —
MEMÓRIAS DA CÂMARA.
Infelizmente, por maiores que fossem os nossos esforços, não conse
guimos descobrir onze de sua folhas, que vão de 19 até 28, a que corres
ponderia o registro dos casos ocorridos nos anos de 1800 a 1805.
Constando de 69 folhas que se acham numeradas de 1 a 18 e de 28
até 80, apenas 56 delas foram utilisadas com os competentes assenta
mentos, restando, portanto, 23, que se acham em branco, sendo de notar
que todas elas se encontram rubricadas do Corregedor, — Rendon, não
tendo sido encontradas as folhas destinadas aos respectivos termos de
abertura e encerramento.
Apesar do seu mau estado de conservação, quase todo carcomido por
traças, foi o mesmo lido e copiado, depois do que, sendo restaurado _e
encadernado no próprio Departamento do Arquivo, aí se encontra cui
dadosamente conservado.
— 14 —

Trata-se, como adiante se verá, de um dos raros livros de "memó


rias" ainda hoje existentes, pois que quase todos, pelo interesse que
despertavam, desapareceram misteriosamente dos arquivos municipais.
Do seu valor, portanto, nada teremos a dizer.

Eegistro da Carta que escreveu o Doutor Ouvidor Geral da Comarca


de Parnagoá aos officiais da Camará da Villa de Igoape que acompa
nhava a Co de Sua Magestade Fidelissima
os theores sam os seguintes:

Senhor Juis Ordinário e Officiais da Camará da Villa de Igoape —


O Illustrissimo e Excellentissimo Senhor General desta Capitania me
dirigio em crata de dous do corrente por copia a Provizam de Sua
Magestade pelo seu Concelho Ultramarino para fazer registar e observai
e para que Vosas Mercês mais exatamente Cumpram o remeto da mesma
Provizam a Copia emcluza, para que facão logo Registar nos Livros dessa
Camará e observem exatamente a Real Determinação de Sua
Magestade Deos goarde a Vossas Mercês muitos annos
Cananeya vinte e oito de Abril de 1785. De Vossas Meces
atento Venerador António Barboza de Mattos Coitinho. Nada maisse
contem na dita carta, que acompanhava a Copia da Provizam de Sua
Magestade a qual né do theor o seguinte § Dona Maria por Graça de
Deos Raynha de Portugal, dos Algarves d'Aquém e D 'Alem mar em
Africa e Senhora de Guiné etc. Faça saber a vós Governador e Capitam
General da Capitania de Sam Paulo que eu sou servido ordenar vos
que pelos ouvidores das Comarcas dessa Capitania fasais praticar o arbí
trio de Se fazerem efetivamente todos os anos humas memorias annuais
dos novos estabelecimentos, factos e cazos mais notáveis e dignos de
Historias que tiverem succedidos desde a fundação dessa Capitania e
forem succedendo sendo estas escritas pelo Vereador Segundo atendendo
o empedimento que pode ter o primeiro, servindo de Juis, o qual no fim
de cada nú os aprezentará em Camará aonde Lidos e examinados
se farão registar em hum Livro destinado para este fim dando fé todo
o Corpo dos Vereadores, para. Serem aqueles factos sucessos
do outro Sim aos mesmos Ouvidores
huma particular einspeSsam
A Raynha NoSsa Senhora do Seu Con
celho Ultramarino a paSsou por duas vias António
Ferreira de Azevedo — o fes em Lisboa a vinte de Julho de mil e sete
centos e oitenta e dois. O Secretario Joaquim Miguel Lopes de Lara «
fes escrever. Miguel Ferram Diniz, João Baptista Vaz Pereira estí com
forme Miguel Carlos Ayres de Carvalho está com forme com a Copia.
António dos Santos Pinheiro : Nada mais se continha a dita copia da
Provizam a qual eu Escrivão bem e fielmente atresladei da própria »
que me reporto com a qual esta comferi e vai toda na verdade sem
levar couza que duvida faSa, porque aly, corry comfery com • 1
vai nesta villa de Igoape aos quatorze dias do mes de Junho de Mil *
setesentos e oitenta e cinco. Eu José Jacinto da Silva Rocha Escriyam
da Camará o escrevy Ly e comfery e asiney — José Jacinto da Silva
Rocha — Comferido por mim Escrivam Rocha e senão contem mais
couza alguma em a dita Copia da Provizam lançada no meu Livro de
Registo desta Camará afls que eu bem e fielmente aqui tresladei e vai
sem couza que duvida faSa nesta Villa de Igoape a vinte e cinco de
Outubro de mil e setecentos e oitenta e cinco. Eu José Jacinto da Sil"
— 15 —

Boeba Escrivam da Camará a escrevy e Comfery e Asiney — José Ja-


«into da S. Rocha. — Comfery — Roxa.

Vto. em Corram, de 1787. O Escrivão intime ao Vereador segundo


deste anno a Ordem em fazer p. executar como determina S. Mag. e
não seguir o exemplo do Vereador do anno passado, aquém a morte
lurou de dar na preze. Corram, a rezão de Sua omissão e ommo. Es-
craia. paSsará ao pé deste certidão da intimação. — Rendon.
José Jacinto da Silva Rocha Escrivam da Camará e mais anexos nesta
Villa de Igoape e seu Termo por Provizão etc.
Certifico que intimei o provimanto Supra do Senhor Doutor Ouvi
dor Geral, e Corregedor desta Comarca ao Vereador Segundo do pre
sente anno António Franco de Oliveira, o que elle bem entendeu na
forma do mesmo Provimento. Hé verdade o Referido em fê do que passo
a prezente por mim feita easignada. Igoápé em Camará de 16 de Agosto
de 17S7. — José Jacinto da Sa. Roxa.

Copia da Descripção que fes o Vereador Segundo António Franco


de Oliveira de alguas memorias antigas respectiva ao estabelecimento
desta Villa Comforme as ordens de S. Mage. FideliSsima, apresentada
em Camará de que se fes Termo antes de Registar neste lavro, tudo na
forma Seguinte :
Aos vinte e nove de Dezembro de mil e sete sentos e oitenta e sete
annos nesta villa de Nossa Senhora das Neves de Igoape em Cazas da
Camará e passos do Concelho delia onde se acharam prezentes os officiais
da Camera com Assistência do Juis Presidente, e sendo ahy pello Verea
dor Segundo António Franco de Oliveira foi dito, que elle na forma da
ordem de Sua Magestade FideliSsima hera emcumbida aobrigação de
fazer huma sori descrição de algumas memorias animais dos novos esta-
belecimmentos as quais tinha escrito, e as apresentou aos ditos officiais
que com o Juis Presidente Lerão e asentarão estarem emtermos de se
mandar Registar neste Livro destinado para o mesmo effeito, e se remeter
o original descripção a Sua Magestade FifeliSsima, e mandarão a mim
escrivão Registar neste Livro o original descripção e havião por aprovada,
e para constar fis este termo de apresentação e aprovação em que asig-
narão os ditos officiais da Camera, e Eu José Jacinto da Silva Rocha
escrivão da Camera o escrevi. — Mel. Joaqm. da Sa. — Joaquim Anto.
Gomes — Ignacio de Olivra. Guimes. — Castro — Francisco Duarte.

Narração do que se pode descobrir memorável desde os princípios


desta Villa até o prezente anno de 1787 comforme a ordem de Sua Mages
tade que Deos goarde.
A Raynha NoSsan Senhora, que Deos Goarde por carta de Suas Reais
ordeins do Ulustrissimo e ExcellentiSsimo Senhor Francisco da Cunha e
Menezes Governador e Capitam General da Capitania de São Paulo feita
— 16 —

aos vinte de julho de 1783 determina que pelos Ouvidores de todas as


comarcas desta mesma Capitania íaSsa impreterivelmente observar tia
as Camarás de suas respectivas Tílias o arbítrio por elle determinado
sobre as memorias «"""«'t, que m^nd» se lavrem em Livros competente;
d«iarandi>-é>e neijes os novos estabelecimentos, factos, e&zos mais notá
veis e dugnos de Historia, que tiverem snceedído, e forem sucedendo. Para
bem cumprir o que devo em rezam do meu Cargo exa neeeSsario exa
minar o Cartório desta Villa, porque só delle se podia bem conhecer a
fundação delia, mas como dos primeiros feitos já não há memoria peia
extinção do antigo que mandou queimar o Corregedor Pedro de Hunhão
Ciuteiio Branco, vista a destruição em que achou todos os seos papeis:
resta consultar os que existem de mayor edade para saber delles tudo o
que pode ser útil á esta narração.
A noticia que elles dão adquirida dos Seos antepassados he, que a
primeira situação desta Villa foi em hum lugar que se a ha fronteiro s
Barra desta onde vi seos poucos abitadores não podendo ter cómoda
EU.Si?tencia mudando a sua habitação para o interior mais aSima da mesaii
Barra distancia de huma legoa e ahy firmarão o seu novo Estabeleci
mento, em hum terreno aprazível junto ao mar pequeno, e mais vermiio a
Ribeira, hum dos rios mais famosos desta Capitania, euja fertelidade, «
abundância de produçoens seria sem duvida a eauza da Sua Transmigra
ção: Aqui mais comodamente estabelecidos ficarão e prenianecerão *o-
meSsando a villa que axiste hoje, fundada no Sobre dito Citio, Lugar qat
para isso deo Francisco Alvares Marinho, hum dos primeiros Povoadores,
com António de Barcellos, como se descobrio no Traslado de huma Cer
tidão que os officiais da Camera passarão ao Capitam Bernardo Rodri
gues Bueno na era de mil e seis centos e seSsenta; não constando jamais,
nem por noticia, nem por documento algum qual foee o legitimo fundador
desta villa, nem tain poço o tempo da Sua criação no seu primeiro Cito.
Ao menos pello Livro do Tombo desta Fregnezia podia tomar-se al
gum conhecimento delia: mas nem dahy se pode colher couza alguma, a
respeito dos seos princípios porquanto tendo a Edificação desta Igreja
tantos annos não se acha esse Livro entre os mais antigos, talvez por &e:
comprendido no incedio que antigamente houve na Caza do Kevereado
António Carvalho de Oliveira Vigário desta villa, e também da vara ao
tempo em que ella foi comarca eclesiástica.
Apenas se acha hum que foi feito, e rubricado em o anno de 1™
pelo Reverendo Vigário Collado desta villa António Ribeiro com ordem
que para iS.so teve do IllustiSsimo e ExcellentiSsimo digo do Excellen-
tíS.iimo e ReverendiSsimo Senhor Dom Bernardo Rodrigues Nogra. pri
meiro Bispo desta Diocese Paulo Politana. Emtam procurando o dito
Iteverendo Vigário António Ribeiro os princípios desta Freguezia apenas
soube por dito dos mais antigos que ella existia a Cento e Setenta annoí
pouco muis ou menos, aos quais ajuntando os quarenta que paSsarao
desde a futura do dito Livro até o prezente julgace que a sua existência
andará por duzentos e des annos.
Esta fundação como custumão ser todas humildes nos seos princi
piou, teria logo aumento, Se os moradores delia tivessem meyos para ad
quirir fruto grande nas suas diligencias: porem como não podião saiir
<lu pobreza com que principiarão, muitos annos se conservou esta villa
em «batimento sem poder já mais aumentar-ce nos edifícios, porque qM*'
iodou erão de palhas como se alcansou.'
— 17 —

Isto hé o que consta a respeito de sua qualidade quanto a extenção


do Sen plano, pelos domieillios era tam pequena, que tendo o Capitam
ruór e ouvidor Luis Lopes de Carvalho ordem do Conde Donatário para
aumentar as villas desta Capitania que emtão era de Sam Vicente, por
bom Edital que fes publico aos quatro de Agosto de 1679, determinou
aos moradores desta que vistos as poucas moradas que havião nella foce
tida hum obrigado dentro de hum armo a fazer a Sua tendo de cem
mil reis de beins para Sima Sob pena de dez cruzados, como bem consta
it hum Livro que sérvio de Registo em a Camará desse tempo. Tal foi
o estado em que se achava esta villa quando succedeu o aparecimento da
milagrosa Imagem do Senhor Bom Jesus dadiva Precioza do Céo, penhor
o mais rico de toda a terra, e a única riqueza que está pesuhindo esta
mesma villa desde o armo de mil e seis centos e quarenta e sete, tempo
em que o Senhor foi servido entrar nella para enriquecer os seos pobres
habitadores fazendo-ce achar por elles no lugar mais dezerto de toda esta
tosta, como quem mostrava que elle só queria estar onde os homens vivião
debaixo da humilde palha;
Com effeito não se pode julgar que foi mero acaso a vinda desta
SartU Imagem. E sendo que as circunstancias delia, pello que tinhão de
prodigiosas erão dignas de immortal memoria; ellas já estarião de toda
no esquecimento Se o Reverendo Christovão da Costa e Oliveira Vigaria
da Vara da Comarca de Parnagoá emtão Vezitador das Villas do Sul
pelo IllustriSsimo e Reverendíssimo Senhor Dom Frei António d'Goa-
(ielnpe Bispo do Rio de Janeiro, não deixace, como deixou, em o armo
de mil e setecentos e trinta, huma autentica narração de todas as que
pode adquirir dos homeins mais antigos para perpetuar aqui a memoria
de tam maravilhozo aparecimento:
Consta pois da dita narração que entre os moradores desta villa se
conservava por Tradição a noticia de que trazendo hum Navio de Portu-
pal para Pernambuco esta Santa Imagem e emcontrando com outra de
uúmigos infiéis com receyo de algum SuceSso infausto alançou ao mar,
tom hum caixão de Será e algumas botijas de azeite. Isto mesmo que se
entregou ao mar para comSumir foi o que a Providencia tomou para
foaservar, sendo só dia quem em Caminhou felizmente este depozito pre
cioso trazendo com elle o mais brilhante pronostico, de Venturas: por
quanto se julga que não forão outras senão delle as seis luzes que o
Reverendo Manoel Gomes Vigário da Ilha de Sam Sebastião divizou em
huma noite passar pello mar da parte do Norte para a do Sul, cujo res
plendor se espalhava por grande circumferencia como elle o revelou na
sã» visita ao Padre António da Crus Religioso da Companhia de Jesus;
Nenhum Juizo presente atribue a outro objecto aquellas grandes luzes
porque nesse mesmo tempo foi visto sahir do mar para Terra este pro
digioso Retratto do Sol Divino/ Em tão como consta da Gloriosa memo-
na que se conservou/ hé que dous índios bucais, ainda ignorantes da
-Nosga fé sendo mandados a Villa da Conceyção por Francisco de Mes
quita morador na Praya da Jureya virão na" de Iuna junto ao Rio Cha
mado PaSahúna hum vulto que andava rolando entre as ultimas agoas que
0 mar espraya.
Chegarão-ce a elle para o reconhecer aplicaram seos braços para o
drogarem e_pondo-o depé no mais alto da praya onde o mar não chega,
«u o deixarão com o caixão de Será, e as botijas de azeite, que acharão
com pouca distancia em a mesma praya. Chegando da Conceyção ao lugar
do Seu raro achado, virão tudo na forma que havião feito, menos a Santa
— 18 —

Imagem porque tendo-a deixado com o rosto para o NaSsente estava com
elle virado para o Poente; mudança prodigiosa porque Hera em possível
ser feita por pessoa alguma, não se divizando na Arêa vestijios de quem
ali chegace como bem virão e certificarão.
Trazendo de tudo isto a noticia para os vesinhos do seu lugar partirão
logo Jorge Serrano, sua mulher Anna de Gois, seu filho Jorge Serrano,
e sua cunhada Cezilia de Gois indo na deligencia de ver o que se relatava.
Com effeito viram, e com todo o Respeito trouxeram a veneranda
Imagem, não receando na Condução delia mais dificuldade do que a qne
se propunha no monte mais áspero da Jureya : porem como chegando a
este monte chegaram também da Villa da Conceyção, os que para o mesmo
effeito vierão imformados, pellos referidos índios, com o adjutorio delles
vencerão o mais, dificultoso athé o cume do monte.
Chegando finalmente ao Lugar onde faz Barra o Rio da Ribeira com
todos os desta villa, que já ali se achavam a espera da Santa Imagem,
vierão e logo a levarão a Fonte chamada do Senhor, Gloriozo appelido
comque se enobreceu desde emtam por que nella o lavarão de todos os
defeitos que tinha cauzado o mar; Concluídas as disposiçoens necessárias
para a sua colocação entrou o Senhor nesta Igreja de Nossa Senhora daí
Neves onde foi collocado em throno decente, começando todos a render-lhe
o devido culto nesse glorioso dia que foi o de dous de Novembro de mil
e seis sentos e quarenta e sete, comforme se achou no aSento de hum
curioso, tirado de outro mais antigo:
Quanto por esta Santa Imagem foi Deos servido ampliar os favores
de Sua Divina Beneficência não hé neceSsario dizer porque desde então
athé agora estam todos achando nelle o remédio das Suas NeceSsidadei.
No mar, na terra, em todos os lugares sam numeráveis os favorecidos: só
a imvocação de sen santo nome, afugenta o mal, restabelece a sande *
defende a vida em todos os perigos, como se tem visto, e se vai vendo
na concorrência de muitos que de todas as partes vem nqui cumprir seos
votos.
Esta foi sem duvida a cauza que teve esta villa para seu aumento
porque sendo tam baixa e humilde no seu principio, como fica dito, come
çou a crescer de tal sorte que achando-ce já ocupadas as cituaçoens mais
vesinhas dos seos Lemites foi se o Povo estendendo pela Ribeira Sima,
Rio navegável, até quinze dias de viagem sem embaraço considerável.
Emtam comesaram a descobrir-ce minas de oiro por aquellas partes,
cuja extração foi permitida pela Sua Magestade, porque ainda hoje se
conserva nqui com ns Armas Reais a caza que entam servida para a Fm1"
dição delle, durando esta até o descobrimento das minas Gerais, em o
anno de mil e seis centos e noventa e sete pouco mais ou menos em (pe
ficou seSsando, porque quazi todos os Mineiros se ausentarão daqui p*M
as ditas Minas.
Suposta a extenção com que se achava o Povo desta villa pela Ri
beira Sima até o Arrayal de Iporanga e a dificuldade, que havia para o
remédio dos Sacramentos desmembrarão-ce daqui os moradores do dito
Arrayal, erigindo ali capella de Santa Anna que ficou emtam pert*1
cendo a Igreja mais próxima da villa nova de Apiahy.
_0 mesmo fizeram os cituados nos termos de Xiririca e pella mesma
rezão da longetude em que estavam neste mesmo Rio comseguiráo a_ Sepa
ração desta Igreja edeficando a capella de Nossa Senhora da Guia qne
— 19 —

esta sendo Freguezia a vinte e oito annos. Foi seu primeiro Parocho o
Revendo José Martins Tinoco com Provisão do EscellentiSsimo, e Reve
rendíssimo Senhor Dom Frei António da Madre de Deos GaLrrão, Se
gando Bispo desta Diocese de São Paulo (1).
A estas separaçoens permitidas pella estenção grande da Ribeira
esguio-ce a dos habitantes do bairro de Sabauma em o mar pequeno, que
fas navegação para a villa de Cananeya, não porque ouvesse delle necessi
dade tão grande como das Referidas, mas sim pelo expediente que to
mou de aumentar em numero as villas desta Capitania o Governador e
Capitam General delia que emtão era o IllustriSsimo e EscellentiSsimo
Senhor Dom Luis António de Souza mandado para esse fim, o seu aju
dante de Ordeins Affonço Botelho de Sampayo, escolheo este a paragem
chamada La Lage, — distante daqui cinco legoas, e ahi fundou villa com
os moradores vezinhos desse lugar e com os cazais que avocou da villa
de Cananeya, também vizinha levantando a capella de Nossa Senhora de
Conceyção da Lage denominação que ficou a mesma villa comforme o
lugar da sua fundação em o anno de 1770.
Foi seu primeiro Vigário o Reverendo Frei José da Purificação Reli
gioso da Ordem de Sam Francisco provido pelo Reverendo Doutor Ma-
theos Lourenço de Carvalho, Vigário Capitular deste Bispado Sede va
gante, porem como faltavão princípios para a susistencia, faltou este em
tudo, e tudo se acabou dentro em poucos anos ficando a dita villa dezerta
eomo está hoje por seos moradores reunidos à Igreja de donde se tinhão
dezaneixado.
Outras revoluçoens tem havido nesta villa como aumento de cazas,
fundaçoens de estaleiros, estabelecimento de Paradas, levas de gente para
o Real Serviço, Novos empostos por ordem dos Soberanos, e outras cou
tas que ordinariamente se movem com a Sucessam dos tempos: porém
como não as julgo notáveis e com circunstancias dignas de particular me
moria, parecendo-me supérflua aindividuação delias tenho por bem omi-
tiiias, asim como deixo de referir que seria de grande utilidade individuar
se não parecesse aposcripha, e tam fabulosa a noticia que neste Povo
corre deixada pelos antepassados de duas serpentes que tinhão sua mo
rada, em hum monte visinho a esta villa, das quais dizem que huma fora
morta pelos moradores com huma PeSa que para esse fim, formarão de
paú chapeada de ferro; e que outra fugira voando para os certoins
incultos da Ribeira, ficando por isso o lugar do sobredito Monte a deno
minação de Boy coara que quer dizer buraco de cobra :
Ex aqni o que me foi possível achar para referir: Se algum memo
rável sueeSso fica por se dizer, erro foi da ignorância ou da inércia, que
asim o deixou com fundido na multidam dos annos, ficando por isso sem
culpa a minha deligencia, porque com ella nada mais pude descubrir me
morável ou digno ou digno de Historia athé o prezente anno de 1787.
Nada mais continha a descripção e memoria dos factos, e cazos, o
que fielmente tresladei do próprio original a que me Reporto nesta sobre
dita villa de Igoape aos 29 de Dezembro de 1787. Eu José Jacinto da
Silva Rocha escrivão da Camera que o escrvy li e conferi e asignei. —
José Jacinto da Sa. Roxa — Com ferido por mim Escram. — Roxa ■—
1) — O verdadeiro nome do seg-undo Bispo de S. Paulo é, realmente, D.
António da Madre de Deus Galrram, como se encontra no livro das Memorias
• nâo, como escreveram vários escritores, confundindo o sobrenome Galrram
«om Oalrao.
— 20 —

Joaquim Anto. Gomes — Anto. Francisco de Oliveira — Mel. Joaqm. da


Sa. — Ignacio de Olivra. Guimes. — Francisco Duarte Castro — Vto.
em Corram, de 1788 — Rendou.

Termo de declaração que fas o Vereador Segundo José António Pe-


nixe.
Aos trinta dias do mes de dezembro de mil e setesentos e oitenta t
oito annos nesta villa de Nossa Senhora das Neves de Igoape comarca de
Parnagoá em Cazas da Camera delia onde se achavam presentes e os offi-
ciaes da Camera com assistência do Juis Presidente e sendo ahy logo
pelo Vereador do meyo José António Penixe foi dito que na forma das
ordeins de S. Magestade FideliSsima Registada neste Livro a fia. IV
lhe era incumbido «obrigação deste prezente anno apresentar em Camera
alguns aSentos de Cazos notáveis dignos de memoria: £ porque em o
decurço de todo o prezente anno, não achou de que fazer aseuto para
apresentar em Camera asim o vinha depor e declarar, requerendo, que
disso mesmo se fizece aqui termo para constar, avista do que asúua ex
punha o dito Vereador Segundo disso mesmo mandarão os ditos oficiais
da Camera lavrar este termo emque asinarão os ditos Vereadores com o
Segundo asinia nomeado e Eu José Jacinto da Silva Rocha escrivam da
Camera que o escrevy. — Silvestre Gomes Baleya — Anto. da Sa. Viamão
— José António Penixe — Anto . Roiz Silva — Vto ., em Corram, de 1789
— Reudon.

Termo de declaração que fas o Vereador Segundo o Alferes Fran


cisco Duarte de Castro.
Aos trinta dias do mes de Desembro de mil e sete sentos e oitenta e
nove annos nesta villa de Nossa Senhora das Neves de Igoape Comarca
de Parnagoá em cazas da Camera onde se achou prezente o Juis Ordiná
rio e mais Officiaes da Camera : E sendo ahy logo pelo Vereador Segundo
o Alferes Francisco Duarte Castro foi dito que na forma das ordeins de
Sua Magestada FideliSsima Registrada neste livro afls. 1 V lhe era im-
cumbido a obrigação deste prezente anno apresentar em Camera alguns
asentos de Cazos notáveis dignos de memoria. E porque em o decurço
de todo o prezente anno não achou de que fazer asento para aprezentar
em Camera asim vinha depor e declarar requerendo que disso mesmo se
fizesse aqui termo, para constar; a vista do que asim expunha o dito
Vereador Segundo e isso mesmo mandarão os ditos officiais da Camera
lavrar este termo em que asingarão os ditos Vereadores com o segundo
asim nomeado, e eu José Jacinto da Silva Rocha Escrivão da Camera que
o escrevi. — José Giz' da Rocha — Francisco Duarte Castro — Cario*
Monis He Gusmão — José Alvares" da Sa. Carnro. — Manoel José Pêra. —
Vto. em Corram, de 1790 — Rendon.

Termo de declaração que fas o Vereador Segundo Raymundo Pinto


de Almeyda.
do mes de Dezembro de mil e sete e sentos e noventa annos
nesta villa de Nossa Senhora das Neves de Igoape comarca de Parnagui
— 21 —

em Cazas da Camera delia onde se achavão prezentes os oficiais da Ca-


mera eom asistencia do Juis Presidte. e sendo ahy logo pelo vereador
Segundo Raymundo Pinto de Almeyda foy dito que na forma das ordeins
de S. Mage. FideliSsima registada neste mesmo Livro afls. IV. le era em
eumbido da obrigação de aprezentar neste preze, anno em Camera alguns
asentos de cazos notáveis dignos de memoria e os que no decurço de todo
o presente anno não achou de que fazer aSento para aprezentar em
Camera, asim o vinha depor e declarar, requerendo que disso mesmo se
fiseSse aqui termo a vista do que asima expunha o dito Vereador Segundo
disso mesmo mandarão os ditos oficiais da Camera lavrar este termo em
que asignarão os ditos Vereadores com o Segundo asima nomeado e Eu
Joaquim Pereyra do Canto escrivão da Camera queo escrevy. — António
Penize — Anto. Lopes de Siqra. — Raymdo. de Almda. — Manoel José
Pêra. — Vto. em Corram, do ano de 1791 — Bro.

Termo de Declaração que fas o Vereador Segundo Thomé de Souza


Vilas Boas.
Aos seis dias do mes de junho de mil e sete e sentos e noventa e
hum anos nesta villa de Iguape comarca de Pernaguá em Casas da Ca
mera e Pasos do Concelho, onde se acharão presentes os oficiais da Ca
mera com asistencia do Juis Presidente e sendo ahy logo pelo vereador
8egundo Thomé de Souza Villas Boas foi dito que na forma das ordeins
de Sua Magestade FideliSsima rezistrada neste mesmo livro a fls IV lhe
era emeumbido aobrigação de apresentar neste prezente ano em Camará
alguns asentos de cazos notáveis dignos de memoria e porque não tem
havido novidade de que possa fazer asento para apresentar em Camera
asim o vinha depor e declarar, requerendo se fizesse termo de sua decla
ração, a vista do exposto mandarão os ditos oficiais da Camera Lavrar
este termo em que asignarão e eu Joaquim Pereyra do Canto escrivão da
Camera que o escrevy. — Vto. em Corram, de 1791 — Bro. — Ignço. de
Olivra. Guimes. — Manoel Pinto da Cunha — Brás Lopes Pra. — Thomé
de Souza.

Termo de declaração que fas o Vereador Segundo António Rodri


gues Silva.
Aos quinze dias do mes de Fevereiro de mil e setesentos e noventa
e dons anos nesta villa de Iguape em Cazas da Camera e Pasos do Con
celho onde se achavão prezentes os officiais da Camera com asistencia do
Juis Presidente e sendo ahy apareceu prezente o Vereador Segundo An
tónio Rodrigues Cunha e por elle foi dito que na forma das ordeins de
Sua .Magestade FideliSsima reziztada neste mesmo livro a fls. IV lhe
hera emeumbido aobrigação de apresentar neste ano os Asentos e as novi
dades que hovesem dignas de memoria e por que não tem havido novidade
alguma de que se possa fazer acento para apresentar em Camará asim
vinha depor e declarar requerendo se fizeSe Termo de sua declaração
feita do exposto mandarão os officiais da Camera fazer este termo que
asignarão e eu Joaquim Pereyra do Canto, escrivão da Camera que o
escrevy — Silva — Guimes. — Ignço. de Olivra. Guimes. — Anto. Giz*
Eoiz' — António Roiz' da Silva.
— 22 —
»
Vto. em Corram, de 1792, deve todo o Corpo de Vereadores dar fé
no fim do tro. de não haver factos alguns notáveis dignos de Historia
asim como devem dar anima, fé qdo. emrazão porque deste modo lie q.
fica comprido Literalmente a ordem de S. Mage. q' todos tem obrigação
de cumprir religioza e respeitosamte., o Escram. intimará este ao Corpo
dos Vereadores pa. asim observar. — Brco.
Certifico que intimei deste Provimento e despacho do Doutor Ouvidor
Geral e Corregedor da Comarca a todo o Corpo da Camera aos quaes ahy
o declarey aos Vereadores Hé verdade o referido e a fé do quo
passo a preze. vo. e sigo. em Camera de 19 de Janro. de 1793 — Joaqm.
do Canto.
Termo de declaração que fas o Vereador Segundo João Manoel
Junqra.
Aos trinta dias do mes de Desembro de mil sete sentos e noventa e
três annos nesta villa de Igoápe em Cazas da Camará e Paasos do Con
celho onde foi vindo o Juis Ordinário e mais oficiais da Camará que o
prezte. anuo serviu e sendo ahy prezente o Vereador Segundo Joaquim
digo João Manoel Junqueira pr. elle foy dito que na forma das ordein»
de Sua Magestade Fidellissima registada nesse mesmo Livro a fls 1 verso
lhe hera encarregado aobrigação de aprezentar nesse anno o Asento das
Novidades que huveSsem dignas de memoria e porque não tem havido
novidade alguas das que se registão farão asento para apresentar em
Camará asim o vinha depor e declarar requerendo me fizesse Termo de
sua declaração e avista do exposto mandarão os officiais da Camará
fazer este Termo que aSignarão e eu Joaquim Pereira do Canto escri
vão da Camará o escrevy. — Pupo — Junqra. — Faria — Cruz — Ferra.
O Capitão Ignacio José Pupo Juis Ordinro. e Prezdte. da Camará e
mais Vereadores atuais delia que o prezente ano Servimos por bem da
ley de Sua Magestade FideliSsima que Deos ge. etc.
Certificamos e damos fé de que em o prezente ano de 1793 não houve
novidades digna de memoria salvo o feliz Nacimento da nossa Princeis
Soberana nascida em Portugal a vinte e nove de Abril de mil e sete sen
tos e noventa e três, Conforme a Carta de Sua Magestade escrita ao
Ulmo. e Exmo. Sr. Bernardo José de Lorena Governador e Capitão Ge
neral desta Capitania, e se fizerão sinco dias de festas nesta Va. em
aplauzo do Nacimento da Sereníssima princeza de que de tudo, par*
constar, mandamos fazer o prezte. termo que aSignamos e eu Joaquim
Pereyra do Canto escrivão da Camera que o escrevy. — Pupo — Ferra. —
Junqra. — Faria — Curz — Vto. em Corram. — Brco.
Termo de declaração que fas o Vereador Segundo João Manoel
Junqra. que sérvio em lugar do Vereador Segundo António Antunes por
este haver fallecido.
Ao primeyro dia do mes de Janeyro de mil e sete Sentos e noventa
e quatro anos nesta villa de Iguape em Cazas da Camará e Paços do
Concelho onde foy vindo o Juis Ordinário o Guarda Mór Joaquim Morato
do Canto e mais oficiais da Camera que este prezente anno servirão e
sendo ahy apareceu prezente João Manoel Junqra. Segundo Vereador que
serve por fallecimento de António Antunes Andrade e por elle foi dito
que na forma das ordeins de Sua Magestade, FideliSsima Registada neste
Livro a fls lvço. lhe era encarregado a obrigação de Aprezentar neste
— 23 —

ano o Assento das novidades que houvessem dignas de memoria e que


neste ano de 1794, não houve novidade alguma de que se pudesse fazer
acento para se declarar e apresentar em Camera asim o vinha depor e
declarar reqnerendo se fizesse Termo de Sua declaração avista do Exposto
mandarão os officiais da Camera fazer este Termo que asinarão e Eu
Joaquim Pereyra do Canto Escrivão que o escrevy. — Morato — Pupo
— Jumqra. — Ramos — Araújo.
0 Guarda Mor. Joaquim Morato do Canto Juiz ordinário e Prezidte.
da Camera e mais Vereadores delia abayxo asinados que servirão o
prezte, ano por bem da Ley de S. Me. RI. qe. Ds. Ode.
Certificamos e damos fé que neste presente digo que no anuo Pre
térito de 1794 não houve novide. digna de memoria de que se pudesse
fazer declaração neste Livro na Conformidade das Ordeins de S. Mages-
tade FideliSsima de que damos fé o que hé verdade passamos este que
atinamos e eu Joaquim Pereyra do (Janto Escrivão da Camera que o
eserevy. — Morato — Pupo — Junqra. — Ramos — Araújo.
Certifico que intimey o Provimento retro do Dor. Ouvor. Geral e
Corregedor da Comca. dos Novos Oficiais que entrão a servir o anno de
1795. Hé verde, o referido em fé do que passo a preze. Ige. em Camera do
L* de Janeiro de 1795. — Joaqm. Pra. do Canto — Vto. em Corram.
— Brco.

Declaração que fas o Segundo Vereador Silvestre Gomes Baleya quo


sérvio o ano de 1795.
Ao primeiro dia do mes de Janro. de 1796 annos nesta villa de
Iguape em Cazas da Camera e Paços do Concelho onde forão vindos o
Juis Ordinro. Prezide. da Camera e mais Vereadores e Officiais que se
acháo abaixo asinados e sendo ahy apareceu prezente Silvestre Gomes
Baleya, que sérvio e serve de Segundo Vereador e por elle foy dito que
na forma das ordeins de Sua Magestade FidelliSsima rezistada neste
mesmo Livro a fls 1 vço. lhe era em cumbido aprezentar o Assento das
Novidades dignas de memoria que sucederão no ano de 1795 e por que
não tenha havido novidade algua de que se possa fazer acento para
aprezentar em Camera asim o vinha depor e declarar requerendo se fi
zesse Termo desta declaração Avista do expostto mandarão os Oficiais
da Camera fazer este Termo que asinarão e Eu Joaquim Pereyra do Canto
escrivão que o escrevy. — Raymundo. Pinto de Almda. — Franco. Luís
Pêra. — Silvestre Gomes Baleya — Anto, Miz' Roiz" — Bartolomeu da
Costa Almda. Crus.

0 Alferes Manoel Pinto da Cunha Juís Ordinário e Prezide. da Ca-


nura e mas Vereadores e Oficiais que servirão o ano de 1795 por bem-
<» Ley de S. Magestade Fma. qe. Ds. Ge. etc.
Certificamos e damos fé de que o ano de 1795 não houve novide. al-
Sna de memoria e só tem o felis Nacimento de Noso Príncipe que feste
jamos nos dias do Nacimento de Nosso Senhor Jesus Christo na forma da
— 24 —

Carta Regia de Sua Magestade derigida a este Concelho pelo Ulmo. e


Excellentissimo Senhor General desta Capitania Bernardo José de Lorena
cujas festas principiarão do dia do Nacimento de Nosso Senhor Jesus
Christo e findarão no primro. de janro. com o Smo. Sacramento exposto
Laus perene comedias e mais funçoins luminárias de que de tudo damos
fé e para constar mandamos passar esta por nós asignadas. Ige. vinte de
Janro. de 1796 e eu Joaquim Pereyra do Canto escrivão da Camera que
o escrevy.
Raymdo. de Aluída- — Anto. Miz' Roiz' — Silvestre Gomes Beleya
Bartolomeu da Costa Almda. Cruz.

Declaração que fas o Segundo Vereador Diogo Garcia que sérvio o


ano de 1796.
Ao primeyro dia do mes de Janeyro de mil sete sentos e noventa e
sete anos nesta villa de Iguape em Cazas da Camera e Paços do Concelho
onde forão vindos o Juis Ordinário Prezidente da Camera o Capitão An
tónio Lopes de Siqueyra e mais Vereadores atuais que servem abaixo
asignados e sendo ahy apareceu prezente Diogo Garcia e Sylva Segundo
Vereador e por elle foy dito que na forma das Ordeins de Sua Magestade
Fidellissima Registada neste Livro a folhas 1, verço, lhe era emcumbido a
prezentar o assento das novidades dignas de memoria que sucederão o
ano de 1796 e porque não tinha havido novidade alguma, de qne se possa
fazer asento para apresentar em Camera asini vinha depor e declarar
requerendo lhe fizece Termo de sua declaração avista do exposto man
darão os oficiais da Camera fazer este Termo que asinarão e eu Joaquim
Pereyra do Canto escrivão que o escrevy. — Anto. Lopes de Siqra. —
João António da Costa Mendonça — Diogo Garcia da Sa. — Felippc
Roiz' Cunha.

O Guarda Mór Joaquim Morato do Canto, Juis Ordinário e Prezi


dente da Camera e mais Vereadores atuais que servião por bem da Le?
de S. Me. Fa. q' Ds. Ge.
Certificamos e damos fé de que o ano passado de 1796 não bourí
novidade digna de memoria de que se fizesse asento de que para constar
mandamos passar este por nós asinados. Villa de Iguape em Camera de
1.° de Janro. de 1797. e eu Jaquim Pereyra do Canto escrivão da Camera
que o escrevy. — Joaquim Mourato — Gregório Giz' da Rxa. — 3osi
Joaquim Pinto de Faria — Braz Lopes Ferra. — Felippe Roiz'.

Declaração que fas o Segundo, Vereador Joaquim Pinto de Faria q<W


sérvio o ano de 1797.
Aos doze dias do mes de Março de mil sete sentos e noventa c oyto
anos nesta villa de Iguape em Casas da Camera e Paços do Concelho onde
foi vindo o Juis Ordinário o Guarda Mór Joaquim Morato do Canto e
mais vereadores atuais abaixo asinados e sendo ahy prezente José J<*-
quim Pinto de Faria Segundo Vereador que sérvio o ano de 1797 por
— 25 —

elle foy dito que na forma das ordeins de Sua Magestade Fidelíssima
Registada neste Livro a fls. 1 vergo lhe era emcumbido aprezentar o
Astuto de todas as novidades dignas de memoria, que sucedesem no ano
de 1797. E porque no dito ano não tinha havido novidade alguma digna
de memoria de que se fizesse acento para aprezentar em Camera asim o
vinha depor e declarar requerendo se fizesse termo de Sua declaração A
vista do exposto mandarão os oficiais da Camera fazer este termo que
asignarão o Capitão Joaquim Pereyra e Canto escrivão da Camera o
escrevy. — José Joaquim Pinto de Faria — Mourato — Felippe Roiz'
Cunha — Anto. Lopes de Siqra. — Gregório Giz' da Rxa.

Alfrs. Mel. Pinto da Cunha, Juis Ordinário Prezidente da Camera


e mais vereadores atuais que servem o prezente ano por bem da Ley de
S. Magde. Fidlma. q. Ds. Ge. etc.
Certificamos e damos fé que no ano passado de 1797 não houve
novide. digna de memoria de que se fizesse assento de que para constar
mandamos passar a prezente por nós asinada. Va. de Ige. em Camera
• . de Obril de 1798 e eu Capm. Joaquim Pereyra exerani. o escrevi.
— Cunha — José Alvares da Sa. Carneiro — Francisco Luisi Pereyra —
Anto. Roiz e Silva — Ignço. Alz. da Sa. — Vto. em Corram. — Brco.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador Francisco Luis


Pereira q' serve o prezente ano de 1798.
Aos trinta e hú dias do mes de Dezembro de mil e sete sentos e
noventa e oyto anos nesta villa de Iguape em Cazas da Camera e Passos
do Concelho onde foi vindo o Juis Ordinário o Capitão Ignacio João Pupo
com os mais vereadores atuais que ao prezente anno servem abaixo asig-
nados e sendo ahy prezente Francisco Luis Pereyra Segundo Vereador
que sérvio o prezente ano de 1798 por elle foy dito que na forma das
ordeins de Sua Magestade FideliSsima Rezistada neste Livro a fls 1 vço.
lhe era imcumbido aprezentar o Assento de todas as novidades dignas de
memoria que sucedessem no prezente anno de 1798 e porque no dito anno
não tinha havido novidade algua digna de memoria de que se fizesse
asento para apresentar em Camera asim o vinha depor e declarar reque
rendo se fizesse termo de sua declaração avista do exposto mandarão os
oficiais da Camera fazer este Termo que asinarão o Capitão
Joaquim Pereyra e Canto e eu escrivão da Camera o escrevy. — Pupo
— Carvalho — Pereyra — Silva — da Sa.

Raymundo Pinto de Almeida, Juis ordinário Prezidente da Camará


e mais vereadores atuais q. servem o presente ano por bem da Ley de
S. Magte. Fma. que Ds. Ge. etc.
Certificamos sob nossos Cargos de que o anno passado de mil sete
sentos noventa e oyto não houve novidade alguma digna de memoria do
que se fizesse assento e por verdade mandamos passar a presente por
nos asinado em Camera de 1.° de Janro. de 1799. — Raymundo Pinto de
— 26 —

Almeida — Diogo Graeia da Sa. — Bento Joam da Sa. — Franco, de


Panlla Souza — Manoel João de Agar.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador Bento João da


Silva que serve o prezente anno de 1799.
Aos vinte e hum dias do mes de Dezembro de mil e sete sentos e
noventa e nove annos nesta Villa de Nossa Senhora dasNeves de Iguape
em Cazas do Coneelho onde foi vindo o Juiz Ordinário Prezidente delia
Rayniundo Pinto de Almeida e os mais officiais que o prezente anno
servem abaixo asignados e sendo ahi prezente Bento João da Silva Se
gundo Vereador que serve o prezente Anno de 1799 e por elle foi dito
que na forma dasReais ordens de Sua Magestade Rezistadas neste livro
a folhas huma verso lhe hera emearregado aprezentar o asento de todas
as novidades dignas de memoria que suSedeSsem no prezente anno de
1799 e porque no dto. ano não tinha havido novidade alguma digna de
memoria de que se fizesse asento para apresentar memoria digo aprezen
tar em Camará asim o vinha depor e declarar Requerendo se fizese Termo
de sua declaração avista do exposto mandarão os officiais da Camará
fazer este Termo que asignarão e eu Francisco dos Santos Carneiro, es
crivão da Camará que o escrevy. — Almda. — Silva — Da Sa. — de
Agar. — Souza.

Raymundo Pinto de Almeida, Juis Ordinário Presidente da Camará


e os mais Vereadores actuais delia que o prezente anno servem por
eleição de Pelouros na forma da Ley etc.
Certificamos sob nosso Cargos de que o presente anno de mil *
sete sentos e noventa e nove não houve novidade alguma digna de
memoria de que se fizesse asento de que para constar mandamos fazer
este Termo em que asignamos em Camará de 18 de Janeiro de 1800 as.
Canto — Roiz — Junqra. — Cunha — Gomes — Vto. em Corram
Peixoto — Vto. em Rezidencia do Brel João Batista de Guines Peixoto.
Termo de declaração que fas o Vereador Segundo João Manoel Jun
queira .
Aos de dezembro de Villa de Nossa Senhora
das Neves de Iguape comarca de Parnagoá em .... onde se achava pre
sente o Juis António da Rocha Mendonça Abaixo asig-
nado
(Parte inutilizada)
De folhas n.° 18 passa para a de n.° 29
Cunha
Da página que traz o número 18, passa para seguinte, que é 29, —
faltando, portanto, 11 folhas deste livro, onde teriam sido assinalados
os fatos referentes aos anos de 1800 a 1805 inclusive.
Como dissemos, a falta de algumas páginas correspondente ou deve
corresponder a dos casos ou fatos ocorridos na Vila de Nossa Senhora das
Neves de Iguape durante os anos de 1800 a 1805.
— 27 —

Valendo-nos dos papéis existentes no Arquivo do Estado, enviados


pela Câmara da mesma vila e pelas demais autoridades locais, procura
mos verificar quais os acontecimentos daquela época, notando que ape
nas dois deles poderiam ter sido citados no manuscrito das MEMÓRIAS :
a) falecimento do sargento-mor ;
b) construção da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus.
O Sargento-mor António da Silva Vianna, que por muitos anos exer-
eera o referido cargo, faleceu no ano de 1803, reunindo-se a Câmara, para
eleger os nomes de três pessoas das ordenanças, das quais, uma delas
seria o substituto do falecido.
A nomeação recaiu nos três capitães das Ordenanças da Vila: Ma
noel Pinto da Cunha, Joaquim Pereira do Canto e João António da Costa,
«endo que a eleição para isso teve lugar no dia 19 de outubro de 1803,
enviando-se a relação ao eapitão-general da Capitania, para dentre os
eleitos escolher o nome de um deles.
A L° de novembro do mesmo ano era promovido ao posto de Sar-
gento-Mor, o capitão Manoel Pinto da Cunha, o primeiro indicado.
0 Segundo fato, — construção da Igreja Matriz, — ocorreu no ano
seguinte, isto é, em 1804, como pode ser verificado pelosi documentos que
se seguem e que copiamos na íntegra, extraídos do Maço 11, papéis do
Tempo Colonial.
Além desses "Casos", como diziam eles referem-se os manuscritos
conservados no Arquivo do Estado, nesse período, sobre tributos a se
rem pagos referentes à Sesmarias, sobre a nenhuma necessidade de ha
ver soldado pago na vila por ser a população muito pacata, sobre as
dificuldades de passagens no rio Una, caminhos do Prelado e do Gua-
raú e outros de menor importância.
Assim, apenas como um traço de união entre as duas partes do
Livro de Memórias, passamos aos documentos referentes à construção
da Igreja, que são os que se seguem:
Francisco dos Santos Carneiro Escrivão da Camará nesta Villa de
Igoape com Provizão Regia etc.
Certifico e dou a minha fé Indiciai que no Livro das Vereanças,
desta Villa que actualmente serve de folhas oitenta e oito emdiante seaxa
o Auto de Vereação que o Seo theor he o Seguinte § Auto de Vereação
geral a que mandou proceder o Doutor Geral Corregedor desta Capita
nia António de Carvalho Fontes Henriques Pereira - Ano do Nascimento do
Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito Sentos e quatro. Aos dezanove
dias do Mez de Agosto do dito anno nesta Villa de Nosa Senhora das
Neves de Iguape da Capitania de Paranagoá em cazas de Apozentado-
ria do Doutor Ouvidor Geral e Corregedor do Doutor Ouvidor Geral e
Corregedor António de Cavalho Fontes Henriques Pereira, onde eu Es
crivão abaixo nomeado fui vindo com o Juis Ordinário e Oficiaes da
Camará actuais e as mais pessoas que tem servido os Cargos da Gover
nança deta Villa digo desta Vereação Para efeito de Se proceder na
Audiência Geral de Capitullos da Correição; e neste acto foi requerido
a elle dito Ministro por todos os que se exavãrão prezentes que se desse
a necessária providencia para o Refazimento da Igreja Matris desta Vil-
!a a qual se asa em estado de não poder Subsistir em razão da Sua total
mina de paredes e Madeiramento, de maneira que a parede Culaterar
e que olha para o Sudoeste junto ao Altar do Senhor Bom Jesus, seaxa
— 28 —

escorada para evitar o imenente reino digo risco que ameaça huma gran-
de brexa da mesma parede, por cujo motivo se fazia digno objecto da
mais prompta providencia, e da mais prompta execução para o dito re
fazimento da Igreja indespençavel para nela sepraticarem os Actos de
Religião a que todos Somos obrigados. Acresce a isto não haver nesta
Villa outra Igreja aonde possa mndar-se o exercício das funçoens Ecle-
ziasticas. E Sendo por elle dito Menistro visto Seos Requerimentos1 e lhe
pareser justo e digno da mais Seria Contemplação mandou exarar este
Auto de Vereação Geral para por meio delle propor a este Sennado, que
declarasse os meios para por meio delles Se proceder na mencionada
Obra da Igreja. £ onanimamente convierão que Se impuzesse hum vin
tém em Cada alqueire de Arroz em Casca, que produzir nesta Frsguesii
e destricto de Xiririca; e des reis e mea da de Aguardente, que entrai
neste Dcstricto por espaço de des annos, para o que requerião ao Exce
lentíssimo Senhor General desta Capitania confirmação desta imposição
pello dito tempo, e juntamente, para que ouvesse de Renovar-se pelo
Excelentíssimo Senhor a Ordem que pello Seo Predesesor Bernardo José
de Lorena Se expedio ao Commandante desta Villa, na qnal determinava
que os freguezes desta Freguezia concorreSem com suas Esquadras para
a factura da dita Igreja. E que para fiscalização deste Ónus, e impu-
zição, Sua arrecadação e guarda ficasse incumbida aos Offeciaes da
Camará, que farião Depozitar na mão do Depozitario Geral. De todo
elle dito Menistro mandou fazer este Auto em que aSignou com os Ve
readores, e mais pessoas que seaxavão prezentes e Eu Francisco dos
Santos Carneiro Escrivão da Camará que o escrevi // Carvalho Fon
tes // Almeida // Mendonça // Rodrigues // Souza // Aguiar // An
drade // José António Peniche // Ignacio José Pupo // Bento Pnpo
de Gouvea // Gregório Gonçalves da Roxa // Felipe Rodrigues Cunha //
Ignacio de Oliveira Guimarães // Bartholomeu da Costa Almeida Crus
// Diogo Gracia da Silva // Francisco Luis Pereira // José Joaquim
Pinto de Faria // Domingos da Costa Carneiro // António Borges Di
nis // Manoel Baptista Gomes // Ignacio Gomes de Souza // Francis
co Garcês de Morais // Fernando José de Morais // João Pupo da Ro
xa // Manoel Pinto da Cunha // Lourenço Lopes Trigo // Manoel Pe
reira de Faria // Francisco Duarte Castro // Manuel Francisco de Jesus
// Joaquim do Rozario // Não se continha mais couza alguma em o dito
Auto de Variação Geral que tudo aqui bem e fielmente Copiei do Livro
de Vereança ao qual me reporto, e com elle este Conferi e vai em tudo Con
forme o Sem Couza alguma que duvida faça e vai por mim Escrivão «-
cripto, e asignado por Mando verbal do Juis Ordinário e mais Offeciaes
da Camará, Nesta Villa de Iguape aos dezasete dias do Mez de Setem
bro do anno do Nascimento de Noso Senhor Jesus Cristo de mil outo Sen-
tos e quatro. Eu Francisco dos Santos Carneiro Escrivão da Camará que
o escrevi e conferi e asignei.
Francisco dos Santos Carnro. Conferido consertado por mim Es
crivão Francisco dos Santos Carnro.

Illmo. e Exmo. Semhor.


A incomparável neseside que nos promete ainsubsistencia da Igreja
Matris desta Villa pelo máo estado emq se axa alem de ser o único
Templo que temos, não moveo adar-se principio a outra Nova Matris
que com efeito se tinha começado athé os primeiros fundamentos, aqual
por não ser principiada, com os nesesarios sistemas, deq depende huma
— 29 —

obra destas, e por alguns accidentes q. houverão, ficou parada com sumo
pezar noso.
E porq' deprezente temos novos ameaços da antiga Matris q'poueo
tfmpo poderá Subsistir em evidente risco de vir abaixo: Asentamos por
tanto fervorar novamente aquele Edeficio principiado, procedendo pri
meiramente na próxima Correição o requerimento da Yeriação Geral,
cnjo acto por Copia oferecemos induzo na presença de Yosa Exa. Ro-
eando-lhe queira tomar debaixo de Sua proteção o Seguimento deste
Saneto Edeficio, havendo por bem confirmar o dito acto de Vereação,
tanto na parte que respeita ao Voluntário Rendimento que este povo o
oferece quer e quer contribuir para a referida nova Egreja, como reno-
Tar-nos anos. ao Capitão Mór, e Commde de Melicias a graça q' o Exo .
Snr. Bernardo José de Lorena Predesesor de V. Exa. coneedeo ao
Commmdte desta Villa para fazer trabalhar os Povos com Suas Esqua
dras, porquanto Snpposto q' este fervor seja do gosto deste povo, com-
tndo entre elle poderão haver alguns, q' sendo menos devotos, e longe
da boa razão se queirão mostrar pertinazes, apezar de não Sentirem pre
juízo, porque trabalhando hua Esquadra Seis dias se lhe dá de Folga
Seis mezes.
Servindo-se V. Exa. de atender estes novos Requerimtos teremos
pr. muito serto vencer os desejos que temos de nos empregar neste tão
nesesario e Saneto Serviço onde teremos o gosto de exercitar os Cultos
e actos da nossa Religião, e também Rogar pela preciosa Vida de Vosa
Li cia que Deus prospere, e guarde por muitos annos.
Ignape em Camará de 26 de Setembro de 1804
Beijão. as maons de V. Exa. Seus Reverentes Súbditos Raymdo
Pinto de Almda. — Gregório Giz da Roxa — Franco de Paulla e Souza
— Manoel João de Aguiar — João Jacinto de Andrade (1) .
não do que há por Serra Asima por faltarem neste
Paiz as Campinas de Natureza como dizem que por lá há e juntamente
por que a frequência destes habitantes e seo maior exforço hé a cultura
* plantaçoins.
Declarou mais que por este anno dito de mil oito sentos e seis se
não eonstrue Embarcaçoins de qualidade alguma e nem ao menos se fa
brica e que as duas que no anno pasado se estiverão fazendo ja se axão
no Mar.
Declarou mais que a plantação do Paiz vai Cada vez em mais_aug-
mento porque a maior parte ou quazi todo os habitantes se aplição na
enitura, e prezentemente vão se admitindo na plantação de Cafés cujo
género daqui a alguns annos hade haver com abundância a
porpoção do estado digo a porpoção do Paiz, além disso também plantão
canas e vão levantando algumas Inpenhocas por inquanto eniq. fabri-
ção Aguardentes, e pello tempo em diante se der este genero_ hade
haver quem mais se aplique a elle, e levantarão em tão fabricas maiores.
De todos os géneros que se plantão neste Paiz o que super abunda hé
Arros por ser lavoura a que todos se inclinão por ser algu tanto fácil o
íeo beneficio a porpoção de outros géneros, por vir a colher-se logo, e
por ser o seu preço de convidar ao lavrador mas este dito anno de 1806,
não aconteseo asiin aos moradores de Xiririca por cauza da xeia da
Ribeira como se dirá.

(1) Maço — 11 — Pasta — 2 — n.° 35.


— 30 —

Foi tam grande e Como Couza nunca vista acheia que houve nesta
Ribeira o dito ano de mil oito sentos e seis, que distruhio as plantas e
aterrou tudo de maneira que nada de plantas se aproveitou.
E porque não houve Cazo Algum mais, e que seja memorável digno de
Istoria, e próprio para delle se fazer asento neste Livro porisso so
mente fis declaração do que fica ponderado o que requeiro ao
Corpo da Camará mandace descrever na forma que dito tinha do que
para de tudo asim constar mandou elle Juis e Vereadores fazer este
Instrumento em que asignarão e eu Francisco dos Santos Canto Es
crivão da Camará que o escrevi. Sa. Rego // Borges // Peniche Gomes-
Certificamos nos no fim desta asignados sub o juramento dos nos
sos Cargos que no pretérito anno de mil e oito sentos e seis que ontem
ee acabou não aConteceo noticia memorável e nem Cazo algum qne pella
sua qualidade seja digna de Historia, nem nesta Villa nem em todo o
seo Destricto para se poder descrever neste livro na forma da Ordem
de Sua Alteza Real que Deus Guarde e porisso Somente se tomou por
termo a declaração retro do Segundo Vereador Ricardo Joaquim Peni-
xe na forma que fica transcripto e declarado respeito a população de
cadência ou aumento desta Villa e seo termo, que tudo fica declarado
como também a respeito da agricultura e por ser verdade de todo o
referido mandamos escrever a presente em que nos asignamos nesta Villa
de Iguape em Camará do 1.° de Janeiro de 1807 — Sa. Rego //' Borges
// Peniche Gomes // Vto. em Corram de 1807 // Carvalho.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador da Camará Felippe


Pinto de Almeida das novidades e Cazos acontecidos este presente annc
de 1807.
Aos trinta dias do mes de Dezembro de mil oito sentos e sete annos
nesta villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape Comarca de Paraua-
goá em Cazns da Camará e Pasos do Conselho onde foi vindo o Juiz
Ordinário Presidente da Camará, com os Officiais delia no fim asila
dos para efeito de se fazer Vereança e cuidar do bem Comum do Povo.
e ahi pello Vereador Segundo Felippe Pinto de Almeida foi dito que
na conformidade das Reais Ordens que se achão descriptas em o prin
cipio deste Livro, e pello que hera emcarregado pelos Provimentos in
sertos neste mesmo Livro fazia a prezente declaração reportando-se ao
Mapa geral dos habitantes deste districto e Livro dos Asentos da Igreia
pella forma seguinte :
Declarou elle dito Segundo Vereador Felippe Pinto de Almeida Qi?
♦neste I corrente anno de mil e oito sentos e sete, em o mes de janeiro e
de fevereiro quiz Deus Noso Senhor mostrar o castigo da sua cólera
contra os habitantes deste Pais / especialmente contra os da Fregue-
zia de Xiririca e Ribeira abaixo thé a fronteira desta Villa / Com hunis
cheia que houve na dita Ribeira tam grande e tam terrivel que nunca
sevio e nem Pesoas mais antigas se lembrão que ouvesse outra igoal e tão
funesta como foi esta, que cauzou os prejuízos seguintes:
Na Freguezia de Chiririca que fica mais chegada ao meio da lonee-
tude da dita Ribeira pouco mais ou menos distante da Barra que fas no
mar seis athé sete dias de viagem, cresceo a Agoa da Ribeira, dentro etn
três dias com duas noutes sesenta palmos do seo natural subindo e»'js
numero de palmos por hum OLivel que o Reverendo Parocho daquell»
Freguesia José Francisco da Mendonça e o Reverendo Francisco Xafer
— 31 —

dos Passos qtie aly também se Achava mandarão como curiosos exzami-
nar, depois que a misericórdia Divina permetio que as Agoas fosem abai
xando. ..i . .,,._.'
Ao tempo que as Agoas forão correndo e tocando no meio das pa
redes das cazas da dita Freguezia e foi deitando-as abaixo principalmen
te aquellas que ficarão ou se achavão cituadas a borda daquelles altiSsi-
mos Barrancos onde laborava a maior fúria da corrente daquelle Rio e
ca verdade deitou e carregou duas propriedades novas que se achavão
feitas pello Thenente António Gonçalves Fontes, em cu.io lugar dispois
que as agoas abaixarão somente se vio hu grandiozo buraco que inda
e.tziste, sem apareser vestígio algum das cazas, nem que ouvesse em tem
po algum edeficio naquelle Lugar.
Junto a estas Cazas se achavão as Cazas de António da Costa Cha
ves, de Romão de França e outros as quais suposto que as Agoas não
levarão, ficarão comtudo demolidas e cahidas por terra sem paredes, nem
telhado porque este com o fundo da Caza correo todo para o fundo onde
dispois se achou Todas as mais Cazas daquella Freguezia que andarão por
sento e vinte Cazas ficarão estruidas sem paredes demolidas e aterradas
com mais de seis palmos de lodo que vinha com as agoas porque em todas
ellas chegou o deluvio atirar pella altura das portas, outras mais por Sinia
a beira do telhado, e outras por mais baixa altura, de sorte que assim
tstiveram alagadas a espaço de quatro noites com três dias.
Alguns moradores que se achavão na dita Freguezia adejunto com os
dons Reverendos Padres andarão em Canoas entrando por dentro das Ca
zas daquelles miseráveis habitantes tirando as suas Caixas e trastes que
podião alcançar, e conduzião para a sacristia da Igreja onde está colo
cada a May de Deus e Senhora da Guia a qual permitio que aquelle de-
lavio não chegasse a tocar da porta de Sua Santa Igreja para dentro, a
qual fica Cituada em hum alto onde somentes chegou a Agua ao Olivel
da soleira da porta principal e não sobrou para dentro, mas todo o Corpo
da Igreja tinha agoa que vertia da terra, por onde se conhece o milagre
da Virgem Senhora dando a conhecer que lá fora estava mais alta a Agoa
do que o Asento da dita Igreja.
Os mesmos moradores e o Reverendo Parocho José Francisco do
Mendonça dispois de terem a condicionada as Caixas e trastes dos mais
moradores dentro da Sacristia da Igreja fizerão Suas deprecaçoins a
May de Deus, evendo nesse dia que as Agoas ainda emxião e oestrondo
que dava actualmente a dita Ribeira hera cada ves maior, e thé vinha
conduzindo grandes Paus, dispersas immensas Arvores, fructiferas como
herão Larangeiras, Bananeiras e outras que a violência das aguas arran-
eavão e levavão com vários pedaços de barrancos que se partião do fir
mamento da Terra de grandor de quize a vinte, quarenta athé de sin-
coenta braças pella terra dentro, especialmente em algumas voltas que
a Ribeira cortou e dispois sevio em linha recta e direita naquelles luga
res; intimidados deste espetacullo, se embarcarão em Canoas e forão en
trando nellas pello mato dentro, em procura de hum Monte que fica perto
onde estava Cituado com sua família Joaqujm António da Cunha e ahi
se acomodarão thé que declinou a rebaixarem as Agoas ficando solitaria
mente o Reverendo Francisco Xavier de PaSos com seus famullos na dita
Freguezia aposentado na Sacristia da Igreja de onde não sequis retirar.
Da dita Freguezia para baixo todos os moradores que tinhão mon
tes ao pé de Seios Citios correrão para elle a escapar com suas Famílias,
— 32 —

(porque as Ágoas seaposeavão de Suas Cazas, e os visinhos que não ti-


nhão este regresso corrião a procurar em Canoas o abrigo dos mesmos
morros, e com grande risco por estar a Ribeira innavegavel por veloz
corrente que tinha e grande imensidade de madeiras verdes e secas que
conduzia.
Contarão-se doze Cazas que despois que a Ribeira abaixou somente
Sevio o lugar delias e thé hoje sinão sabe o fim que levarão com seus
trastes e pertences do trafico da Agricultura que tudo perderão aquelles
mizeraveis .
Naquelles Citioe onde havião animais asim como herão gados porcos.
Aves e outras criaçoins cazeiras se ouvião os estrondos dos seos berros,
e gritos, nadando pello meio das Aguas; e o pobre lavrador que na-
quelle conflito cuidara em escapar com sua familia lhes não acudia por
modo algum, de sorte que huns entravão pello mato cerrado lá se em-
barasavão e morrião, e outros que vinhão para a madre da Ribeira a
correnteza carregava com elles, e desta sorte, morrerão os pobres ani
mais ficando estes moadores destithuidos delles, e sem saberem onde fo-
rão para.
Na ocazião da maior fúria da enxènte se vio da FreSuezia de Xiriri-
ea virem humas rezes arebatadas da violência das Aguas, e tomarão pé
duas delias sobre os telhados da Caza do Thenente António Gonçalves
Fontes, que em tão ainda não tinha rodado, e vendo as pesoas que ali se
axavão aquelles animais lutando com a morte naquelle lugar forão acudir
e escaparão de morrer trazendo-as para o alto da Igreja onde escaparão
com o mais gado daquella Freguezia.
Passados os dias mais tristes deste infelis acontecimento forão aquel
les moradores ver as suas Rosas, nas quais não axarão couza alguma com
que pudessem ao menos remediar sua fome e de Sua familia por estarem
razas, humas e sem couza de planta, outras podres, e outras interradas
seis e oito palmos debaixo do lado que as Aguas trazião, e por este modo
thé hoje estão experimentando grande fome expecialmente na farinha,
e por consequência os moradores desta Villa que para remediarem a ne-
sesidade daquelles que soccorrião a providencia se das lavouras dos mo
radores da Ilha do mar e praia da Jureya fiserão com que houvesse ca-
ristia e falta de farinha por todo este anuo; este prejuizo xegou a todos
os moradores que se achão cituados a margem da Ribeira desde sua ori
gem athé frontear com o Porto da Ribeira, e dahi para baixo athé s
barra que desagoar no mar groso não fes tanto estrago porque os gran
des vargeados que derão lugar as Agoas se espalharam evitarão subir
tanto qto. subirão naquella Freguezia, e lugares onde vem aquelle Rio por
entre os morros por que ainda mais subio a fúria da sua inxurrada; esta
incurrada e maior enxente na referida Freguezia se verificou no dia vin
te nove do mes de Janeiro deste corrente anno de 1807 e por aqui por
baixo durou xeia a Ribeira athé quinze do mes de Fevereiro do mesmo
anuo, e dahi por diante entrou a declinar e abaixarem as Aguas.
Dos paus e madeiras que correrão são testemunhas os moradores da
Praia da Jureia onde aebarão paus suficientes e de que fizerão CanoM
de mais de três palmos de boca; Na mesma praia se via despojado*
immensos paus brutos, portas e janellas das cazas que a correnteza arastotu
paredes de cazas com os paus delias amarrados, e pregados, ingenbos oc
cana destrouçados, paus de Prenças de fazer farinhas ; larangeiras, e ria-
uaneiras, e outros vistios que iudicavão, a triste lamentação e premia»
— 33 —

daquelles habitantes da Ribeira. Pos esta cauza foi nenhuma a produação


da Agricultura este anno e somente alguns lavradores colherão seus arro
les muito deminuto daquella porção que esperavão colher, segundo as
avultadas plantaçoins que se fazem a este género; mas houve dahi asin-
eo mezes tanta abundância de Feijão por ser fruto que em breve tempo se
colhe o qual plantarão .por aquelles lugares inundados e Iodados quo
abranges a aquelles desolados molado digo moradores, e aos desta Villa, e
sobrou muito que foi para Cananéa de onde o vinham buscar e também
foi algum para a Villa de Santos, comprado nesta pellos mesmos Santis-
tas que vierão neste anno asistir a festividade do Senhor B . Jesus .
Á produção dos gados não pode ter augmento, por cauza do des-
troso e Lnfilicidade que sobre elles também chegou por cauza deste Di
luvio; mas os moradores cuidam muito em se refazer de outros vindos
da Freguezia de Parnapanema Serra Asima, de onde com efeito tem
vindo gado bastante a vender-se este anno para criaçoins, e se Deus
Noso Senhor permitir que não haja outro funesto acontecimento hão de
se por as couzas todas no mesmo estado de antes, em breve tempo.
Declarou mais elle dito Vereador que neste mesmo anno de 1807 em
o mes de Dezembro entrou no Estado Eclesiástico secular do abito de
Sam Pedro hum Filho de António Fernandes de Quebedos de nome An
tónio Mariano de Castro que estava nos Estudos da Cidade de Sam
Paullo e há noticias certas que neste dito mes de Dezembro tomou ordens
de Diácono e Sub-diacono, o dito hé natural desta Villa de Iguape na
mesma morador e juntamente seus Pais; e suposto que não sam dos
mais opulentos e ricos deste Pais consta com tudo que os Pais vivem da
lavoura é bem serto ser hum dos principaes lavradores deste Pais e dos
de maior excepção.
Declarou mais que neste anno não se construhio embarcação algu
ma neste Pais mais sim se fes hum Escaler de trinta palmos de quilha
que administrou o Capitam Mor Comandante delia José António Peni
che por ordem que teve da junta da Real Fazenda da Cidade de Sam
Paulo para mandar o dito Escaller e remetello para a Villa e Praça de
Santos para serventia da nova Alfandega daquella ditta villa, e forão os
Mestres delle Joaquim Alves Carneiro construtor de Embarcaçoins, e
Joaquim Felippe Santa Anna carpinteiro da Ribeira, e o Pintor qu«
pintou o dito Escaller foi Francisco Luiz Pereira homem curioso natural
do Rio de Janeiro e morador desta Villa.
Declarou que dentro nesta Villa e seo Distrito habitão, sinco mil
seis sentas e oitenta e duas Almas entre a Freguezia de Xiririca e esta
>ic Iguape que tudo hé do mesmo destrito, e neste Numero de Pssoas
»>-• comprehcndem todos os habitantes asim do sexo masculino como do
sexo feminino asim pardos como pardas, libertos e captivos, e negros
e negras libertos e captivos desde a primeira idade thé a maior, e que
disto não pode presentemente fazer huma individual declaração do Nu
mero das pessoas com expecificação das suas idades e qualidades, por
que devendo de reportar-se para isso ao mapa geral que todos os annos
se eoinpoim neste Destrito este ainda se não acha feito e legalisado para
delle se tirar uma instrução certa que se possa escrever neste Livro.
E por que não houve mais Cazo algum que foce memorável e digno
de historia próprio para delle se fazer asento neste Livro por isso somen
te fis declaração do que fica ponderado, requerendo ao Corpo da Cama
rá que ouvesse de mandar escrever na forma que tinha dito, de quo
— 34 —

rira de todo asím constar fia este iastrs mento «a ça« asisnario c eu
ranfiM-o dos Santos Carneiro escrivão da Camará qae o esereTT. Cnai*
/ Faria / 8a. / Giz* / Coelho /
Certificamos nós abaixo aãignados sob o Juwnemto do BoSao Cargo
que neste prezente anno de mil e oito centos e sete iío aconieseo «aio
aipim memorável digno de historia senão os õu* fíeío lascados neste
Livro e declarados pello Secundo Vereador Felipe* Pinto de Almeida,
na Conformidade das Reais ordens de Sua Masestade. e por ser verdadí
todo o referido mandamos paSsar a prezente qne vai por nó* aâsnamea
nesta Villa de Iguape aos trinta dias do mes de DtrZrcbro de 1807.
Cunha / Faria / Sa. / Almda. / Giz' / Coelho /

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador da Camará o


Alferes Manoel Baptista Gomes das novidades e Cazos acontecidos neste
prezente anno de 1808.
Aos vinte quatro dias do mes de Dezembro de mil oito sentos e
oito annos nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape comarca
de Paranagoá era Cazas da Camará e Pasos do Concelho aonde foi vindo
o Juis Ordinário Prezidente da Camará com os offieiais delia no fia
a*ignados para efeito de fazerem Vereança, e ahi pello Vereador Segun
do o Alferes Manoel Baptista Gomes foi dito que na conformidade das
Rifais ordens que se achão descriptas no principio deste Lavro, e pello
que lhe hera encarregado pellos Provimentos de Correição nelle decla
rados fazia a prezente declaração reportando-se ao Mapa geral dos Ha
bitantes deste destricto e Livros de Asentos da Igreja pella forma se
guinte:
Declarou elle Segundo Vereador o Alferes Manoel Baptista Gomes
que neste Corrente anno de mil oito sentos e oito, acontecerão Vários
Cazos notáveis dignos de historia e nunca vistos nem pençados os quais,
num os seguintes :

Sendo injustamente o Reino de Portugal acometido da insolente


Nação Franceza que sem motivo algum nelle entrou no Mes de Novem
bro e de Dezembro do anno antesedente de 1807, tendo primeiramente
fortificado todo o Reino de Espanha que fica pelas costas do Reino de
Portugal Europa todas as naçoins
digo de todas as Naçoins que acudião só por que de apoçar-se daquelle
Reino Português; E tendo o Príncipe Regente Nosso Senhor Dom João
por Graça de Deos o exemplo de que aquella Nação praticou no Reino
da Espanha e prevendo que a defeza do seo Reino e Domínio dependia
de grandes combates a custa de sangue dos seos fieis Vasalos Portu
gueses, foi servido Decretar e ordenar por seo Real Decreto dactado nu
mesmo mes de Outubro ou Novembro do dito anno de 1807, que saben
do que aquella Nação Franceza se encaminhava a seo Reino, mais em
procura de sua Real Pesoa do que por outro diferente motivo, e dese
jando portanto não ver derramar sangue da humanidade, se retirava
Íwra o Rio de Janeiro, capital dos seos Domínios do Brasil deixando o
(eino de Portugal provido de Governos e com todas as cautellas necesa-
rias debaixo da ordem de não rezistirem a aquella impia e deshuman*
Nação, que sem o menor motivo se encaminhava com todo o atrevimento
a entrar e a espalhar-se pello Reino de Portugal, Corte de Lisboa, Ci
dade do Porto, e mais províncias Portuguezas.
— 35 —

Embarcando-se o Príncipe Regente NoSo Senhor com toda a Real


Família seguio a sua derota para a cidade do Rio de Janeiro como tinha
ordenando: entrando com alguma parte do seu comboio na Cidade da
Bahia onde / segundo as noticias que havião / teve grande gosto e prazer
de se achar a salvamento, recebendo daquele Povo Bahiano os maiores
•viras de alegria vendo nos coraçoins delles huma alegria sem
limite o mais Pio mais amnte da Religião
e benigno para os seos vasallos como alguns do mundo
inteiro, pois que as suas virtudes, e humanidade que pratica para com
es seos vasallos o obrigaram a retirar-se desta Cortem e vir para esta
America, porqtíe asim a devemos intender porque do contrario
as Tropas Prancazas para acabarem nas maons dos valentes Portugue
ses, apezar de saber que destroso da nosa parte, como dirá na relaçam
seguinte:
Dispois de huns dias dè estada que o Noso Augusto Soberano teve
na dita cidade da Bahia seguio a sua pertendida digresam para a Capital
do Rio de Janeiro como ordenara, onde já hera esperado, por terem
cmtam entrado naquela cidade hoje intitullada Corte do Rio de Janeiro
alguns Navios que tinhão vindo no Comboy, os quais deram as mais
eficazes noticias de que o Príncipe Regente Noso Senhor vinha com toda
a Real Família para a Corte do Rio de Janeiro onde fora recebido, com
toda Ostentação, aparato, e grandeza que lhe he devido, reconhecido ge
ralmente por todos os Brazileiros Americanos Portuguezes por seo Prín
cipe Regente e Senhor.
A felicidade que temos recebido da mão do Omnipotente Deus, em
trazer felizmente a esta America Noso Amado Príncipe he a maior que
]>odia acontecer nos nosos tempos, e não pode haver no mundo inteiro
felicidade como a nosa Portugueza; termos Noso Príncipe tamperto e
livre do inimigo perseguidor; esta alegria deve ser geral na America
pois com m com hnmil
Saudamos a graças ao Omnipotente Deus dispois
diso nos dirigimos a Real Presença do Noso Augusto e Amado Príncipe
tom huma Carta por não Nos ser possível fazella pesoalmente em Ra
zão da pobreza e limitação deste Pais, e pella dita Carta lhe demos as
boas vindas saudamos a feliz xegada naquela
Capital hoje corte oferecendo as Nosas obediências e Vasalagens, de
que tivemos resposta Asignada pella Sua Real mão, o que tudo foi lan
çado no Livro Sexto dos Rezistos desta Camará de fls 55 thé fls. 56.

Axando-se pois de posse do Reino de Portugal aquella Nação Fran


cesa, aos poucos foi tomando posse do Reino, o que mediaria quatro ou
sineo mezes mais ou menos quando hum selebre General Francês atre
vidamente entrou a dar ordens, a publicar Decretos e editais impondo
aos Povos Portugueses Grandes tributos, e xegando finalmente ao ex
cesso de fazer por todo Reino publicar-se que o Príncipe Regente Nosso
Senhor não Governava mais aquelle Reino e sim o seu Amo Napoleão —
fazendo tirar as respeitosas Armas Portuguezas e suas Bandeiras, le
vantando as daquelle tirano Napoleão — o que njío pode tolerar nem
disimular o Povo Português, formando logo hum Levante contra os ini
migos eujo levante principiara pellas Províncias da Cidade do Porto e
como por todo o Reino de sorte que puzerão fora do mesmo Reino tudo
quanto foi Francês mataram muitos delles e prizionarão outros e asim
foi restituindo o Reino de Portugal logo
quiz ai momentos que
— 36 —

pe"os as pais qne thé padeceram grandes


fomes e necessidades, e muitos avexaçoms.
Foi tacto o eont<rEtamento que tivemos, e que onve geralmente em
todo o Reino Portares ceando se teve a noticia da total restauração
do Reino de Portugal e Algarve», qne se festejou por todas as partes,
e nesta Villa o fizemos com três noites de Luminárias e bum Tede-um,
dando gra<;-as ao Omnipotente Deus por tão grandes benefícios, cujas
festas fizemos por Ordem Regia aue nos enviou o noso Doutor Ouvidor
e Corregedor desta comarca António Ribeiro de Carvalho.
Es- ando asim Restaurado o Reino de Portugal e Algarves os Va
lentes Portuguezes se entrarão a reforçar de Tropas, Armamentos, e ape-
trexos de Guerra, para defeza do Reino de sorte, qne se penca impueivel
que os pérfidos Franeezes posão entrar, mais no Reino de Portugal, f
temos a certeza qne hé mais faeil morrerem quantos Portuguezes ouve-
rem, do qne entregarem-se a aqueles ímpios e deshnmanos Francezes,
Traidores, e faltos de toda a humanidade e mesmo de Religião.
Temos por este modo sido felizes nesta invasão porque foi Portugal
restaurado, e noso Príncipe se axa de pose delle, e nós todos America
nos e Portuguezes. gozando das benignas providencias qne o Noso Amado
Príncipe Vassallo de que deo por este Real Decreto para
levantar fabricas e manefactnra de todas as qualidades e conquista
do Gentio Bugre e para se poderem impregar em todo e qual
quer serviço aquelles qne forem pegados como prezioneiros de guerra e
outras providencias mais qne tem dado em beneficio dos seos fieis Va-
sallos desta America.
Declarou mais elle segundo Vereador qne neste anno de 1808 nas
cerão quarenta e huma crianças a saber vinte do sexo masculino e vint?
huma do sexo feminino que por tudo fazem o dito numero. Que onve-
ram nesta Paroquia e Destricto sincoenta e hum Cazamentos a saber Bran
cos que se casaram dezeseis = Pardos libertos vinte e seis e Captivw
nove, que por tudo fazem a dita soma e numero de Cazamentos asima
dito.
Declarou mais que este Pais se compoim dos habitantes seguinte;
Oito sentos e vinte e dous brancos maxos da primeira idade the a maior
= nove sentos e vinte e sinco Brancas Fêmeas da primeira idade th'
a maior trezentos e sete pardos libertos da primeira idade the a maior
= trezentas e quarenta e três mulheres Pardas libertas da primeira ida
de the a maior = quatro sentos e setenta e oito pesoas pardas e pretas
do sexo masculino captivos quatro sentes e setenta e quatro ditas d-'
sexo feminino isto
la segundo o Mapa Geral dosa . habitantes deste Destricto

Declarou elle dito Segundo Vereador q . este anno não tem feito Em
barcação alguma nesta asim como não tem entrado pessoi
algua deste Paiz ou estado Sul Americano. Declarou mais que a lavoura
vai sempre em auge digo, sempre em aumento, muito principalmente a
plantação dos Arrozes, e que este anno ouve muito por cauza da plan
tação panada ser grande porem foi de pouca conveniência e utilidade ao
Pais em razão do baixo preço em que tem estado este género.
Declarou também que a produção dos Gados vai em augmento nes'f
Destricto não tanto quanto se concidera haver por serra Acima por a00
— 37 —

sam campanhas próprias, e ocupadas humanamente naquella criasam, o


qae por aqui senão pode fazer porquanto cada hu lavrador perciza das
suas terras para a lavoura, e não pode impregalla em criaçoins de gado
tináo que numa pequena parte e mística a sua moradia porem que no
entanto há bastante criação.
E por não ter mais couza alguma que fose memorável digno de his
toria para se dizer e ver neste Livro por isso somente fes declaração delle
segundo Vereador do que fica ponderado Requerido ao Corpo da Cama
rá e mais e mais Vereadores que prezentes deixavam um acto delia que
devesem de mandar descrever na forma que tinha dito em o prezente
sano que lhe pertencia esta a que asignada
eu Francisco dos Santos Carneiro escrivão da Camará, que o
escreve. Borges / Gomes / Andrade / Olivra. /
Certificamos nós abaixo asignados que neste corrente anno de mil
e oito sentos e oito nos não consta que acontesese cazo algum digno de
ser descrito neste Livro Senão os que ficam declarados pelo Segundo
Vereador o Alferes Manoel Baptista Gomes, e para que fique asim cum
prida a Real Ordem de Sua Alteza descripta no principio deste Livro
mandamos pasar a prezente certidam em que nos asignamos nesta villa
de Ignape em Camará de vinte quatro de Dezembro de mil e oito sentos
e oito. Eu Francisco dos Santps Carneiro Escrivam da Camará que o
escrevi. Almda Borges / Gomes / Andrade / Olivra / V.° em Corram de
de 1809 Carvalho.
M el as novidades e cazos aconte-
neste prezente ano de 1809.
Aos vinte e sete dias do mes de Dezembro de mil oito sentos e nove
anos nesta Villa de Nosa Senhora das Neves de Iguape comarca de Pa
ranaguá em Cazas da Camará e Passos do Concelho aonde veio prezente
digo vieram presentes ambos os Juizes presidir com os Vereadores e Ofi
ciais delia ao diante asignados e sendo ahi todos juntos o Segundo Ve
reador João Nanoel Junqueira disse e declarou que na Conformidade das
Beais Ordeins de que lhe hera emearregado pelo Provimento de Correição
inserto neste Livro fazia a declaração Seguinte :
Declarou elle Segundo Vereador que os habitantes desta Villa e seo
Districto se compoin dos Números que ficam declarados na Lauda retro
da declaraçam passada e que delia não consta que tenha entrado pessoa
algmna no Estado eclesiástico.
Declarou mais que os nasidos e mortos que tem havido neste anno
não tem excedido aos demais annos asim terá sido o numero delle pello
mesmo Computo que se acha declarado no anno precedente.
Declarou mais que a produçãm dos Gados neste destricto tem hido
em angmento principalmente dispois do diluvio da cheya da Ribeira
ene cauzou hum grande destroso neste, como se acha declarado dispois
de que cada hum tem feito o mais que pode para
&m de huns bichos pequeninos chamados Curuquerè excesso de
entrarem pellas Rosas a dentro estes bichinhos tem comido e destroçado
os Pastos e os Arrozais de forma que em muitos Citios tem digo não
tem o Gado o que comer e porisso tem morrido, e os Arrozais, tem fi-
Jfcdo de sorte que nem ra por esse respeito
* para a colheita para o futuro .
— 38 —

Declarou mais que neste anuo se tem construído duas Embareaçoins-


neste destricto a saber huma Sumaca que se fes ou se está fazendo na
paragem xamada Jaguacahem pertencente ao Capitam Mór José António
Peniche, e huma Barca sem coberta para ser aplicada no Rio de Janeiro
em as descargas dos Navios que o dito Capitam Mór tem mandado fazer
para hum sugeito daquella Cidade xamado António da Cunha.
E por não ter mais couza alguma que fosse memorável e digno de
historia para se descrever neste Livro porisso somente fes declaração
elle dito Segundo Vereador do que fica declarado requerendo aos Juizes
e mais Vereadores da Camará que se achavam em ato delia ouvesem de
mandar escrever a Sua declaração na forma que tinha dito por lhe per
tencer a íazer esta descripsam de que para de tudo asim constar man
daram lavrar este inSerramento em que se asignaram e Eu Francisco doa
Santos Carneiro escrivam da Camará que o escrevy. Cunha / Carnro /
Almda. / Junqra. / Cunha / Silva Rego /

Termo de declaração que fas o segundo vereador da Gamara Antó


nio Francisco Gonçalves das novidades acontecidos neste prezente anuo
de 1810.
Aos vinte nove dias do mes de Dezembro de mil e oito sento e d"
annos nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape Comarca de
Paranagá em cazas da Camará e Pasos do Conselho onde se axarão juntos
o Juiz Presidente delia com os mais Officiais abaixo asignados fazendo
vereança e nella logo o Segundo Vereador António Francisco Gonçalves
foi dito que na conformidade das ordens Régias e do que lhe hera en
carregado em razão do seo cargo a declaração das novidade e cazo*
dignos de memoria tinha de fazer declaração das acontecidas neste pre
sente anno para serem descriptas neste Livro, e que porisso reportando
se ao Mapa Geral desta Villa e seo destricto declarava as ditas novi
dades na forma e maneira seguinte:
Declarou que neste prezente anno de mil oito sentos e dez Roda
ram os Cazamentos, os Nascidos, e mortos pello mesmo numero exzara-
dos na relaçam das novidades do anno passado com pouca diferença e
que o mesmo, se colégio quanto respeito ao Numero de habitantes deste
Destrito por cuja cauza não fazia expresa declaração de huma das coi-
zas por não haver cauza e nem augmento que servisse de Cazo novo ou
de admiração para se poder mais individualmente declarar.
Declarou mais que neste mesmo anno não tinha entrado pesoa algu
ma nesta villa e seo termo no Estado Eclesiástico Secular ou Religioso
anno de mil oito sentos e nove não nos consta que ai ....
que houvesse Cazo algum digno de ser descrito neste Livro se não o»
que ficam declarados pelo Segundo Vereador João Manoel Junqueira »
para que fique asim cumprida a Real ordem de Sua Alteza deseripta
neste Livro em o principio mandou lavrar a prezente Certidam por nos
asignados. Villa de Iguape em Camará de vinte sete de Dezembro de
mil oito sentos e nove. Eu Francisco dos Santos Carneiro escrivam da
Camera que o escrevi. Carnro / Almda. / Junqura. / Cunha / Silva
Rego.

alquer a .... Declarou mais que


dos Gados do Paiz tem hido em augmento posto que não he couza de
grandeza por não serem artigos principaes para a dita criaçam isto h*
— 39 —

por falta de Campinas mas que todos os lavradores que tem


poses criação dei animais.
Declarou mais que este anno se esta construindo hum dentro
neste Destricto da parte à& Ribeira no rio xamado Rio pequeno o qual
bé pertencente a Manoel José Chaves do Rio de Janeiro, e quem admi
nistra he Cândido Pupo sendo mestre construtor Joaquim Rocha, e asim
mais se esta construindo huma Barca, pertencente ao Capitam António
da Cunha da mesma cidade.
Declarou mais que a produçam das plantas neste anno foi grande
apezar dos atrazos e descontos que houve do bixo que penetra nos Arro
zes xamado Curuquerê que come e Consome esta planta por cuja cauza
sendo nesesario tornarem os Lavradores a fazer novas replantas nas
suas Rosas as quais por serem feitas já tarde e fora do tempo próprio
tem muita falha, com tudo porem sempre Ouve grande colheita isto hé
de arrozes por ser o guapé que mais se frequenta neste destrito. E por
que neste prezente anno não houve nem aconteseo outro algum cazo me
morável e digno de historia para se declarar neste Livro sendo aquelle
dito Segundo Vereador António Francisco Gonçalves tem declarado por
isso requereo ao Corpo da Camará que lhe mandase escrever a sua de
claração a qual foi feita na forma que foi declarada mandaram mais la
vrar este termo de to que todos juntos
tàam a Escrivam da Camará que o escrevi .
Canha / Viana / Carnro / Sa. Rego.
Certificamos nos abaixo asignados sob o juramento dos Nosos Cargos
que este prezente anno de mil oito sentos e dez não aconteceo novidade
tf nem cazo algum digno de historia que se pudese lançar neste livro de
memorias na forma das Reais Ordens de Sua Alteza Real que Deos goar-
de e porisso se tomou por termo a declaraçam retro do Segundo Verea
dor desta Camará António Francisco Gonçalves na forma que fica trans-
cripto e declarado respeito a populaçam, augmento ou decadência desta
Villa e seo destricto o que tudo he a mesma verdade de que para de tudo
asim constar mandamos lavrar a prezente certidão em que nos asigna-
mos. Villa de Iguape em Camará de vinte e nove de Dezembro de mil
oito sentos e dez. Cunha / Viana / Giz / Carnro / Sa. Rego. Vto. em
Corram de 1812. O Escrm. faça saber Vereador Segundo a sua obrigm.
Mos.
Termo de declaração q. fas o Segundo Vereador da Camará o
Alferes Manoel Jorge Vianna das novidades e cazos acontesidos neste
prezente anno de mil e oito sentos digo em o anno de mil oito sentos e
doze.
Aos dous dias do mes de Janeiro de mil oito sentos e treze annos
nesta villa de Nosa Senhora das Neves de Iguape comarca de Paranaguá
e Coritiba em Cazas da Camará e Pasos do Conselho onde se achavão
prezentes e juntos o Juis Prezidente delia com os mais officiais abacho
asignados fazendo Vereança, e nella logo o Segundo Vereador o Alferes
Manoel Jorge Viana foi dito que na conformidade das ordens Régias e do
que lhe hera em carregado em Razão de seo Cargo sobre a declaração
das novidades e Cazos dignos de memoria tinha de fazer declaração das
aeontisidas no anno de mil oito sentos e treze digo de mil oito sentos e
doze para serem descriptas neste Livro e que por isso Reportando Se
ao Mapa Geral desta Villa e seo termo e destrito declarava as ditas no
vidades na forma e maneira seguinte:
— 40 —

Declarou que neste anno de mil oito sentos e doze ouve muita mor
tandade de empidemia de caimbras de sangue e que havia dias de quatro
e sinco Corpos ex , havia herão ded Declarou
mais que neste mesmo anno entrara para este villa hum Mestre Régio de
primeiras letras, onde se achava com Sua ocupasão e que não havia
mais que dizer nesta declaração.
Declarou mais que neste mesmo anno ouve hua cheia na Ribeira
desta Villa que levou as Rosas de mandiocas e pomais e feijoais o que
sucedeo em o mes de outubro cauzado dos muitos temporais que houve.
Declarou mais que neste mesmo anno apareseo hum homem morto na
Praia do mar groso defronte desta villa o qual foy conduzido para esta
mesma villa eiahy sevio o estado em que se achava o dito Homem pello
que mostrava ser branco e ser Embarcadiso e se achava com hum golpe
grande detrás da orelha na cabesa, e mais alguns piques ao Pé da boca,
e mostrava ter sido feito na noute antesedente de sua morte por que se
achava muito fresco correndo muito sangue paresia que a poucas horas
tinha sido morto.
E porque neste dito anno não ouve e nem aconteseo outro algum
cazo memorável para se declarar neste Segundo
Vereador o Alferes Manoel Jorge Viana tem declarado poriso .....•••
ao Corpo da Camará que lhe mandasse sua declaração a qual foi e*-
cripta na forma que foy declarada e mandarão mais lavrar este Termo
de emSerramento em que aSignarão todos juntos e En José Joaquim
da Assumpção e Souza escrivão da Camará que o escrevi. Gomes /
Carnro / Vianna / Sa. Rego.
Certificamos nos abacho asignados sob o juramento dos nosos Car
gos que este prezente anno passado de mil oito sentos e doze não acon
teseo novidade e nem cazo algum digno de Historia que se pudese lan
çar neste Livro de memorias na forma da Reais ordens de Sua Alteia
Real que Deus goarde se não as que ficão descriptas e lançadas neste
Livro neste prezente anno e poriso se tomou por termo a declaração
Retro do Segundo Vereador desta Camará o Alferes Manoel Jorge Via
na na forma que fica transcripto e declarado nesta villa e seo destricto
o que tudo he a mesma verdade de que para de tudo asim constar man
damos Lavrar a presente Certidão em que nos asignanios. Villa de
Iguape em Camera de 2 de Janeiro de 1813. Gomes / Carnro. / Viana /
Vto. em Corram. Medros. Sa Rego.
Termo de declaração que fas o Segundo Vereador da Camera o Te
nente João Pupo da Rocha, das Novidades e cazos acontesidos neste pre
zente anno de mil oito centos e treze.
Aos vinte e oito dias do mes de Dezembro de mil e oito Sentos e
treze annos nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape comarca
de Parnagoá e Coretiba em Cazas da Camará e Passos do Concelho onde
se axarão presentes e juntos o Juiz Prezidente com os mais oficiais delia
ao adiante asignados fazendo Vereança e nela logo o Segundo Vereador
o Tenente João Pupo da Rocha foi dito que na conformidade das Reais
Ordens e do que lhe hera encarregado em Razão de seo Cargo Sobre a
declaração das Novidades e Cazos dignos de memoria tinha de fazer de
claração das acontecidas no anno de mil oito sentos e treze para serem
descriptas neste Livro, e que poriço reportando-se ao Mapa Geral desta
Villa, e seo termo, e destricto declarava as ditas novidades na forma, «
maneira seguintes:
— 41 —

Declarou que neste anno de mil oito sentos e treze ouve seis corpos
mortos afogados na Ribeira desta villa e outros da parte do mar entre
brancos negros meninos e homens.
Declarou mais que neste mesmo anno tem se movido muitas demandas
nesta villa estraordinarias, filhos contra a may e outras mais com repe
tidos requerimentos caluniosos justiças susur-
ro no povo cau na mesma Justiça por cauza in
quietadores.
Declarou mais que neste mesmo anno na Barra da Ribeira desta mes
ma villa deo hum barco a costa carregado de Arroz pillado na sahida que
fazia para o Rio de Janeiro por cauza das enxentes da Ribeira o que tudo
perdeu o dono o Tente. Francisco Carneiro da Silva Braga, e vários car
regadores.
Declarou mais que neste mesmo anno no mesmo Rio da Ribeira foi
ao fundo hua canoa nova do Capitão Joaquim Ribeiro carregada com
trinta sacas de Arroz pillado que thé hoje não se tem descuberto.
E porque neste dito anno não houve nem aconteceu outro algum
eazo memorável, digno de Bstoria para se declarar neste Livro senão o
que elle dito Vereador Segundo o Tenente João Pupo da Rocha tem de
clarado e poriço requereo ao Corpo da Camará que lhe mandase escre
ver a sua declaração a qual foi escripta na forma que foi declarada man
darão mais lavrar este Termo de encerramento em que asignarão todos
juntos e Eu António José Gonçalves Escrivão da Camera que enterina-
mente sirvo na auzencia do Actual que o escrevy. — Gomes — Giz' —
Rxa. — Almda. — Miz'.
Certificamos nos abaixo asignados sob o juramento dos nossos Car
gos qne este prezente anno pasado de mil oito sentos e treze não aconte
ce© novidade e nem couza alguma digna de Estoria que se pudece lançar
neste Livro de memorias na forma das Reais ord-ms de Sua Alteza Real
que Deos Guarde se não as que forão descriptas e lançadas neste Livro,
neste prezente anno para se tomar por termo e declaração Retro do Se
gundo Vereador desta Camera o Tenente João Pupo da Rocha na forma
que fica transcripto, declarado desta villa, e seos destrictos, o que tudo
hé a mesma verdade de que para de tudo asim constar mandamos lavrar
a prezente certidão em que nos asignamos. Villa de Iguape em Camera
do 28 de Dezembro de 1813. — Gomes — Giz' — Rxa. — Almda. —
Martins.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador da Camará Joa


quim Alves Carneiro, das Novidades e Cazos acontecidos neste anno de
mil oito sentos e quartoze.
Aos vinte e nove dias do mes de Dezembro de mil e oito sentos e
rrtoze annos nesta villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape comarca
Parnaguá e Coritiba em Cazas da Camará e Pasos do Conselho onde se
acharão prezentes e juntos o Juis Presidente com os mais officiais delia
abacho asignados fazendo vereança nella logo o Segundo Vereador Joa
quim Alves Carneiro foi dito que em comformidade das reaes ordens _e
do que lhe hera incarregado em ao Cargo sobre a declaração
— 42 —

das Novidades e cazos dignos de memoria, ... a de fazerem digo decla


ração das acontecidas no prezente armo para serem descritas neste Livro
a declarar as ditas Novidades que lhe constava pella maneira Seguinte
dizendo que neste anno de 1814 não tinha acontesido Novidade alguma
que pudece declarar que fosen dignas de memoria que fizese asento para
aprezentar em Camará asi digo declarando e requerendo se
fizece termo de sua declaração avista do exposto mandamos os officiais
da Camará fazer este termo que asignarão e eu José Joaquim da Assump
ção e Souza, Escrivão da Camará que o escrevi. — Almda. — Ramos —
Peniche — Carnro. — Silva — Garcia.
Certificamos nós abacho asignados sob o juramento dos Nossos Car
gos que este prezente anno passado de mil oito sentos e quatorze não
aconteseo novidade algua, e nem couza algua digna de historia que se
pudece Lançar neste Livro de memorias na forma das Reais ordens de
S.A.R. que Deos Guarde, senão as que aqui ficão lançadas e descritas
neste livro que se tomou por termo a declaração retro do Segundo Ve
reador da Camará Joaquim Alves Carneiro na forma que fica transenpto
e declarado, desta Villa e seo districto o que tudo hé a mesma verdade,
Segundo Nos Consta, de que para de tudo asim constar mandarão La
vrar este Termo cm que asignarão Villa de Iguape 1.° de Janeiro de 1815.
— Vto. em Corrm. em 1815. — Cunha — Almda. — Rocha — Sa. Rego
— Costa.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador António Pnpo


Rocha, das Novidades acontecidas nesta Villa no anno de 1815.
Aos vinte dias do mes de Janeiro de mil oito sentos e dezeseis annos
nesta villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape Comarca de Parana
guá e Coritiba em Cazas da Camará e Passos do Conselho onde se acha-
vão prezentes o Juis Presidente o Capitão Pelippe Rodrigues Cunha com
os mais officiais delia abacho asignados fazendo Vereança, e logo "
Segundo Vereador António Pupo da Rocha foi dito que na Conformi
dade das Reais ordens de que lhe hera encarregado em Razão do tet
Cargo, sobre a declaração das Novidades e cazos dignos de memoria
tinha de fazer as declaraçoins das acontesidas no Anno de 1815 pari
serem descriptas neste Livro as declaraçoins das Novidades que ouve pe!l»
maneira Seguinte :
Dizendo que no anno de 1815 não tinha acontisido novidade algum»
que pudese declarar que fosem dignas de memoria que fizesse asento
para apresentar em Camará asim requereo se fizesse este termo de Sm
declaração avista do exposto mandarão officiais da Camará fazer este
termo que asignarão e eu José Joaquim da Assumpção e Souza escrivã"
da Camará que o escrevy. — Cunha — Almda. — Rocha — Sa. Rego -
Costa.
Certificamos nos abacho asignados sob o juramento dos Nossos Car
gos que no anno passado de 1815 não acomteseo novidade alguma nem
couza algua de Estoria algua que se pudese lançar neste livro de vae
morias na forma das Reais Ordens de S. A. R. que Deus guarde se nic
as que ficão lançadas e descritas neste Livro que se tomou por termo *
declaração retro do Segundo Vereador da Camará António Pupo <1»
Rocha na forma que fica transcripto e declarado desta villa e seo tera*
— 43 —

e destrieto de que para de tudo asim constar mandarão lavrar este termo
em que asignarão e eu José Joaquim da Assumpção e Souza Escrivão da
Camará o eserivy. Villa de Iguape 20 de Janeiro de 1816. — Cunha —
Álmda. — Rocha — Sa. Rego — Costa. — Vt. em Corrm. de 1816 —
Medros.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador o Tenente José


Papo da Bocha das novidades acontesidas nesta Villa no anno de 1816.
Aos vinte e oito dias do mes de Dezembro de mil oito sentos e da-
zaseis anos nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape comarca
de Paranagoá e Coritiba em Cazas da Camará e Paços do Conselho onde
se achavão prezentes o Juis Presidente António Moreira Ramos e seu
companheiro Raymundo Pinto com os mais officiais delia
abacho asignados fazendo Vereança, e logo o Segundo Vereador o Te
nente José Pnpo da Rocha foi dito que em Conformidade das Reais ordens,
e do que lhe hera emearregado em razão do Seu Cargo sobre a declaração
das Novidades e Cazos dignos de Memoria tinha de fazer as declaraçoins
das acontesidas no anno de 1816, para serem descriptas neste livro as
declaraçoins das Novidades que ouve pella maneira Seguinte: Dizendo
que no prezente anno e. fim do mesmo não tinha acontesido novidade
algua que pudesse declarar que fossem dignas de memoria que fizese
asento para apresentar em Camará, asim requeria se fizese este termo de
sua declaração, avista do exposto, mandarão os oficiais da Camará fazer
este termo que asignarão e eu José Joaquim da Assumpção e Souza escri
vão da Camará que o escrevy. — Almda. — Olivra. — Rxa. — Anto.
Martins.
Certificamos nos abacho asignados sob o juramento dos Nossos Car
gos que no prezente anno de 1816 não aconteseo que nos conste Novi
dade algua, e nem couza algua de Historia digna de memoria que se
pudese lançar neste Livro na' forma das Reais Ordens de S. Magestade
que Deus guarde Senão as que ficão lançadas e descriptas no prezente
livro que se tomou por termo a declaração retro do Segundo Vereador
da Camará o Tenente João Pupo da Rocha na forma que fica transcripto
e declarado desta Villa e seu termo e destrito de que para asim constar
mandarão lavrar este termo em que asignarão. Villa de Iguape em Ca
mará de 28 de Dezbro. de 1816. Eu José Joaquim da Assumpção e Souza
escrivão da Camará que o escrevi. — Almda. — Olivra. — Rxa. — Anto.
Martins.

1817

Certificamos que neste anno de mil e oito sentos e dezesete não ouve
e nem aconteceu novidade alguma digna de Estoria que se pudese lançar
neste livro para memoria Segundo digo memoria não só para asim dizer
o Segundo Vereador Manoel João de Aguiar.
Com porque na verdade não nos consta de que para constar man
damos lavrar a prezente Certidão que asignamos nesta Villa de Iguapo
— 44 —

em Camará de 19 de Janeiro de mil oito sentos e dezoito e Eu Manoel


Joaquim dos Santos Escrivão que o escrevi. — Manoel João de Agar.

18 18
Termo de declaração que fas o Segundo Vereador Francisco Garces
de Moraes, das Novidades e cazos notáveis que bouverão no anno de 1818.
Aos dous de Janeiro de mil e oito sentos e dezoito ânuos nesta Villa
de Igoape em Cazas da Camará e Paços do Conselho onde foi vindo o
Juis Ordinário Presidente Ignacio de Oliveira Guimarains e mais offi-
ciais abaixo assignados ahy pelo Segundo Vereador Francisco Garces de
Moraes foi dito que na Comiormidade das Reais ordens queria fazer as
declaraçoins dos cazos notáveis que tem acontesido no anno de 1813 os
quais berão os Seguintes:
Que neste anno de 1818 em seis de Fevro. subio ao Régio Throno e
foi aclamado Rei deste Reino de Portugal do Brazil e Algarves o Nosso
Principe Regente Dom João Sexto de que tiverão o Povo desta Ya. em
geral grande contentamento por ser admirada a sua bondade.
Que neste mesmo continuado os inumeráveis Requeri
mentos calumniosos juizes e Escrivão pelo pouco respeito que
tenhão, as justiças varias pessoas desta Villa, permitindose publica
mente vedos aos mesmos juizes e Escrão. e mais offes. pr.
lhes não fazerem o que querião de que tem cauzado grande admiração
no Povo.
E porque neste dito anno de mil oito sentos e dezoito não ouve nem
aconteceu outro algum Cazo Memorável e digno de historias para se de
clarar neste livro senão o que fica declarado assignarão o Juis Prezidente
e Vereadores e mais Procuradores e eu Manuel Joaquim dos Santos q»e
o escrevi. — Guimes. — Rocha — Gomes — Pente. — Francco. Garces
de Moraes.

1819

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador João José de Car


valho Simoins dos Cazos notáveis aconticidos neste anno.
Declarou o abaixo asignado, Vereador João José de Carvo. Simoins
que neste presente anno de 1819 não produzio as plantas de Arrozes ac
tual negocio desta Villa por cauza de huns pássaros denominados "PíP°
nas Costas" que não só destruhião de dia como mesmo de noute além d»
grande multidão delles que cauzou admiração no Povo. Declarou mais
que neste mesmo anno em dezesete do presente mes de Dezembro levan-
tou pelo ocidente uma tempestade de vento nesta Villa, tão forte que w
telhas das Cazas voarão como palha, e animais, grosos Páos e matos tor-
cião arrancavão e atiravão em bastante distancia donde existião
dos menos quatro destruhir toda esta
— 45 —

j_ tou qne de
durou isto de 1819 não ouve
algum eazo memorável e digno para
se declarar neste livro senão o que fica declarado, mandarão fazer este
EnSerramto. que assignarão e eu Manoel Joaquim dos Santos que o
escrevi — Oliyra. — Gomes — Penixe — Martins — João José de Carvo.
Sims. — Vto. em Corram, de 1820 — Vto. em Corrm. em 1821.
O Escrm. da Camera fa Segundo Vereador da
Camera obrigação imposta pela
Carta Regia principio deste Livro re
gistada não manda pratique
no anno proxi passado em que se nota
& falta que vai para que conste o Escrivão
este Provimento em Camará e
de durou
isto de 1819 não ouve
algum cazo memorável e digno
para se declarar neste livro senão o que fica declarado,
mandarão fazer este Encerramento que assignarão e eu Manoel Joaquim
dos Santos que o escrevi. — Olivra. — Gomes —■ Penixe — Martins —
João José de Carvo. Sims. — Vto. em Corram, de 1820 — Vto. em Cor
ram, em 1821.

António José Gonçalves nesta villa de Igua-


Pe

Certifico que intimei Alvares da Silva Car


neiro i . . . . Meriticimo Doutor Ouvidor
de que dou fé o referido hé verdade. Iguape 3 de 9bro. de 1821.
— António José Gonçalves.
Termo de Declaração que fas o Segundo Vereador da Camará Joa
quim Alvares Carneiro das Novidades e Cazos dignos de memoria, acon
tecidos no próximo passado anno de 1821.
Aos cinco dias do mes de Janeiro de mil oito sentos e vinte dois
nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape comarca de Parana
guá e Coritiba, em Cazas da Camará e Passos do Concelho, onde se achou
prczente o Juis Ordinário Prezidente o Sargento Mór Bartholomeu da
Costa Almeida Crus, com os Officiais delia no fim asignados, para efeito
de fazerem Vareança e tomarem contas ao Procurador Rafael Gomes
Malta Carneiro e ahi foi dito e declarado pelo dito Joaquim Alvares
Carneiro, Segundo Vereador da Camará, em consequência da obrigação
que tem de deixar na memoria a lembrança dos factos mais notáveis
acontecidos neste prezente anno de 1821, Declarava que nada era mais
semelhar-se objecto que a Regeneração
da Nação Portugueza por bem da Constituição da
Monarquia registada pelo soberano Con das Cortes
Gerais, estraordinarios e constituintes da Nação na cidade de Lisboa, do
que passava a fazer hua abreviada Declaração, e asim mais de alguns
acontecimentos relativos, que podem interessar para o futuro, e de outros
que unicamente dizem respeito a esta Villa.
— 46 —

Sendo Assas memorareis para este Reino Unido de Portugal, Bra


sil e Algarves, e dignos de se eomservar nos Fastos da Monarquia os
dias 24 de Agosto, e (1) ? de Setembro de 1820, dias em que nas cida
des do Porto, e de Lisboa rayou a Aurora de Nossa Liberdade constitu
cional e noSsos irmaons da Europa proclamarão nossa Regeneração Po
litica, convocando em Lisboa Cortes Gerais, Extraordinárias dos Depu
tados de todas as Províncias para formarem a Constituição da Monar-
chia jurando manter, e Conservar a Nossa Santa Religião Catholica Apos
tólica Romana, o respeito, e obidiencia ao Senhor Dom João Sexto Nosso
Amado Rei constitucional e a Dinastia da Sereníssima Casa de Bragança
não he menos memorável o dia 26 de Fevereiro deste anno de 1821 em
que sua Magestade acceitou, e jurou na Corte do Rio de Janeiro a mesma
constituição, tal qual fizerem Cortes em Lisboa dando asim por hum . •
de sua Grandeza, e decidido Interesse pelo bem de
Seus fieis súbditos o exemplo não esperado da Magnanimidade de S. Iteal
Coração. Por decreto de 7 de Março de S. Magestade houve por bem
mandar proceder em todas as Províncias do Reino do Brazil ás Elleiçoias
dos Deputados da Cortes na Comformidade das Instruçõina adoptadas
em Portugal para que estes fossem completar a Representação Nacional.
As Bazes da Nossa Constituição depois de serem sabiamente discu
tidas no Soberano Congreço, e Decretadas pelas Cortes foram juradas
em Lisboa no dia 29 de Março.
Sjia Magestade querendo ainda dar Novas provas do seo Assenso
ao Bem geral da Nação, da heroicidade de seo Real Animo, e de Sua
confiança na fidelidade dos Portuguezes se determinou transportar-ee
para Lisboa, antiga sede da Monarchia e embarcando-se no Porto do
Rio de Janeiro no dia 26 de Abril com sua Agusta Familia, entrou pela
foz do Tejo no dia 3 de junho, e desembarcou em Lisboa no dia 4 acom
panhado de hua Deputação das Cortes que viera cumprimentar a S-
Mage. entre mil vivas de alegria e geral contentamento daquelle honrado,
e fiel Povo cheio do maior enthusiasmo por tornarem a ver o seu Amado
Monarcha por quem an la e com razão suspiravao
mesmo dia entrou no Salão das Cortes, e
em prezença do Soberano Congresso prestou o seo juramento ás Bazes da
Constituição nas maons do Senhor Prezidente. S. A. Real o Senhor D.
Pedro de Alcântara ficou na Corte do Rio de Janeiro, Regente deste
Reino do Brasil e tendo abraçado, e jurado a constituição no mencio
nado dia 26 de Fevereiro também prestou o Seo juramento ás Bazes da
Constituição aos 5 de junho. Este Augusto Príncipe, Herdeiro das vir
tudes de seus Ínclitos Maiores, objeto do amor e esperança de todos cu
Portuguezes se deve com razão chamar o Bem Amado, as Dilicias do
Brazil.
Esta Província de S. Paulo depois que teve noticia de que S. Mage.
jurara a Constituição da Monarquia não hezitou em abraçar a Ganzá
constitucional. Em 23 de junho impellidos de circunstancias ponderosas
a Tropa e Povo installarão na cidade de S . Paulo Governo Provisório fi
cando Presidente o Esmo. Ex-General João Carlos Augusto de Oeynhan-
sen, como único meio de promover a felicidade publica do que logo derao
parte a S. A. Real, que houve por bem de approvar a Instalação do mes
mo Governo Provizorio, e a nomeação dos seos Membros.
Publicando-se nesta Villa por meio de hum Bando do Governo na
Província que S. Mage. aceitara, e jurara a Constituição, e o seo Decreto

"N
— 47 —

de 24 de Fevereiro, o povo fazendo cauza eommum cheio de contenta


mento por tão justo motivo, manifestou o seo entuziasmo illuminando
voluntariamente as snas Cazas por três noites succeSsivas cuja illumi-
nação se repetio ainda por ordem do Meritisimo Ouvidor Corregedor da
Comarca o Doutor José Carlos Pereira de Almeida Torres dirigida ao
Juis Ordinário da Camará a qual reunindo os votos dos Cidadoens bene
méritos, e Povo, procedeo arrender na Igreja Parochial as devidas ac-
çoens de Graça ao Deos Todo Poderozo por meio de hum sollenne Tu
Deom a qne Assistio / por tão plazivel motivo, e tão bem pelo Feliz Na-
simento de S. A. Eeal o Senhor Dom Príncipe da Beira em o dia 3 de
Abril que principiou por hua Salva Real de 21 tiros pela manhã a qual
se renovou ao meio dia, e ao por do sol, salvando as duas Companhias
de Artilharia Miliciana ao finalizar o Te Deum.
No dia 10 de Junho se fes no Consistório da mesma Matris, na forma
do Decreto de S. Magestade de 7 de Março, e instruçõens anexas a Junta
da Parochia, e sahirão eleitos a pluraridade de votos o Reverendo Vigário
da Vara e Collado João Chrysostomo de Oliveira Salgado Boeno o Capam.
Mor José António Penixe, o Sargento mór Bento Pupo de Govea, e José
Jacinto de Toledo, que forão para a Junta da Comarca na Villa de Para
naguá, qne principiou ao primeiro de Julho.
Por ordem de Exmo. Governo Provizorio de 23 de Junho dirigida
ao Juis Ordinário, Comvocados por Edital as duas Companhias de Arti
lharia Miliciana desta Villa, Authoridade e Povo, todos jurarão nos
Paços do Concelho em prezença da Camará prezedida pelo Juis Ordiná
rio o Sargento Mór Bartholomeo da Costa Almeida Cruz as Bazes da
Constituição, obediência a S. Magestade £1 Rei constitucional, a S. A.
Real Kegente do Brazil e a Real Dinastia da Sereníssima Caza de Bra
gança, e asim tão bem obediência ao Exmo. Governo Provizorio desta
Província, as quaes se fizerão os devidos termos no Livro competente
da Camará a 23 de Julho. Achando-se logo depois nesta Villa de Correi
ção o miriticimo Dor. Ouvidor José Carlos Pereira de Almeida Torres,
recebendo aqui as respectivas ordens do Governo tão bem foi prestar em
Camera o seo juramento no dia 29 de julho precedendo a publicação de
outro Edital para o que Concorressem os que não tivecem ainda jurado :
do que se lavrou o Competente termo no mencionado Livro da Camará,
he digno de se descrever na prezente Memoria que alguas pessoas por
ignorantes, ou mal aversão não comparecerão para prestar o seu jura
mento entre estes hé de notar o Reverendo Fran
cisco Manoel Junqueira, seo Irmão Joaquim Manoel Junqueira
mo João Vieira de Sá. Porem não admira hum tal procedimento quando
todos conhecem que estes homens são os únicos capazes de Com. ter a
opinião publica; sendo bem verdade, que elles por meio de rabolices
odiozas, e trapaças igualmente odiosas e detestaves, tem perturbado o
sncego publico, e merecido o aborrecimento de todos, menos dos poucos
de sua facção.
Não pertendo inculcar a estes homens anti constitucionais públicos,
porque ao depois forão em Camará jurar as Bazes da Constituição na
oeaziâo que jurou o Miriticimo Doutor Ouvidor e Corregedor, mais sim
que elles não respeitando as Authoridades publicas fallando, e dezacre-
ditando publicamente aos Cidadoens mais honrados sem escapar os mes
mos juizes ordinários, e mais Justiças, e commentendo outras atrocides.
pelas quais / consta / terem sido pronunciados faz-se julgar do seu
caracter, e do seo conceito na opinião do Povo.
— 48 —

Abrindo Correição o mencionado Dor. Ouvidor nesta Villa o ql. mos


trando a maior rectidão e imparcialidade na administração da Justiça,
a mais apurada energia, e interesse na tranquillidade publica, e portão-
do-se com toda honrra, e benevolência tem com razão merecido o amor
de todos este Povo, que / dis / não tem possuído ha muitos ânuos hum
igual Corregedor, com os tem pezado a Vos da Justiça, que
indo cortar as raizes das dezordens, e inquetaçoins, entre tanto que tem
mostrado a mais decidida Benevolência para com os bons Cidadoins,
fazendo-lhes os justos elogios pelo seo louvável comportamento e atí
provendo para que se evitem os pleitos, e demandas injustas, e cada huro
Cidadão viva seguro de sua propriedade e no livre exereicio de seo»
direitos como nos asegura a desejada constituição.
No dia 12 de Outubro tomou posse em Camará do Comando desta
Villa, o sargento Mor Gradoado Diogo José Machado de Castro e Sou»
mandado pelo Exmo. Governo Provizorio desta Provincia com portaria
do Comandante interino cuja honrra, e amaves qualidades que tem feito
conhecer ao publico, fas esperar o escrupulozo desempenho do seo Cargo,
cooperando de acordo com as Authoridades civis para a tranquilidade e
melhoramento desta Villa, debaixo dos auspicios do Governo Provizorio,
cuja sabedoria, e energia se tem manifestado em todos os ramos da Ad
ministração publica para geral prosperidade desta Provincia. E por não
ter mais couza alguma que fosse memorável e digna de historia para w
descrever neste Livro, requereo elle dito Segundo Vereador ao Corpo da
Camará, ouvessem por em consequência de seos deveres, mandai
que escrevesse tudo que tinha, para memoria e despois de asim com
prido mandarão fazer o prezente encerramento que asignarão, Eu Ante
nio José Gonçalves Escrivão Interino da Camará o escrevy. — Joaquim
Alvares Carneiro — Almda. Crus — Simes. — Carno. — Silva Mal
ta — Carno.
Certificamos nos abaixo asignados, que no próximo passado Anuo
de mil oito centos e vinte hum, não nos consta ter acontesido Cazo Al
gum digno de ser escrito senão os que ficão declarados pelo Segundo
Vereador Joaquim Alvares Carneiro, de que para constar mandamos
lavrar a prezente certidão que vai por nós asignados na forma do Cus-
tume praticado nesta Camará. Villa de Iguape em Camará de 5 de Ja
neiro de mil oito centos e vinte e dois. Eu António José Gonçalves Es
crivão interino da Camará o escrevy. — Almda. Crus — Simes. — Carne
— Silva Malta — Vto. em Correição de 1822 — Pereira.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador da Camará Fran


cisco de Oliveira Duarte das Novidades e cazos dignos de Memoria acon
tecidos no anno findo de 1822.
Aos sete dias do mes de Janeiro digo de Dezembro de mil oito «n*
tos e vinte e dois annos nesta Villa da Senhoras das Neves de Iguapt'
Comarca de Parnaguá e Coritiba em Cazas da Camará e Passos do Con
celho onde se achava prezente o Juis Prezidente, António Moreira Rara09
com os officiais delia abacho asignados e o Procurador Interino o Al
feres Manoel Baptista Gomes no impedimento do actual e sendo ahi
todos juntos e reunidos para effeito de fazerem Vereança, e dcliber»r
outras coizas, e logo pello Segundo Vereador Francisco de Oliveira
Duarte foi dito, que em consequência da obrigação que tem de deixar
— 49 —

em Memoria a lembrança dos factos mais notáveis acontecidos neste


anuo findo de 1822. Declarou que nada era mais digno de semelhante
objeeto qne a independência proclamada neste vasto e rico Império do
Brazil que no dito anno teve principio proclamando seu primeiro Impe
rador Constitucional ao senhor Dom Pedro de Alcântara como Defensor
Perpetuo do mesmo Império do Brazil, acclamado no dia doze do mes
de outubro do referido anno de 1822, na Corte do Rio de Janeiro por
Unanime vontade dos Povos e Camará de todas as Províncias do mesmo
Império do Brazil.
Foi este dia mais digno e Memorável para todos os Brazileiros vendo
Raiar na Aurora a Liberade que suspirávamos para a Nossa Emanci
pação e para livrarmos dos ferros da Escravidão em que pretendia pren
dermos as Cortes de Lisboa, longe de tratarmos com Irmaons como avião
prometido, asim como ficarmos livres dos males de que
bem ameaçavão este vasto e rico Império se chegasse a retirar-se delles
o Nosso mais Amado Imperador e Senhor Dom Pedro Primeiro que de
tudo nos livrou como Nosso Perpetuo Defensor e a quem Tributamos
toda Nossa obediência, Fidelidade e Amor como sentro dos Nossos Re-
eurços e União, e por não ter mais coiza alguma que fose memorável e
digno de historia para se descrever neste livro requereo elle dito Segundo
Vereador ao Corpo da Camará ouvesem por bem mandar que se escre-
vece tudo quanto dito tinha pa. Memoria, e depois de asim cumprido,
mandarão fazer este Instrumento que asignarão e eu José Joaquim da
Assumpção e Souza Escrivão o escrevi. — Francisco de Oliveira Duarte
— Ramos — Rocha — 01a. — Maia — Duarte — Gomes.
Certificamos nos abaixo asignados que no prezente anno findo de
mil oito sentos e vinte dois athé o prezente, nã nos conta ter aconte
cido cazo algum mais digno de Memoria, declarado pello Segundo Verea
dor Francisco de Oliveira Duarte, e para constar, mandamos lavrar esta
Certidão, e vai por nós asignada nesta Villa de Iguape em Camará de
sete de Dezembro de mil oito centos e vinte e dois e eu José Joaquim da
Assumpção e Souza Escrivão o escrevy. — Ramos — Rocha — Olivra.
—• Maia — Gomes — Vto. em Corrm. de 1823.

Termo de declaração que fas o Segundo Vereador da Camera José


Bento da Sa. Franco das Novidades e cazos acontesidos neste anno de
mil e oito sentos e vinte três.
Aos vinte e nove dias do mes de Dezembro de mil e oito centos e
vinte e três, nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape, Comarca
de Paranaguá e Coritiba em Cazas da Camará e Passo do Conselho onde
se achavão prezentes e juntos o Juiz Prezidente e mais oficiais damma.
fazendo Vereança nella logo o Segundo Vereador José Bento da Silva
Pranco fas saber segundo a conformidade das Reais ordens e do que lhe
era encarregado em razão de seu Cargo sobre a declaração do seu Cargo,
digo das Novidades e cazos dignos de memoria pa. serem escritas neste
livro que cazos nem hum aconteseu neste anno de 1823. — José Bto. da
Sa. Franco.
Declarou que no prezente anno de mil oito sentos e vinte e quatro,
nao me consta houvesse couza algua notável que fosse digna de memoria
•T* iniereSsace para o futuro na forma das ordens, e para constar faço
«•ta declaração nesta Villa de Iguape aos 28 de Dezembro de 1824.
— 50 —

O Segundo Vereador José Bento Pupo de Gouvea — Vto. em Cornn.


de 10 de Agto. de 1825. Henrique. — Vto. em Corrção. A Camará fisca
lize o execução da Ordem, copiada no principio deste Lo., effectivanite.
cada hum ao. e no cazo contro. se lhe estranhará, Ige. 13 de 7bro. de
1826. Henrique.
Agostinho Lourenço da Silva Dória, Escrivam da Camará e mais
annexos nesta Villa de Ige. e seo Destro, por Provam.
Certifico que intimei o Provimto. retro do Ulmo. Snr. Dr. Onvor
Gal. e Corregedor da Comarca de Ige. Henrique Ribro. de Aguillar aos
Officiais da Camará desta Villa e Juizes Ordinários e Prezidente da
mma. cujo e elles bem o inteirou que o referido hé verde.
Iguape 30 de 7bro. de 1826. — Agostinho Lourenço da Silva Dória.
Termo de declaração que fas o Segundo Vereador António Pupo da
Roxa, das novidades dignas de historia acontesidas neste
prezente anno de 1826.
Aos sete dias do mes de Janeiro de mil oito centos e vinte e sete
annos nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape, comarca de
Paranaguá e Coritiba, em Cazas da Camará e Passos do Conselho delia
onde se achavam prezentes e juntos o Juis Prezidente Francisco da
Silva Rego e os mais officiais delia ahi logo o dito Segundo Vereador
António Pupo da Rocha fas saber segundo a conformidade das Reais
ordens e segundo o seu cargo que o cazo mais digno de memoria qoe
aconteceu neste, digo, neste prezente anno próximo findo fora que em hna
dos dias do mes de Novembro do anno de 1826, dera a costa na praia hunn
Sumaca aprisionada trazendo tao
somente hum que era capitão de preza qne foi
hum Corsário em ha °.ue
este mandara que os marinheiros que este as que ; • •■ ■
capitão de hum Barco Corsário denominai
Jacubu ( t) e vinha a mesma importando para de eontos de
reis trazendo muitas fazendas de preço e por não ter aconte
cido no dito anno digno de memoria de que para constar
manda lavrar este termo em que assignarão
— Vto. em Corrm. de 1827. Peixoto — António Pupo da Rocha.
Termo de Declaração que fas o Segundo Vereador da Camará l>mi
Francisco de Paula, das novidades e cazos acontecidos neste corrente
anno de mil oitocentos e vinte e sete.
Aos vinte e nove dias do mes de Dezembro de mil oito centos e vinte
e sete annos em Cazas onde a Camará custuma fazer suas sesoins, ah'
achando-se prezentes e juntos o Juis Ordinário Prezidente José Jacintno
de Tolledo com os mais Officiais delia, adjunto commigo Escrivam ac
tual do seu cargo ao deante nomeado, nella logo o Segundo Vereador
Luiz Francisco de Paulla fas saber observando as ordens e Provimento
segundo lhe hé encarregado em razão do seu cargo, que não houve nu
prezente anno novidade e cazos notáveis dignos de memoria para serem
escriptas neste Livro. De que para constar, se lavrou este termo em que
assignarão o Juis e Officiais, e o Segundo Vereador e Eu Agostinho
Lourenço da Silva Dória Escrivam actual o escrevy. — Tolledo — SiK»
Canto — Neves — Peniche — Luis Franco, de Paula.
— 51 —

Declaro que no prezente atino de mil oito sentos e vinte sete não
me consta honveçe coiza algua notável q' foce digna di memoria q' ente-
ressaçe para o fntnro na forma da ordem e para constar faço esta decla
ração nesta Villa de Iguape aos vinte nove de Dezembro de 1827. — O
Segando Vereador Luiz Franco, de Paula.
Certificamos nós abaixo assignados que neste corrente anno de mil
oito sentos e vinte sete nos não consta que acontecesse cazo algum digno
de ser descripto neste Livro e para que fique cumprida as ordens regis
tradas no principio deste Livro mandamos passar a prezente Certidão
que Assignamos nesta Villa de Iguape em Camará de trinta e hum de
Dezembro de mil oito centos e vinte e sete. Eu Agostinho Lourenço da
Silva Dória Escrivam actual da Camará e mais annexos o escrevy (1).
— Tolledo — Paula — Malta — Carnro. — Peniche — Vto. em Corram,
de 1829. Peixoto.

(1) Aqui terminam as "Memorias da Camará da Villa de Iguape",


(folhas W), verificando-se a existência de mais vinte e três, que se acham
«m branco, trazendo apenas a rubrica — Rendou. A. P.

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