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VAMPIRO

a Máscara
Per Caluccino
VIDA
MÊS UM

O encontro com o Príncipe Almirante ocorrera como o esperado e nele recebi


orientações à servir belicamente o território independente dos meios que
fossem necessários para a realização dessa tarefa, e como eu já vinha
especulando, os contatos com os milicianos do Pantanal que o Arthur detinha
me seriam imprescindíveis nesse momento. Após as recomendações do
Príncipe eu deixei a Fortaleza Sombria e segui até minha nova casa de praia na
Ilha das Palmeiras, onde estariam me esperando o Frank, a Letícia e o Arthur.
Após essa reunião o Arthur marcara um encontro para o dia seguinte com os
sete líderes milicianos de sua confiança, homens que trabalhavam para
famílias como as nossas através das gerações, e ao chegarem até mim
cordialmente os servi boas taças de vinho champanhe enquanto traçava os
contratos para que se tornassem minha própria armada particular. Vinho claro
com aquele adicional especial que eliminava toda e qualquer possibilidade de
recusa da parte deles. A cada um dei um apelido inspirado em um dos príncipes
do inferno. Asmadeus, Azazel, Belphegor, Belzebu, Leviatã, Mammon e Lúcifer.
E cada um estaria encarregado de agrupar e treinar, com os equipamentos de
primeiríssima linha fornecidos por mim, grupos subordinados a eles, se
tornando assim generais de um exército glorioso.
O passo seguinte era me enraizar na gestão pública do município. Ainda me
valendo das conexões do Arthur, então Deputado Federal, eu convidei à minha
bela casa na praia para uma recepção cordial alguns dos meus queridos e
ilustres vizinhos, dentre eles o Prefeito Fernando Jordão e seu estimado Vice,
Christiano Alvernaz, dando a oportunidade a ambos de provarem de minha
refinada adega encarniçando-os também abrindo as portas para um controle
ainda mais oportuno em relação à gestão de Angra. Nada que um bom vinho e
apoios políticos não pudessem resolver. E com esse apoio logo estaria dentro
do círculo íntimo da prefeitura e auxiliando nas questões relacionadas à
alfândega e até infraestrutura da cidade, possibilitando assim a criação de
quarteis para os meus generais em pontos específicos do perímetro urbano.
LONGA
MÊS DOIS

O segundo mês fora marcado por muito trabalho e dedicação, controlar os


trâmites de uma cidade nunca parecera ser tão complicado porém com o apoio
do meu séquito e toda minha competência pude suprir gradativamente as
necessidades que se apresentavam. Ainda nesse momento pude, graças a
minha recém aproximação como Príncipe, sugerir sutilmente que algumas
alterações fossem implementadas, afinal o déficit de pessoal era uma questão
gritante e de urgência máxima, apontando a possibilidade de aproveitar-se da
sabedoria e proficiência da Bárbara como uma Conselheira além de impor
funções aos membros para que os cargos fossem ocupados e o governo
refletisse sua impecável desenvoltura assim como é em sua carreira militar.
Nesse mês também ocorrera a São Paulo Fashion Week onde tive que
comparecer à cidade para um evento relacionado ao lançamento da minha grife
em tributo a Ouro Preto. Uma coleção de alta joalheria sublimemente
desenhada para refletir a efeverscência das riquezas nacionais, aludindo
historicamente a febre do Ouro e dos Diamantes. A coleção foi um sucesso
absoluto e seus frutos não poderiam terem sido melhores.
Um bonus dessa viagem fora sem dúvida meu reencontro surpresa com uma
figuras conhecida que abrilhantou o meu desfile: Eduardo de La Croix.
Reencontrá-lo ali foi sem dúvidas um desafio quase intransponível mas graças
à polidez exigida pelo momento pudemos criar um laço surpreendente onde ele
plantara uma semente em mim ao me questionar porque eu me esforçava
tanto pela glória dos outros quando Eu já era gloriosa por mim mesma. Aquilo
me fizera refletir e perceber um pouco a majestade que carrego. Me vez ver
que de fato muitas coisas estariam acontecendo de forma injusta em relação
aos meus esforços.
Essa conversa me mudara mais do que eu quis acreditar, me enchera de um
fogo que me fazia sentir mais implacável do que jamais havia me sentido. Havia
alguma coisa realmente... especial naquela criatura da noite. Alguma coisa que
me fazia sentir uma versão melhor de mim mesma.
À RAINHA
MÊS TRÊS

Dominar Angra dos Reis não parecia uma tarefa fácil, mas parecia a "qualquer
merda" que a Bárbara me mandara trazer de volta para fazer valer o meu direito
de existir. Então a "qualquer merda" aconteceu. Juntamente com meus
generais instalados à surdina nos pontos estratégicos da cidade e do meu livre
acesso às informações públicas aliadas aos levantamentos feitos na Fortaleza
Sombria, prontamente pude localizar quem eram os caçadores e removê-los,
pacificando o território para a posterior ocupação vampírica. Paralelamente
promovi reformas públicas, onde construí alamedas ajardinadas (belíssimas e
bastante "intimistas" que atraia ainda mais o turismo para a região) e grandes
e belos portões de "boas vindas" nas entradas da cidade. O termo à paisana
nunca fora tão bem empregado quanto o que Angra dos Reis iria se tornar
quando eu acabasse minhas reformas.
Foi na noite do dia 08 (coincidentemente na numerologia o número que
representa a glória) que entrei na Fortaleza e desfilei majestática para
anunciar a todos que Angra dos Reis estava totalmente sob o controle da
Camarilla, e que sim, eu podia mantê-la. Essa conquista me conferiu o título de
Xerife da cidade e logo me tornei uma figura conhecida entre os membros e
entre os humanos mais importantes, arraigando também o título de Harpia
somando apoio e respeito em ambos os lados, principalmente me tornando
mais relevante aos olhos do príncipe, só que infelizmente mais irritante aos
olhos da Bárbara que parecia não perceber que ao trazer essa "merda" de volta
eu trazia para ela também a glória.
Logo ao final do mês minhas alterações no traçado urbano estariam concluídas
e eu deixaria Haussman no chinelo. Uma Angra dos Reis agora totalmente
controlada e remodelada para os meus interesses surgia, o comércio fluia
através dos meus dedos, as entradas e saídas da cidade aconteciam através
da minha autorização e algumas casas vampíricas começavam a se instalar no
território pacificado. No fim, Angra dos Reis tinha uma Rainha. (E um Príncipe
outrora acuado que começava a reconhecer os esforços dessa jovem e
impetuosa filha da noite).

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