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PARIS - FRANÇA
SUMÁRIO
APRESENTAÇÁO
1 - INTRODUÇÃO 1
PROBLEMÁTICA 14
1 - Apresentação do autor 16
2 - Da leitura da obra 18
3 - Visão de conteúdo 20
4 - O Vale do Amazonas 23
6 - CONCLUSÃO 67
7 - BIBLIOGRAFIA 70
ANEXOS 1
Glossário 78
Cronologia 83
Lista de siglas 88
ANEXOS 2
Quadros complementares 97
3
1 Amazônia continental 1A
12 Baixo Amazonas 25
APRESENTAÇÃO
1
Daniel, J., " Tesouro Descoberto no Rio Amazonas,I e II , ABNR, Rio de Jneiro, 1976.
2
Recenseamento de 1783 e 1797.
3
Esta bibliografia é disponível em várias bibliotecas de Paris (IHEAL; Fundação Caloustre
Gulbenkian, IEDES, Muséé de l'Homme).
7
1 - Introdução
A história social regional tem dado pouca atenção a esse tipo de estudos. As
transformações do ambiente e das relações homem e meio são percebidas em
curto espaço de tempo, de maneira, por exemplo, a identificar as
consequências desastrosas das políticas de desenvolvimento agro-pastoril de
1984, e exploração madeireira ou mineral em execução aos planos
econômicos de 1966 com suas marcas visíveis e muito evidentes pela rápida
depredação dos ecossistemas da Amazônia.
6
Segundo Baena "Em 12 de abril de 1685 o Governador manda comprir a Provisão Régia de
dous de Setembro de 1684, a qual determina que se plante nas abas das Povoções arvores de
canella e cravo da mesma qualidade descoberta em 1669 no rio Tocantins", BAENA, A.L.M.,
Compêndio das Eras da Provincia do Pará, UFPa, Belém, 1969, p.114
7
Segundo Alden "a informação estatística relacionada com a produção de cacau na Amazônia
é mais diversificada e abundante para os anos de 1778-1822, onde evidencia-se que o nível
das exportações permaneceu regularmente estável, ao longo do final da década dos anos 1770
e dos anos 1780; entretanto o papel de Lisboa permaneceu como centro redistribuidor do cacau
brasileiro, durante os anos de 1775-1822", in, ALDEN, F., O significado da produção de cacau
na região amazônica no fim do período colonial: um ensaio de história econômica comparada,
UFPa, Brasil, 1974. p.40
8
Daniel, J., op. cit.
10
Que visões existiram sobre o meio e das relações do homem nele? Segundo:
realizar uma espécie de balanço das transformações econômicas,
demográficas e ecológicas. A idéia é de ordenar os eventos, as marcas das
rupturas, inventariar o que permaneceu. Dois exemplos: a canela
desapareceu das matas, restando apenas nos quintais das casas, enquanto
o cacau é inexpressivo na economia do vale. Significa vir a dimensionar o que
mudou no plano dos ambientes: como foram transformados e quais foram as
práticas dos homens? No final, o que explicaria essa orientação? Aqui, entra-
se na discussão sobre as formas e as forças da economia, sendo aqui o motor
do comércio, para tornar exclusivos as atividades e produtos rentáveis, com o
agravante sobre a frágil estabilidade dos ecossistemas tropicais. Esse é o
quadro para considerar os fenomenos demográficos, como ocorre o
povoamento indigena? O que foi o povoamento colonial? A realidade
demográfica de maiorias a minorias, como aponta-se no caso dos índios, pode
ser vista para grupos socio-étnicos: livres e escravos que interviram e
interagiram nesse meio.
11
9
VIianna, H. História do Brasil -período colonial, I, Brasil, 1965, p.79.
10
Idem, p.263.
12
11
Segundo Vianna "denominava-se guerra do açúcar pelos danos e perdas de navios
mercantes e assaltos a povoações e engenhos litorâneos", in, VIANNA, H. op. cit., p.262
12
Mauro, F. Nova História da Expansão Portuguesa - O Império Luso-Brasileiro (1620-1750),
Portugal, 1991, p.109.
13
13
Idem, pp: 123-124.
14
Expressão utilizada para designar o interior do Estado do Pará ou da Amazônia: "hinterland
paraense", "hinterland amazônico".
15
Mauro, F. op.cit.., 129.
16
Tratado de Tprdesilhas, in FERREIRA, A.C., Aspectos económicos da dominação
portuguesa na Amazônia. in: Ocidente, Revista Portuguesa Mensal, Portugal, 1961, p.128
17
Idem, p.123.
14
18
Mauro, F., op. cit. p.263.
19
As Capitanias eram seis no Estado do Brasil (Bahia, Rio de Janeiro, Paraiba, Rio Grande,
Pernambuco e Colônia do Sacramento) e três no Estado do Maranhão (Ceará, Maranhão
propriamento dito, e Grão-Parã) in, Vianna, H. op. cit., I . p.267.
20
Durante o século XVI foram criadas dezoito capitanias hereditárias; entretanto por
circunstâncias diversas, inclusive abandono e desinterêsse dos donatários, apenas onze
passaram ao século XVII, sendo 5 no Estado do Brasil (Rio Grande, Campos dos Goitacases,
Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, Ilha de Santa Catarina e Rio da Prata) e seis no
Estado do Maranhão (Cumá,Cumã ou Tapuitapera, Caeté ou Gurupi, Cametá ou Camutá, Cabo
do Norte, Ilha Grande Joanes ou Marajó e Xingu); in, Vianna, op. cit., I, pp.267-268.
15
Entre 1627 e 1632 a população pioneira de Belém atingia entre 200 a 300
habitantes sendo colonos e soldados. Encontrava-se ligada com São Luis não
só por terra: as comunicações fluviais realizavam-se a montante do rio Pindaré
e do rio Capim21. Com a restauração do Reino de Portugal, em 1640, o
interesse pelo Brasil é retomado por D.João IV e explicita-se no
22
estabelecimento do Conselho Ultramarino de 1642 , fato da maior
transcendência para toda a vida colonial que viria.
Quanto aos limites com a França, sabe-se que essa potência, objetivando
estar o mais próximo do rio Amazonas, logrou este feito durante o periodo da
Revolução Francesa e do Império. O tratado de Paris, de 23 Thermidor V,
traçou o limite pelo rio Calçoene até suas cabeceiras e destas por uma reta até
o rio Branco. Essa linha foi modificada pelo Tratado de Badajoz, de 6 de
junho de 1801, que alterou o limite para o rio Araguari, desde a foz mais
apartada do Cabo do Norte até a cabeceira e dai até o rio Branco. Mas
anulou-se posteriormente, com a assinatura do acordo de Madri, em 29 de
setembro do mesmo ano, que fixou os limites em Carapanatuba, ou seja,
desde a foz até as cabeceiras próximas do rio Branco. O fecho aconteceu em
11 de abril de 1763 com a assinatura do tratado de Utrecht 25, onde Luis XIV
21
Idem, p.113.
22
Ibdem, p.263.
23
Abreu, C. Capítulos de História Colonial (1500-1800) & E os caminhos antigos e o
povoamento do Brasil, UFBr., Brasil, 1963, p.196.
24
Cardoso, C.F.S., A crise do colonialismo luso na América Portuguesa-1750/1822.p.89.
25
Mauro, F., op. cit., p.121.
16
26
Reis, A.C. A empresa colonial portuguesa na revelação da Amazônia, Rio de Janeiro. p.174.
17
27
Cunha, M., História dos indios no Brasil. São Paulo, 1992. p. 382.
28
Segundo Rosenblat (1954), "a população era de 1 milhão para o Brasil como um todo";
Moran (1974) diz que era "uns 500 mil para a Amazônia" enquanto que Denevan (1976) avalia
em "6,8 milhões a população aborígene da Amazônia, Brasil Central e Costa Nordeste com
densidade de 14,6 habitantes/km2 na área da várzea amazônica e apenas 0,2 habitantes/km2
para o interfluvio" in: Cunha, M. op. cit., p.14.
29
Rosenblat, in: Cunha, M. op. cit., p.14.
30
Dobyus, in: Cunha, M. op. cit., p.14.
31
Borah apud Denevan, 1976, in: Cunha, M. op. cit., 18.
32
Braudel, 1979, in: Cunha, M. op. cit., p. 42.
18
33
Segundo Steward, havia "189 mil Tupinambá no final do século XVI ou 0,6 hab./Km2 (1949);
por outro lado, Denevan sugere uma "densidade de 9,5 hab/Km2 nas Costas ao Sul do
Amazonas, ou cerca de 1 milhão de índios pré-contato (1976)", in: Cunha. M., op. cit., pp:382-
383.
34
Roosevelt, in: Cunha, M. op.cit., p.54.
35
Cunha, M. op. cit., p.383.
19
39
Soares de Souza, in: Cunha, M. op.cit. p.176.
20
40
Descimento era o transporte, para o litoral, de índios aprisionados no sertão, no período
colonial.
41
Cunha, M. op. cit., p.175
42
idem. p.176.
21
PROBLEMÁTICA
22
Parte desta história foi contada por frades Jesuítas, dando apreciável
contribuição. A bem dizer, existe uma crônica sociográfica na forma de
tombamento de fatos do temporal e do espiritual. Os religiosos da Companhia
de Jesus43 tiveram bastante zelo de anotar inúmeras observações em que a
natureza se avantaja à custa de uma narrativa sobre as prodigalidades
tropicais. Período pré-cientifico que com seus registros e visões ajudam a
escrever a história.
Ela foi louvada como se fosse uma Nossa Senhora Ecológica, tomando
forma de um culto panteísta pelo primeiro cronista, Capitão Simão Estácio da
Silveira . O súdito português apresentava a natureza em termos grandiosos por
seus ares salubérrimos, um infinito de fontes, numa terra golfeira e mui
criançola ou ainda terra boníssima, formada de belíssimas ilhas e ribeirões e
fresquíssimos arvoredos, cujos madeiros sobem aos céus e são infinitos 44.
Vimos utilizar-se o mesmo vocabulário impregnado das imagens edênicas para
revelação da Amazônia ao longo dos séculos XVII ao XVIII.
43
No Brasil encontram-se várias obras de missionários com estas características podendo ser
citados como principiais a dos padres Manuel da Nobrega e Antonio Vieira, seguidos pelo
Padre Joao Daniel .
44
Vianna, H., op. cit., p.61.
23
Entretanto, esta marca edênica se exclui no livro do Padre João Daniel 45. Sua
história dramática de beirão amazonotropicalizado fêz-se na sorte ou azar que
teve a Companhia de Jesus, expulsa do Brasil pelo Marquês de Pombal 46.
Expulso e preso em Portugal, nada foi apurado contra João Daniel para
causar-lhe tantos sofrimentos e importunações. Serafim Leite 47 escreveu que o
padre deu provas de fortaleza e ânimo, como beirão que era. A sua profissão
solene de quatro votos, nas margens do rio Moju, fê-la depois de ter sido
notificado do seu próximo desterro. Encerrado nos cárceres e privado de
liberdade, escreveu o Tesouro do Rio Amazonas como forma de dar
continuidade à sua missão no Grão-Pará. Pelo que se conhece e se chegou
a esclarecer, através de devotada pesquisa de Serafim Leite, não havia
provas contra o sacerdote. Sua obra missionária, desvêlo no terreno da cultura
e dos serviços prestados ao Brasil. Ela revela facetas importantes desta
descoberta do vale do Amazonas. Dele extraímos as lições sobre as relações
homem e natureza.
1 - Apresentação do Autor
Talvez a ordem religiosa que teve papel mais importante na fase colonial do
Estado do Grão-Pará e Maranhão tenha sido a Congregação da Companhia de
Jesus. Estes padres receberam a margem direita do rio Amazonas e
fundaram, desde sua chegada em 1669, até 1759, data da sua expulsão,
oitenta e sete aldeias48.
45
Daniel, J., op. cit.
46
Daniel, J. op.cit. p. 79.
47
SERAFIM LEITE, in: Daniel, J., op. cit., p.16.
48
Mauro, F., op. cit., pp.138-139.
49
Baeta, L.F.N.F., Imaginação social jesuítica e instituição pedagógica -Maranhão e Grão-
Pará- século XVII. UFRJ, Brasil, 1984, V.III, p.198.
24
50
Prefácio, in: Daniel, J., op. cit., pp.10-11.
51
CF. Tocantins, L., assim se refere à região da Beira pelas influências arquitetônicas e sociais
espanholas dos que nasceram nestas fronteiras entre Portugal e Espanha.
25
2 - Da leitura da obra
52
Ondas de alguns metros de altura com grande efeito destruidor e forte estrondo, que ocorrem
próximo à foz do Amazonas.
53
Prefácio, in: Daniel, J., op. cit., p.16-17.
54
Idem, p.18.
55
Ibdem, p.19.
26
Padre João Daniel foi um afeiçoado ao mundo amazônico tropical, curioso das
farsas e das realidades da natureza, seguro de que, às custas destas
indagações, também prestava serviço à religião e à humanidade.
3 - Visão de conteúdo
A obra pode ser visualizada primeiro como uma síntese de questões marcadas
por seu tempo, mas que se projetam além da sua datação. João Daniel
escreve entre 1757-1776 e introduziu como primeira interrogação a
descoberta do rio Amazonas. Buscava responder às reflexões que envolviam a
polêmica dos descobridores deste rio. A história contemporânea tem a
herança dessa questão e diversos artigos foram escritos para apoiar uma ou
outra hipótese sobre os primeiros a navegar por suas águas 60. Gonçalo Pizarro,
Pinzon, Orellana buscavam o Lago Dourado61 e ajudaram a criar outros mitos.
São parte das discussões sobre o encontro do Novo Mundo, dos Novos
Climas, dos Grandes Rios62 como também da sugestiva e fértil polêmica sobre
o impacto sofrido pelo homem europeu nos trópicos.
58
Idem, p-6.
59
Revista do Instituto Histórico do Rio de Janeiro, 1840,1841,1878. in, Daniel, J. op. cit., p.7.
60
Vianna, H., op. cit., pp.49-50.
61
ver Glossaire.
62
Daniel, J., op. cit., pp.29-32.
28
João Daniel também retoma o mito da fertilidade das terras amazônicas, mas
ele tem uma matriz realista, indicando os limites naturais e quanto a inventiva
humana teria capacidade para romper as barreiras, daí envestir-se em
conselheiro sobre as possíveis soluções técnicas para problemas reais de
cada ambiente. Apenas dois exemplos: 1) ao escrever sobre a ilha de Marajó,
cujas campinas são sujeitas a inundações, recomendou a construção de
sistemas de canais; 2) ao tratar sobre o cultivo do arroz, opinou sobre a
diversificação de espécies63.
63
Idem, pp.64-72.
29
"O Rio Amazonas localiza-se 315° de latitude do Rio Purus e 305° de latitude
do Rio Pongo e com suas 1200 a 1800 legoas divide esse novo mundo em
duas penínsulas; cortando de oeste a este e que entre suas fontes e o
Pacífico tem o estreito do Panamá dividindo a América em Meridional e
Setentrional. Transforma-se no rio Solimões a partir dos afluentes do rio
Negro e Madeira. Para os espanhões, é chamado Rio Orelhana dando
nome a seu descobridor. Tambem é conhecido pelos mesmos
espanhões como Maranhão devido ao emaranhado de outros rios que o
formam, os afluentes"64
64
Daniel, J. op.cit. pp.27-29.
65
Daniel, J. op. cit., pp.99-109.
30
4 - O Vale do Amazonas
Constituem a exuberância das 1200 a 1800 léguas de um rio que corta o Novo
Mundo em duas partes ao passar pelo Equinocial. Outro corte para ver o rio
permite
66
"terras caídas" é o fenômeno de desbarranqueamento das margens dos rios do estuário
amazônico.
32
Podemos seccionar as três zonas do vale, descritas pelo Padre João Daniel,
mais a título de introdução sintética.
67
Várzea é a planície fértil e cultivada de um vale.
68
DIAS, M.N. A Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão (1755-1778), Brasil, 1970. p.43.
33
da parte Sul, são afluentes do Amazonas os rios Ucaiale, Javari, Tefé, Coari,
Japurá, Purus, Madeira, Mamoré, Guaporé, Tapajós, Coroá, Xingu.
A foz do rio Javari delimita esta terceira divisão onde se localiza o início dos
rios Madeira e Solimões e as fronteiras das terras castelhanas e portuguesas.
Não foi esse espaço o que recebeu maior atenção do autor, o que permite
deduzir que esteve fora de suas visitas missionárias.
João Daniel, no capítulo 15°. da primeira parte, faz uma introdução sobre o
povoamento indígena e o que foi o choque demográfico. Escreve,
retomando afirmações do Padre Vieira, que nas 1.500 léguas do rio Amazonas
haviam índios. Enfatiza a grande fecundidade dos índios e indica que no rio
Urubú foram dizimadas 700 aldeias, enquanto no Rio Negro haviam sido
escravizados 300.000 índios. Tomando dados do seu antecessor, dizia que
em cada missão o número era superior a 5.000 arcos.
69
Daniel, J., op. cit., pp.257-259.
70
Roosevelt, in: Cunha.M., pp:53-86.
71
d'ANS, André-Marcel. Haiti: Paysage et Société, Paris, 1987, pp.6-51.
34
Nesta segunda parte, João Daniel fez inúmeras anotações sobre suas
descobertas junto às sociedades indígenas amazônicas, o mundo cultural, que
o europeu colocou em um nível de inferioridade. O autor, etnologicamente, os
descreve como homens de epiderme e feições variadas e altura média como
os demais homens, sendo pessoas engajadas numa hierarquia de respeito
aos mais velhos, guerreiras e superticiosas. Dos seus costumes relata as
festas de casamentos e nascimento dos filhos onde, durante dias, tocam seus
torés, pau-que-ronca, bebendo mocororó . O vício de bebidas e o canibalismo
são praticados com luxúria e suas ingratidões ressaltam na descrição do
Padre.
Seu nomadismo era total. Homens, mulheres, crianças saíam sobre enormes
distâncias levando todos seus pertences: cabaça de jequitáia ou malagueta
para os guisados; panela e ralador que eram carregados na gutura75 pela
mulher. Os homens carregavam seus arcos e flechas. Seus destinos foram
modificados apesar da resistência, durante 20 anos, que fizeram aos
72
Cunha, M.C., op. cit. pp.53-87.
73
Daniel, J., op. cit., pp: 279-283.
74
I dem, pp: 259-262.
75
gutura: tipo de cesto feminino utilizado pelas indias.
35
76
bororé: mistura feita com ervas para envenenamento das flechas.
77
Ver glossário.
78
Cunhã é a denominação de mulher na lingua indigena.
36
Estas Nações Tupi79, tinham os rios como habitat natural. No Baixo Amazonas,
localizados no rio Tocantins ficavam os canoeiros extratores do cravo, canela e
salsaparrilha. Na ilha do Marajó ficavam os Nheengaíbas e seus aliados, os
Mamainases, habitantes da baia de Paraú até o estreito de Tajupuru. No
médio Amazonas, na margem esquerda, localizados no rio Nhamundá,
ficavam os índios Icamiábas, Cunaris e Uabas. Na margem direita, nos rios
Mamurú, Amana e Paranari estavam os Tupinambás, Sapupês, Maués e os
Mundurucus. Na parte mais ocidental do Grão Pará estava a aldeia Taucuéra
que reunia os índios Cunuris, Chereunas, Paracoianás, Paracuatás e os
Uabois.
79
Cunha, M.op. cit.,p.382 e Daniel,J. op.cit. pp:259-262.
80
Muitas das sociedades indígenas ditas isoladas são descendentes de refratários, foragidos de
missões ou do serviço de colonos que se retribalizaram ou aderiram a grupos independentes,
como os Muras,in, Cunha, M. op. cit.,p.12.
81
ver glossário.
82
Daniel, J., op. cit., pp: 229-233.
37
83
Esta Lei apregoava a liberdade dos índios de qualquer jugo; fosse das missões ou de
pessoas.
84
Vianna, H., op. cit., p.145.
85
Daniel, J., op. cit., pp: 284-296.
38
86
Braun apresenta idéias sobre as primeiras missões científicas realizadas na Amazônia, como
a de Alexandre Rodrigues Ferreira, iniciada em 18 de Setembro de 1781, e que apresenta
informações sobre a viagem onde "durante 10 anos o cientista e naturalista percorreu o Vale do
Amazonas, tendo iniciando a viagem com a expedição do Roteiro Geográfico de Marinho de
Souza e Albuquerque, Governador e Capitão General do Estado do Brasil", in, Braun, J.V.M.
de., Roteiro Corographico in, Revista Trimestral de História e Geographia, Brasil, 1849.
pp:289-305.
87
Costa, F.A. Valor e preço, exploração e lucro da produção camponesa na Amazônia: críticas
à noção de funcionalidade da produção familiar na fronteira agrícola, Belém-Pará, 1991,
pp:177-206.
39
O rio Tocantins, entretanto, foi a via encontrada por Pedro Teixeira para
tomar posse e fundar a vila de Belém do Pará 88. Esse rio tem sua foz no delta
Amazônico, na embocadura das baias do Limoeiro e Marapatá,
geograficamente localizado na Amazônia Oriental a 1° 72' 60" de Belém. Ele
atravessa os Estados do Pará, Maranhão, Goiás e o Estado que levou seu
nome89.
88
Vianna, H., op. cit., pp: 166-167.
89
O rio Tocantins com aproximadamente 2.400 quilometros de extensão corta 10% do território
brasileiro ao atravessar desde o Planalto Central até o estuário amazônico, in, Pinto, L.F.
Jornal Pessoal, n°120, março de 1994.
90
Velho, O.G., Frentes de Expansão e Estrutura Agrária, Rio de Janeiro, 1972, p.18.
91
Idem, p.19.
40
uma ligação entre o Pará e sua colônia no Maranhão. Com isto, La Blanjartier
penetra no rio Tocantins e o explora até a cachoeira de Itaboca, a qual era o
grande obstáculo e divisor do curso inferior do Tocantins, facilmente
navegável, e o seu curso médio. Em 1613 Daniel La Touche penetra
novamente no rio Tocantins, e alcança a confluência com o rio Araguaia92.
92
Velho sistematizou os fatos da conquista do vale do Tocantins, Velho. O.G., op. cit., pp.18-
20.
93
Velho, O., op.cit. p.21
41
No final do século XVII, o rio Tocantins havia sido todo percorrido. A vila de
Cametá foi fundada, em 1635, na foz do rio Tocantins, próximo ao delta do
rio Amazonas, abundante em cravo, canela, salsaparrilha e, sobretudo,
94
Baena, A.L.M., op. cit., p.231.
95
Idem, p.200.
96
Daniel, J., op. cit., pp:41-49.
97
Baena, A.L.M., op. cit., p.231.
42
98
Velho, O.G., op. cit., p.19.
99
Dias, M.N., op. cit., pp: 58-60.
43
Fonte: Alden, D., "The population of Brasil in The late eighteenth century: a preliminary survey"
Hispanic American Historical Review (HAHR), 43,2 (mayo 1963), pp.173-205 in: Leslie
Bethell ed. História de America Latina.
44
Fonte: A. Colin M. MacLahlan, "African slave trade and economic development in Amazonia,
1700-1800", en R. B. Toplin, ed., Slavery and race relations in Latin America, Westport, 1974,
p.136. B. F. A. Pereira da Costa, Chronologia histórica do Estado do Piauhy desde os seus
primitivos tempos até...1889, Recife, 1909, p.109. C. Carta de lord Strangford al marqués de
Wellesley, Rio de Janeiro, 20 de mayo de 1810, PRO, FO 63, 84, ERD, 2.255 (cópia facilitada
por el Dr. F. W. O. Morton). D. Luiz Barba Alardo de Menezes, "Memória sobre a capitania do
Ceará" (1808), Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (RIHGB), 34 (1871), p.276,
cuadro 3. E. Luiz dos Santos Vilhena, Recompilação de noticias soteropolitanas e
brasílicas...em XX cartas, ed. Braz do Amaral, 3 vols., Bahía, 1921, vol. II, p.481. F. Los datos
para la ciudad de Rio de Janeiro han sido sacados de un censo de 1803, en Strangford a
Wellesley, véase C anterior. También está incluida la capitania subordinada de Espirito Santo,
pero yo he deducido los datos para Santa Catarina. G. João Alberto de Miranda Ribeira, "Dados
estadísticos sôbre...Santa Catarina, 1797", Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (BNRJ), II-35,
30,3. El censo de 1810 (C) da 31.911. H. "Mappa de todos os habitantes da capitania do Rio
Grande de São Pedro do Sul...1802", Arquivo Histórico Ultramarinho (Lisboa), documentos
sueltos (miscelánea de documentos) (AHU, PA), Rio Grande do Sul, caja I. Yo he anãdido al
total existente 1.697 ninõs menores de un anõ no contabilizados. I. "Mappa geral dos habitantes
da capitania de São Paulo no anno de 1797", Arquivo do Estado de São Paulo (DI), Publicação
45
oficial de documentos interessantes para a história e costumes de São Paulo (DI), 31 (1901),
pp.151-155, 157. J. A. J. R. Russell-Wood. "Colonial Brazil", en David W. Cohen y Jack P.
Greene, eds., Neither Slave nor Free, Baltimore, 1972, p.97. K. Luis Antonio da Silva e Souza,
"Memória...de Goiás" (1812), RIHGB, 12 (2a.ed.), 1874, pp.482-494. L. Caetano Pinto de
Miranda Monte Negro al vizconde de Anadia, 17 de abril de 1802, RIHGB, 28,1, (1865), pp.125-
127. in: Leslie Bethell ed. História de America Latina, p.309.
46
100
Daniel, J. op. cit.
101
ver glossário.
102
DIAS, M.N., op. cit., p.77.
103
Idem, pp.79-81.
47
Fonte: BAENA, A.L.M., Ensaio Corográfico sobre a Provincia do Pará, 1829. pp: 282-371.
2) Houve perdas de populações indígenas, seja por descaracterização
censitária, seja pelas observações dos índios localizados nos denominados
Lugares de Índios para as Freguezias.
Total Grão-Pará 3.020 122 2.898 2.618 124 2.494 3.069 150 2.919
Fonte: A.P.P. - C.M. Códice n. 956. Estatisticas da População (1775, 1776 e 1777).
104
Baena, A.L.M., op. cit., p.105.
105
Rodrigues Ferreira, A., Viagem Filosófica no Rio Negro. MPEG:CNPq, Belém, 1971, p.113.
106
"Os Portugueses do Século XVI e a História Natural do Brasil", in: Revista de História,
1926, op. cit., p.114.
107
Idem, p.115.
50
canela: " on sait que les portugais ont un grand nombre de caneliers au Brésil,
soit qu'ils en ayent apporté l'espèce avec eux quand ils furent obligez
d'abandonner l'Isle de Ceylan.
108
Ibdem, p.116.
109
Fondation Caloustre Goulbenkian, Quadro Elementar das Relações Políticas e
Diplomáticas de Portugal com as diversas Potências do Mundo, T. IV, Parte II, Pariz,
MDCCCXLIV, p.102.
110
ver Glossário.
51
importe de 1$200 réis por mês...Ainda que tarde, entenderão finalmente estas
máximas os moradores das villas de Cametá e de Óbidos111.
111
Rodrigues Ferreira, A., op. cit., p. 128.
112
Idem. p.127.
113
Vergolino-Henry, A. & Figueredo, A.N.. A presença Africana na Amazônia Colonial: Uma
notícia histórica, Pará, 1990, p:93.
114
Idem, p: 94.
115
Rodrigues Ferreira, A., op. cit., p.122.
52
1747. Os preços foram caindo 4$800, 4$200, 4$000, 3$600, 2$500, 2$400,
1$600, 1$500, 1$300, 1$200, 1$000 e 960 réis 116.
116
Idem, p. 122.
117
Alden, D., O Significado da Produção de Cacau na Região Amazônica. Belém. UFPa. 1974.
53
Daí para adiante, o fomento à agricultura das drogas do sertão foi se tornando
menos rotineiro. Em carta de 20 de agosto de 1681 encarregava-se Fernando
Rammes a fomentar a cultura da baunilha (tableau 8) também no rio
Tocantins. A salsaparrilha, insistiam na sua colheita, cujo dízimo dos direitos
já em 1709 alcançara do arremate o preço de 180$000 réis. O anil, em 21 de
março de 1688, teve mandato do rei para que se organizasse uma fábrica em
Cametá por haver muita herva de anil. Finalmente foi instalada uma fábrica
no sítio de Simão Borges Fernandes, no rio dos Tocantins, em 1728 118 .
118
Rodrigues Ferreira, A., op. cit., p. 81.
54
119
Rodrigues Ferreira, A., op. cit., p. 162.
56
Os dados até agora recolhidos nesta pesquisa não permitem distinguir as cifras
da produção extrativa e agrícola do vale do Tocantins. Identificou-se uma
fonte secundária indicando a participação dos índios, deste extraímos os
dados sobre o rendimento do cacau registrado na Tesouraria do Comércio dos
Índios, que apresentou 0,3% do total.
Localidade Cacau
Arrôba
Beja 1
Conde 226
Barcarena 2
.................. .........
Total da Capitania do Grão-Pará 6.968(*)
Fonte: Cf. Carta de Fernando da Costa de Ataíde Teive a Mendonça Furtado, data do Pará a 18
de abril de 1765 (A.N.R.J. - C.G.C.,1764-1765) in: Reis, p.110.
120
Segundo definição do Grand Dictionaire Universel du XIXéme siècle. Pierre Larousse, Tome
I. p.142, Paris, 1866
121
Écosystème como "une entité ou unité naturelle que inclut les parties vivants pour produire
um système stable dans lequel les échanges entre les deux parties s'inscrivent, dans des
cheminements circularies (E.P.Odum, 1958); ou comme "la représentation globale et
énergétique d'une parte des réseaux d'êtres vivants entre eux, d'autre part des relations entre
ces êtres vivants et leur environnement matériel". in:BERTRAND. G."L'impossible tableau
géographique", en Duby. G. y A. Wallon (eds.). Histoire de la França Rurale. PUB. Paris. Tomo
I. p.
122
Agrosystèmes sont les écosystèmes naturels désorganisés dont la base alimentaire est
essentiellement constituée par les cultures; la lutte contre les "nuisibles" est donc un aspect de
la dynamique permanente de l'agrosystème. in: BERTRAND. G. op.cit. p.
60
123
Fearnside estuda a capacidade de suporte humano (C.S.H) através de um modelo onde
avalia e estima a capacidade de suporte em parte da área da rodovia Transamazônica. apud.
in: Apontamentos para uma reflexão população emeio ambiente no contexto amazônico p.51
61
126
ver apêndice
127
estaquia é uma forma de propagação vegetativa onde se utiliza as próprias estacas da
mandioca
128
coivara é um processo de aceiro feito com parte do vegetal derrubado, não seco, que
impede o alastramento do fogo
129
A sintese dessas experiências é importante para o corpo deste estudo, entretanto, é
propósito no prosseguimento da pesquisa.
130
Daniel,J. op.cit.p.13
63
Tendo como suporte maior a floresta, o sistemas agrário dos índios aldeados
era norteado pelo cultivo da mandioca, modelizando, até hoje, o gênero
agrícola mais expandido no vale amazônico. Plantavam em consórcios onde
a mandioca era o componente agrícola juntamente com o cacau, gênero
extrativo do sistema de produção. O conjunto oferecia recursos necessários
para uma dieta alimentar equilibrada, complementados com as frutas
133
tropicais , a caça e a pesca.
131
A macaxeira é uma variedade de mandioca de ciclo vegetativo variando entre 7 e 8 meses,
pouco exigente aceitando terras úmidas e, não necessariamente, de mata. Daniel, J. op. cit.
132
colmatagem é o processo de fertilização das terras banhadas pelas águas limosas dos rios
do estuário amazônico.
133
cupuaçu, bacuri, abacaxi, pacovãs (ver apêndice)
64
A nação Mura, que também possuía uma dieta alimentar próxima dos
indígenas do Purus, no entanto, praticava a caça e a pesca 139. Os demais
índios do vale amazônico tinham nas roças de mandioca, para a farinha de
pão, o emprego maior de sua força produtiva.
134
resinas e gomas para a indútria; e óleo de copaiba, azeite de andiroba, manteiga de
tartaruga para a farmacopéia.
135
vara de maniva é o material para a propagação vegetativa
136
tacira:instrumento ponteagudo de ferro
137
Daniel, J. op.cit.p.13
138
idem
139
ibdem
65
140
Rodrigues Ferreira, A. op.cit. pp.701-724
141
Pedro de Magalhães Gondavo,apud. in: Cezar Ferreira, A. Ocidente, Revista Portuguesa
mensal,vol.LX,1961.jan/junho, p.
142
ver apêndice
143
L'agriculture est non seulement une rupture de l'ecosystème naturel, mais elle aussi une
détournement de la production naturelle à des fins extérieures au fonctionnement de
l'écosystème. Elle met en place un écosystème de type particulier que l'on peu qualifier
d'agrosystème. in:BERTRAND. G. op. cit., p.
66
144
Canoas inteiriças medindo 100 palmos, proporcionais à largura e capacidade de acima de 3
mil arrobas. Construiam diferentes tipos, tendo os índios não aldeados preferência por
pequenas e ligeiras, de formato de casca de noz. Fabricavam sem a utilização de
equipamentos de ferro. As Ibás eram mais fortes e possantes, feitas de troncos de paus e com
toda uma técnica onde o ferro estava presente e era muito utilizada pelos mineiros e pelos
feitores responsáveis pelos carregamentos das "drogas do sertão". Finalmente os burgantins,
preferidos pelos portugueses, que apresentavam porte variável, in, Daniel, J. op.cit.
145
Esse calendário resulta de uma combinação de produtos (extrativos, agrícolas) com a pesca
e a caça. Desenvolve-se o controle do colonizador das atividades desenvolvidas ao longo do
ano.
146
Daniel, J. op.cit.
147
Rodrigues Ferreira, op.cit.
67
148
Daniel J. op.cit.
149
idem
150
Alvim e Subart. consideram o manejo como as manipulações conscientes dos
ecossistemas, que visam o aproveitamento futuro de recursos bióticos renováveis, naturais ou
introduzidos, num determinado local, apud. in: Apontamentos para uma reflexão: população
emeio ambiente no contexto amazônico , p.133 e p.199
151
Roosevelt, in, Cunha, M. op.cit
68
Os novos produtos com novos métodos tiveram por base a introdução de uma
agricultura nos moldes europeus e no trabalho indígena e do africano. A
formulação de sistemas de manejo dos recursos florestais da região
absorveram apenas algumas práticas indígenas; entretanto, por serem
152
Coiçara era um sistema de rotação de culturas nas áreas de pastos; divisáo de pastagens,
in: Daniel, J. op.cit.
153
Está suficientemente demonstrado que implementos como o arado contribuiam para a
compactação dos solos da Amazônia
69
154
Cezar Ferreira, A. Ocidente, Revista Portuguesa mensal,vol.LX,1961.jan/junho, p.115.
70
Neste contexto, podemos inferir que grande parte das dificuldades analíticas
de classificação das espécies dos sistemas agrários do Novo Mundo está
associada a esta afirmação, ressaltando-se dois pontos: 1°) os índios do vale
amazônico utilizavam os gêneros da floresta, praticavam a agricultura de
plantas e de raízes e utilizavam os campos naturais através de modos de
produção onde as técnicas eram adaptadas a ecossistemas com
biodiversidade produtora de qualidade de vida coerente para os que habitavam
o vale amazônico; e, 2°) a caracterização do sistema agrário, realizada através
de elementos do biotipo e da forma de intervenção, é dificultada pela
inexistência de registros do que havia com a chegada dos colonizadores. Tem-
se uma zona de floresta que esconde o que era flora natural e o que foi
modificado no ecossistema amazônico.
159
Shubart, apud.in, Apontamentos para uma reflexão: população e meio ambiente no contexto
amazônico p.129
160
Écosystème como une entité ou unité naturelle que inclut les parties vivants pour produire um
système stable dans lequel les échanges entre les deux parties s'inscrivent, dans des
cheminements circularies (E.P.Odum, 1958); ou comme "la représentation globale et
énergétique d'une parte des réseaux d'êtres vivants entre eux, d'autre part des relations entre
ces êtres vivants et leur environnement matériel. in:BERTRAND. G. op.cit. p.
161
Shubart,Fearnsider et al. apud.in: Apontamentos para uma reflexão população emeio
ambiente no contexto amazônico
72
162
Daniel,J. op.cit
163
Esta divisão é utilizada segundo o processo de lavagem das terras do Amazonas, o que faz
com que a fertilização seja mais ou menos intensa. As várzeas altas recebem maior
colmategem, seguida pelas médias e baixas.
73
Os tratos culturais eram feitos pelas mulheres índias e negras 164. Dependendo
do estágio florístico, se eram mata virgem ou capoeiras de primeiro, segundo
ou terceiro ciclo; executavam-se um número de capinas recomendadas. Outra
atividade onde existia a participação feminina era na semeadura do arroz, feita
por escravos organizados em duas fileiras, onde os homens iam picando a
terra com a tacira e as mulheres semeando e tapando as covas com os pés
164
Daniel,J. op.cit.
74
O tabaco, por ser exigente em solos, era plantado em solos de mata. Era
exigente em muitas capinas, assim como, amiudamente, a decotação ou
capação, para que suas folhas pudessem crescer lateralmente, produzindo
bastante material verde.
165
denominação indígena para a mandioca, in: Daniel, J. op.cit.
75
vale Amazônico. Pode ser mandioca preta, branca ou amarela, que é sempre
apreciada. Dessa planta aproveita-se, além da raiz para as farinhas, a folha
para a maniçoba e o sumo para o tucupi166, que são pratos típicos da culinaria
do Pará.
166
tucupi: sumo extraído da raiz da mandioca, com alto teor de ácido cianídrico mas que, ao ser
fervido, perde o poder venenoso, transformando-se em condimento líquido para o preparo de
pratos da região, como o pato-no-tucupi.
167
dataria era a denominação para as terras concedidas aos colonos que possuiam escravos,
in: Daniel, J. op.cit..
168
Tipiti: utensilio indígena feito de palha trançada, próprio para receber a massa da mandioca
de onde é extraido o tucupi.
76
6 - CONCLUSÃO
169
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização.São Paulo.Companhia das Letras.1992.p19.
170
Idem, p.26
77
Feita nas margens férteis dos rios, a agricultura dos colonizadores no vale
amazônico era praticada ao lado da produção extrativista, misturando-se nas
matas onde estavam os produtos que participavam do comércio de produtos
como o azeite de andiroba, manteiga de tartaruga, salga de peixe, parte das
carnes, farinha, feijão, arroz, algodão, açúcar e aguardente. A produção natural
dos frutos do abacaxi, ananás, pacovã, cupuaçu e bacuri, ao lado do cultivo
do arroz, do feijão, dos melões e outros legumes, foram cultivados como
produtos secundários, pois as roças eram preparadas para a mandioca.
171
Farinha de mandioca
79
7 - BIBLIOGRAFIA
HOLLANDA, Sérgio Buarque de. "A herança colonial - sua desagregação", In:
História Geral da Civilização Brasileira, t. 2; v. 1. São Paulo, 1967.
2 - O VALE DO TOCANTINS
PINTO, L.F. Jornal Pessoal. Belém, ano VII, N°120, 1a. quinzena de março de
1994.
3 - SISTEMAS AGRÁRIOS
NISBET, Robert . A. The sociological Tradition. New York, Basic books, 1966.
358 p.
ANEXOS 1
87
8 - GLOSSÁRIO
ALDEIA
Adepto do animismo.
ANHANGÁ
BRASÍLICA
Referente ao Brasil.
CABAÇA
CANOA
Barco de popa fina, com popa de escaler, movido geralmente a remos; piroga;
qualquer embarcação pequena.
CAPOEIRA
Ente fantástico, tapuio com os pés às avessas, isto é, com os calcanhares para
a frente e os dedos para trás, o qual habita as matas (do Tupi: curupir = o
chegado).
CUNHÃ
Queda de água.
CONFLUENCIA
Comando; chefia.
DELTA
Foz de um rio.
89
ESTAQUEAR
Ponto onde um rio, ou outro curso fluvial, deságua, no mar, num lago ou
noutro rio.
FREGUESIA
Bens, riquezas.
HOMEM-MARINHO
Ver bôto.
IGARA
IRAPURU
Pimenta malagueta.
LUGAR DE ÍNDIO
Povoamentos indígenas.
PANTEÍSMO
PAU-QUE-RONCA
9 - Cronologia
1614-1742
Ficam estabelecidas as comunicações entre os grandes afluentes da bacia do
Amazonas e da Platina, que viriam a servir de limites ocidentais ao Brasil.
1638
Pedro Teixeira chega a Quito.
1652
Os jesuitas obtêm o direito de evangelizar, desencadeando os conflitos com
as entradas dos missionários e dos sertanistas por causa do controle da mão-
de-obra índia fornecedora das drogas do sertão.
1655-1670
O curso médio do Amazonas foi percorrido por missionários e "sertanistas" e
os principais foros de evangelização, como os fortins, foram estabelecidos na
foz do rio Negro e Madeira.
1687-1714
Surgem as "cartas régias", delimitando os locais para as diferentes ordens
religiosas; para os Franciscanos, o Cabo Norte, Marajó e afluentes do norte do
Amazonas; para os jesuitas, o Tocantins, Xingu, Tapajos e Madeira; para os
Carmelitas, os rios Negro, Branco, Solimões; para os Capuchinhos, o Baixo
Amazonas, a partir de Gurupá; e para os Mercedários, a artéria do Amazonas
até o rio Urubu, no médio Amazonas.
1669
Descoberta da canela no Vale do Tocantins.
1697
Morre o Padre Antônio Vieira, em Salvador.
1707-1709
Empresas privadas abriram o eixo norte-sul de penetração.
1733
Proibição da comunicação entre o Madeira e Mato Grosso; a coroa pretendia
evitar confrontos junto as bandeiras paulistas que aspiravam a descoberta de
ouro e diamante no Mato Grosso; portanto, indo de encontro ao monopólio da
coroa que controlava as Minas Gerais.
1742
Apesar da proibição, Manuel Félix de Lima estabelece ligação entre Cuiabá e
Belém do Pará, percorrendo os rios Sararé, Guaporé, Madeira e Amazonas.
93
1747
O paulista João de Souza de Azevedo descobre a via fluvial entre Mato Grosso
e Pará, através dos rios Paraguai, Sipotuba, Sumidouro, Arinos e Tapajós.
1750-1777
Governo do Conde de Oeiras, depois Marquês de Pombal, Sebastião José de
Carvalho de Melo, sob o rei José de Portugal.
1750
13 de janeiro: Tratado de Limites assinado em Madri entre Portugal e a
Espanha.
1750
América Portuguesa herda antigos territórios espanhóis através de conquista
territorial.
1754-1756
Guerra luso-espanhola contra as missões de Santo Angelo, São Borja, São
João, São Luis Gonzaga, São Lourenço, São Miguel e São Nicolau, rebeladas
contra o cumprimento do Tratado de Madri de 1750.
1755
7 de junho: Decreto real institui a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará
e Maranhão.
1755
Liberdade dos índios.
1755
Autorização do casamento com as mulheres da terra.
1758
Instituição do Directório dos índios.
1759
Expulsão dos jesuitas.
1759
Extinção do sistema de capitanias hereditárias.
criação da Companhia do Comércio de Pernambuco e Paraíba.
3 de setembro: E decidida a expulsão dos jesuitas de Portugal e de seus
domínios.
1760
Criação da Capitania do Rio Grande de São Pedro, subordinada à do Rio de
Janeiro.
1761
Tratado de Limites do Pardo, anulando o Tratado de Madri de 1750.
94
1762
A colônia do Sacramento é tomada pela quarta vez pelos espanhóis, em
função da Guerra dos Sete Anos.
1763-1776
Em função da Guerra dos Sete Anos, os espanhois ocupam uma parte do Rio
Grande de São Pedro.
1763
A sede dos vice-reis do Brasil passa de Salvador, na Bahia, para a cidade do
Rio de Janeiro.
1765
Decidida a derrama (cobrança forçada do quinto do ouro)em Minas Gerais.
1769-1779
Governo do mais famoso dos vice-reis com sede no Rio de Janeiro: Luis de
Almeida Silva Mascarenhas, segundo Marquês do Lavradio.
1774
O Maranhão e o Piaui são desmembrados do Grão-Pará.
1777
Ataques espanhóis no sul e no oeste do Brasil: ocupação definitiva da Colônia
do Sacramento e passageira de Santa Catarina e de um forte no Mato Grosso.
Tratado de Limites de Santo Ildefonso entre a Espanha e Portugal.
1778
Extinção da Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
1779
Interrompe-se o funcionamento da Companhia do Comércio de Pernambuco e
Paraíba.
1783-1788
Governo, em Minas Gerais, de Luis da Cunha e Meneses, malvisto localmente
e tido como uma das causas da "Inconfidência Mineira".
1783-1792
Viagem científica do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira na Amazônia
portuguesa.
1785
5 de janeiro: Alvará que proibiu a instalação de fábricas e manufaturas no
Brasil, excetuando-se as de panos grosseiros.
1789
Conspiração incipiente em Vila Rica, Minas Gerais, por ocasião das instruções
para a derrama na capitania, logo reprimida, conhecida como "inconfidência
95
1808
11 de março: Nomeação, pelo príncipe regente no Rio, do primeiro grupo de
ministros a funcionar no Brasil.
1808
1° de abril: Derrogação do alvará de 1785 que proibia o estabelecimento de
fabricas e manufaturas no Brasil.
1808
Diversas medidas de cunho intelectual, como a criação da Escola Médico-
cirúrgica da Bahia, primeira instituição de ensino superior no Brasil; a fundação
da Impressão Régia no Rio de Janeiro, primeira gráfica brasileira que publicou
também o primeiro jornal (Gazeta do Rio de Janeiro); criação no Rio de Janeiro
da Biblioteca Real.
1808-1809
Medidas de privilégio e isenção fiscal a favor das manufaturas que fossem
instaladas no Brasil.
1809-1817
Depois de conquista efetuada por expedição anglo-portuguesa, Portugal
administra, do Rio de Janeiro, a Guiana Francesa.
1810
Tratados de aliança e amizade e de comércio e navegação firmados entre a
Grã-Bretanha e Portugal.
1811
Inicia-se a longa série de intervenções militares portuguesas (e depois
brasileiras) na Banda Oriental (Uruguai).
1812
17 de dezembro: efetua-se pela primeira vez no Brasil a fusão do ferro, em
Minas Gerais, sob a direção do Barão Guilherme Von Eschwege.
1815
16 de dezembro: elevação do Brasil a Reino Unido ao de Portugal e Algarves.
1816
Chega ao Brasil uma missão artística francesa.
1817
Ocorre, em Pernambuco e capitanias vizinhas, uma revolução logo reprimida,
incluida ordinariamente entre os chamados movimentos precursores da
independência do Brasil.
1818
Criação de uma fábrica de ferro gusa em Sorocaba (São Paulo).
97
1820
Fundação, no Rio de Janeiro, da Academia Real de Desenho, Pintura,
Escultura e Arquitetura Civil.
24 de agosto: início da revolução constitucionalista do Porto, em Portugal.
1821
26 de abril: Volta do rei João VI a Portugal, ficando no Rio de Janeiro o
príncipe herdeiro Pedro como regente do Brasil.
98
10 - LISTA DE SIGLAS
A.H.U
Arquivo Ultramarino
A.P.P
Arquivo Público do Pará
U.F.R.J
Universidade Federal do Rio de Janeiro
U.F.Pa.
Universidade Federal do Pará
B.N.R.J
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
A.N.R.J
Arquivo Nacional do Rio de Janeiro
99
ANEXOS 2
108