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1767, junho, 29, Ceará

CARTA do capitão-mor interino do Ceará, Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca,


ao capitão-mor do Piauí, Joao Pereira Caldas, acerca dos mapas do Maranhão e da
pequena quantidade de pessoas que há naquela capitania.

O tenente-coronel Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca em carta de 29 de junho


de 1767, escrita do Ceará para o Piauí a João Pereira Caldas.

Folguei muito de ver os mapas do Maranhão, de que Vossa Senhoria me fez mercê, mas
admiro-me da pouca gente, que tem esse estado. Na capitania do Rio Grande que é a mais
pequena das quatro subordinadas a Pernambuco lá certamente mais moradores nas sete
freguesias de Portugueses, que tem, fora cinco vilas de índios, bastantemente civilizados, e que
o estiveram inteiramente se destas partes se tivera cuidado nisso tanto, como dessas. Eu bem
tenho falado com toda a verdade, e clareza, por que posto nas extremas de dizer-se, que não
servi a El Rei, nem cumpri com a minha obrigação, e por isso foi tudo de mal a pior, ou que
tenho espírito inquieto, e amigo de novidades; antes quero esta nota, do que aquela, como há
poucos dias disse ao meu general. E nesta máxima cuido em fazer observar nestas vilas o
diretório com tal exação, que já me reputam impertinente. Nunca encontrei as impossibilidades,
que se me representavam: O mesmo me sucederá agora com o método da repartição dos índios,
que muito agradeço; nem há melhor meio para o aumento da cultura, que de ordem de Sua
Majestade me recomendou o senhor conde.

Persuado-me, que já se não pode duvidar do despacho do senhor Francisco Xavier Mendonça,
em que todos (P - 83) dos são bem empregados. Não será lisonjeiro quem disser, que foi o
redentor dos índios, e que neles deu a sua majestade um número sem número de vassalos, que
só o conheciam por cerimônia: e oxalá não houvessem por estes sertões tantos outros da mesma
qualidade, sendo a maior causa desta rusticidade a falta de zelo, que muitas vezes se encontra
nos que tinham obrigação de o ter. Tenho visto cousas, que nunca entendi que visse. Tomara
já ver-me no meu regimento: e nele, e em toda a parte confessarei quanto devo a Vossa Senhoria
e presarei a honra de servir com o mais afetuoso rendimento. (P - 84)

Referências:
Ceará em Documentos: Guia de Fontes para a História Colonial do Ceará. (1766-1782) Volume
9 / Organização por Francisco Jose Pinheiro - Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2021. p.
83-84.

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