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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG

CAMPUS IBIRITÉ

Fernanda Cristina Nicácio de Almeida Ferreira


Rúbia Araújo Goulart

RESENHA CRÍTICA
“CRIANÇA E INFÂNCIA: CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL”
“A INVENÇÃO DA INFÂNCIA”

Ibirité
Dezembro/2020
Fernanda Cristina Nicácio de Almeida Ferreira
Rúbia Araújo Goulart

RESENHA CRÍTICA
“CRIANÇA E INFÂNCIA: CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL”
“A INVENÇÃO DA INFÂNCIA”

Trabalho apresentado a disciplina de Estudos


da Infância, na Universidade do Estado de
Minas Gerais (UEMG), Campus Ibirité, curso
de Pedagogia, 3° Período, Noturno.
Prof.ª: Maria Ângela Barros de Carvalho.

Ibirité
Dezembro/2020
O texto “Criança e infância: Contexto histórico-social” escrito por Andrèa Lemes Lusting,
Rinalda Bezerra Carlos, Rosane Penha Mendes e Maria Izete de Oliveira, vinculado ao programa de
Mestrado em Educação da Universidade do estado de Mato Grosso. Aborda a importância de um
estudo teórico mais aprofundado para conseguir entender as diversas infâncias e suas concepções na
educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental na escola púbica.
De acordo com o texto Heywood (2004) exprime que a infância está relacionada com a
abstração que se refere a determinada etapa da vida e a criança é um sujeito histórico-social e
cultural. Kohan (2003) ao citar Platão defende que a infância não possuía características próprias, e
era como um ser em potencial no futuro, onde a criança era vista como no futuro possibilidades de
vir a ser rei e governar a Pólis ou Estado. Platão também afirma que a criança é um sujeito inferior
desprezado somente vir a ter valor quando se tornar adulto.
Os estudos de Philippe Ariés (1981) apontam que na idade média a criança era vista como
um adulto em miniatura, a infância terminava aos 7 anos quando a criança tinha domínio da fala, se
vestia com roupas de adultos, participava dos afazeres domésticos, e de jogos, trabalhavam como
aprendizes. Postman (2011) complementa o pensamento de Ariés relatando sobre a educação que
era ofertada nesse período, não havendo distinção do adulto para a criança.
No cenário Medieval o índice de mortalidade infantil era grande, e quando a criança morria
não havia sentimentos dignos de lembrança, as famílias tinham muitos filhos com a esperança de
que pelo menos 2 ou 3 sobrevivessem, numa época que a falta de higiene e cuidados básicos eram
precários. Entre o século XVI e XVII, Ariés destaca a paparicação onde a criança é vista como um
objeto de diversão para os adultos, e a moralização onde a igreja surge no contexto de disciplinar
nos princípios morais, aos cuidados da saúde e higiene.
Stearns (2006) traz uma nova concepção de que a infância pode haver infinitas variações de
acordo com o tempo ou o lugar onde se encontram. Heywood enfatiza que os fatores políticos,
econômicos e sociais acarretam transformações no modo de conceber a infância.
A partir da visão de Kramer (2006) há uma modificação da noção de infância surgindo com
a sociedade capitalista identificada como ser único, reconhecendo a criança como um sujeito de
imaginação, fantasia e criação.
Quebrando paradigmas, Ariés salienta o início dos estudos da psicologia infantil, trazendo
liberdade, expressividade e autonomia as crianças, deixando de ser vista como um adulto em
miniatura e podendo se expressar, se vestir livremente, contribuindo para uma nova concepção de
infância.
Rousseau (1999) ressalta que a criança deve ser vista em seu próprio mundo, mudando o
olhar sobre a criança, compreende em si mesma, considera suas manifestações e sua capacidade
imaginativa e criativa, a infância é um tempo agradável onde a criança tem atitudes espontâneas, é
feliz e inocente. A infância é vista como uma fase de características próprias que devem ser
cultivadas como forma de contribuir para o desenvolvimento da inteligência da criança.
Rousseau antecipou teoria sobre o desenvolvimento cognitivo moral da criança, quebrando
paradigmas que desencadeou novas concepções sobre criança e a infância, reconhecendo que a
criança tem seu próprio mundo sendo necessário compreendê-la a partir dela mesma.
Sarmento (2007) conclui que no decorrer do tempo a concepção de criança mudou e muda
conforme o meio social no qual ela está inserida, e que pode apresentar variações conforme a
sociedade, o tempo de duração da infância, o trabalho infantil que ela realiza, as punições, nesse
sentido de pluralidade a infância está relacionada ao meio em que vive e o correto a se dizer é
infâncias por que existem várias infâncias.
De acordo com os documentos oficiais elaborados pelo Ministério da Educação e Cultura
(MEC), as crianças possuem características próprias que são apresentadas no DCNEI e RCNEI.
O DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacional da Educação Infantil) descortina um novo olhar
mostrando as especificidades do ser criança, afirmando que são seres humanos portadores das
melhores potencialidades da espécie, este documento aponta apenas adjetivos positivos da criança.
O RCNEI (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil) a criança é um sujeito
social que possui natureza singular que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo
de um jeito muito próprio. As interações estabelecidas com as pessoas próximas e com meio desde
cedo, revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que
presenciam pelas brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus
anseios e desejos.
No vídeo “A invenção da infância” dirigido por Liliana Sulzbach, elenco de Kiko Ferraz,
apresenta as duas realidades extremas que são observadas no Brasil em meados dos anos 90, focado
na diversidade das infâncias nas diferentes camadas sociais. Iniciando com relatos de mães que
vivem na região do nordeste do Brasil sobrevivendo em situações de extrema pobreza, onde a
mortalidade infantil é ocasionada por falta de cuidados com a saúde fazendo com que as famílias
tenham muitos filhos para que no fim sobrevivessem ao menos 2 ou 3.
O trabalho infantil é visto como uma necessidade para complemento de renda familiar, na
qual as longas jornadas de serviço e a remuneração baixa configura trabalho escravo, não havendo a
possibilidade de rejeitar o trabalho que lhe foi ofertado pois é a única maneira de levar o alimento a
sua casa. Os estudos ficavam em segundo plano já que a necessidade maior era o sustento da casa,
levando as crianças à escola no período noturno com longas caminhadas, mas a esperança e
perseverança em conquistar um futuro melhor lhes davam força para prosseguir.
Em São Paulo mostra crianças de contextos diferentes com oportunidades amplas de estudo,
lazer, cultura, entretenimento e possibilidades de um futuro promissor, onde o preenchimento das
horas de cada dia com métodos e tarefas, proporcionam aprendizagem e convicção de estar apto
para ser aceito na sociedade e no mercado de trabalho.
Enumerados pelas crianças o acesso a tecnologias fornece um mundo de programações na
qual elas podem entreter, divertir, estar por dentro das novidades da sociedade moderna, das
músicas populares do momento e notícias do Brasil e do mundo ocasionando uma mistura de
realidades entre a criança e o adulto.
Em ambos os arquivos estudados nota-se que a infância através do tempo foi se modificando
e a visão que os estudiosos tinham acerca da criança no passado também veio evoluindo, deixando
de ser invisível e passando a ser um sujeito de singularidades, com direitos e deveres e com
possibilidades de se expressar e ser ouvida.
Assistir ao vídeo, foi de suma importância para identificar as realidades diferentes das
concepções de infância e criança, que estão presentes em nossa realidade, onde muitas vezes é
confundida com responsabilidades e obrigações que é dos adultos e não das crianças.
“Ser criança não significa ter infância”, provoca a uma reflexão relevante sobre o que é ser
criança no mundo contemporâneo. Porém, assegurar o direito à infância não significa ter direito a
viver a infância, seja pela exclusão social promovida pela exploração do trabalho infantil ou pela
exposição às rotinas exaustivas do mundo adulto, mostrando realidades de infâncias expostas às
violações dos direitos humanos.
Enfim, refletimos que a criança se torna um sujeito socioeconômico-cultural com suas
especificidades e direitos garantidos por lei, precisamos lutar para que possa ser realizada
verdadeiramente em cada região do Brasil e que todas as crianças tenham acesso à Educação, sendo
de qualidade, gratuita e laica. As crianças de maneira individualizada sejam vistas e reconhecidas de
modo que a aprendizagem venha ser positiva, construindo um futuro promissor em todas as esferas
do Brasil.

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