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Pré-História
Volume 1
Recife, 2011
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Apresentação.................................................................................................................. 4
Considerações Finais..................................................................................................... 41
Conheça o Autor........................................................................................................... 44
Apresentação
Este é o primeiro volume do material de Pré-História e nele iremos estudar um pouco do fascinante mundo
dos nossos antepassados. Este primeiro módulo constitui-se um link com os demais, pois apresentamos alguns
passos de desenvolvimento do homem na terra para, posteriormente, detalharmos as invenções em cada um dos
subperíodos da Pré-História (paleolítico, mesolítico e neolítico). Para você, aluno ou aluna da EAD, este material
deve se constituir em apenas uma das diversas fontes de leitura e pesquisa. O mesmo deve ser lido com outros
materiais que postamos nas referências bibliográficas, com a leitura e análise de filmes e documentários, com a
leitura das diversas imagens que colocamos em cada capítulo.
Este volume está organizado em cinco capítulos, assim distribuídos. O primeiro capítulo intitulado “A
Escrita da Memória - Introdução à Pré-História” é um momento bastante significativo para aprendermos muita coisa
sobre esse momento histórico tão importante para o homem na terra: a Pré-História, um campo de conhecimentos
mediante o qual entramos em contato com um pouco das muitas realizações feitas por nossos antepassados
distantes. Além de ser uma introdução aos estudos pré-históricos, o capítulo objetiva também mostrar que, desde o
aparecimento do homem na terra, o mesmo tem registrado, ao seu modo, muitas interpretações e representações
acerca dos elementos que o rodeiam. Estas interpretações e representações eram feitas a partir de outros caracteres
e concepções de mundo bem diferentes das que utilizamos hoje em dia. Nesse sentido, para que pudessem
representar o cotidiano e as práticas culturais, os primeiros homens que habitaram a terra, lançavam mão de
formas de representação outras, diferentes da nossa escrita: desenhos nas rochas e cavernas, nas árvores e até
mesmo na própria terra. Neste capítulo veremos, também, que ao longo dos séculos, os homens foram superando
determinadas dificuldades físicas, se acostumando ao ambiente em que viviam e ampliando, paulatinamente, suas
condições de sobrevivência. Criaram e inventaram muitas coisas, dentre elas novas formas de “escrever” a História.
Aos poucos, criaram objetos e soluções a partir de suas necessidades básicas com o objetivo de resolverem os
problemas da vida.
No segundo capítulo, denominado de “Assim Caminham os Homens no Tempo e nos Espaços...” iremos
apresentar uma das temáticas mais polêmicas e instigantes acerca da Pré-História: a origem do homem. Esta
temática é considerada polêmica porque não existe, ainda, uma teoria definitiva sobre tal assunto, e as opiniões
divergem principalmente entre evolucionistas e criacionistas.
O terceiro capítulo - “O Gênero Homo na Escala Biológica” – apresenta uma discussão muito importante
para a compreensão do ser humano na terra: o seu desenvolvimento enquanto sujeito de desejos, de valores e
de novas descobertas e invenções. É um momento em que alunos e alunas descobrirão muitas coisas acerca dos
estágios de desenvolvimento do homem na terra, desde o cuidado com o seu corpo até o uso de ferramentas em
seu cotidiano de trabalho e lazer. Para tornar mais claro esse conteúdo, faremos um passeio, como leitores, pelos
cenários nos quais o homem andou, habitou, construiu habitações, desenvolveu instrumentos de caça, bem como
armas para sua própria defesa.
O quarto capítulo, que denominamos “A Linguagem humana: nuances e pontos de vista possíveis”,
objetiva estudar a linguagem e as diversas teorias explicativas, dentre as quais aquela que concebe o ato de falar e
articular frases como um artefato cultural cuja importância foi gradualmente sendo aumentada, à medida em que
os primeiros grupos de hominídeos iam se tornando maiores e mais complexos. Iremos analisar que a linguagem
facilitou a integração de um maior número de membros no interior de um mesmo grupo social, pois lhes permitiu
viabilizar um aprendizado comportamental bem mais eficiente. Dessa maneira, você irá compreender como a
linguagem foi e continua sendo analisada pelos diversos pesquisadores como uma conquista que contribuiu para a
invenção de novas tecnologias, além de facilitar a comunicação e o diálogo entre os povos.
São, portanto, quatro importantes capítulos que, de modo integrado, procuram abordar este rico momento
para o desenvolvimento do homem na terra: a Pré-História. Quero chamar a sua atenção para os boxes, exercícios,
imagens e filmes que colocamos em cada um dos capítulos. Cada um desses recursos não está no texto por acaso,
são fundamentais para que você, prezado(a) aluno(a), faça suas análises e problematizações. O filme não é “a
verdade” sobre a História, mas apenas uma versão apresentada pelo diretor, pelo roteirista. As imagens não foram
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colocadas apenas para ilustrar o conteúdo, são um rico documento que você poderá ler, analisar e apresentar
conclusões sobre o mesmo. Os exercícios são outra parte importante deste Módulo, pois constituem um momento
privilegiado de reflexão, de rever conceitos e revisar o conteúdo. Leia e responda com atenção cada atividade, pois
é dessa maneira que crescemos como intelectuais.
Para tornar este material o mais didático possível, contei com a leitura e observações sempre atentas dos
meus bolsistas que, com olhos de lince, apontaram sugestões, mudanças de parágrafos, alterações de imagens,
revisão de frases, de modo a facilitar a comunicação entre o autor e os diversos leitores do Brasil. Quero agradecer a
Leonardo Querino, Débora, José Maxsuel e Rosineide Alves que, semanalmente, me davam sugestões para tornar a
linguagem convidativa. Foi gratificante a troca de experiências com vocês.
A você, aluno (a) EAD convido a passear pelos campos do conhecimento e das invenções dos nossos
antepassados. Seja muito bem vindo a este cenário de muitas descobertas!
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Pré-História
Objetivos:
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Pré-História
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Pré-História
Frequentemente, fala-se do “homem das cavernas” como se o homem primitivo tivesse vivido
principalmente dentro das profundezas das grutas. Na verdade, ele viveu, sobretudo, na entrada
de cavernas ou em abrigos sob as rochas – inclinações formadas pela erosão nos arenitos, nos
calcários e nos basaltos. Mas se não tivessem sido melhoradas, as entradas das grutas ou as
inclinações seriam abrigos bem deficientes contra o frio glacial. Na realidade, esses homens eram
mestres artesãos, que aproveitavam a pedra ao máximo. Pode-se imaginar que os homens pré-
históricos construíam tendas de pele ou cabanas nesses abrigos.
Em tais cabanas ou em suas proximidades encontravam “lareiras”, por vezes simples locais onde se
acendia o fogo. Nas regiões quentes, o arranjo das grutas e abrigos era sem dúvida mais simples,
sendo as cabanas substituídas por simples anteparos contra o vento.
Texto adaptado de BORDES, François. A vida cotidiana na Idade da Pedra. O Correio da Unesco,
1972.
A Escola dos Annales é um movimento historiográfico que se formou a partir de 1929 na França
com o objetivo de renovar o saber acadêmico, utilizando métodos das Ciências Sociais e aplicando-
os à História.
Idealizada por Lucien Febvre e Marc Bloch, a Escola objetivava superar a visão positivista da história
como crônica de acontecimentos, substituindo o tempo breve da história dos acontecimentos pelos
processos de longa duração. Além disso, os Annales renovaram e ampliaram o quadro das pesquisas
históricas ao propor a abertura da História para o estudo de atividades humanas até então pouco
pesquisadas, rompendo com o isolamento da História e pregando a interdisciplinaridade.
DOSSE, François. A História em Migalhas: dos Annales à Nova História. São Paulo: Edusc, 2003.
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Pré-História
Escrita da História
Como se escreve a história? Talvez você já tenha feito esta pergunta algum dia.
Durante muito tempo, aprendemos na sala de aula que apenas alguns escreviam história:
eram os historiadores profissionais. E mais, também aprendemos que apenas alguns faziam
a História: eram os grandes líderes políticos, os chefes de estados e nações, os afamados
estadistas e os membros das elites econômicas, políticas e culturais. Os demais eram
anônimos ou então figuravam em pequenas notas de rodapé.
Mas as mudanças na compreensão do saber histórico afetaram a sociedade de
tal forma que hoje todos são vistos como “construtores da história” e como escritores
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Pré-História
de história. Eu, você, nossos amigos e parentes, todos nós enfim, em nosso dia a dia,
elaboramos acontecimentos que poderão ser escritos em livros, cadernos, agendas,
blogs, Orkut e outras formas de documentação. Quando registramos nossos atos ou o
que as outras pessoas fazem, estamos escrevendo história e elaborando documentos que
falarão sobre nossa época, nossos sentimentos, valores e desafios. Deixamos de ser meros
espectadores e nos tornamos agentes, inventores, construtores de narrativas históricas.
Quando os homens da pré-história desenhavam cenários ou pintavam rochas, assim como
nós, estavam deixando suas marcas, suas leituras de vida e sobre a vida para a posteridade.
A história era contada de maneira muito simples, muitas vezes sem uma temporalidade
linear, mas mesmo assim isto também é história.
A história é um campo de conhecimento cuja preocupação primordial é registrar
acontecimentos do passado, escrever sobre os homens no tempo e no espaço, suas culturas
e valores. Cada pessoa que registra um acontecimento histórico faz isso de modo diferente,
pois a subjetividade de cada um está presente em nossos escritos e em nossas leituras.
Como afirmou o historiador Marc Bloch, a “nossa arte, os nossos monumentos literários,
estão cheios dos ecos do passado; os nossos homens de ação têm a boca cheia das lições do
passado, reais ou imaginárias” (BLOCH, Marc. 1989, p.12). Bloch argumenta que a escrita da
história tem como objeto os homens. É importante perceber que para esse historiador, por
detrás dos traços sensíveis de uma paisagem, dos utensílios utilizados pelos homens antes
ou depois da escrita, por detrás dos documentos escritos ou desenhados, por detrás de cada
machadinha ou flecha que os nossos ancestrais utilizavam, a história pretende apreender e
estudar os homens (1989, p.29).
Um historiador chamado Eduard Carr, certa vez afirmou em seu livro O Que é
História (São Paulo: Paz e Terra, 1996) que os acontecimentos ou fatos históricos jamais
falam por si, pois constantemente são interpretados e resignificados. Um historiador pode
selecionar um evento para estudo que passe totalmente despercebido por outro, ou seja,
não apenas a interpretação é pessoal, mas a própria escolha dos fatos também o é. Isto
ocorre também com as leituras que fazemos da Pré-História, pois existem diversas teorias
sobre a origem do homem e do universo. Não existem versões consensualmente tidas como
importantes. Assim sendo, um cristão poderia reescrever a história da humanidade pelo
ponto de vista do Criacionismo ao invés do ponto de vista Evolucionista (iremos estudar
estas teorias mais adiante). Cada teoria assinala que a visão sobre a história depende da
interpretação, das escolhas próprias que alguém pode fazer. Dessa forma, as interpretações
“evolutivas” ou “criacionistas” da história não são melhores ou piores por si mesmas. Para o
historiador E. Carr, o sentido da história é o sentido que lhe atribuímos.
Revisão
Este capítulo foi fundamental para aprendermos sobre esse momento histórico tão
importante para o homem na terra: a Pré-História, um campo de conhecimentos mediante
o qual entramos em contato com um pouco das muitas realizações feitas por nossos
antepassados distantes. Mostramos que desde o aparecimento do homem na terra que o
mesmo tem registrado, ao seu modo, muitas interpretações e representações acerca de
todos os elementos que lhe rodeiam. Estas interpretações e representações eram feitas a
partir de outros caracteres e concepções de mundo bem diferentes das que utilizamos hoje
em dia. Nesse sentido, para que pudessem representar o cotidiano e as práticas culturais, os
primeiros homens que habitaram a terra lançavam mão de formas de representação outras,
diferentes da nossa escrita: desenhos nas rochas e cavernas, nas árvores e até mesmo na
própria terra. Neste capítulo, vimos também que ao longo dos séculos, os homens foram
superando determinadas dificuldades físicas, se acostumando ao ambiente em que viviam e
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Pré-História
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Pré-História
Para assistir...
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Pré-História
Para navegar...
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Pré-História
Objetivos:
Teoria Criacionista
Atenção
“No principio, criou Deus os céus e a terra...3” Assim começa o livro de Genesis, o
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Gênesis 1:1 primeiro da Bíblia, narrando a criação do mundo por Iavé. Em outro trecho, o autor do livro
continua a descrição dos feitos: “Então, formou o senhor Deus ao homem do pó da terra
e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente4”. Este
Atenção
último versículo é uma narrativa suficiente para que você compreenda o posicionamento
da Teoria Criacionista, que entende que o homem foi originado da criação sobrenatural de
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Gênesis 2:7
um Ser divino. Essa tese tem como adeptos, sobretudo, a população que apresenta vínculos
para com as religiões monoteístas como o Islã e o Judaísmo, além das que derivam do
cristianismo, a exemplo do Catolicismo e do Protestantismo.
Durante séculos, o texto bíblico era aceito como o único documento de explicação
criacionista. Porém, no século XX, diversos cientistas cristãos começaram a fazer pesquisas
para comprovarem a veracidade da narrativa bíblica. Este grupo de estudiosos ficou
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Pré-História
Teoria Evolucionista
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Pré-História
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Pré-História
outra linha, a dos cercopitecóides caracterizou-se por ter perdido a cauda no caminho
da evolução. Uma terceira linha, a dos hominóides, se adaptou melhor à vida terrestre,
originando, dessa maneira, os ancestrais diretos dos antropóides e dos homens. O quadro a
seguir esclarece um pouco o que acabo de afirmar:
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Pré-História
sua presença. No entanto, mesmo avisando suas “vítimas”, as cascavéis têm sido
caçadas e mortas continuamente. As pesquisas científicas dos últimos anos têm
observado que as cobras cascavéis têm ficado mais silenciosas. Por que isto ocorre?
Ocorre porque, conforme a Teoria da Evolução, as características apresentadas
pelas cascáveis antecessoras, em relação ao silêncio, foram herdadas pelas novas
gerações, ou seja, as variedades mais silenciosas foram selecionadas positivamente.
Isto é suficiente para que você compreenda um pouco da nossa história evolutiva.
Que tal agora alguns exercícios para uma revisão de tudo que foi visto? Vamos trabalhar as
faculdades cognitivas?
Exercícios
1. Vamos imaginar que você é um famoso historiador e foi convidado pela Revista de
História da Biblioteca Nacional da Espanha a escrever um pequeno artigo sobre A
história do desenvolvimento humano ao longo dos anos. De acordo com as normas
editoriais da Revista, você precisa redigir o artigo da seguinte forma: a) título em
maiúsculas, seguido do nome do autor; b) até quatro mil caracteres com espaços,
organizados em Introdução, desenvolvimento, considerações finais e referências
bibliográficas.
2. Abaixo apresentamos dois argumentos diferentes, sendo o primeiro escrito por um
defensor do criacionismo e o segundo por alguém que acredita no evolucionismo.
Analise cada uma das teses apresentadas pelos autores e, em seguida, escreva um
terceiro argumento, mostrando as conclusões você chegou após as suas leituras
sobre essa temática desenvolvidas ao longo deste capítulo.
Argumento I
Em defesa do criacionismo
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Pré-História
Argumento II
A vida na terra é um rio que começou a correr há 3,5 bilhões de anos e chegou até
nós, no meio de uma diversidade espetacular: leões, mosquitos, coqueiros, algas marinhas
e dezenas de milhões de outras espécies.
Veja o caso dos dinossauros. Dominaram o planeta por mais de 200 milhões de
anos e sumiram num piscar de olhos, varridos por um meteoro que abriu uma cratera de
dez quilômetros no México(…)
Indiferente à tragédia dos desaparecidos, o rio da vida seguiu seu destino impiedoso
de formar novas espécies e abandoná-las à própria sorte. Estima-se que as 30 milhões de
espécies que existem hoje correspondam apenas a 1% das 3 bilhões que já existiram. O
resto foi extinto.
Há uma fração de minuto evolucionário, na África, surgiu um primata diferente dos
macacos comuns: era grande e não tinha rabo. Esse ancestral teve vários descendentes:
orangotango é o mais velho, apareceu há 12 milhões de anos. Depois nasceu o gorila (8
milhões), seguido pelo homem (5 milhões) (…)
Com os chimpanzés, por exemplo, compartilhamos mais de 98% dos genes. A
explicação para serem eles quem são e nós o que somos fica por conta de menos de 2% dos
100 mil genes que constituem nosso patrimônio genético.
(Adaptado de VARELLA, Drauzio. Macacos. São Paulo: Publifolha, 2000, p. 8-10.)
Argumento III
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Revisão
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Pré-História
As pesquisas arqueológicas estão descobrindo, a cada dia, novas coisas. Talvez você se torne
um famoso arqueólogo que irá descobrir novas teorias sobre a origem da vida.
Ampliando o debate
Sugestão de documentário:
Para Navegar...
http://abpc.impacto.org/
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Pré-História
Objetivos:
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Pré-História
No início da década de 1950 foram encontrados ossos da bacia do Australopithecus. Seu estudo
mostrou que ele tinha posição ereta.
Lucy, o mais completo fóssil de um Australopithecus, tornou-se em pouco tempo o mais famoso
membro desta espécie.
(Adaptado de: GEWANDSZNAJDER, Fernando; CAPOZOLI, Ulisses. Origem e história da vida. São
Paulo: Ática, 1994.)
Os fósseis são vestígios de seres vivos que viveram em nosso planeta há milhares de anos. Quando
o organismo morre, se seus restos estiverem em um fundo de lago e forem rapidamente cobertos
de sedimentos, eles ficam a salvo da ação de organismos decompositores. Ao longo de milhares
de anos, vai ocorrendo um processo em que as partes de seu corpo vão sendo substituídas por
minerais (permineralização), transformando-o em uma pedra, exatamente com o formato do corpo
ou da parte deixada pelo organismo. Pode ser também apenas um vestígio, como uma pegada. É
assim que se forma um fóssil.
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Pré-História
alongada. Isto possibilitou a liberdade dos braços para realizar outras tarefas. Essa
característica permitiu aos indivíduos do gênero homo uma maior combatividade na luta
pela sobrevivência, seja na batalha direta e cotidiana com outras espécies, seja na facilidade
para a coleta em tempos de escassez de alimentos.
Além disso, a postura ereta possibilitou que os Homo olhassem o horizonte,
motivando uma maior capacidade de abstração e de leitura do mundo que os rodeava.
Olhar e ler o horizonte eram um desafio e um convite a ir mais longe, a se deslocar de um
lugar para outro, a perceber os perigos que estavam próximos.
Olhar o horizonte possibilitou outras maneiras de lidar com o mundo para o gênero
homo. Paulatinamente, a comida, a sobrevivência e a sexualidade foram dando espaço para
outro exercício neste animal: a curiosidade e a dúvida. Afinal, o que poderia haver para
além do horizonte?
Os Homo possuem um cérebro maior que o dos Australoptecus, mas não é isso
que o faz mais inteligente: na verdade isso se deve à sua maior e mais veloz capacidade de
fazer conexões entre as partes do cérebro. Especialmente no que diz respeito à estrutura da
cabeça há bastante diferenciação entre Homos e Australoptecus: os ossos da face dos Homo
são maiores; seus olhos e caixas oculares são bem mais próximos da dianteira da face. Os
seus dentes são diferenciados em cortadores, perfuradores e mastigadores, enquanto que
os Australoptecus possuíam apenas dentes mastigadores.
Com essas diferenciações, ao gênero Homo tornou-se possível a ingestão da
carne, o que, em certa medida, o libertou um pouco da necessidade imediata da busca de
alimento, uma vez que a digestão da carne é mais lenta. O nariz dos Homo é maior e aquece
o ar antes da entrada nos pulmões, capacidade que os Australoptecus não tinham. Por
conta da associação entre estas características, bem como em função de outros aspectos, Você Sabia?
provavelmente durante a última glaciação os Australoptecus foram extintos e aqueles
pertencentes ao gênero Homo sobreviveram. 8
Os símios,
E nós, o que somos? Fazemos parte do gênero Homo. Talvez isso não pareça uma também conhecidos
como macacos
grande novidade para o leitor. Mas é importante lembrarmos que não somos os únicos. Na antropomorfos, é
verdade, somos o resultado de milhares de diferenciações e adaptações que aconteceram a designação geral
com os nossos antepassados. Basicamente, as pesquisas realizadas até os dias de hoje, empregada pela
zoologia para as
propõem um longo caminho evolutivo, trilhado desde os mais antigos achados fósseis de espécies da ordem
hominídeos do gênero Homo, cuja “linha de chegada” (de uma corrida que aparentemente dos primatas atuais
ainda não terminou) parece estar relacionada com o aparecimento do Homo sapiens e extintos mais
próximos, conforme a
sapiens (Homo sapiens moderno). A seguir, vamos explicar melhor essas diferenciações e
Teoria da Evolução, do
adaptações. homem. Nessa ordem
de espécies estão os
O parente mais velho do Homo sapiens sapiens é o Homo habilis. Seus fósseis gorilas, os chimpanzés,
foram descobertos na década de 60 do século XX, numa região conhecida como garganta os bonobos, e os
de Olduvai, na Tanzânia. Os achados arqueológicos, depois de analisados cientificamente, orangotangos (também
denominados de
tiveram sua existência datada em aproximadamente 2 milhões de anos atrás. Entre suas
grandes símios) e os
habilidades podemos destacar o domínio do uso da pedra lascada. gibões.
Na década de 1970, ainda em Olduvai, foram descobertas algumas evidências que
sustentam a hipótese de que o Homo habilis possuía duas características muito importantes
para a sobrevivência: 1) tentava construir abrigos com rochas e galhos; 2) consumia carne
de maneira diferenciada dos animais.
Outra característica muito significativa era a fabricação e uso de ferramentas de
pedra. Muito mais que caçadores, os habilis tinham hábitos catadores, alimentando-se dos
restos que outros predadores deixavam.
Na mesma região da garganta de Olduvai, outra espécie de hominídeo foi
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Pré-História
encontrada na década de 1970. Trata-se do Homo erectus, que teve sua existência datada
de aproximadamente 1,6 milhões de anos. Até essa descoberta, a ciência acreditava que o
Homo habilis teria se espalhado pela Europa e pela Ásia. Porém, após 1970, e a partir da
descoberta dos vestígios fósseis do Homo erectus, outra hipótese foi levantada: passou-se a
supor que o Erectus teria sido o nosso primeiro ancestral a conseguir cruzar e povoar estes
continentes.
O Homo erectus era caçador. As marcas deixadas nos sítios arqueológicos revelam
que eles caçavam em bandos e, certamente, possuíam algum modo de organização social
parecida com as encontradas entre o Homo sapiens moderno. Com eles, as cavernas
passaram a ser ocupadas para a proteção contra o frio, e o fogo foi dominado e usado para
a proteção contra predadores. O aquecimento do corpo tornou-se cada vez mais necessário
à sobrevivência. Além disso, o uso da pedra já era bem mais sofisticado se comparado com
o das outras espécies.
Saiba Mais Antes de passar para a discussão do item seguinte, convido-o para assistir um
vídeo muito interessante. O mesmo intitula-se “homo erectus” e está postado no seguinte
endereço: www.youtube.com.br.9
9
Algumas sugestões
podem ser encontradas As pesquisas arqueológicas atuais acreditam que o Homo sapiens foi fruto da
nos seguintes
endereços: adaptação e evolução do Homo erectus. Isto ocorreu por volta de 400 mil anos atrás. Então
quer dizer que chegamos ao fim? Não! É exatamente nesta fase das pesquisas que as
<http://www.youtube.
com/watch?v=zxTZbq origens do Homo sapiens moderno se tornam ainda mais obscura.
XeYrM&feature=fvwrel>
Na Europa, foram encontrados vestígios fósseis do Homo sapiens neanderthalensis,
<http://www.youtube. com idade aproximada entre 75 mil anos e 30 mil anos, período de sua possível extinção.
com/watch?v=4X2GLDP
A82A&feature=related> Este hominídeo possuía uma morfologia muito especializada, provavelmente adaptada para
sobreviver ao frio europeu. As pesquisas arqueológicas mostram que esta espécie possuía
<http://www.youtube.
com/watch?v=oLSYedzi um forte aparelho mastigador e seu peito maior permitia o aquecimento de grandes
NqU&feature=related> quantidades de ar.
O homo erectus, cujo corpo é basicamente idêntico ao nosso, vai dando lugar a dois descendentes,
o homo neanderthalensis e o homo sapiens fossilis, nosso ancestral direto. Acredita-se que o
homem Neanderthal tenha chegado, à custa de uma especialização excessiva, a um beco sem saída
genético e tenha desaparecido há cerca de 30 mil anos. Não é impossível, contudo, que o homem
moderno, como nós, homo sapiens sapiens, datado de 30 mil anos atrás, tenha incorporado o
Neanderthal, através de cruzamentos sucessivos em que algumas diferenças genéticas tenham
deixado de existir. Há ainda os que acenam com a impossibilidade de cruzamento genético entre
espécies diferentes e acreditam que os neanderthalensis tenham sido mortos pelos nossos
ancestrais diretos, que formavam imensa maioria.
(Adaptado de PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 2 ed. São Paulo: Atual, 1988, p. 28 – 29.)
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Pré-História
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Pré-História
Revisão
Este capítulo foi fundamental para aprendermos um pouco das teorias que
explicam a origem e o desenvolvimento do homem na terra. Foi um momento em que,
juntos, descobrimos muitas coisas acerca dos estágios de desenvolvimento do homem,
desde o cuidado com o seu corpo até o uso de ferramentas. Neste capítulo, percebemos o
quanto a teoria evolucionista procura se firmar no cenário científico mundial, apresentando
teses, pesquisas e novas descobertas que contribuem para o entendimento de nossos
antepassados. Para tanto, fizemos um passeio pelos cenários nos quais o gênero homo
andou, habitou, construiu habitações, desenvolveu instrumentos de caça, bem como armas
para sua própria defesa. Foi importante estudar que o grupo dos hominídeos constitui-se,
basicamente, dos Australoptecus e dos demais seres pertencentes ao gênero Homo, tais
como o Homo habilis, o homo erectus, o Homo sapiens neanderthalensis e o homo sapiens
sapiens (“o homem que sabe que sabe”). No estágio do homo sapiens sapiens¸ o saber
reflexivo passou a ser uma das principais características. Todos esses gêneros são super
importantes para entendermos um pouco da pré-história do homem.
Atividades
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Pré-História
Para assistir...
A Origem do Homem
Gênero: Documentário
Duração: 90 Minutos
Ano de Lançamento: 2002
Muitos cientistas acreditam que os primeiros seres humanos surgiram na África Oriental. Se
isso for verdade, por que os humanos são encontrados em quase todos os lugares do mundo?
Qual a razão de sermos diferentes um dos outros? No documentário A Origem do Homem
entenderemos as respostas para essas e outras questões, utilizando as mais recentes pesquisas
nos campos da genética e da antropologia. Qual foi a causa do grande êxodo desses seres
humanos? Como conseguiram povoar quase toda a extensão da Terra? Como nossos corpos
adaptaram-se com o passar do tempo ao meio ambiente?
Para Navegar...
http://abpc.impacto.org/
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Pré-História
Objetivos:
Atenção
12
Cf. LEAKEY, Richard.
A origem da espécie
humana. Trad.
Alexandre Tort. Rio de
Janeiro: Rocco, 1995.
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Pré-História
A linguagem realmente cria um abismo entre o homem e o resto do mundo natural. Por que ocorre
esse tão grande “abismo”? Porque a linguagem e a habilidade humana de gerar sons discretos, ou
fonemas, é apenas modestamente realçada quando a comparamos com a mesma habilidade nos
macacos: nós temos cinquenta fonemas; o macaco cerca de 10. Não obstante, nossa utilização
desses sons é virtualmente ilimitada. Eles podem ser arranjados e rearranjados para dotar o ser
humano “médio” de um vocabulário de uma centena de milhar de palavras, e estas palavras
podem ser combinadas em uma infinidade de sentenças. Como consequência, a capacidade de
comunicação rápida, detalhada e a riqueza de pensamento do Homo Sapiens não têm rival no
mundo da natureza.
(Adaptado de LEAKEY, Richard. A origem da espécie humana. Trad. Alexandre Tort. Rio de Janeiro:
Rocco, 1995.)
Antes de começar o nosso itinerário pré-histórico, meu caro e atencioso leitor, você
não acha que é sempre bom conhecer como se vai percorrer um determinado roteiro de
viagem? Pois bem, aí vão as coordenadas do itinerário narrativo deste capítulo. Primeiro,
buscaremos fazer uma breve leitura sobre as teorias que versam a respeito da importância
da linguagem e sobre como se deu o seu desenvolvimento em se tratando da nossa espécie;
segundo, iremos viajar sobre as hipóteses acerca de sua origem; terceiro, conversaremos
sobre as divergências apresentadas pelos registros anatômicos e artísticos de nossa pré-
história, quando “perguntados” sobre a origem e a evolução da linguagem falada articulada.
De fato, não nos parece muito acertado discordar da maioria dos pesquisadores e
estudiosos da humanidade que defendem o ponto de vista segundo o qual a articulação de
uma linguagem falada constitui um ponto decisivo para a História biológica, social e cultural
dos seres humanos. Como afirmou o linguista Derrick Bickerton, “Somente a linguagem Atenção
poderia ter rompido os grilhões da experiência imediata a que toda criatura está presa,
libertando-nos para as liberdades infinitas do espaço e do tempo. 13” 13
BICKERTON, Derrick,
apud TRIPICCHIO,
Em certo sentido, podemos afirmar a importância do desenvolvimento da Adalberto. Relação
linguagem articulada, em função da grande distância que ela acaba por estabelecer entre Cérebro – Linguagem
Humana em Co-
nós, Homo sapiens modernos, e todas as demais espécies de seres vivos. Afinal, apenas
Evolução. Tese
nós possuímos uma forma de comunicação, que também é instrumento de introspecção, (Doutorado em
tão complexa quanto os sistemas de linguagem articulada falados pelos diversos grupos Filosofia). Universidade
humanos. Federal de São Carlos,
2004, p. 16.
Contudo, mesmo sendo uma das faculdades mentais mais importantes e estudadas
da humanidade, sobre a linguagem ainda pairam dúvidas que, por intermédio de uma visão
Você Sabia?
meio que de soslaio14, parecem sem respostas definitivas, haja vista a grande diversidade de
pontos de vista a seu respeito.
14
Soslaio significa “em
Com efeito, uma destas dúvidas emerge das discussões sobre como teria surgido e direção oblíqua, sem se
se desenvolvido esta faculdade. Depois, associada ainda a este questionamento, pergunta- voltar ou estar voltado
de frente” (Dicionário
se: o que teria levado ao desenvolvimento de uma capacidade tão complexa quanto Aurélio)
idiossincrática da espécie humana.
Sobre estas questões, destacam-se pelo menos dois pontos de vista divergentes.
O primeiro destes defende que a linguagem teria surgido como consequência do Você Sabia?
desenvolvimento cerebral da espécie humana ao longo de sua história evolutiva. Nessa
linha, a faculdade da linguagem é apresentada como algo que surgiu de modo abrupto e 15
Conforme o
bem recente. Isto porque o seu desenvolvimento teria significado a ruptura de um limite Dicionário Aurélio
cognitivo15, que foi superado em função do aumento da capacidade cerebral de nossos (2000) o termo
“cognitivo” pode ser
antepassados pré-históricos. Já para outra perspectiva, por vezes definida pelo conceito
definido como relativo
de “modelo da continuidade”, a linguagem teria se desenvolvido de forma lenta e gradual ao conhecimento de
ao longo do processo de evolução biológica de nossa espécie, impulsionada por meio dos um modo geral.
29
Pré-História
Se quisermos complicar ainda mais este quadro, podemos aqui nos questionar
sobre quando a linguagem teria desenvolvido rumo a um sistema mais avançado de
comunicação social. Nesse ínterim, novamente parece haver um duplo realce: por um lado,
alguns estudiosos afirmam que esta faculdade teria surgido de modo relativamente recente
e de uma forma súbita para os padrões evolutivos de nossa espécie; por outro lado algumas
hipóteses apostam no remoto aparecimento da linguagem, ao que teria se seguido o seu
desenvolvimento gradual.
Vamos então tomar o primeiro dos caminhos optáveis. Segundo substancial parte
dos antropólogos na atualidade, a linguagem humana teria surgido de modo rápido há pouco
tempo, no momento em que os nossos antepassados hominídeos conseguiram ultrapassar
certo ponto limite no seu desenvolvimento cognitivo. Os estudiosos que advogam a causa
da origem recente e abrupta da linguagem humana a defendem, sobretudo, em função
30
Pré-História
das grandes mudanças no comportamento dos nossos antepassados, cuja data chave é
cerca de 30 mil anos atrás, uma época que de tamanha importância chegou a ser definida
como “Revolução do Paleolítico Superior”. Conforme essa linha de raciocínio, a origem da
linguagem estaria associada à própria emergência da mente humana moderna, que também
teria surgido há pouco tempo e de forma relativamente impactante. A fala tornou-se cada
vez mais fundamental para que os homens compreendessem as coisas do cotidiano, como
nascimento, vida, morte e trabalhos diários.
O Box abaixo explica um pouco acerca desse desenvolvimento da linguagem:
O arqueólogo Randall White argumenta que os indícios de várias atividades humanas anteriores
há 100 mil anos atrás implicam uma “ausência total de qualquer coisa que os humanos modernos
possam reconhecer como linguagem” Nesta época, apesar de já terem se desenvolvido
anatomicamente, os humanos modernos ainda não haviam “inventado” a linguagem em um
contexto cultural, o que só aconteceria há cerca de 30 mil anos.
White lista sete áreas de indícios arqueológicos que, sob seu ponto de vista, apontam para novas
habilidades linguísticas. Vamos listar, agora, tais indícios:
2 - A expressão artística.
5 - O início dos primeiros contatos de longa distância através de uma espécie rudimentar de
comercio de objetos exóticos.
White e outros antropólogos estão convencidos de que este acúmulo de “pela primeira vez” na
atividade humana é sublinhado pelo surgimento de uma linguagem falada complexa e totalmente
moderna.
(Adaptado de LEAKEY, Richard. A origem da espécie humana. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.)
Agora, para uma melhor compreensão do que está posto no Box, veremos esses
indícios mediante imagens:
1º - Sepultamento deliberado dos mortos:
2º. Expressão Artística:
3º. Inovações tecnológicas e mudanças culturais:
4º. Diferenças culturais entre as regiões:
31
Pré-História
A arquitetura cerebral subjacente à linguagem é muito mais complexa do que se pensava. Parece
haver muitas áreas relacionadas com a linguagem, espalhadas por diversas regiões do cérebro
humano. Se estes centros pudessem ser identificados em nossos ancestrais, estaríamos em uma
boa posição para decidir a questão da linguagem. Entretanto, os cérebros fossilizados não dão
pistas de sua estrutura interna. Felizmente, um aspecto do cérebro relacionado de algum modo
com a linguagem e com a utilização de artefatos é visível sobre a superfície do cérebro. Este aspecto
é a área de Broca, uma saliência localizada perto da têmpora esquerda (na maioria das pessoas).
Um segundo sinal possível é a diferença em tamanho entre o lado esquerdo e o lado direito do
cérebro nos humanos modernos. Na maioria das pessoas, o hemisfério esquerdo é maior do que
o hemisfério direito – uma consequência, em parte, da concentração, lá, da maquinaria associada
com a linguagem. Também associada com esta assimetria é o fenômeno da destreza nos humanos.
Noventa por cento da população humana é destra; a destreza e a capacidade de linguagem podem,
portanto estar relacionadas com um cérebro esquerdo maior.
(Adaptado de LEAKEY, Richard. A origem da espécie humana. Trad. Alexandre Tort. Rio de Janeiro:
Rocco, 1995.)
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Pré-História
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Pré-História
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Pré-História
Teorias que defendem uma origem remota e Teorias que defendem uma origem recente e
um desenvolvimento gradual da linguagem um desenvolvimento abrupto da linguagem
Surgimento da linguagem significando o
Modelo da continuidade rompimento de um limite cognitivo: teoria do
“ponto crítico”
Surgimento da linguagem há cerca
de 2 milhões de anos, seguido de um Surgimento da linguagem associado aos
desenvolvimento gradual impulsionado pelas avanços cognitivos observados na “Revolução
pressões dos mecanismos de seleção natural do Paleolítico Superior” Atenção
da espécie.
Teorias que se fundamentam nos indícios
17
Sobre este aspecto, o
já mencionado Richard
Teorias que se baseiam nos estudos sobre a arqueológicos relacionados com a expressão
Leakey, diz o seguinte:
evolução anatômica de nossa espécie artística e o aperfeiçoamento da tecnologia de “Até agora, toda a
produção de artefatos. discussão da evolução
dos hominídeos
Quadro adaptado pelo autor a partir das fontes de pesquisa que foram utilizadas neste texto. neste livro aponta
para uma importante
mudança na adaptação
hominídea quando
Como acontece com as discussões sobre a origem do Universo, o surgimento da
o gênero Homo
linguagem humana é um tema bastante controverso. Por isso, neste capítulo, nossa opção apareceu. Portanto,
foi discutir um pouco algumas das teorias mais aceitas sobre o surgimento desta faculdade suspeito que apenas
com a evolução do
tão importante quanto idiossincrática para a espécie humana. À guisa de conclusão gostaria
Homo habilis alguma
apenas de esclarecer que em meio a tantas discordâncias podemos elencar algumas forma de linguagem
convergências sobre o desenvolvimento das aptidões linguísticas humanas. falada começou.
Como [Derrick]
Primeiro, é importante deixar claro que, qualquer que tenha sido a sua origem ou Bickerton, suspeito
modo de aperfeiçoamento, a linguagem, que constitui uma das faculdades cognitivas mais que isto era um tipo
de protolinguagem,
fundamentais e incontornáveis para a espécie humana na atualidade, foi muito importante
simples em conteúdo
para que evoluíssemos ao ponto de complexidade biológica e cognitiva dos Homo sapiens e estrutura, mas um
modernos. Isto por que o desenvolvimento de uma linguagem articulada provavelmente meio de comunicação
contribuiu para o aumento de nossas capacidades cerebrais e cognitivas. mais avançado do que
o meio de comunicação
Depois, não podemos discordar de que a nossa linguagem acaba por nos distinguir dos macacos e
australopitecíneos.
completamente dos demais seres vivos. Ademais, podemos afirmar com certo grau de
Cf. LEAKEY, Richard.
segurança, que nossas competências linguísticas, certamente ainda rudimentares, apenas A origem da espécie
surgiram com o aparecimento do gênero Homo na escala biológica17. humana. Trad.
Alexandre Tort. Rio de
Por fim, é importante destacar que algumas pesquisas mais recentes têm Janeiro: Rocco, 1995.
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Pré-História
estabelecido relações íntimas entre o desenvolvimento cognitivo dos seres humanos, o uso/
fabricação de instrumentos e o aperfeiçoamento das competências linguísticas, ressaltando
que todas estas realizações humanas dialogam diretamente com o aumento da capacidade
cerebral. Segundo essa linha de pensamento, o fato destas aptidões dependerem umas das
outras para se aperfeiçoar, faz com que seja difícil de acreditar que qualquer uma delas
tenha evoluído sozinha e abruptamente. Assim, somos levados a imaginar que é um pouco
mais plausível que a linguagem tenha surgido remotamente e se desenvolvido de forma
lenta e gradual, paralelamente ao incremento da capacidade cerebral, e ao aperfeiçoamento
cognitivo, social e cultural da espécie humana.
Ademais, tomar partido nas discussões sobre a origem e o desenvolvimento de
nossas aptidões linguísticas pode significar bem mais do que uma simples opção teórica
e analítica, fundamentada rigorosamente na leitura estrita dos indícios arqueológicos.
Isto porque a defesa de alguma das duas hipóteses sobre o tema, que, aliás, foram por
demais discutidas neste capítulo, subjaz uma determinada concepção sobre o que pode ser
considerado um sistema de linguagem propriamente humano.
Assim, é bem provável que os defensores da hipótese segundo a qual nossas
competências linguísticas surgiram cedo e evoluíram devagar, aceitam que mesmo não
sendo tão complexas quanto a nossa atual linguagem, estas aptidões já constituíam um
meio de comunicação bem mais avançado do que o dos demais primatas superiores ou o
dos Australoptecus, tendo sido aperfeiçoadas até chegarem a um nível de complexidade
de estrutura e conteúdo semelhante ao atual. Sendo assim, estes estudiosos advogam
que tanto o surgimento quanto o gradual desenvolvimento da linguagem humana, estão
provavelmente associados com o aparecimento do gênero Homo e o seu respectivo
aperfeiçoamento cerebral, cognitivo, social e cultural na escala biológica.
Por outro lado, é plausível supor que os “advogados” da teoria que conjetura
um surgimento recente e um desenvolvimento súbito de nossas capacidades linguísticas
avaliem como linguagem propriamente humana apenas os sistemas de comunicação social
que tenham atingido um grau de complexidade próximo das competências linguísticas dos
humanos modernos. Assim, não consideram que os sistemas de comunicação de nossos
ancestrais mais remotos, ainda bem limitados, possam ser apreciados como linguagem
falada articulada. Portanto, ao invés de ir buscar as origens desta faculdade no surgimento
das primeiras espécies do gênero Homo, eles as encontram no desenvolvimento de
competências linguísticas mais elaboradas com o aparecimento da mente e do homem
modernos.
Enfim, a opção por um destes dois pontos de vista pode representar uma concepção
filosófica sobre o lugar do Homem na natureza e no espetáculo da criação/evolução, pois
como esclarece Leakey:
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Pré-História
Resumo
Este foi um dos mais longos capítulos da Pré-história que estudamos até agora.
Mas todo esse conjunto de informações foi necessário para que compreendêssemos
melhor como surgiu e como se desenvolveu a linguagem na Pré-História. Sem este capítulo,
não ficaríamos sabendo que o estudo da linguagem apresenta diversas teorias, dentre as
quais aquela que concebe o ato de falar e articular frases como um artefato cultural cuja
importância foi gradualmente sendo aumentada, à medida que os primeiros grupos de
hominídeos iam se tornando maiores e mais complexos. Assim, a linguagem poderia facilitar
a integração de um maior número de membros no interior de um mesmo grupo social,
pois lhes permitia viabilizar um aprendizado comportamental bem mais eficiente. Dessa
maneira, a linguagem foi e é analisada pelos diversos pesquisadores como uma conquista
que contribuiu para a invenção de novas tecnologias, além de facilitar a comunicação e o
diálogo entre os povos.
Linguagem e Observação
Exercícios
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Pré-História
Para assistir...
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Pré-História
O filme “2001: Uma Odisseia no Espaço” discute questões que fazem referências
ao ser humano e ao seu comportamento junto ao meio ambiente e à sociedade dita
primitiva. No começo da narrativa fílmica, é posta em evidência o desenvolvimento da
espécie humana, através do subtítulo “A Aurora do Homem”. São mostradas espécies de
macacos que, conforme a teoria evolucionista, posteriormente se transformaram em Homo
Sapiens, devido à faculdade de dar significado às coisas. Esses macacos apresentam atitudes
primordiais, como a competição pelos recursos naturais e pela sobrevivência. O filme
apresenta uma cena na qual dois grupos rivais de macacos disputam um recurso necessário
a ambos: a água.
Em seguida, o filme aborda o fato de que o homem utiliza o meio ambiente e o
que ele proporciona para se tornar cada vez mais desenvolvido. A cena que demonstra
isto de forma precisa é aquela na qual um dos macacos aprende a usar um osso de um
animal morto como ferramenta para facilitar suas atividades. Ao transformar o osso em
uma ferramenta, como arma para o combate, o homem-macaco torna-se humano. De
forma consciente, utiliza o osso para matar o inimigo. A competição entre os rivais privilegia
aquele que faz melhor uso da natureza: o grupo que tinha aprendido a utilizar o osso usou-o
como arma para eliminar o seu rival na disputa pelo recurso natural. A teoria da evolução é,
então, posta em evidência, na medida em que os recursos proporcionados pela natureza, no
caso o osso, permitem o desenvolvimento de invenções humanas que o ajudam a vencer o
conflito na busca por mais recursos naturais.
O diretor de “2001” faz então um corte, uma mudança de cena, que representa a
evolução humana: o macaco atira o osso ao ar e este aparece no futuro como uma nave
espacial. O homem que evoluiu do macaco viaja no espaço através do uso da natureza em
proveito próprio.
(Resenha adaptada de FLANEUR, André. A relação entre “A Aurora do Homem”,
primeira parte do filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, e o Meio Ambiente. Disponível
em: http://andreflaneur.blogspot.com. Acessado em 15 de fev. 2011)
Para Navegar...
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Pré-História
Para Navegar...
http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/idade-dos-metais.htm
http://www.ethnologue.com
http://tipografos.net/escrita/antes-das-letras1.html
http://www.arqueologyc.hpg.ig.com.br
http://www.brasilescola.com
http://www.comciencia.br/reportagens/linguagem/bibliografia.htm
Para assistir...
A Guerra do Fogo
Ficha Técnica:
Título original: La Guerre du feu,
Ano de produção: 1981, FRANÇA/CANADÁ
Dir.: Jean-Jacques Annaud.
Com: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron Perlman, Nameer El Kadi.
Comentário: cinema e linguagem
“Lançado em 1981, numa produção Franco-Canadense, A Guerra do Fogo é um longa que trata
de levantar hipóteses sobre a origem da linguagem através da busca de três homo sapiens para
conseguirem uma nova fonte de fogo perdida por sua tribo; este, o fogo, elemento divino e
tenebroso para eles. O delírio sobre como esses três guerreiros se relacionariam/comunicariam,
encontrariam, disputariam e fariam interações subjetivas é a base do roteiro assinado por
Anthony Burguess, foneticista e consagrado autor do livro Laranja Mecânica. Burguess faz crível
as adaptações e linguagens usadas por aqueles hominídeos além de fazer compreensível toda
uma história recheada de grunhidos, mamutes mal-acabados e situações que, aos nossos olhos
de hoje, não parecem mais que absurdas”.
Leia mais:
http://obviousmag.org/archives/2008/03/a_guerra_do_fogo.html#ixzz1JcmT8Ec1
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Pré-História
Considerações Finais
Chegamos ao fim do nosso primeiro volume de Pré-História. Para mim, autor
deste material, foi um privilégio trabalhar cada assunto, pensar cada item, pesquisar cada
imagem contida no mesmo, pois tivemos como objetivo apresentar de uma forma didática
as invenções e descobertas do homem.
O que você aprendeu ao ler cada um dos capítulos deste modulo? Que novos
conhecimentos foram incorporados aos outros saberes que você possuía? Dessa forma,
este momento de falar das considerações finais, gostaria de compartilhar com você alguns
princípios que são fundamentais para o nosso desenvolvimento como sujeito e como
estudantes:
1. O saber é uma busca constante. Por mais que conheçamos sobre o assunto,
devemos diariamente renovar as nossas leituras, elaborar novas pesquisas,
conversar com outras pessoas, tirar dúvidas com os tutores ou professores.
2. O exercício da escrita constitui um momento privilegiado para todos nós. Quando
mais escrevemos, mais aprendemos a escrever. Portanto, sinta-se estimulado a
desenvolver cada exercício posto neste livro. Apesar de estar dando esse “conselho”
nas considerações finais, um lugar não muito apropriado para falar de escrita,
meu objetivo é mostrar para você que escrever deve fazer parte de sua rotina.
Portanto, se você não fez alguma das atividades propostas, volte ao capítulo, releia
as informações e, depois, responda cada uma das atividades, pois esta atitude é
fundamental para o seu crescimento intelectual.
3. No próximo volume, faça anotações sobre suas dúvidas e, quando necessário,
retorne a este material e reveja cada capítulo, revendo os boxes e os textos
principais. A segunda leitura de um texto nos permite ver e ler coisas que não
enxergamos durante a primeira leitura. Portanto, reler os capítulos é um exercício
fundamental para compreendermos melhor as ideias e sugestões do autor.
Espero ter contribuído com o seu crescimento intelectual e despertando em você o
interesse por este assunto tão importante para a compreensão da História.
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Referências
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Conheça o Autor
Iranilson Buriti possui graduação em História pela Universidade Federal da Paraíba
(1994), mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1997), doutorado
em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2002) e pós-doutorado em História
das Ciências e da Saúde na Casa de Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro. Atualmente é pesquisador
do CNPq e membro do conselho editorial da Revista Mneme (1518-3394) e da Revista de
Humanidades da Universidade de Fortaleza. É professor Associado I da Universidade Federal
de Campina Grande. Foi coordenador do Curso de Mestrado em História da UFCG. Faz parte
do quadro de avaliadores institucionais e de curso do BASIs/INEP/MEC. Autor de livros
didáticos na área de História. Tem experiência na área de História e de Pedagogia.
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