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Aldo Dinucci
São Cristóvão/SE
2010
Introdução à Filosofia
Elaboração de Conteúdo
Aldo Dinucci
Cícero Cunha Bezerra
Diagramação
Neverton correia da Silva
Ilustração
Arlan Clecio dos Santos
Clara Suzana Santana
Edgar Pereira Santos Neto
Gerri Sherlock Araújo
Helder Andrade dos Santos
Manuel Messias de Albuquerque Neto
CDU 1
Presidente da República Chefe de Gabinete
Luiz Inácio Lula da Silva Ednalva Freire Caetano
Vice-Reitor
Angelo Roberto Antoniolli
Núcleo de Avaliação
Hérica dos Santos Matos (Coordenadora)
Carlos Alberto Vasconcelos
AULA 2
Heráclito: o mundo em eterna mudança ........................................... 15
AULA 3
Os sofistas e o estudo da linguagem ................................................ 21
AULA 4
Sócrates por Xenofonte ..................................................................... 29
AULA 5
Sócrates por Platão ........................................................................... 35
AULA 6
Idéias comuns aos filósofos socráticos. ............................................ 41
AULA 7
Platão, seus diálogos e a “palavra viva na alma”.....................................47
AULA 8
Aristóteles e os sofismas ................................................................... 53
AULA 9
Diógenes de Sínope e o Cinismo ...................................................... 59
AULA 10
O Estoicismo ..................................................................................... 67
AULA 11
A Filosofia e a fé ................................................................................ 75
AULA 12
Agostinho de Hipona: Helenismo e Cristianismo .............................. 83
AULA 13
O diálogo entre razão e fé em Tomás de Aquino .............................. 91
AULA 14
Filosofia e ciência no Renascimento ............................................... 105
AULA 15
Francis Bacon e o progresso científico ............................................113
AULA 16
O racionalismo cartesiano e as Regras do Método......................... 123
AULA 17
Introdução ao pensamento kantiano ............................................... 135
AULA 18
Filosofar com o martelo ................................................................... 143
AULA 19
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental e o
problema da relação entre a razão, a política e a
totalidade do real ............................................................................. 155
AULA 20
Wittgenstein e a Filosofia da Linguagem......................................... 175
Aula
O NASCIMENTO DA FILOSOFIA
1
NA GRÉCIA ANTIGA
META
Apresentar a Filosofia em sua origem na Grécia antiga.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
distinguir a Filosofia da técnica e da ciência;
conhecer o nascimento da Filosofia e da ciência na Grécia antiga;
reconhecer a importância dos primeiros filósofos (os “físicos”) e listar os
principais nomes;
estabelecer a diferença entre as afirmações: “A Filosofia não serve para
nada” e “A Filosofia não serve a nada”.
(Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt)
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
8
O nascimento da Filosofia na Grécia antiga
Aula
NASCIMENTO DA FILOSOFIA 1
Os gregos inventaram um novo modo de ver o conhe-cimento. Eles
descobriram que a ciência pode ser cultivada por ela mesma. Quer dizer:
alguém pode cultivar um determinado conhecimento sem ter em vista
sua aplicação imediata. Pode-se usar a Astronomia para a Astrologia (e aí
o conhecimento da Astronomia será apenas técnico); ou pode-se estudar
a Astronomia por ela mesma, isto é, para conhecer as leis que regem os
movimentos dos astros, para saber como é o mundo em que vivemos. Nesse
último caso, o conhecimento será científico ou filosófico, porque é buscado
tendo-se em vista o aumento do próprio conhecimento e nada mais. Um
homem que se dedique a tal tarefa é um amante do conhecimento, e daí Aristóteles
vem o termo “filósofo”, que significa amigo (philos) da sabedoria (sophia).
Você pode então indagar: “Se esse conhecimento não serve para nada, Filósofo grego (384-
então para que buscá-lo?” Isso me permite esclarecer uma opinião muito 322 a. C.). Aluno de
difundida sobre a Filosofia, que você já deve ter ouvido: “A Filosofia não Platão e professor de
Alexandre, o Grande,
serve para nada!” Essa frase, na verdade, é uma incompreensão do que
é considerado um dos
diz Aristóteles no primeiro capítulo da obra intitulada “A Metafísica”: aí maiores pensadores
Aristóteles fala, na verdade, que a Filosofia não serve a nada, quer dizer, a de todos os tempos.
filosofia não é serva (escrava) de coisa alguma, não tem uma finalidade fora
dela mesma, pois é cultivada por amor ao próprio conhecimento e nada mais.
Contudo, isso não quer dizer que o estudo da Filosofia não confira
uma vantagem àqueles que a ele se dedicam. Vou dar-lhe um exemplo disso.
Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo e o primeiro cientista.
Tinha enorme conhecimento de Astronomia e previu um eclipse que, para
espanto de seus contemporâneos, ocorreu exatamente de acordo com sua
previsão. Um dia, Tales concluiu, por suas observações astronômicas, que
haveria proximamente uma enorme safra de azeitonas que os gregos culti-
vavam para produzir azeite. Então Tales imediatamente se pôs a comprar
todas as prensas de azeitonas disponíveis (para se produzir o azeite, as
azeitonas têm de ser prensadas), e elas lhe foram vendidas por um preço
Tales de Mileto
baixo, pois não era a época da safra de azeitonas. Então, meses mais tarde,
veio a safra recorde, tal como previra Tales e todos precisavam desespera- Matemático e as-
damente de prensas de azeitonas. Tales não as vendeu de volta por um trônomo grego (624
preço maior, mas as alugou e ficou rico. Isso revela uma verdade sobre o - 548 a. C.) É con-
conhecimento filosófico ou científico: embora não seja buscado tendo em siderado o primeiro
vista sua utilidade, confere enorme vantagem àquele que o tem e o produz. filósofo grego.
Quer outros exemplos? Darei mais dois: o físico inglês Isaac Newton, com
seus conhecimentos matemáticos, acabou ficando rico, aplicando na bolsa
de valores em Londres; a lógica binária, segundo a qual os computadores
funcionam, foi primeiramente desenvolvida por um matemático para sua
tese de doutorado. Tempos depois, ela foi aplicada para o funcionamento
dos computadores tão necessários para a nossa vida nos dias de hoje. Se
9
Introdução à Filosofia
10
O nascimento da Filosofia na Grécia antiga
Aula
Parthenon, na Acrópole de Atenas, cidade onde viveram e lecionaram muitos dos grandes
filósofos gregos (Fonte: http://sites.uai.com.br).
11
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
RESUMO
12
O nascimento da Filosofia na Grécia antiga
Aula
ATIVIDADES 1
A partir do que foi dito anteriormente, responda às seguintes perguntas.
1. A engenharia é uma técnica ou uma ciência? Explique.
2. Um biólogo, observando macacos na selva, dedica-se a uma atividade
técnica ou científica? Explique.
3. Tales foi ao Egito e mediu a altura de uma pirâmide. Esse ato foi técnico
ou científico? Explique.
Ficou clara a distinção entre Filosofia e Ciência da técnica?
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
13
Aula
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
compreender a idéia de Heráclito, segundo a qual o mundo está em eterna mudança;
entender o que seja relativismo em Heráclito.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre o nascimento da Filosofia na Grécia antiga.
(Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br).
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
Filósofo pré-
socrático da Escola
Jônica (540/470
a.C).
(Fonte: http://img.olhares.com).
16
Heráclito: o mundo em eterna mudança
Aula
HERÁCLITO 2
Heráclito de Éfeso é um dos primeiros filósofos. Con-tudo, seu pensa- Aforismo
mento continua vivo e influente nos dias de hoje, pois ele falou sobre o
mundo em que vivemos de uma forma original e profunda. Nenhuma obra Sentença que, em
poucas palavras, se
sua chegou até nós, mas temos dele muitos aforismos citados por filósofos
compreende. Exem-
que viveram em épocas posteriores. Heráclito teria escrito um único livro, plo: “A vida é breve,
que ele teria depositado num templo. Seu livro conteria uma série de aforis- a arte é longa, a oca-
mos, escritos segundo a forma dos oráculos gregos, pois Heráclito temia sião fugidia, a ex-
ser incompreendido pelos ignorantes, e, por isso, teria escrito de um modo periência enganosa,
pelo qual só os homens pensantes, como ele poderiam compreender. Por o julgamento difícil”.
essa razão, Heráclito é chamado também de “O Obscuro”.
Oráculos gregos
17
Introdução à Filosofia
(Fonte: www.portaldoastronomo.org).
CONCLUSÃO
18
Heráclito: o mundo em eterna mudança
Aula
(Fonte: http://www.oprofeta.net).
RESUMO
ATIVIDADES
19
Introdução à Filosofia
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
20
Aula
OS SOFISTAS E O ESTUDO
DA LINGUAGEM
3
META
Apresentar a sofística como pensamento sobre a linguagem.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
definir a sofística como estudo da linguagem, compreendendo algumas
de suas idéias;
conhecer os dois movimentos sofísticos que houve na Antiguidade; listar
seus principais representantes; reconhecer o valor dos sofistas.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre o sentido de relativismo e de mundo em mudança em
Heráclito.
1 2 3
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
22
Os sofistas e o estudo da linguagem
Aula
OS SOFISTAS 3
Nesta aula, conheremos os sofistas, cuja má fama é injusta, pois
eles prestavam serviços à so-ciedade e preocupavam-se em nos mostrar
o enorme poder das palavras sobre nossas almas. Foram os sofistas os
primeiros pensadores a refletirem sobre a linguagem; de fato, eles não eram
inimigos dos filósofos, mas seus adversários no plano das idéias. Falaremos
sobre os dois principais movimentos sofísticos da Antigüidade, citando os
nomes dos seus principais participantes e discorrendo sobre as idéias de
um dos maiores sofistas: Górgias de Leontinos.
T ão acidamente são criticados os sofistas que muitas vezes nos parecem
quase criminosos. Nada mais longe da realidade. Muitos deles serviram às
suas cidades como embaixadores, outros construíram ou reconstruíram
templos e, com seus próprios recursos, reformaram prédios públicos. Cita-
rei alguns que exerceram o cargo de embaixador: Górgias, embaixador de
Leontinos em Atenas; Pródico, embaixador de Céos em Atenas; Scope-
lian, embaixador de Esmirna e da Ásia em Roma; Pólemon, diplomata
de Esmirna em Roma.
Pólemon doou a Esmirna dez milhões de dracmas, dinheiro com o
qual a cidade construiu seu mercado de milho, um ginásio (segundo Filos-
trato, o mais belo da Ásia Menor) e um templo que, após um terremoto,
foi reconstruído pelo imperador romano e filósofo estóico Marco Aurélio
Antonino. Herodes Ático usou socialmente suas riquezas, auxiliando
homens e cidades. Damiano de Éfeso restaurou também vários prédios
públicos de sua cidade e construiu um grande pórtico todo em mármore,
admirável por sua beleza.
Houve, na Antigüidade, dois grandes movimentos sofísticos: um no
Teatro grego construído na Antiguidade e preservado até os dias de hoje. (Fonte: http://www.mikix.com).
23
Introdução à Filosofia
24
Os sofistas e o estudo da linguagem
Aula
Damiano
Sofista da Segunda
Sofística do qual não
se sabe as datas de nas-
cimento e morte. Citado
por Filostrato em sua
obra A Vida dos So-
fistas.
Período clássico
Período da história da
Grécia que vai do sécu-
lo 8 a.C. ao helenismo.
Período helenístico
Período da história gre-
ga que começa com a
morte de Alexandre, o
Grande (323 a.C.), e se
caracteriza pela difusão
Teatro construído por Herodes Ático (Fonte: http://www.lh3.google.com). da cultura grega através
das terras conquistadas
Há uma palavra grega que expressa bem isso: kairós. Kairós significa o por ele.
momento, a ocasião propícia para se fazer uma coisa determinada. Kairós
Protágoras
era um deus para os gregos e era representado com asas nos pés (pois é Grande sofista grego:
preciso aproveitar a ocasião prontamente); com uma navalha em uma das viveu entre 481 e 411
mãos (pois a ocasião muda o cenário das coisas), uma mecha de cabelos a.C.
caindo sobre a testa e sendo calvo atrás (pois a ocasião deve ser agarrada
no momento em que ela passa, e quando ela já passou não se pode mais
25
Introdução à Filosofia
(Fonte: http://mtfoliveira.no.sapo.pt).
26
Os sofistas e o estudo da linguagem
Aula
CONCLUSÃO
RESUMO
Hípias
Sofista contemporâ-
neo de Protágoras e
de Sócrates.
Nicetes
Orador grego que flo-
resceu por volta do
ano 50 de nossa era.
Iseus
Orador grego que che-
gou a Roma em 97
d.C.
Hermógenes
Famoso orador que
viveu sob o imperador
Marco Aurélio.
Aristide
Orador que também
Imagem de Kairós (Fonte: http://www.kairos.cz). viveu sob o imperador
Marco Aurélio.
Propícia
i.e. adequada, fa-
vorável.
27
Introdução à Filosofia
ATIVIDADES
1. Escreva uma declaração de amor com palavras poéticas a uma pessoa que
você ama. Depois escreva a mesma declaração sem os recursos poéticos.
Que diferença você percebe entre elas?
2. Fale sobre a letra de uma música que você lembra de cor. Por que você se
lembra dessa música? Ela fala algo sobre sua vida, sobre suas experiências?
3. Você se lembra de alguma notícia que em primeiro lugar achou ser
verdadeira e depois descobriu ser falsa? Explique por que razão você acha
que isso aconteceu.
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, conheceremos algumas idéias de Sócrates?
REFERÊNCIAS
28
Aula
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
conhecer as reflexões de Sócrates sobre a moral humana através da
razão;
conhecer as idéias de Sócrates sobre a conquista da felicidade; e
compreender que, para Sócrates, só é feliz quem é senhor de si mesmo, é
generoso e tem amigos de verdade.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre a sofística e os seus principais representantes.
(Fonte: http://www.passeiweb.com).
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
(Fonte: http://cache01.stormap.sapo.pt).
SÓCRATES
30
Sócrates por Xenofonte
Aula
31
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
RESUMO
32
Sócrates por Xenofonte
Aula
ATIVIDADES
REFERÊNCIAS
33
Aula
SÓCRATES POR PLATÃO 5
META
Apresentar algumas idéias de Sócrates através do filósofo Platão nos
chamados Diálogos Socráticos.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
entender por qual razão, para Sócrates, devemos buscar o
autoconhecimento; compreender as idéias socráticas a respeito da
sabedoria humana.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento das idéias de Socrates segundo Xenofonte.
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
Platão
Platão, ateniense,
viveu entre 428/27
e 347 a.C.
Diálogos Socráticos
Ta i s d i á l o g o s
são: Apologia,
Críton,Crítias, Eu-
tífron, Eutidemo,
Hípias Menor, Íon,
Laquês, Lísias,
Protágoras, Gór-
gias e o Livro I da
República. Nos
diálogos da Maturi-
dade (por exemplo:
Banquete, Fédon,
Fedro, República)
e da Velhice (por
exemplo: Sofista, (Fonte: http://www.arikah.net).
Filebo) aparece tam-
bém um personagem
chamado Sócrates,
que não é senão um
porta-voz das idéias
SÓCRATES
platônicas propria-
mente ditas. Até Sócrates, os filósofos usavam a razão, sobretudo para conhecer o
mundo físico e a linguagem humana. Contudo, nenhum filósofo se dedicara,
até então, a estudar exclusivamente o modo de ser do homem. O primeiro a
fazer isso foi Sócrates. Ele percebeu que existe um modo certo e adequado
para alguém pilotar um navio, por exemplo; da mesma forma, há um modo
correto de se criar ovelhas. Para toda e qualquer atividade humana, existe
uma técnica com a qual essa atividade é realizada de um modo adequado
e bom. Em outros termos, não se fazem as coisas de qualquer maneira,
pois é preciso um certo conhecimento sem o qual a tarefa fracassará. Por
36
Sócrates por platão
Aula
37
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
Sócrates dedicou sua vida a essa tarefa que ele tomou como uma missão
divina: comunicar aos homens a ne-cessidade de avaliar as próprias crenças
e se autoconhecerem. Formou, assim, uma pequena comunidade de alunos
e amigos com os quais debateu os temas de sua filosofia. Aos 69 anos, no
entanto, foi processado por atenienses conservadores que viam em suas
críticas um perigo para a democracia. Foi oferecida a Sócrates a oportuni-
38
Sócrates por platão
Aula
RESUMO
A morte de Sócrates.
39
Introdução à Filosofia
ATIVIDADES
1. Cite exemplos de coisas que você, a princípio, pensou serem boas e depois
descobriu serem más para você ou para alguém que você ama. A partir do
que estudamos nesta aula, por que você acha que se enganou?
2. O racismo é um preconceito, uma falsa crença que causa transtorno
àqueles que nela crêem e àqueles que dela são vítimas. Explique, com base
em sua compreensão sobre esta aula, por qual razão o racismo é uma falsa
crença?
REFERÊNCIAS
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Nova Cultural: São Paulo, 2004.
40
Aula
IDÉIAS COMUNS AOS
FILÓSOFOS SOCRÁTICOS 6
META
Apresentar idéias comuns aos filósofos das escolas socráticas.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá: compreender a idéia socrática de crítica ao senso comum;
compreender a razão de Sócrates afirmar que qualquer pessoa pode atingir a felicidade e ser livre
através da crítica ao senso-comum e do uso da razão;
entender as reflexões socráticas sobre a necessidade de reconhecer a própria ignorância;
compreender a concepção socrática sobre a libertação e o autodomínio como frutos da prática
filosófica;
e entender a reflexão socrática sobre a tolerância como fruto da verdadeira prática filosófica.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre as idéias socráticas segundo Platão.
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
Sócrates teve muitos discípulos e estes formaram diversas escolas de pensamento (são as chamadas
Cínica “Escolas Socráticas”). Tais escolas, que surgiram no período helenístico, produziram um verdadeiro
O cinismo é uma cor- tesouro de sabedoria e continuam nos inspirando a buscar a felicidade e a libertação através do
rente filosófica que pensamento. Entre essas escolas, destacam-se a escola Cínica, a Estóica e a Epicurista. Suas
reflexões valorizam a crítica às opiniões que os homens têm sobre seu papel no mundo e o que
teve como precursor devem buscar na vida, o que é a felicidade e a afirmação das limitações próprias da condição humana.
o amigo de Sócrates, Essas filosofias mantêm seu vigor nos dias de hoje. Suas idéias continuam guiando aqueles que
Antístenes (444- 365 verdadeiramente amam a filosofia e buscam a felicidade com o auxílio da reflexão.
a.C.), e foi funda-
da por Diógenes de
Sínope. Falaremos
mais sobre o cinismo
e Diógenes na Aula 9
dessa unidade.
Estóica
O estoicismo é uma
corrente filosófica
socrática fundada por
Zenão de Cicio no
século III a.C. Fala-
remos mais sobre o
estoicismo na última
aula dessa unidade.
Epicurista
O epicurismo é uma
corrente filosófica
socrática fundada
por Epicuro (323-271
a.C.). Para Epicuro, o
sumo bem é o prazer,
entendido como aus-
ência de perturbação
na alma.
Busto de Antístenes (Museu Britânico, Londres)
42
Idéias comuns aos filósofos socráticos
Aula
43
Introdução à Filosofia
44
Idéias comuns aos filósofos socráticos
Aula
CONCLUSÃO 6
Verificamos, assim, porque essas idéias comuns a todas as Escolas
Socráticas mantêm seu vigor nos dias de hoje, pois todos nós, com certeza,
precisamos ser críticos (ou, senão, repetiremos sempre nossos erros), buscar
a libertação e a felicidade através do uso da reflexão e, sobretudo, precisa-
mos ser tolerantes em relação a nós mesmos e aos demais seres humanos.
RESUMO
ATIVIDADES
1. Explique, segundo o seu entendimento sobre esta aula, por que razão
nenhum homem pode ser perfeitamente sábio.
2. Explique por que motivo resulta do pensamento socrático a necessidade
de que os homens dialoguem entre si. O que ocorre quando o indivíduo
passa a agir como um robô? Crie um exemplo a partir do comentário abaixo.
45
Introdução à Filosofia
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
Platão. Diálogos. Nova Cultural: São Paulo, 2005.
Sêneca. Sobre a brevidade da vida. Nova Alexandria: São Paulo, 1993.
Lucrécio, Da Natureza. Ediouro: São Paulo, 1985.
Marco AURÉLIO, Meditações. Iluminuras: São Paulo, 1995
46
Aula
META
Apresentar Platão, seus diálogos e sua noção de “palavra viva na alma”.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá: conhecer algumas idéias contidas nos
diálogos de Platão escritos na maturidade, destacando-se “A República”;
listar os diálogos de Platão da maturidade e da velhice, conhecendo suas idéias básicas;
entender o pensamento de Platão em sua “alegoria da caverna;
compreender as idéias contidas na “Carta Sete”, sobre o filosofar; e
compreender a importância que Platão confere ao diálogo na prática filosófica.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre a idéia socrática de crítica ao senso-comum.
Introdução à Filosofia
Metafísica
INTRODUÇÃO
Estudo através do
qual se busca pro- Platão, como sabemos, foi um grande amigo e aluno de Sócrates. Os
duzir um discurso interesses de Platão incluíam as ciências da natureza, a política, as artes, a
sobre a estrutura últi-
metafísica e a ética. Seus diálogos são muito famosos e continuam inspi-
ma do mundo onde
vivemos. rando os homens em sua busca pelo conhecimento. Na maturidade, Platão
escreveu muitos diálogos, entre os quais destacam-se a República (no qual
ele realiza uma reflexão sobre como seria a sociedade ideal), o Fédon (no
qual ele reflete sobre a questão da imortalidade da alma) e o Banquete (no
qual ele desenvolve uma profunda reflexão sobre o amor). Na velhice, os
diálogos que se destacam são o Sofista (no qual ele analisa o conceito e a
função da sofística) e as Leis (seu último diálogo, incompleto, em que ele
critica as leis de Atenas e sugere modificações). Além disso, temos algumas
cartas de Platão que chegaram ao nosso conhecimento. Vejamos sucinta-
mente algumas das idéias que esses textos de Platão nos oferecem.
48
Platão, seus diálogos e a “palavra viva na alma”
Aula
49
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
Para Platão, a Filosofia passa a existir quando se torna viva na alma
daqueles que dialogam entre si filosofica-mente. A Filosofia é essa pala-
vra viva na alma do homem que reflete, buscando saber quem é, em que
mundo vive e como deve viver. O homem que faz estes questionamentos
e encontra amigos para compartilhar essas questões está filosofando ver-
dadeiramente, pois a Filosofia está viva em sua alma. O filosofar não se
ocupa de ler muitos livros, falar sobre muitas coisas, tagarelar sobre as idéias
dos outros, mas refletir profundamente sobre si mesmo e a realidade junto
aos seus verdadeiros amigos.
50
Platão, seus diálogos e a “palavra viva na alma”
Aula
RESUMO
ATIVIDADES
1. Explique, com base em sua comprensão sobre esta aula, o que significam,
na “Alegoria da Caverna” de Platão, os homens acorrentados no fundo da
caverna.
2. Explique por qual razão uma falsa opinião nos “acorrenta”.
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
Platão. Diálogos. Nova Cultural: São Paulo, 2005.
51
Aula
ARISTÓTELES E OS SOFISMAS 8
META
Apresentar Aristóteles, suas obras e seu estudo sobre os sofismas
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
conhecer Aristóteles e destacar aspectos relevantes de sua obra;
listar suas principais obras;
conhecer o estudo aristotélico sobre os sofismas.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre os diálogos de Platão escritos na maturidade.
(Fonte: http://www.vidaslusofonas.pt).
(Fonte: http://www.ucm.es).
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
ARISTÓTELES E OS SOFISMAS
Como dissemos, Aristóteles foi o primeiro homem a es-crever trata-
dos sistemáticos de Lógica. Para ele, a Lógi-ca deve ser estudada antes de
qualquer ciência, pois nenhuma delas pode ser empreendida sem ela. A
Lógica é o conjunto das regras segundo as quais pensamos, adequadamente,
as regras do bem pensar. Se, por um lado, pensamos naturalmente, visto
sermos seres racionais, por outro lado, não necessariamente pensamos
do modo adequado. Desconhecendo as regras do bem pensar, podemos
cometer erros e pensar de modo pouco eficiente e equivocado. Da mesma
forma que um atleta só terá bom desempenho se conhecer as regras do
54
Aristóteles e os sofismas
Aula
55
Introdução à Filosofia
56
Aristóteles e os sofismas
Aula
CONCLUSÃO
O estudo desses sofismas serve nos para que não seja-mos enganados
8
por falsos argumentos. Quando somos enganados, somos usados e não
podemos realizar nossa vontade. Se compramos um carro, e o vendedor nos
engana, não realizamos nossa vontade de ter um bom meio de transporte,
além de o vendedor nos deixar no prejuízo. E isso vale para muitas coisas
na vida humana: da mesma forma que, entre os animais, uns armam ciladas
para os outros, e os que caem nas ciladas são devorados, assim também,
entre os homens, uns tentam enganar os outros através da linguagem e das
falsas argumentações; aqueles que são capturados pelos falsos argumentos
são escravizados ou usados e não podem mais ser felizes, pois como pode
ser feliz aquele cuja vontade se submete, por mentira e engano, à vontade
de um outro?
RESUMO
ATIVIDADES
1. Dê um exemplo (procure nos jornais, nas revistas, na televisão ou em
sua própria vida) de cada um dos sofismas.
2. Explique por que razão crer numa falsa argumentação nos é prejudicial.
57
Introdução à Filosofia
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, conheceremos algumas idéias da Filosofia Cínica,
através de um de seus maiores nomes: Diógenes de Sínope, o “Cão”. E
poderemos responder a perguntas tais, como: por que o Cinismo é uma
Filosofia socrática? Em que sentido o Cinismo ultrapassa o pensamento
do próprio Sócrates?
REFERÊNCIAS
Aristotle. Sophistical refutations. Loeb. Harvard University Press, 2005.
58
Aula
DIÓGENES DE SÍNOPE
9
E O CINISMO
META
Apresentar o Cinismo e algumas idéias de Diógenes, o Cínico
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
conhecer o Cinismo filosófico;
compreender o método educacional dos cínicos;
saber sobre Diógenes de Sínope e seu caráter crítico;e
conhecer a crítica de Diógenes à crença de que os bens materiais e o
poder trazem felicidade a quem os possui.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimentos sobre Aristóteles e suas idéias a respeito dos sofismas.
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
Você já deve ter ouvido falar de Diógenes, aquele que, à luz do dia,
Irreverência com uma lanterna acesa, anunciou pelas ruas estar buscando um verdadeiro
Os cínicos são famo- homem. Mas, afinal, o que fez esse homem para ser ainda lembrado nos dias
sos por seus ditos ir- de hoje, tendo vivido há uns 2.400 anos? Em primeiro lugar, saiba que ele
reverentes. Por exem- é um filósofo cínico. E o que significa isso? Se você consultar o dicionário,
plo: Diógenes, ao ver verá como significado de “cínico” algo como “descarado, fingido”. Assim,
guardas levando um
ladrão que havia rou-
“cínico”, nos nossos dias, é alguém dissimulado ou insolente. Porém, os
bado um vaso, disse: filósofos da escola filosófica cínica da Antiguidade, com certeza, não eram
“Lá vão os grandes dissimulados, pois se caracterizavam por dizer o que lhes passava pela cabeça
ladrões levando o sem papas na língua. A irreverência, porém, era-lhes uma forte característica.
pequeno ladrão!” Assim, os cínicos deram um passo além de Sócrates, pois esse se contentava
com a ironia, ao abordar seus interlocutores, na intenção de fazê-los falar
mais fácil e confiantemente, para assim poder refutá-los.
(Fonte: http://www.bp2.blogger.com).
60
Diógenes de sínope e o cinismo
Aula
DIÓGENES DE SÍNOPE 9
É-se irônico quando o sentido real do que se diz é o con-trário do lit-
eral. Sócrates era irônico quando, ao tratar com alguém que se considerava
sábio, dizia querer ouvir suas “sábias palavras” sobre um determinado tema Diógenes
para então, através do diálogo, mostrar ao que se supunha sábio que ele não
Filósofo cínico
sabia o que julgava saber. Já um cínico vai direto ao ponto em suas críticas
grego nascido em
das opiniões e modos de ser dos demais: eles são realmente desaforados, Sinope (413/323
grosseiros, atrevidos em suas críticas. Podemos dizer que essa irreverência a.C.). Também con-
é, para eles, um princípio educacional, um modo de fazer os ouvintes gravar hecido como Dió-
em de fato a crítica e refletir sobre ela, o que raramente acontece quando genes o Cão, é uma
nos limitamos a conversar de modo “civilizado”. das figuras mais
significativas e um
De fato, os cínicos perceberam rapidamente que nem sempre consegui-
símbolo da história
mos progresso com o diálogo, especialmente quando tratamos com pessoas do cinismo.
muito teimosas, que se acham sabedoras do que não sabem (arrogantes)
e pessoas infantis (imbecis). Assim, para os cínicos, o melhor modo de
se chegar ao coração da maioria das pessoas é através de uma boa tirada,
especialmente em público. E nós todos achamos engraçadas essas tiradas,
pois, em diversos sentidos, somos também imbecis, infantis, arrogantes e
teimosos, tal qual grande parte da humanidade. Segue aqui um exemplo
disso: certa vez, Diógenes foi à casa de um homem rico que insistentemente
lhe mostrava seus ricos objetos e dizia a Diógenes que esse não cuspisse em
sua casa, por serem caríssimos os objetos que lá estavam. Em determinado
momento, Diógenes juntou uma boa quantidade de saliva em sua boca e
deu uma bela escarrada no rosto do grego rico; esse ficou estupefato, per-
guntando a Diógenes porque lhe fizera tal ultraje e obteve como resposta
que seu rosto foi o lugar mais sujo que Diógenes encontrou naquela casa.
Trocando em miúdos: Diógenes poderia ter feito um belo diálogo com o
grego rico para mostrar-lhe o quanto era tola a ostentação; quem exibe
Ostentação
seus objetos e pensa estar exibindo a si mesmo é um tolo, pois crê serem
suas as qualidades que, na verdade, são dos objetos; com essa atitude ele Ostentar é exibir-se,
valoriza mais as coisas que a si mesmo. Diógenes poderia ter dito isso tudo, mostrar-se em razão
mas fez melhor: sua cusparada como resposta fez mais efeito com menos de riqueza, beleza
palavras. Após ouvir um belo discurso contra a ostentação, você pode even- física ou outra quali-
tualmente esquecer (e em geral esquece) as razões pelas quais não se deve dade assim.
ostentar, mas como esquecer o essencial, quer dizer, o que há de ridículo e
irracional na ostentação, depois de se ouvir sobre a cusparada de Diógenes? Antístenes
O Cinismo teve como precursor Antístenes, amigo de Sócrates, e é
uma escola socrática de pensamento. O primeiro dos cínicos foi Diógenes Antístenes viveu en-
e muitos outros filósofos cínicos houve, por quase mil anos, até o movi- tre 444 e 365 a.C. Foi
mento ser proibido por forças conservadoras que não apoiavam a liberdade grande amigo tanto
de Sócrates quanto
de expressão e, conseqüentemente, o próprio Cinismo. O termo “cínico”
de Xenofonte.
vem da palavra grega kuón, que significa “cão”, provavelmente por causa
61
Introdução à Filosofia
62
Diógenes de sínope e o cinismo
Aula
63
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
64
Diógenes de sínope e o cinismo
Aula
que ele realize sua natureza é a liberdade de ser aquilo que se é plenamente,
sem temer as opiniões alheias, sem ocultar suas próprias vontades e opiniões
por medo dos outros. Por isso, antes de mais nada, para saber se alguém
9
poderia realmente ser filósofo, Diógenes o encarregava de alguma missão
ridícula (por exemplo, carregar um grande peixe ou uma panela cheia de
lentilhas fumegantes pelas ruas de um bairro luxuoso): se o aspirante à
Filosofia ficasse com vergonha e se recusasse, era logo dispensado. Como
pode dedicar-se à Filosofia, à crítica e a uma vida de acordo com o pensa-
mento alguém que teme as opiniões dos outros, numa questão tão simples
quanto carregar um peixe ou uma panela?
RESUMO
ATIVIDADES
1. Explique, com base em seu entendimento sobre esta aula, por qual razão
é ridícula a ostentação de riquezas.
2. Explique por que, para os cínicos, o candidato a filósofo não deve temer
a opinião dos outros.
65
Introdução à Filosofia
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
66
Aula
O ESTOICISMO
10
META
Apresentar os fundamentos do Estoicismo
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
entender os fundamentos do Estoicismo a partir de Heráclito e de Sócrates.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimentos sobre a escola Cínica
INTRODUÇÃO
68
O estoicismo
Aula
O ESTOICISMO
(Fonte: http://www.nueva-acropolis.es).
69
Introdução à Filosofia
70
O estoicismo
Aula
10
Marco Aurélio Antonino (121-180 d.C.) foi imperador romano e filósofo estóico
CONCLUSÃO
RESUMO
Três filosofias combinam se na formação do estoicismo: o pensamento
Heraclítico, o pensamento de Sócrates e o Cinismo. São de fato seguidores
dos cínicos na medida em que desenvolvem muitos aspectos da crítica cínica
aos costumes e enfatizam o caráter prático da Filosofia. De Heráclito reto-
mam a noção do logos, bem como o caráter crítico de seu pensamento. Vêem
Sócrates como o exemplo máximo em que se realiza esta filosofia voltada
para a construção de um homem sábio, integralmente forte e senhor de si.
71
Introdução à Filosofia
ATIVIDADE
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
72
Introdução à Filosofia
São Cristóvão/SE
2010
Aula
A FILOSOFIA E A FÉ
11
META
Apresentar a noção de Filosofia Medieval.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
definir as fontes do pensamento medieval;
caracterizar as principais questões da Filosofia Medieval; e
analisar, à luz do pensamento agostiniano, alguns problemas filosóficos da Idade
Média.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar o assunto relativo ao periodo helenístico.
INTRODUÇÃO
A caça às bruxas foi um fenômeno, ao contrário do que se pensa, tipicamente moderno. Teve iní-
cio no final do século XIV e se estendeu até o século XVIII. Inquisição. (Fonte: http://louletania.
blogs.sapo.pt).
76
A filosofia e a fé
Aula
A FILOSOFIA E FÉ 11
Está claro que a denominação “Idade Média” comporta uma valo-
ração explicitamente negativa. Não é de se es-tranhar que esta definição,
injustamente aplicada a um período de quase dez séculos (476 d. C a 1453
d.C), nasceu exatamente numa época que se denominou Renascimento e,
posteriormente, Luzes ou Iluminismo.
Giovanni Andréa de Bussi (1469 d.C) foi um dos que caracterizou
o período que vai do fim do Império romano até o seu tempo de media
tempestas (Tempo médio). Em geral, esta visão negativa, consagrada no
século XVII, esteve marcada por um desprezo geral pelo passado. O latim,
língua oficial da Igreja, a literatura, a arte gótica e a escolástica, com suas
reflexões sobre Deus, a fé e o mundo, foram desprezados como inferiores Martinho Lutero
frente ao ideal greco-romano defendido pelos chamados renascentistas.
Dito de outro modo, nada parecia possuir valor aos olhos da nova época Monge agostiniano
que se apresentava. Doutor em Teolo-
Um exemplo marcante de crítica contra o pensamento teológico e gia. Depois de aban-
filosófico medieval é encontrado em Martinho Lutero (1483 d.C) que via donar, por decepção,
a Doutrina católica,
na aproximação do pensamento cristão ao paganismo (particularmente tornou-se um dos
das filosofias de Platão e Aristóteles), isto é, no esforço dos pensadores mais acirrados críti-
medievais em demonstrar, com razões, a existência de Deus, um desvio dos cos da junção entre
verdadeiros princípios do cristianismo. A valorização da fé sobrenatural os valores cristãos
deveria sobrepor a especulação racional das Escrituras. e a Filosofia pagã.
Outros pensadores como Erasmo de Roterdã (1466 d.C) também Fundador da Re-
forma Protestante
contribuíram para o fortalecimento desta visão negativa da denominada foi excomungado
“Idade Média”. Para Erasmo, o medievo era símbolo de degradação moral, pela Igreja católica.
religiosa, política, literária e artística. Nesta mesma perspectiva, filósofos (1483-1546).
como Diderot, Condillac e Voltaire também se posicionaram contrários à
filosofia desenvolvida até então. Aqui nos interessa ressaltar somente a raiz
da expressão “Idade Média” como fruto de um julgamento, humanista-
renascentista, frente a uma visão de mundo (weltanchaung) e, portanto, em
oposição a um modo próprio de entender o real e o conhecimento. Visão
de mundo, erroneamente entendida como cristã, dado que reduzir a “Idade
Média” ao pensamento ocidental-cristão é um erro absurdo.
Não podemos esquecer-nos dos conhecimentos provenientes da
China, das reflexões islâmicas e judaicas. Com isso, queremos dizer que a
chamada Filosofia cristã é somente um recorte, efetivamente o mais vasto
com conseqüências políticas, éticas e filosóficas para o Ocidente, mas não
o único. Para citar somente um exemplo, basta lembrarmos que foi graças
aos árabes que o Ocidente (medieval e moderno) conheceu obras funda-
mentais de pensadores como Aristóteles. Um dado de suma importância
para qualquer análise das conquistas e realizações desenvolvidas na “Idade
Média” é saber que o período medieval, além da cultura ocidental latina,
77
Introdução à Filosofia
78
A filosofia e a fé
Aula
79
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
RESUMO
80
A filosofia e a fé
Aula
ATIVIDADES
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
81
Aula
AGOSTINHO DE HIPONA:
HELENISMO E CRISTIANISMO 12
META
Apresentar os principais problemas filosóficos presentes na Obra de Agostinho de
Hipona.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
definir as bases do pensamento agostiniano;
identificar as principais questões que compõem a reflexão agostiniana; e
analisar, à luz do pensamento agostiniano, alguns problemas filosóficos da Idade
Média.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar os assuntos relativos a Filosofia Medieval.
INTRODUÇÃO
Mani
(Fonte: http://raizculturablog.files.wordpress.com).
Foi profeta, pintor
e médico persa que
pregava a divisão
do mundo em duas
AGOSTINHO DE HIPORA
forças antagônicas:
o Bem e o Mal (210-
Nascido no Norte da África (Tagasta- 354 d.C – atual Argélia),
276 d.C) . Daí a ex- Agostinho foi um pensador que buscou soluções para problemas essenciais
pressão maniqueu. da existência humana. Questões como a origem do mal, da liberdade, da
graça, foram tematizadas e discutidas à luz do novo modo de conceber o
mundo, a saber: o cristianismo.
A tarefa assumida consistia, portanto, em encontrar respostas filosó-
ficas que satisfizessem as principais indagações existenciais e do contexto
84
Agostinho de Hipona: helenismo e cristianismo
Aula
85
Introdução à Filosofia
86
Agostinho de Hipona: helenismo e cristianismo
Aula
vida beata - exige o exercício das quatro virtudes cardeais: prudência, força,
temperança e justiça. É verdade que, se Agostinho conseguiu superar o
dualismo maniqueu com relação a existência de dois princípios universais,
12
estabeleceu uma cisão interna à vontade humana, isto é, baseando-se na
afirmação paulina de que “eu não faço o que quero, mas faço o que de-
testo” Agostinho mantém a tensão entre um mal-querer e a boa vontade.
O vício é fruto de uma vontade perversa (ex voluntate pervesa) que mantida
pelo hábito se converte em necessidade (L.A. VIII, 5, 10). A lei do pecado
relaciona-se, assim, com a violência do hábito. Diz Agostinho: “procurei o
que era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão
da vontade desviada da substância suprema” (L.A. VII, 16,22). Finalmente,
o mal liga-se diretamente a criatura finita, temporal e mortal.
b) Tempo e história
A noção de tempo agostiniana é resultado do esforço cristão por su-
perar a noção clássica de tempo como um ciclo eterno. A suplantação de
um tempo cósmico por um tempo histórico é uma necessidade e tem como
fundamento o pressuposto de um Deus único e criador.
Ou seja, a criação é uma marca divina que não pode ser pensada em
termos de um eterno retorno, como defendiam os gregos, mas sim, como
acontecimento inicial que tem como centro a figura do Cristo revelado na
história.
Para Agostinho, o tempo não é algo fácil de ser definido. Quando
ninguém se pergunta sobre sua natureza, ele se mostra claro e distinto, mas
quando pensado, questionado, a ignorância é a primeira a manifestar-se.
Não sabemos o que é o tempo! Normalmente dividimos o tempo em três
momentos: passado, presente e futuro.
No entanto, ao refletirmos so-
bre a natureza do passado, somos
obrigados a afirmar que já não existe
isso que chamamos passado; do
mesmo modo, quando pensamos o
sentido do presente, nos deparamos
com a certeza de que, graças ao
fluxo constante, ele também não é
algo passível de ser apreendido. Do
futuro, resta-nos somente a esper-
ança de vivenciá-lo, já que o mesmo,
também não existe. A conclusão ini-
cial é: o tempo tende para o não ser.
Mas como compreendê-lo já
que não podemos prescindir da Agostinho inaugura uma nova reflexão sobre o tempo. Ao perguntar-se
temporalidade? Somos porque pela natureza do tempo, Agostinho diferencia o tempo nos seus aspectos
cronológico, natural e psicológico. (Fonte: http://halley214.weblogger.
somos no tempo e no tempo nos terra.com.br).
87
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
No decorrer de nossa aula, vimos que o pensamento agostiniano nasce
e se estrutura a partir do di-álogo com pensadores como Platão, Plotino,
Cícero e Sêneca. O fim da filosofia, para Agostinho, é conduzir o homem à
vida bem aventurada e isso significa superar os vícios e paixões que arrastam
o espírito para as coisas transitórias e efêmeras. O tempo e a moralidade
são partes constitutivas da história da salvação. Nesta perspectiva, a alma
humana ocupa lugar de privilégio já que é nela que se dá o tempo de todos
os tempos, isto é, o tempo da salvação.
88
Agostinho de Hipona: helenismo e cristianismo
Aula
RESUMO
ATIVIDADES
PRÓXIMA AULA
Na aula 13, veremos as principais características da filosofia de Tomás
de Aquino, um dos pensadores mais importantes da Filosofia Medieval.
89
Introdução à Filosofia
REFERÊNCIAS
90
Aula
O DIÁLOGO ENTRE RAZÃO E
FÉ EM TOMÁS DE AQUINO 13
META
Expor as principais questões da filosofia em Tomás de Aquino.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
identificar as principais características da filosofia tomista; e
definir a leitura tomista do corpus aristotélico.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá ter noções sobre os problemas filosóficos presentes na obra de
agostinho de Hipona.
INTRODUÇÃO
Alberto Magno
Grande teólogo e
filósofo medieval.
Mestre de Tomás
de Aquino. (1193
ou 1206)
(Fonte: http://www.fiocruz.br).
92
O diálogo entre razão e fé em Tomás de Aquino
Aula
RAZÃO E FÉ 13
Conhecido, principalmente, pelo método de provas e ob-jeções presente
na sua mais importante obra a Suma teológica e pela sua raiz aristotélica, Aristotelismo
seu pensamento é muito mais que um comentário ou desvirtuamento da
Filosofia de Aristóteles. Diríamos que se trata de uma leitura determinante Corrente filosófica
que possibilitou, graças à junção de elementos agostinianos e platônico- derivado da leitura
aristotélicos, fundamentar as principais questões da teologia cristã. É das obras de Aris-
importante ressaltar que a relação entre Tomás e o aristotelismo não é tóteles.
totalmente pacífica.
A escolástica teve que combater, graças aos ataques de Averróis, as
teses aristotélicas tão bem aceitas na Universidade de Paris. Foi contra a
leitura racionalista mulçumana árabe, que inviabilizava toda possibilidade
de diálogo entre filosofia aristotélica e a fé cristã, que se dirigiram as críticas
de Tomás de Aquino.
Que racionalismo foi esse? Contrariando uma visão associativa entre
a filosofia aristotélica e o texto sagrado (islâmico ou cristão) que encontra-
mos, através dos viés neoplatônicos, presentes em Avicena e Averróis, os
averroístas foram capazes, por isso incomodaram, de separar filosofia e
religião promovendo, assim, uma profunda crise teórica durante século XIII.
Averróis
Diversas condenações foram ditadas contra a tentativa de estabelecimento
de uma filosofia autônoma. Nascido em Córdo-
No fundo, a crença, por parte da religião, da superioridade da ordem ba/Espanha. (1126-
sobrenatural ao mundo físico, inviabilizava toda tentativa de estabelecimento 1198 d.C). foi um
de uma origem naturalista para o conhecimento. É neste ambiente que dos responsáveis di-
reto pela introdução
Tomás de Aquino se insere como inovador e conciliador frente à crise estab-
do pensamento aris-
elecida pela filosofia árabe. Dentre todos os pensadores criticados, Averróis totélico na Europa.
foi o que mais ataques sofreu. As fortes palavras de Petrarca (1304-1374) Além de comentar-
ilustram bem o que estamos dizendo: “Averróis, aquele cachorro raivoso dor dos textos de
que, movido por um abominável furor, latiu contra Cristo seu Senhor e Aristóteles, Averróis
contra a fé católica “ (Alonso: 1998, p. X). escreveu obras so-
bre: Medicina, Teo-
É preciso ressaltar que, embora discordando de muitos aspectos da
logia, Astronomia e
leitura averroísta, Tomás foi capaz de conciliar e manter-se autônomo, tanto Direito.
com relação ao pensamento de Averróis como do próprio Aristóteles. Como
exemplo desta harmonia entre aristotelismo e cristianismo, temos as célebres
provas ou vias para a existência de Deus, que serão objetos desta nossa aula. Inatismo
Antes de adentrarmos nas provas da existência de Deus, nos parece
interessante confrontar a argumentação de Tomás de Aquino frente às Doutrina que de-
demais provas em voga na época, particularmente as apresentadas na fende a existência de
Suma, ou seja: a prova do “inatismo” de João Damasceno e a proposicional idéias inatas.
de Anselmo de Cantuária.
O que diferencia as provas elaboradas por Tomás de Aquino dos
demais argumentos propostos? Sigamos o texto da Suma. Na questão II,
93
Introdução à Filosofia
94
O diálogo entre razão e fé em Tomás de Aquino
Aula
95
Introdução à Filosofia
96
O diálogo entre razão e fé em Tomás de Aquino
Aula
97
Introdução à Filosofia
Está claro que na base geral destes dois argumentos reside a negação do
processo ad infinitum, embora não possamos dizer que temos uma redução
das cinco vias a um argumento dividido em cinco partes.
A terceira prova se baseia no possível e no necessário (ex possibili et
necessário). Ou seja, vemos que certas coisas podem ser e não ser, podendo
ser geradas e corrompidas. Ora, impossível é existirem sempre todos os seres
de tal natureza, pois o que pode não ser, algum tempo não foi. Se, portanto,
98
O diálogo entre razão e fé em Tomás de Aquino
Aula
todas as coisas podem não ser, algum tempo nenhuma existia. Mas, se tal
fosse verdade, ainda agora nada existiria, pois o que não é só pode começar
a existir por uma coisa já existente; ora, nenhum ente existindo, é impossível
13
que algum comece a existir, e portanto, nada existiria, o que, evidentemente,
é falso. Logo, nem todos os seres são possíveis, mas é forçoso que algum
dentre eles seja necessário. Ora, tudo o que é necessário ou tem de fora
a causa da sua necessidade ou não a tem. Mas não é possível proceder ao
infinito, nos seres necessários, que tem a causa da própria necessidade,
como também o não é nas causas eficientes, como já se provou. Por onde
é forçoso admitir um ser por si necessário, não tendo de fora a causa da
sua necessidade, antes, sendo a causa da necessidade dos outros; e a tal ser,
todos chamam Deus.
Podemos exemplificar esta prova da seguinte
maneira:
a) O possível é contingente – pode ser ou não ser
– contrário, portanto, ao necessário.
b) O possível não tem sua existência por si mesmo,
mas por uma causa eficiente.
c) Logo o necessário existe – é o que chamamos
Deus.
O argumento se mantém na estrutura ante-
rior de redução causal, mas acrescenta um detalhe
novo, a saber: nenhum ente existindo, é impossível que algum comece a
existir; esta afirmação nos conduz a um problema que está presente na
tradição de pensadores como Alfarabi, Avicena e no pensamento judeu de
Maimônides, e que diz respeito à distinção entre essência e existência nas
coisas criadas, isto é, alguns seres nascem e padecem graças à sustentação
de um ser que sempre é: Deus.
Esta conclusão se alinha perfeitamente com a terceira prova de Tomás,
ou seja, se todas as coisas podem não ser, em algum tempo nenhuma existia.
A refutação deste argumento segue os já apresentados na Suma, ou
seja, tudo o que é tem sua causa naquele que é o grau máximo e verdadeiro
(máxime et verissime). Moses Maimónides
Segundo o filósofo, o que é causado não pode existir sempre porque
isso significaria que a potência passiva existiu sempre. Nasceu em Córdoba
(Espanha) em 1138
A quarta prova da existência de Deus se fundamenta nos graus que
e morreu em 1204.
se encontram nas coisas. A referência aristotélica para esta tese Tomás Um dos grandes ex-
encontrará na Metafísica de Aristóteles Livro II, 993b 19-31: “De modo poentes do pensam-
que cada coisa tem verdade na mesma medida em que tem ser”. A refer- ento judaico.
ência aristotélica possibilita, a Tomás, pensar em um grau hierárquico que
tem como base a adequação entre ser e verdade. Diz ele: “assim, nelas se
encontram em proporção maior ou menor o bem, a verdade, a nobreza e
outros atributos semelhantes”. A reflexão que bem poderia ser platônico-
99
Introdução à Filosofia
Além do mais, ainda que todas as coisas fossem em sumo grau assim
e não assim, o mais e o menos são inerentes a natureza dos entes
(...) . Por conseguinte, se o que é mais uma coisa está mais próximo
dela, haverá ao menos algo verdadeiro, do qual estará mais próximo
o que é mais verdadeiro.
100
O diálogo entre razão e fé em Tomás de Aquino
Aula
101
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
RESUMO
ATIVIDADES
1. A partir da leitura do texto, exponha as 5 vias para a demonstração da
existência de Deus segundo Tomás de Aquino.
PRÓXIMA AULA
Na aula a seguir, será apresentado o surgimento do pensamento
científico moderno a partir da crítica de Galileu ao racionalismo dogmático.
102
O diálogo entre razão e fé em Tomás de Aquino
Aula
REFERÊNCIAS
103
Aula
FILOSOFIA E CIÊNCIA
NO RENASCIMENTO 14
META
Apresentar o surgimento do pensamento científico moderno à luz da crítica de
Galileu ao racionalismo dogmático.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
identificar as características da Revolução Científica;
reconhecer as principais contribuições da filosofia para a ciência;
e demonstrar o papel decisivo de Galileu para construção da ciência moderna.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar os assuntos relativos à Idade Média.
INTRODUÇÃO
106
Filosofia e ciência no renascimento
Aula
14
Aristarco de Samos (310-230 a.C) foi o primeiro a propor o sol como centro do
sistema planetário, (heliocentrismo) mas foi somente com Nicolau Copérnico (1473-
1543)que a teoria ganhou força. (Fonte: http://bp2.blogger.com).
107
Introdução à Filosofia
FILOSOFIA E CIÊNCIA
108
Filosofia e ciência no renascimento
Aula
109
Introdução à Filosofia
110
Filosofia e ciência no renascimento
Aula
CONCLUSÃO
A partir do que foi dito, podemos concluir que todo es-forço de Galileu
14
justifica-se na busca de libertação da ciência do racionalismo dogmático-
metafísico ao qual permaneceu submetida a tradição filosófico durante
muito tempo. Longe do ideal de uma razão fechada em um sistema de con-
ceitos, Galileu propõe sua substituição por uma “sistemática aberta” que
se desenvolveu simultaneamente com o aprofundamento e o alongamento
do método experimental. O conhecimento científico não se limita mais a
conceitos genéricos e abstrações arbitrárias do dado empírico, mas por
“leis universais” que determinam a íntima relacionalidade da experiência. A
filosofia de Galileu é ciência, ou seja, é fruto da razão e da experiência. O
livro da natureza se revela por meio da matemática e da experiência graças
ao aperfeiçoamento dos sentidos e por meio de instrumentos e cálculos.
RESUMO
A obra de Galileu está intimamente ligada à Revolução Científica.
Galileu, impulsionado pelo pensamento copernicano, destruiu as bases
do pensamento aristotélico-tomista e contribuiu para o estabelecimento
do “método científico” de investigação que tinha como características a
experimentação e a demonstração. Adepto de uma visão matematizada
do universo, Galileu reestruturou o pensamento científico ao harmonizar,
mediante a análise e síntese, os dados empíricos e os dados racionais.
ATIVIDADES
111
Introdução à Filosofia
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
112
Aula
FRANCIS BACON E O
PROGRESSO CIENTÍFICO 15
META
Expor a concepção baconiana de filosofia e sua relação como a ciência moderna.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
definir a noção de método em F. Bacon;
descrever a concepção de Filosofia;
analisar a crítica de Bacon à tradição anterior;
e definir a noção de Ciência.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá ter noções acerca do pensamento científico moderno à luz da crítica
de Galileu Galilei ao racionalismo dogmático.
INTRODUÇÃO
(Fonte: http://www.ff.ul.pt).
114
Francis bacon e o progresso científico
Aula
FRANCIS BACON 15
Caro aluno, Francis Bacon critica veementemente, como veremos
mais adiante, toda a tradição filosófica anteri-or. Pensadores como Platão,
Aristóteles, Cícero, Tomás de Aquino entre outros, serão alvos dos seus
ataques. Vejamos o que diz ele no Organum XVI : “Tudo o mais que o
homem até aqui tem usado são aberrações, não foram abstraídas e levantadas
das coisas por procedimentos devidos”. Nesta mesma obra, Bacon chama
atenção para os efeitos práticos das invenções da impressão, da pólvora e
da bússola. A impressão proporcionou a literatura, a pólvora a guerra e a
bússola a navegação. Pergunta ele: será que essas coisas foram produzidas
pelo método de investigação tradicional? Sua resposta é não.
115
Introdução à Filosofia
116
Francis bacon e o progresso científico
Aula
117
Introdução à Filosofia
118
Francis bacon e o progresso científico
Aula
119
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
Apartir do exposto, podemos compreender o modo de como se dá o
progresso científico para Francis Bacon. Sem dú-vida, ao expor o conhe-
cimento científico como um processo progressivo – a verdade como filha
do tempo – e não como fruto de autoridade, seja teológica ou filosófica,
Bacon criou um novo horizonte para o conhecimento. O rompimento com
a tradição dogmática e, principalmente, a busca pela libertação dos ídolos,
que impedem o desenvolvimento do saber, contribuiram decisivamente
para a construção da ciência moderna. Uma ciência que, comprometida
com a técnica, com o domínio dos processos, com o exame cuidadoso dos
seus passos, promoveu um avanço significativo e que ainda hoje permanece
devedor das investigações iniciadas por pensadores com Bacon.
120
Francis bacon e o progresso científico
Aula
RESUMO
ATIVIDADES
1. Exponha a crítica de Bacon ao método indutivo.
2. Qual o sentido da frase: o homem como interprete da natureza?
3. Exponha a teoria dos Ídolos.
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, serão apresentadas as regras do método cartesiano.
REFERÊNCIAS
121
Aula
O RACIONALISMO CARTESIANO
E AS REGRAS DO MÉTODO 16
META
Expor as regras do método cartesiano
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
fundamentar os passos constituintes do método cartesiano;
e definir o argumento do “Cogito”.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar os assuntos relativos à ciência moderna.
Introdução à Filosofia
INTRODUÇÃO
124
Francis bacon e o progresso científico
Aula
CARTESIANO 15
Descartes movido pelo desejo de estabelecer uma base segura para o
conhecimento assumiu o desafio de en-frentar o ceticismo que reinava no
século XVII, graças a influência, principalmente, de Micbel Montaigne e
da sua experiência como aluno em La Flèche, como podemos ler na Primeira
parte do Discurso: “aprendi a não crer demasiado firmemente em nada
do que me fora inculcado só pelo exemplo e pelo costume” (Discurso do
Método, op.cit. p. 47). E mais adiante afirma: “Mas, depois que empreguei
alguns anos em estudar assim no livro do mundo, e em procurar adquirir
algumas experiências, tomei um dia a resolução de estudar também a mim
próprio e de empregar todas as forças de meu espírito na escolha dos Michel de
caminhos que devia seguir” (Ibidem, p 48). Montaigne
É possível conhecer? Como garantir a validade dos nossos juízos? Autor dos Ensaios,
Questões como estas colocavam em xeque os pilares do conhecimento Montaigne é con-
científico, no entanto, não intimidavam nem abalavam o desejo de Descartes siderado, por muitos,
em reconstruir os alicerces para o conhecimento. Frutos deste desejo nasce- como cético posto
ram suas obras mais importantes que são: Regras para o direcionamento que defendia que
do espírito (1628), Discurso do método ou Discurso sobre o método o único fim da sa-
bedoria é aprender
para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência (1637) e a não julgar. Não
Meditações sobre a filosofia primeira (1641). haveria, segundo ele,
Para esta aula introdutória, faremos uma breve exposição dos principais critérios objetivos
argumentos que compõem o Discurso do Método, bem como, demon- capazes de justifica-
straremos a aplicabilidade do método nas Meditações, particularmente, na rem uma escolha em
formulação da mais conhecida certeza encontrada por Descartes, a saber: detrimento de outra
a não ser a tradição e
Penso, logo existo. o costume. Segundo
Montaigne, nunca
O MÉTODO CARTESIANO devemos estar con-
vencidos das nossas
opiniões. (1533-
Como já afirmamos, filosofar para Descartes é pensar metodicamente. 1592).
O modelo para este novo modo de pensar, R. Descartes encontrou na
matemática.
A matemática, para ele, era formadora do espírito, visto que suas ver-
dades se manifestavam de modo absoluto e espontâneo.
Por essa razão, afirma o filósofo que foram os matemáticos os únicos
capazes de encontrar, na busca do conhecimento, razões certas e evidentes
(Regra IV). Vale ressaltar que Descartes não reduz seu método à matemática,
ou seja, o método cartesiano não é um método matemático, mas se espe-
lha neste modelo. O método, como o termo grego meta hódos expressa
caminho e, enquanto tal, aplicável universalmente a todas as ciências. No
campo da matemática, por exemplo, Descartes inaugurou com a aplicação
do Método a chamada geometria analítica e fundou outros conhecimentos
no campo da Álgebra e da Aritmética.
125
Introdução à Filosofia
Árvore em que os ramos representam cada um a moral, medicina e a mecânica, o tronco representa
a física e as raízes a metafísica. (Fonte: http://educaterra.terra.com.br).
126
O racionalismo cartesiano e as regras do método
Aula
127
Introdução à Filosofia
128
O racionalismo cartesiano e as regras do método
Aula
consideração atenta dos erros que os sentidos produzem, bem como, das
ilusões produzidas por nossos sonhos. Sobre isso podemos ler no Resumo
que antecede as Meditações: “Ora, se bem que a utilidade de uma dúvida tão
16
geral não se revele desde o início, ela é todavia nisso muito grande, porque
nos liberta de toda sorte de prejuízo e nos prepara um caminho fácil para
acostumar nosso espírito a desligar-se dos sentidos, e, enfim, naquilo que
torna impossível que possamos ter qualquer dúvida quanto ao que desco-
briremos, depois, ser verdadeiro” (Meditações, op.cit. p. 161)
De modo que, podemos perguntar: sendo os sentidos enganosos,
como demonstra a experiência, como sustentar que existe algo capaz de
ser fundamento para as ciências? Como sair da dúvida? Um fato é certo,
enquanto que os céticos mantinham a dúvida como princípio e fim das
suas reflexões, Descartes a toma como momento provisório de acesso à
verdade. Sendo, portanto, uma dúvida provisória, o que poderia ser aceito
como indubitável? Responder esta questão é “caminhar”, isto é, é por em
ação o método.
O “COGITO”
129
Introdução à Filosofia
conosco.
b) Adventícias: são aquelas provenientes do exterior e que nos remetem a
coisas totalmente distintas de nós.
c) Fictícias: são construídas por nós e Descartes as considera ilusórias e
arbitrárias.
Destes três tipos de idéias nos deteremos somente na primeira classe.
É para fundar o caráter objetivo das faculdades cognoscitivas que Descartes
proporá a resolução do problema da existência de Deus.
130
O racionalismo cartesiano e as regras do método
Aula
cartes conclui, seguindo sua distinção entre os três tipos de idéias, que o
mundo também possui uma realidade concreta, dado que, se as idéias ad-
ventícias parte do exterior é possível chegar a existência do mundo corpóreo.
16
Além do mais, o corpóreo é objeto das demonstrações geométricas. Neste
sentido, o mundo interior é definido como res cogitans e o mundo mate-
rial como res extensa. A conclusão que chega Descartes é que o universo
é feito de uma só matéria e que a conhecemos pelo fato de ser extensa.
No entanto, cumpre observar que, embora indispensáveis, os sentidos são
fontes de estímulos, mas não a sede do conhecimento. O processo deve
ser seletivo e ordenado segundo a aplicação do método com o intuito de
chegar a idéias claras e distintas.
131
Introdução à Filosofia
ATIVIDADES
CONCLUSÃO
132
O racionalismo cartesiano e as regras do método
Aula
RESUMO
PRÓXIMA AULA
Na aula 17, será apresentado o criticismo de Immanuel Kant.
REFERÊNCIAS
133
Aula
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO
KANTIANO 17
META
Apresentar o criticismo kantiano.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
definir os principais problemas da filosofia kantiana;
reconhecer o projeto de uma filosofia transcendental; e
analisar a relação entre razão e lei moral na filosofia prática kantiana.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar os assuntos relativos à ciência moderna.
INTRODUÇÃO
(Fonte: http://upload.wikimedia.org).
136
Introdução ao pensamento Kantiano
Aula
PENSAMENTO KANTIANO 17
A origem da expressão criticismo se refere aos dois perí-odos do Racionalismo
pensamento kantiano, isto é: um período chamado de pré-crítico que cor-
Postura filosófica que
responderia à primeira fase (1760) marcada pelas influências sofridas, além defende a razão como
da física newtoniana, do racionalismo dogmático de Leibniz e Wolff, bem única fonte para o
como, o empirismo de Locke, Hume, Rousseau e Shafterbury. E o outro conhecimento.
período, denominado crítico, por sua vez, diz respeito a fase caracterizada
como o “despertar do sonho dogmático” e está marcada pela redação das Empirismo
suas obras mais importantes: Crítica da Razão Pura (1781), Crítica da Razão
Teoria que defende
Prática (1788) e a Crítica do Juízo (1790). a fundamentação do
Para nossa exposição do pensamento kantiano, tomaremos como conhecimento a partir
pontos de partida as três questões antes citadas: O que posso saber? O e exclusivamente dos
que devo fazer? E o que posso esperar? Iniciemos pela primeira questão. sentidos.
Perguntar pelo saber é, por um lado, dialogar com a tradição prec-
edente, isto é, com a metafísica dogmática clássica e, por outro, estabelecer
quais são de fato os problemas possíveis de serem postos e solucionados
pela razão humana. É na Crítica da razão pura que vemos a preocupação
kantiana em formular uma filosofia capaz de dar conta não somente dos
objetos, mas do conhecimento que temos destes objetos, isto é, no fundo, a
tarefa kantiana é delimitar as possibilidade do conhecimento e, deste modo,
diferenciar a ciência daquilo que, desde Platão, é denominado de pseudo-
ciência. A esta análise das possibilidades do conhecimento chamamos de
filosofia transcendental.
Jonh Locke
Considerado, jun-
tamente com Da-
vid Hume e George
Berkeley, um dos
fundadores do em-
pirismo inglês.
(1632-1704).
137
Introdução à Filosofia
138
Introdução ao pensamento Kantiano
Aula
139
Introdução à Filosofia
considerada pelo sujeito como válida unicamente para a sua vontade; mas
são objetivos, ou leis práticas, quando essa condição é reconhecida como
objetiva, isto é, válida para a vontade de todo o ser racional”.
Essas leis, Kant nomeia de imperativos categóricos, ou seja, princípios
determinados pela razão que os tornam necessários em si e por si, isto é,
sem fins exteriores. Poderíamos traduzir estes tipos de imperativos nos
seguintes termos: devemos agir de tal modo que a nossa ação possa ser
considerada universal. A parte dos imperativos categóricos existe o que
Kant chama de imperativos hipotéticos, isto é, regras baseadas no uso da
razão, mas que estabelecem fins externos à ação. Exemplo: pensemos neste
princípio regulador: “não mentirás”. Ora, o ato de não mentir pode ter dois
sentidos ou interpretações: a) não mentir visando ganhar a confiança de uma
platéia “X” que são meus clientes ou não mentir unicamente para seguir a
lei moral. Ou seja, não mentir por dever e não por interesse. De modo que,
segundo Kant, os desejos podem ser múltiplos e variáveis, mas somente os
princípios ditados pela razão são universais, pois repulsam no dever.
O grande desafio para o homem é ser capaz de atingir uma ordem em
que a razão, pensada como parte de um mundo inteligível, realizaria a ordem
universal da humanidade. Nisto reside a liberdade humana, isto é, em ser
capaz de atualizar a racionalidade não como meio, mas como fim do próprio
ser humano. A grande chave para entendermos o projeto moral kantiano é
saber que a consciência da lei moral não nasce do estudo intelectual, mas é
inerente ao ser humano. De modo que a diferença entre a filosofia antiga e a
kantiana reside no fato de que a primeira fornece preceitos morais (Epicuro,
Sêneca, Epicteto...) para uma vida, a segunda, analisa a forma da lei moral.
O formalismo kantiano tem, assim, sua função de demonstrar o poder
legislador da razão e, enquanto tal, propiciar a consciência da liberdade hu-
mana. Consciência esta que não se confunde com desejos ou prazeres, mas
é um sentimento distinto de ordem puramente intelectual. O fundamento
da lei moral é a própria lei moral.
140
Introdução ao pensamento Kantiano
Aula
CONCLUSÃO
Mas, qual o fim do agir moralmente? Para Kant, o fim da lei moral,
17
embora não realizável plenamente, pos-to que homem enquanto ser sen-
sível tende submeter a razão aos desejos da sensibilidade (o mal radical),
é a felicidade.
Vale ressaltar que contrariamente aos antigos, não é a bondade que
determina o agir moral, mas é o agir moral que determina a bondade. Nesta
perspectiva, não sendo a bondade algo conseqüente do ato virtuoso, qual
seria sua causa? A guisa de resposta dirá Kant: Deus. Chegamos a dois pos-
tulados da moralidade kantiana: Deus e a imortalidade da alma. Kant admite
que somente em um mundo inteligível é possível a unidade entre virtude
e bondade. Sendo assim, a moralidade funda a religião como princípio de
uma fé racional que garante seu projeto de busca pela perfeição.
RESUMO
Vimos que, para Kant, a filosofia tem como tarefa suprema definir qual
o objeto da reflexão racional. Esta tarefa é, por um lado, uma crítica radi-
cal ao pensamento metafísico anterior e, por outro, a fundamentação das
bases para um novo modo de pensar a relação entre os juízos e os objetos.
Diríamos que Kant ao pôr a razão nos seus limites possibilitou uma reflexão
capaz de justificar a ciência, a filosofia, a religião e uma metafísica isenta de
falsos problemas e de obscurantismos em seus juízos. Com o criticismo,
Kant fundamentou a moralidade naquilo que é radicalmente a raiz de todo
ato justo, a saber: a razão. No entanto, por participar do sensível e do mal
radical, inerente à natureza humana, a realização plena da perfeição não
é algo possível ao homem enquanto ser finito e morta, e para justificar o
esforço na realização deste ideal, Kant postula a imortalidade da alma e a
existência de Deus como causa de toda bondade e garantia de todos fins.
ATIVIDADES
1. Classifique os juízos kantianos.
2. Defina o criticismo.
3. Qual a relação entre razão pura e razão prática?
4. Em que se fundamenta o agir moral para Kant?
141
Introdução à Filosofia
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
142
Aula
FILOSOFAR COM O MARTELO
18
META
Apresentar a crítica nietzscheana à História da filosofia, bem como sua
concepção de transvaloração de todos os valores.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
descrever a noção do trágico em Nietzsche;
definir as bases para o projeto de transvaloração de todos os valores;
e analisar o projeto nietzscheano da vida como Grande estilo.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar os assuntos abordados no módulo 1 e as aulas vistas
até o momento.
INTRODUÇÃO
144
Filosofar com o martelo
Aula
A MÁSCARA DE DIONÍSIO
145
Introdução à Filosofia
(Fonte: http://www.unipar.br).
EURÍPEDES E SÓCRATES:
INVERSÃO E MORTE DO TRÁGICO
146
Filosofar com o martelo
Aula
147
Introdução à Filosofia
Estátua de Zeus - Fídias, Olímpia - Grécia 480 A.C.- Reprodução ilustrativa. (Fonte: http://
www.vivercidades.org.br).
A TRANSVALORAÇÃO DE
TODOS OS VALORES
148
Filosofar com o martelo
Aula
149
Introdução à Filosofia
Ascetismo
o pensamento ocidental de valores que negam a vida e o poder criador do
homem. A destruição da tradição anterior significa abrir novos caminhos
Do grego askesis se para um novo homem e para um novo tipo de saber. Para Nietzsche, a vida
refere a um estilo de se identifica com o que ele chama de “vontade de poder”, isto é, com um
vida marcada pela “querer-ser-mais-forte”. Por isso sua admiração para com os gregos, em
austeridade e nega- particular, Heráclito de Éfeso, que pensou a vida como uma luta constante
ção dos prazeres
mundanos ou corpo-
entre forças opostas. Contra todo ascetismo que tem como fundamento
rais como condição uma vontade de “aniquilamento”, ou seja, o estabelecimento de valores
para a tranqüilidade negativos, Nietzsche propõe o “super-homem”, isto é, aquele capaz de ir
da alma. além de si mesmo enquanto modelo de decadência.
Zaratustra
Personagem pro-
tagonista de uma das
obras mais impor-
tantes de Nietzsche:
Assim falou Zaratu-
stra (1885). Na re-
alidade, Nietzsche se
inspirou na imagem
de um profeta persa
de nome Zoroastro
que viveu no século
VII a.C.
Niilismo
150
Filosofar com o martelo
Aula
151
Introdução à Filosofia
CONCLUSÃO
Caro aluno, a partir do que foi visto podemos dizer que, para Nietzsche,
a arte transfigura o real. A tra-gédia como modelo de uma arte forte, arte
essencial, longe de todo Romantismo e Classicismo históricos. Por isso,
a escolha pelos gregos como inspiração, pois eles souberam conceber o
mundo como arte. Como um jogo de forças e expressão de uma visão
estética do real. A arte como glorificação em que o espantoso ou absurdo
resultam sublime. Por fim, acreditamos que a análise niezscheana funda um
novo ciclo no pensamento Ocidental, em que a alegria sobrepõe a dor e a
arte toda pretensão de aniquilamento.
RESUMO
Nietzsche, como crítico da tradição filosófica Ocidental, postula um
novo modo de conceber o conhecimento, baseando-se na experiência grega
da arte, particularmente, na tragédia. A arte como revelação das forças
pulsantes da natureza em que o bem e o mal, o justo e o injusto, o belo e o
feio, são princípios que compõem a totalidade enquanto harmonia e guerra.
Um novo modo de pensar que postula a transvaloração de todos os valores
e a sedimentação de um pensamento superior a toda codificação moral e
ascética, que de um modo ou de outro, negam a vida em detrimento de
um “além mundo”. O mundo como realidade fenomênica é o ponto de
partida para o postulado nietzscheano da arte como criação e afirmação
da existência na sua forma mais absurda e abissal.
ATIVIDADES
152
Filosofar com o martelo
Aula
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
Brum, J. T. O pessimismo e suas vontades. Schopenhauer e Nietzsche.
Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Colli, G. Introducción a Nietzsche. Trad. Romeo Medina. Valencia: Pre-
textos, 2000.
Giacoia, O. J. Labirintos da alma. Nietzsche e a auto-supressão da
moral. Unicamp: Editora da Unicamp, 1997.
Machado, R. Nietzsche e a verdade. Rio de Janeiro: Graal, 1999.
__________. O nascimento do trágico. De Schiller a Nietzsche. São
Paulo: Zahar, 2006.
153
Aula
CAMINHOS DA FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA: O MARXISMO
OCIDENTAL E O PROBLEMA DA RELAÇÃO
19
ENTRE A RAZÃO, A POLÍTICA E A TOTALIDADE DO
REAL
META
Expor alguns conceitos fundamentais do pensamento filosófico do século XX.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
definir a crítica marxista das sociedades capitalistas modernas;
analisar os principais pontos das reflexões filosóficas da herança hegeliana; e
estabelecer as principais características da filosofia do século XX.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar os assuntos relativos à Filosofia Moderna.
INTRODUÇÃO
156
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
157
Introdução à Filosofia
158
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
159
Introdução à Filosofia
160
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
Círculo de Viena
Grupo de intelec-
tuais ligados à ciên-
cia que se reuni-
ram em Viena, na
Áustria, nos anos
20, e lançaram um
famoso manifesto,
a Concepção Cientí-
fica de Mundo, pelo
qual anunciavam sua
tarefa de destruição
da visão metafísica
de mundo, colo-
cando a filosofia no
Tempos modernos.Charles Chaplin- E.U.A. 1936. (Fonte: http://deminvest.files.wordpress.com). rumo certo da ciên-
cia. Formuladores
do que ficou conhe-
cido como Positiv-
ismo Lógico.
161
Introdução à Filosofia
Democracia
Sistema político
no qual o poder de
decisão pertence à
maioria.
Oligarquia
Sistema político no
qual o poder de de-
cisão pertence a um
grupo ou a uma mi-
noria. Distingue-se
da monarquia, em que
o poder de decisão
pertence a uma pes-
soa só.
162
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
163
Introdução à Filosofia
164
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
165
Introdução à Filosofia
166
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
mesmo a religião pode mais livrar o ser humano do medo, pois a religião
ela mesma não passa, hoje, de encarnação dos medos, angústias e desejos
humanos (demasiado humanos).
19
A razão tenta se livrar do medo através da dominação total do real (não
tolera que nada lhe escape), e ao tentar fazer isso, cai em um processo de
coerção tão ameaçador e restritivo quanto o cego destino mítico do qual
queria se livrar. Para a totalidade fechada da razão qualquer coisa que esteja
‘fora’ dela é uma ameaça, que deve ser ou absorvida ou negada. A própria
razão se torna o deus ameaçador mítico que aterroriza a si mesmo. O ideal
kantiano de ‘autonomia da razão’ tornou-se assim, com o aprofundamento
do capitalismo, auto-repressão da razão por si mesma. Mas Adorno é um
crítico do iluminismo que permanece (dialeticamente) iluminista (à diferença
de um Nietzsche), pois suas denúncias das perversões da razão retomam
e reafirmam o ideal de emancipação da razão – assimilando, porém, de
Nietzsche, a crítica à racionalidade iluminista como ‘vontade de poder’.
O alvo central da Dialética do Esclarecimento é a chamada ‘razão in-
strumental’, a razão formal e calculista, como instrumento de dominação
(que serve apenas aos interesses de quem a utiliza). Uma razão ‘instrumen-
talizada’ é assim impedida de pensar a multiplicidade complexa do real: a
lógica não nasce, afinal, da vontade-de-verdade, mas da vontade-de-poder.
Toda ordem imposta pela lógica à realidade não seria senão um momento
desta ‘vontade de domínio’ (a razão tentando conter seus medos), uma
razão covarde, que só se acalma quando violenta a realidade e a troca por
uma falsidade agradável. A própria doutrina marxista (o ‘socialismo cientí-
167
Introdução à Filosofia
fico’) não seria mais que outro momento da racionalidade ocidental com
vontade-de-dominação.
O pensamento, diz Adorno, no último fragmento de outro livro, Mínima
Morália (1947), cujo subtítulo é Reflexões a Partir da Vida Danificada, “pre-
cisa compreender sua própria impossibilidade, a fim de salvaguardar sua
possibilidade”(ver). Quer dizer que todas as feridas do mundo só poderão
ser devidamente reconhecidas no dia (que ainda não chegou) em que pud-
erem ser efetivamente curadas, o que Adorno chama de um conhecimento
“na perspectiva da redenção”.
A razão instrumental só é capaz de pensar os ‘meios’ mais ou menos
adequados para tais e tais ‘fins’ já determinados, mas é incapaz de colocar
estes próprios ‘fins’ em questão. Com isso, é a totalidade do corpo social
que está ‘alienada’. A conseqüência é que a dominação capitalista condiciona
inclusive aquilo que aparentemente resiste a ela: a arte pseudo-contestatória,
os partidos ‘de esquerda’, o movimento estudantil etc que, enquanto acham
que contestam o sistema estão apenas confirmando-o e permitindo seu
aperfeiçoamento e cristalização. Em nenhum caso o pensamento escapa
ao contexto geral de alienação.
A idéia central do terceiro livro de Adorno, a Dialética Negativa (1966),
é a perda de qualquer esperança em uma síntese conciliatória que se pro-
duza ao final do jogo insaciável de teses e antíteses (nem como o ‘Espírito
Absoluto’ de Hegel, nem como o ‘Comunismo’ de Marx). Uma dialética
‘negativa’ é uma dialética-sem-fim, sem momento totalizador, e esta seria a
direção adequada para um pensamento que seja ‘racional’, mas não ‘domi-
nador’ e sim ‘emancipatório’. O momento importante da dialética não está
na tão esperada ‘síntese’, mas justamente na ‘antítese’, ou seja, no momento
da negação de qualquer tentativa de apreensão da realidade em uma ‘tese’
qualquer. “É da determinação da dialética negativa não tranqüilizar-se a si
mesma como se ela fosse total; essa é sua figura da esperança” (Adorno,
1985b: p. 396)
Assim, neste último texto considerado, Adorno parece admitir já uma
saída para essa coerção da razão por si mesma: um pensar que não desiste
de seus próprios instrumentos para ir além de si mesma - sob a condição de
jamais descansar na pretensa síntese totalizante, fazendo com que a razão
sempre volte a funcionar, volte a girar em qualquer ponto mais ou menos
confortável de seu caminho. É preciso, diz Adorno, “ir além do conceito,
através do conceito” (Adorno, 1985b: p. 25), ‘esperança’ esta que parecia
estar completamente ausente da Dialética do Esclarecimento, mas que já
começava a aparecer, ainda que timidamente, na Mínima Morália. Adorno
começa com uma crítica radical à razão ‘esclarecida’ para chegar, enfim,
a uma certa esperança de salvação do conceito de razão, capaz de indicar
suas limitações e sua auto-superação. A ‘superação-da-razão’, destruição que
destrói para melhor conservar, é uma superação que não visa mais nenhuma
168
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
CONCLUSÃO
169
Introdução à Filosofia
RESUMO
170
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
171
Introdução à Filosofia
ATIVIDADES
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, serão apresentados os principais pontos da Filosofia
de Wittgenstein e o caráter pragmático da linguagem, segundo o filósofo.
REFERÊNCIAS
172
Caminhos da filosofia contemporânea: o marxismo ocidental...
Aula
173
Aula
WITTGENSTEIN E A
FILOSOFIA DA LINGUAGEM 20
META
Apresentar os principais pontos da Filosofia de Wittgenstein.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
descrever a relação entre Filosofia e Linguagem em Wittgenstein; e
definir o caráter pragmático da linguagem segundo Wittgenstein.
PRÉ-REQUISITOS
O aluno deverá revisar os assuntos relativos aos conceitos fudamentais do
pensamento filosófico do século XX.
INTRODUÇÃO
Olá, caro aluno! Estamos hoje realizando nossa vigésima aula e, tam-
bém, nosso último encontro. Para fina-lizarmos nossos encontros, hoje
estudaremos a relação entre Filosofia e Linguagem em Wittgenstein; e para
iniciarmos nossa aula, faremos a seguinte colocação: fazer da linguagem
um problema filosófico é uma coisa; mas fazer dos próprios problemas
filosóficos um problema de linguagem é outra coisa bem diferente.
Ludwig Desde a Antigüidade clássica (séculos V e IV a.C.) a linguagem é um
Wittgenstein
problema para a filosofia; mas só na contemporaneidade (século XX d.C.),
Filósofo austríaco depois de vinte e cinco séculos, a filosofia passa a compreender que os prob-
(1889-1951). Con- lemas filosóficos são de natureza lingüística. A esta mudança de paradigma
tribuiu nos campos na compreensão da natureza da própria filosofia é que se deu o nome de
da Lógica, Filosofia ‘guinada lingüística’ da filosofia contemporânea, algo que foi ardorosamente
da linguagem e Epis- abraçado por alguns e, com a mesma intensidade, combatido por outros.
temologia. Comba-
A criação desta nova área do pensamento, a ‘Filosofia da Linguagem’,
teu junto ao exército
austríaco na 1ª Guer- no século XX, é um dos principais ingredientes para a compreensão dos
ra Mundial, tendo caminhos e descaminhos da filosofia contemporânea e, por isso, nesta aula,
sido prisioneiro dos vamos estudar o trabalho de um filósofo em particular, o austríaco Lud-
italianos. Publicou wig Wittgenstein, considerado como um dos principais responsáveis por
o Tratado Lógico- esta ‘virada para a linguagem’ da filosofia no século XX. Faremos algumas
Filosófico, em 1921,
considerações da vida e da obra deste autor peculiar, que entrou na filosofia
sua única obra ed-
itada em vida. de modo não convencional, defendeu uma concepção bastante própria e
iconoclástica (destruidora de ídolos), deu origem a duas correntes básicas
e em vários aspectos antagônicas de filosofia da linguagem no século XX
e, mesmo tendo escrito mais de 40.000 páginas, só publicou menos de 100
delas em vida. Em seguida, justificaremos a afirmação de que a linguagem
sempre foi um problema para a filosofia (Os Problemas da Linguagem
como Problemas de Filosofia), para melhor marcar que só no século XX,
a filosofia chegou a deslocar seu próprio centro para os problemas da
linguagem (Os Problemas da Filosofia como Problemas de Linguagem).
Logo adiante, veremos um pouco melhor essa concepção de Filosofia de
Wittgenstein e alguns de seus temas principais.
176
Wittgenstein e a Filosofia da Linguagem
Aula
20
WITTGENSTEIN
177
Introdução à Filosofia
russo e italiano, viu de perto sua pátria ser totalmente destruída por esta
guerra. Aprisionado pelos italianos, termina de escrever o TLP em 1918.
Os temas centrais deste livro, como ele os apresenta no Prefácio, são ‘a
natureza geral da representação’, os ‘limites do pensamento e da linguagem’,
a ‘natureza da necessidade lógica’ e a ‘natureza das proposições da lógica’.
Este livro foi a principal inspiração do Círculo de Viena, núcleo em que
se formou o movimento conhecido como Positivismo Lógico. Ao mesmo
tempo influenciou decisivamente a chamada Filosofia Analítica inglesa,
sediada em Cambridge. O Tractatus é considerado o marco principal da
‘guinada lingüística’ contemporânea, direcionando as tarefas da filosofia
para o estudo da Lógica de nossa linguagem e dos usos que fazemos dela.
178
Wittgenstein e a Filosofia da Linguagem
Aula
179
Introdução à Filosofia
180
Wittgenstein e a Filosofia da Linguagem
Aula
181
Introdução à Filosofia
Esta postulação grega clássica de dizer que algo é (ou seja, que algo
tem de ser, de modo eterno e indestrutível) enquanto fundamento de nosso
pensar, de nosso dizer e de nosso agir, foi mantida ao seu modo no período
medieval, porém não mais como ‘onto’-logia, e sim como ‘teo’-logia (um
lógos que revela a divindidade, Théos). Assim o fundamento deixa de ser o
‘Ser’ (em sentido cosmológico) e passa a ser o ‘Espírito Divino’ (o ‘Théos’
interpretado como o ‘Deus-pai’ da revelação judaico-cristã). Ainda que o
fundamento tenha sido teologizado, e com isso envolvido em ‘mistérios’
que a razão humana não pode mais decifrar, mas apenas aceitar pela perse-
verança na fé, aquela necessidade, bastante grega, de que ‘algo exista’ em si
e por si, como condição de que nossa vida (intelectual e moral) tenha algum
182
Wittgenstein e a Filosofia da Linguagem
Aula
sentido, foi mantida por séculos, desde Agostinho (séculos IV-V d.C.) ao
menos até o Renascimento (séculos XV-XVI d.C.). A exigência ontológica
grega de um fundamento estável para o pensar e para o agir humano foi
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transformada em exigência teológica, mas a precedência do ‘algo que é’ foi
mantida, naquilo que foi batizado, por Heidegger, como ‘onto-teo-logia’ (o
‘lógos’ sobre o ‘ser’ passa agora pelo ‘divino’), e marcou profundamente
toda a visão ocidental do mundo e do sentido da vida - até chegar a ser
posta radicalmente em questão pelo racionalismo moderno dos séculos
XVII e XVIII d.C.
Na Modernidade (séculos XVII, XVIII e XIX), Descartes (séc. XVII)
começa duvidando radicalmente de qualquer possibilidade de fundar o con-
hecimento (e a moral) na ‘natureza das coisas’ (sejam estas coisas concebidas
como algo natural ou como algo sobrenatural)
desviando assim o lugar do fundamento, e com
ele o centro da filosofia, do Ser (como ontologia
ou como teologia) para o Pensar: a única certeza
inicial, imediata e indubitável, que podemos ter
(e que deve ser adotada como verdadeiro ponto
de partida por qualquer ser racional capaz de
reflexão, ou de ‘luz natural’), ensina Descartes,
é a de que “Penso, logo existo”. O ‘cogito’
(‘penso’, na primeira pessoa do singular) car-
tesiano marca assim a ‘guinada psicologista’ da
filosofia moderna (depois da ‘guinada teológica’
da filosofia medieval), desviando o foco do
tradicional problema do ser para o problema da
representação mental que fazemos do ser (único
acesso que temos a ele). O fundamento da razão
moderna não é mais ontológico (ou teológico)
e sim psicológico: a certeza de cada um de ser
um ser pensante (uma res cogitans) capaz de ter
idéias claras e distintas sobre a realidade (como (Fonte: http://upload.wikimedia.org).
o atesta a eficácia da matemática e da geometria).
Esta guinada psicológica cartesiana para o plano da ‘consciência’ (do
pensar), colocada agora em primeiro lugar, marcará toda a modernidade
(seja na versão empirista, como em Locke e Hume, seja na versão idealista,
como em Leibniz e Kant), provocando o deslocamento do centro da filoso-
fia do ser (Onto-Teo-Logia) para o pensar (a Teoria do Conhecimento). A
‘Filosofia Crítica’ de Kant (no século XVIII, o auge do Iluminismo) toma
como tarefa central traçar os limites do que podemos conhecer, assumindo
que, para nós humanos racionais, os limites do que é ou não é coincidem
com os limites do que pode ou não pode ser conhecido. A filosofia crítica
de Kant provocou escândalo entre os filósofos do século XVIII, espantados
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Introdução à Filosofia
(Fonte: http://acertodecontas.blog.br).
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Wittgenstein e a Filosofia da Linguagem
Aula
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Introdução à Filosofia
A CONCEPÇÃO DE FILOSOFIA DE
WITTGENSTEIN E ALGUNS DE SEUS TEMAS
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(Fonte: http://ficcino.files.wordpress.com).
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CONCLUSÃO
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Introdução à Filosofia
RESUMO
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Wittgenstein e a Filosofia da Linguagem
Aula
ATIVIDADES
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Introdução à Filosofia
REFERÊNCIAS
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Ed. Unicamp, 2005.
WITTGENSTEN, L. Investigações filosóficas. São Paulo: Ed. Abril
Cultural, 1975.
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