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The Gospel Trilogy

The Gospel Trilogy


By Cleon Skousen

Esta palestra foi apresentada em primeira mão a convite do Presidente Mike Glauser para
aproximadamente 180 missionários na Missão Geórgia Atlanta, em 2 e 3 de Novembro do ano
2000. As horas da manhã foram para cobrir a estrutura básica desta apresentação. A parte da
tarde foi para responder perguntas.

TRILOGIA UM
Os Blocos de Edificação Do Universo

Introdução

Uma das coisas de maior significado em sair para uma missão é a oportunidade de realmente
aprender a respeito do Evangelho. E nós o aprendemos em dois níveis.

O primeiro nível é o que Paulo chama de “LEITE” do Evangelho – aprendendo QUAIS os


verdadeiros requisitos do Evangelho que nos levam de volta à presença do Pai; por exemplo,
fé, arrependimento, batismo, o dom do Espírito Santo, obedecendo aos mandamentos e
perseverando até o fim. De fato, não minimizamos a sagrada importância do nível LEITE
porque ele diz a você em termos mais simples O QUÊ deve fazer para chegar ao Reino
Celestial.

O segundo nível é o que Paulo chamou da “CARNE” que explica o PORQUÊ cada princípio do
Evangelho é essencial e COMO ele opera. Assim, o leite é O QUÊ do Evangelho. A carne é o
PORQUÊ e o COMO. A diferença entre leite e carne é feita muito claramente nas escrituras. Eis
como Paulo fez a distinção entre esses dois diferentes níveis no estudo do Evangelho. Ele
disse:

“Eu vos alimentei com leite e não com carne; porque até hoje não fostes hábeis para digeri-la,
nem mesmo agora sois hábeis.” (I Coríntios 3:2)

“Porque devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais que se vos tornem a ensinar
quais sejam os primeiros rudimentos da palavra de Deus; e vos haveis feito tais que
necessitais de leite, e não de alimento sólido. Porque todo aquele que ainda se alimenta de
leite não é experiente na palavra da justiça, porque é menino. Mas o alimento forte é para os
aperfeiçoados, mesmo aqueles que em razão do costume têm os sentidos exercitados para
discernir o que é bem e o que é mal. Por isso “NÃO” (conforme Joseph Smith) deixando os
princípios da doutrina de Cristo, PROSSIGAMOS EM BUSCA DA PERFEIÇÃO; sem voltar
(repetidamente) às fundações do arrependimento, de obras mortas e da fé em Deus.”(Hebreus
5:12-14 mais 6:1).

Isaias diz que a carne pertence àqueles “que compreendem a doutrina e que já estão
desmamados...porque preceito precisa ser dado sobre preceito, linha sobre linha”. (Isaías
28:9-10)

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Por certo o grande desafio para Joseph Smith como líder profético desta dispensação, foi que
ele não recebeu novo conhecimento meramente por linha sobre linha e preceito sobre
preceito, mas sim, CAMADA sobre CAMADA. Algumas vezes essas camadas estavam tão
enriquecidas com a carne de doutrinas pesadas do evangelho, que os ligados a Joseph ficavam
chocados com elas e denunciavam tanto a Joseph, quanto as mais recentes camadas de
revelações como falsas e inaceitáveis. Mas o tempo de Joseph era curto. Ele não poderia
esperar por aqueles que ficavam para trás. Conseqüentemente, dez membros do Quorum
original dos Doze Apóstolos tropeçaram. Os dois Apóstolos que se mantiveram valentemente
com o Profeta foram Brigam Young e Heber C. Kimball.

Enquanto numa missão, nos concentramos em ensinar apenas o leite porque essas são as
coisas claras e simples que são essenciais para nos levar de volta ao Reino Celestial do Pai. Elas
nos dizem O QUE fazer. A chave do sucesso no nível do leite é OBEDIÊNCIA, a disposição de
seguir os requisitos essenciais do Evangelho. Note que Paulo ficou preocupado com os santos
no seu tempo porque não conseguia fazê-los ir além do leite, e aprenderem a carne do
Evangelho E COM ISSO CAMINHAREM PARA A PERFEIÇÃO. Note a advertência de Isaias de
que a carne do Evangelho não pode ser digerida na base de engolir sem mastigar. Ela precisa
ser ponderada em oração, preceito sobre preceito e linha sobre linha.

A Bênção de Ter um Grande Professor

Eu passei à carne do Evangelho pouco depois de chegado à Missão Britânica. Tinha apenas 17
anos quando fui chamado para uma missão e ao chegar à Inglaterra, soube que o Elder John A.
Widtsoe estava presidindo sobre todas as missões na Europa e que tinha seu escritório na
Inglaterra. Significava que eu o veria uma vez ou outra.

O Presidente Widtsoe era um Apóstolo e membro do Conselho dos Doze. Ele havia sido
presidente de duas universidades, era um cientista famoso e membro da Real Sociedade da
Inglaterra. Por reputação era considerado um dos mais destacados conhecedores do
Evangelho em toda a Igreja, havendo escrito livros sobre os ensinamentos de Joseph Smith e
os Discursos de Brigham Young.

Certo dia, quando estávamos juntos no mesmo trem, fui ousado o bastante para perguntar ao
Elder Widtsoe uma questão do Evangelho. Eu não sabia naquele tempo, mas minha pergunta
aconteceu de ser a mais profunda questão de todo o Evangelho.

Eu perguntei, “Elder Widtsoe, por que Jesus teve de ser crucificado?”.

Ele parou por um momento e então falou “Quem disse a você para me fazer essa pergunta?”.

Disse, “Bem, ninguém. É minha pergunta.” Quando eu ainda era um menino pequeno no
Canadá, disseram-nos no tempo da Páscoa como Jesus foi lacerado com um chicote, como
puseram uma coroa de espinhos em sua cabeça com sangue escorrendo por sua face, e como
Ele foi pregado na cruz e sofreu a mais terrível agonia. Eu ponderei sobre quem no mundo quis

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todo aquele sofrimento. Se havia um propósito, qual seria? Além do mais, como a crucificação
de Jesus tem qualquer coisa a ver com a minha salvação?”.

Elder Widtsoe pensou por um momento e então, disse: “Eu poderia responder suas perguntas,
mas você não entenderia as respostas. Você não conhece o suficiente a respeito do seu Pai
Celestial”.

Eu disse “Você me ensinaria?”.

Era uma pergunta audaciosa para fazer a uma sobrecarregada Autoridade Geral, mas após um
momento ele disse: “Desde que é sua pergunta, talvez tenha bastante curiosidade e
tenacidade para percorrer a verdadeiramente tediosa tarefa de aprender a respeito – linha
sobre linha e preceito sobre preceito – esta é a única maneira de obter todo quadro”.

Assim, foi como eu cheguei a uma das maiores bênçãos de toda minha vida. Tornei-me um
estudante da carne do Evangelho sob a direção do Apóstolo John A. Widtsoe.

Parte 1

Tudo na Existência é Feito de Apenas Duas Coisas


Um Começo Surpreendente

Elder Widtsoe colocou-me a umas cem milhas distante da minha pergunta original sobre a
crucificação.

Ele perguntou se eu sabia que tudo na existência era feito de apenas duas coisas. Bem, eu
havia recentemente sido diplomado no Ginasial e tinha aprendido em química sobre os
elementos. Eu disse que não havia apenas dois. Químicos haviam identificado mais do que cem
diferentes elementos.

“Oh”, ele disse, “cada elemento é feito de milhões dessas mini partículas de que estou
falando.” Assim perguntei o que eram essas duas minúsculas partículas.

Ele disse, “Quando o profeta Leí estava em seu leito de morte, explicou a seus filhos que tudo
na existência é feito a partir desses minúsculos blocos. Veja se você descobre do que ele os
chamou no livro de 2 Nefi.”

Eu perguntei por que ele não me deu o capítulo e o verso. “Oh, eu não tiraria de você a
emoção de encontrá-los.” Isso foi característico de todo meu treinamento sob John A.
Widtsoe. Ele descreveria o princípio e diria A RESPEITO de onde encontrá-lo, e então deixava
comigo a tarefa de achar. Finalmente achei a declaração de Leí:

“... pois existe um Deus, e Ele criou TODAS as coisas, tanto os céus como a Terra, e tudo o que
neles há, TANTO AS COISAS QUE AGEM COMO AS QUE RECEBEM A AÇÃO.” (2 Nefi 2:14)

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Elder Widtsoe então disse: “O Pai Celestial chamou as coisas que agem por um determinado
nome e as coisas que recebem a ação por um outro nome. Esses são dois blocos dos quais o
Senhor fez tudo no inteiro Universo. Veja se consegue descobrir de que Ele os chama. Você vai
encontrar esses nomes em torno de três quartos de Doutrina e Convênios”

Realmente tive que cavar por aqueles versículos. Finalmente encontrei os nomes desses dois
blocos na seção 93, versículos 29-33.

O Senhor disse que a coisa que “age” é chamada “inteligência” e aquela que recebe a ação é
chamada “elemento” ou matéria primária. Ele disse que esses blocos sempre existiram. São
eternos. (D&C 93: 29,33). Não podem ser criados nem destruídos. Mas podem ser organizados,
DESorganizados e REorganizados.

Desde que a inteligência é o ingrediente que “age”, é assumido que os elementos são inertes,
ou como alguns têm dito, “é só enchimento”. Contudo, Brigham Young disse que esses ínfimos
pontos de matéria primária são “capacitadas para receber Inteligência”. (Journal of Discourses
7:2). De fato, Brigham Young – que era tutorado por Joseph Smith – parece ter tido uma
completa visão da natureza da inteligência e de sua associação com a matéria primária. Ele
disse:

“Há uma eternidade de matéria e toda ela age de acordo e é cheia com uma porção de
divindade. A matéria é para existir; não pode ser aniquilada. A Eternidade não tem limites e é
cheia de matéria; e não há coisa como espaço vazio. E a matéria está capacitada para receber
inteligência... a matéria pode ser organizada e tornada inteligente e possuir mais inteligência, e
continuar a crescer em inteligência... aprenda esses princípios de que a matéria pode ser
organizada como animais, vegetais, em seres inteligentes capacitados para receber
inteligência.” (Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 7, p.2-3)

Existe Inteligência em Todas as Coisas?

Esses princípios foram integralmente compreendidos por Joseph Smith e os primeiros irmãos.
Como o Apóstolo John A. Widtsoe disse:

“Foi compreendido claramente pelo Profeta (Joseph Smith) e os com ele que a inteligência é a
força vivificante de toda Criação - animada ou inanimada – a rocha, a árvore, a besta e o
homem têm graus ascendentes de inteligência.” (Joseph Smith, Seeker After Truth, Deseret
News Press, pags. 150- 151)

E Brigham Young disse:

“Existe vida (ou inteligência) em toda a matéria através da vasta extensão de todas
eternidades; está na rocha, na areia, na água, no ar, nos gases e em resumo, em todas as
descrições e organizações de matéria, seja sólida, liquida ou gasosa, partícula operando com
partícula ” (Journal of Discourses, vol. 3, pg.277)

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Como o Pai Administra Sua Vasta Hoste de Inteligências

Essas inteligências têm cada uma junto a si partículas de matéria. Depois de isso ter ocorrido,
Abraão refere-se a elas como “inteligências organizadas”. (Abraão 3:22). Deus pode falar a
essas inteligências e depois delas terem sido arduamente treinadas, podem dispor-se em
conformidade com as altamente complexas instruções que recebem do Pai, do Filho, ou de
membros do Sacerdócio que estejam autorizados a executar certos atos sob a direção do Pai
ou do Filho.

O Senhor diz que esse elaborado processo de treinamento de suas eternas entidades para
disporem-se em conformidade com a complexidade dos desígnios de Deus, é através de
“inteligência apegando-se à inteligência” de acordo com um padrão prescrito. (D&C 88:40). Os
cientistas estão identificando gradativamente esses padrões complexos e têm desmembrado
sua intrincada composição. Os padrões são únicos para cada entidade através da natureza e
são referidos como seus DNA.

Parte 2
Como eu Fico Ciente Da Minha Própria Inteligência Individual?

Perguntei ao Elder Widtsoe com que se pareceria uma “inteligência”. Ele disse que me olhasse
no espelho, já que eu era uma inteligência. Eu disse “você diz, todo eu?”, ele respondeu, “Não,
apenas o pequeno ”Eu sou” em você que o Pai Celestial tem treinado desde que o retirou das
trevas exteriores”.

Ele continuou: “Sabemos que você foi valente durante seu treinamento como uma inteligência
porque o Pai lhe deu um corpo de espírito semelhante ao Dele”. “E porque você foi valente
também no mundo dos espíritos, Ele permitiu que tivesse um corpo físico formado por
milhões de inteligências organizadas, em seu tabernáculo temporal, servindo a você fielmente
aqui na Terra.”

“Bem”, eu perguntei, “onde ESTÁ minha inteligência pessoal?”

Ele disse, “Coloque sua mão no alto de sua cabeça. Isso está acima ou abaixo de você?” Eu
disse, “Está acima de mim”

Ele disse, “segure o seu queixo. Isso está acima ou abaixo de você?” Respondi, “está abaixo de
mim.”

“Segure a sua orelha” Eu disse, “está ao lado de mim.” Então o Elder Widtsoe perguntou,
“Onde está esse pequeno EU que você esteve falando a respeito?”

Eu disse, “deve estar aí em algum lugar.”

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Ele respondeu, “Eu acho que sim.”

Perguntei, “minha mão é parte de MIM?” Ele disse, “Não. Essa mão é SUA, mas não é do EU
ou pequeno EU SOU que você esteve falando a respeito.”

Perguntei ao Elder Widtsoe por que chamamos o EU em cada um de nós de “um pequeno EU
SOU.”

Ele disse, “Feche os olhos. Agora me diga se você pensa que realmente existe. É interessante
que você realmente SABE que existe. Como o famoso filósofo, René Descartes, declarou:
“Penso, logo existo – Eu penso, por isso eu sou.” Descartes foi um Francês que viveu de 1596 a
1650 e é considerado por muitos como o pai da filosofia moderna. Ele acreditava que tudo
consistia de duas coisas: substância pensante, ou a mente, e substância estendida, ou matéria.
Uma coisa ele sabia com certeza, o fato de que ele pessoalmente existia. E por uma cuidadosa
subsequente série de proposições, estava certo de que Deus também existia.”

A esta altura, Elder Widtsoe disse: “Agora, com os olhos fechados, primeiro observe sua
própria consciência de si mesmo e então note que tudo o mais existe FORA de você. Está fora
de sua entidade autoconsciente. Como Descartes você também sabe que VOCÊ É, ou dizendo
de forma mais pessoal, você pode dizer, EU SOU. Isso é o que a sua inteligência individual
dizendo. Você não sabe somente que existe, mas Deus diz que você SEMPRE existiu. Você não
precisava ser criado porque sempre esteve lá. E Deus esteve sempre lá. Ele não foi sempre
Deus, mas foi sempre uma entidade existente. Quando Moisés perguntou a Deus qual era o
Seu nome, Ele disse: “EU SOU o que EU SOU.” (Êxodo 3:14). Em outras palavras, Ele tem sido
sempre um Ser autoexistente e agora nós sabemos que Ele ascendeu sob a direção de seu Pai
até tornar-se um Deus. Agora, Elder Skousen, seu pequeno “EU SOU“ está naquele mesmo
curso de progresso eterno. Se você for fiel, pode tornar-se como seu Pai Celestial.”

Um Adicional Exame de Onde Nós Viemos

Perguntei ao Elder Widtsoe: “Se nós sempre existimos, de onde viemos?” “Escuridão Exterior”,
ele respondeu. Perguntei “Como nós sabemos disso?”

Ele disse, “O Senhor revelou o que acontece aos filhos da perdição e através de seguir a trilha
de suas desintegrações, aprendemos de onde NÓS viemos. Por exemplo, o pai Leí estava no
seu leito de morte quando se dirigiu aos seus dois filhos iníquos, Lamã e Lemuel. Disse que eles
estavam em perigo de tornarem-se filhos da perdição. Eles tinham visto um anjo e ouviram a
voz de Deus os repreendendo por muitas horas. Leí por isso disse que se eles continuassem
tentando matar Nefi, e se recusassem a se arrepender de seus horríveis pecados, se tornariam
filhos da perdição. Então disse a eles o quê isso significava. Disse que eles seriam despojados
de seus corpos ressuscitados, AMBOS, CORPO E ALMA.” (2Nefi 1:22)

Brigham Young descreve o processo de privar os filhos da perdição de ambos, corpo e alma,
como foi mencionado pelo pai Leí. Ele disse:

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“Eles serão decompostos, ambos, alma e corpo, e retornarão para seus elementos nativos. (Em
outras palavras, os elementos de seus corpos ressuscitados serão unidos com a Terra
ressurreta)... Eles serão desorganizados e será como se nunca houvessem existido, enquanto
nós viveremos e reteremos nossa identidade e contenderemos contra aqueles princípios que
tendem à morte e dissolução... Quero preservar minha identidade, de forma que possa ver
Brigham nos mundos eternos, assim como você o vê agora.” (Journal of Discourses, volume
7:57)

Posteriormente ele explicou que Satanás e seus anjos seriam despojados de seus espíritos. Em
ambos os casos isso deixa a inteligência individual sem qualquer corpo que seja. Ambos
perdem sua identidade anterior com nada restando além da inteligência individual em estado
de completa nudez.

Sem dúvida isso é o que o Senhor disse quando falou:

“Sim, e torna operantes as condições do arrependimento, de que todo aquele que se


arrepende não é cortado nem atirado ao fogo; mas todo aquele que não se arrepende é
cortado e atirado ao fogo; e recai sobre eles novamente uma morte espiritual; sim, uma
segunda morte, porque novamente são separados das coisas concernentes à retidão.”
(Helamã 14:18)

E novamente:

“... porque logo chegará o fim; e eles serão cortados lançados no fogo, de onde não há
retorno..” (3 Nefi 27:11)

Neste ponto não pude evitar de perguntar “O que acontece com esses espíritos despojados,
privados dos corpos, inteligências desnudadas?”

Elder Widtsoe então chamou minha atenção para Doutrina e Convênios, 88:32 onde é dito que
essas entidades afligidas “RETORNARÃO NOVAMENTE para seus próprios lugares.”
A escritura diz o que isso significa:

“Estes irão para as trevas exteriores, onde há choro e pranto e ranger de dentes.” (D&C
133:73)

Disso tudo aprendemos que as escrituras ensinam claramente que todos nós viemos
originalmente das trevas exteriores e que os filhos da perdição retornam NOVAMENTE para o
lugar de onde todos nós viemos.

A Batalha de Satanás para Evitar a Desorganização do seu Corpo de Espírito

A escritura diz que no final do Milênio, Satanás lançará uma guerra feroz para evitar a
desorganização do seu corpo de espírito, conforme descrito por Brigham Young. Sua guerra
será também para evitar a desorganização dos corpos de seus seguidores, incluindo os filhos

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da perdição ressuscitados.

A escritura diz:

“E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as nações que
estão sobre os quatro cantos da Terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar,
para ajuntá-las em batalha. E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos
e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou.” (Apocalipse 20:7-9)

Essa é a destruição que Satanás e suas hostes estão determinadas a evitar. Mas eles perderão
a guerra. Então serão abatidos. Satanás e a terça parte dos filhos do Pai Eterno que o seguiram
perderão seus corpos de espírito, enquanto que Caim, Judas Iscariotes e todos os filhos da
perdição (que estiveram do lado do Salvador na guerra do céu e por isso foram qualificados
para obter corpos mortais) perderão seus corpos ressuscitados, por que traíram a Deus, e por
isso, serão ressuscitados sem qualquer grau de glória ou capacidade para continuar existindo.
(D&C 88:24) Assim, serão lançados fora restando-lhes nada além da inteligência nua, sem
nenhum corpo. Assim, o que acontece com essas desnudadas inteligências? Citamos
anteriormente a escritura que descreve seu destino:

“E estes irão para as trevas exteriores, onde há choro e pranto e ranger de dentes.” (D&C 133:
73)

Em outro lugar é dito:

“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o
falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados PARA TODO O SEMPRE.” (Apocalipse 20:
10)

Certamente não seria justo para Deus lançar os corpos dos filhos da perdição nas trevas
exteriores, só porque a inteligência mestra, encarregada de cada um daqueles espíritos, ou
filho da perdição ressuscitado, tenha cometido um pecado imperdoável. Aquelas minúsculas
inteligências naqueles corpos haviam sido inicialmente obedientes a Deus. Por isso, o material
nos espíritos e nos corpos ressuscitados das hostes de Satanás serão enviados de volta à Terra
e após isso, serão glorificados quando a Terra for celestializada;

A grande tragédia de tudo isso é que todos aqueles que se tornaram servos de Satanás, jamais
poderão voltar:

“E agora, eis que vos digo que nunca, em tempo algum, declarei de minha própria boca que
eles voltariam, pois onde eu estou eles não podem vir, porque não têm poder.” (D&C 29:29).

Eles não podem ser levantados em algum futuro turno de Criação e reciclados. Tendo traído a
Deus depois de terem sido investidos com tremendas bênçãos espirituais, perderam para
sempre seu lugar no programa de Deus para o progresso eterno. Centenas de milhões de

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outras inteligências estão esperando sua vez. Por terem traído a Deus, os filhos da perdição
perdem completamente suas bênçãos eternas.

Podem Deus Ou Seus Servos Rearranjar os Blocos de Edificação?

Finalmente, eu disse ao Elder Widtsoe “Desde que todas as coisas são feitas de dois simples
blocos de edificação, consistindo de inteligência e partículas de matéria primordial, há algum
momento em que Deus tenha transformado alguma coisa em outra inteiramente diferente?”

“Sim”, replicou Elder Widtsoe. “Deus tem feito isso para seus profetas de sorte que eles
pudessem compreender a extensão do poder supremo do Pai. Por exemplo, temos a passagem
de Moisés em Êxodo, capítulos 3 e 4.” Eis o que aconteceu:

“Quando Moisés tinha 80 anos de idade, o Senhor o enviou para voltar ao Egito e livrar os
filhos de Israel escravizados.

Moisés havia deixado o Egito quando tinha 40 anos sob condenação à morte por ter matado
um mestre de escravos egípcio. Por isso Moisés tinha com medo de voltar ao Egito. O Senhor
garantiu a Moisés que iria com ele, mas Moisés ainda continuava com medo. O Senhor
determinou-se a demonstrar ao Seu profeta recentemente chamado que, tendo o poder de
Deus indo com ele, seria uma fantástica vantagem.

Para ilustrar Seu poder, Deus ordenou que Moisés deitasse sua vara de pastor ao solo. Quando
fez isso, a vara transformou-se de fibras de madeira em células da carne de uma serpente. Isso
amedrontou Moisés que começou a fugir, mas o Senhor disse a ele que pegasse a serpente
pela cauda e quando o fez, a carne da serpente voltou a ser as fibras de madeira da sua vara
de pastor.

O Senhor então disse a Moisés para colocar a mão no peito. Moisés estava prestes a aprender
algo muito importante sobre a mão humana. Para começar, ela é feita de pó, apenas pó
comum. Quando o espírito sai, a mão volta a ser pó. Mas esse pó está saturado com
inteligências. Assim, o Senhor disse àquelas diminutas entidades, “não voltem ao pó, mas sim,
simulem lepra”. Elas o fizeram e quando foi ordenado a Moisés que retirasse a mão do peito,
ficou horrorizado ao vê-la tomada por lepra incurável. Ele deve ter se maravilhado com o que
Deus estava fazendo com ele. O Senhor então mandou Moisés colocar novamente a sua mão
no peito, o que timidamente fez. Então, o Senhor comandou as células leprosas que se
tornassem carne saudável como antes. O Senhor disse a Moisés que retirasse a mão do peito,
e quando ele viu que agora era uma bela carne rosada, ficou grandemente aliviado e grato
acima de qualquer expressão.

O Senhor prometeu a Moisés outros milagres, se fossem necessários, como tornar água em
sangue. (Êxodo 4:9)

Contudo, isso foi o suficiente para demonstrar o poder de Deus em comunicar-se com as
inteligências na matéria e desta forma, mudar madeira em carne e posteriormente, fazer água

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jorrar de uma rocha sólida. (Números 20:11). Em análise final, tudo é feito de apenas duas
coisas e Deus pode comunicar-se com a vasta hoste de inteligências para fazê-las tornarem-se
qualquer coisa que deseje.

Onde os Deuses Estão Edificando Seus Reinos?

Foi também no começo de minha missão que passei por uma declaração do Senhor na Seção
71 de Doutrina e Convênios, dirigida a Joseph Smith e Sidney Rigdon. Ela diz:

“... que abrais a boca para proclamar meu evangelho e as coisas do reino, expondo seus
MISTÉRIOS PELAS ESCRITURAS” (D&C 71:1)

Eu disse ao Elder Widtsoe não saber de quaisquer mistérios nas escrituras. Elas pareciam
muito claras para mim. Certamente isso era um missionário de 17 anos falando.

Elder Widtsoe sabia que esse jovem missionário precisava de uma lição de humildade.

Ele disse, “Elder Skousen, vá para a seção 88 de Doutrina e Convênios. Há muitos mistérios
nessa seção e quero que você explique um deles para mim. Por exemplo, quero que leia o
versículo 37 descrevendo o “espaço” de Deus.” “Oh,” eu disse, “espaço é fácil de definir. É
tudo daqui para fora.” “Errado”, disse Elder Widtsoe. “Leia o versículo 37”, diz:

"E há muitos reinos; pois não existe espaço em que não haja reino; e não existe reino em que
não haja espaço, seja um reino maior ou um reino menor.”

Uma análise cuidadosa deste versículo nos diz duas coisas. Primeiro que "espaço” é uma
região definida ao longo das eternidades onde a família dos Deuses está edificando sua vasta
rede de reinos e, segundo, que eles não edificam nenhum reino fora desse “espaço”, ou a
sagrada região sob seu controle exclusivo. Este é um significado um tanto oculto da frase:
“Não há reino onde não há espaço.” Elder Widtsoe disse que este é um dos mistérios nas
escrituras.

Perguntei ao Elder Widtsoe, por que Deus chamaria a essa passagem um “mistério nas
escrituras”. Elder Widtsoe disse, “Bem, aquela passagem contém uma revelação definindo
“espaço” e embora você a tenha lido muitas vezes, nunca a compreendeu. Até o dia de hoje foi
um mistério para você.” Eu estava começando a pegar a ideia.

O Que é Espaço Exterior?

Isso me levou a perguntar ao Elder Widtsoe, “Já que o espaço é a sagrada região de trabalho
dos Deuses, o que existe fora ou além do espaço?”

Elder Widtsoe disse que os Deuses chamam a região além desse espaço de “trevas exteriores.”
Assim, perguntei: “O que existe nas trevas exteriores?” Ele disse “Vastas e ilimitadas
quantidades de inteligências DESorganizadas e partículas de matéria primária DESorganizadas.
Esses são os dois blocos de construção ou edificação dos quais temos falado. É desses vastos

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recursos nas trevas exteriores que os Deuses reúnem os elementos vitais ou blocos de
construção para estabelecer cada novo turno de Criação.”

Finalmente perguntei: “Quem está encarregado das trevas exteriores?” Ele respondeu,
“Ninguém. As inteligências primitivas e as partículas de matéria primária existem em sua
totalidade em caos, desorganizadas e sem nenhuma força de organização ou influência para
guiá-las.”

Alguns dos nossos primeiros irmãos sugeriram que o Santo Espírito pudesse estar pairando
sobre a escuridão exterior. Aqui está a resposta de Brigham Young:

“Irmão Orson Hyde estava pousado sobre esta mesma teoria, certa vez, e em conversa
com o irmão Joseph Smith apresentou a ideia de que o Santo Espírito pudesse estar pairando
sobre ilimitadas eternidades que ele enganosamente chamou de espaço ilimitado.”

“Brigham Young disse que após Orson ter apresentado sua visão sobre a teoria, cuidadosa e
detalhadamente, perguntou ao irmão Joseph o que ele pensava daquilo. Ele respondeu que
parecia muito bonita e que não sabia de outra além de uma só séria objeção a ela. “Qual é
ela?” o irmão Hyde perguntou. Joseph respondeu: “Não é verdade.” (Journal of Discourses
4:266)

Isso é o que levou o Senhor a lembrar o profeta Isaías que, “Antes de mim nenhum Deus se
formou (para você), nem haverá outro depois de mim.” (Isaías 43:10)

Em outras palavras, é uma grande benção ser retirado das trevas exteriores por nosso Pai
Celestial e ser escolhido para participar num turno de Criação. Deus quis que Isaías também
soubesse que se ele traísse a Deus, e se tornasse um filho da perdição, nunca mais teria a
oportunidade de que algum outro Deus o retirasse e lhe desse outra chance.

Para ajudar a demonstrar essas destacadas escrituras com respeito ao “espaço” e a


organização dos reinos pela família dos Deuses, fizemos uma tentativa de retratá-las
esquematicamente (em conjunto com algumas escrituras pertinentes). Essa ilustração está
incluída no final deste trabalho [ilustração ausente].

TRILOGIA 2
O Caminho para a Deidade

O Pai revelou tantas coisas a Joseph Smith sobre Si mesmo, que o profeta foi relutante em
compartilhar muitas delas para a Igreja até três meses antes do seu assassinato. Foi na
Conferência de Abril de 1844 que ele fez um sermão no serviço funerário em honra de King
Follett que havia falecido recentemente. Joseph foi inspirado a usar o ambiente espiritual
daquela ocasião sagrada para dizer aos Santos algumas coisas surpreendentes sobre o Pai
Celestial. Ele disse:

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“O próprio Deus foi um dia como somos agora, e é um homem exaltado e senta-se
entronizado em céus distantes!” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, página 336).

Essa afirmação tem estupendas implicações. Significa que o Pai percorreu o mesmo padrão de
progresso eterno que estamos experimentando. Isso significa que nosso Pai Celestial, ou
Elohim, tem também seu Pai Celestial que o retirou das trevas exteriores e deu-lhe a
oportunidade de participar num turno de Criação. Isso lançou nosso Pai Celestial num caminho
de progresso eterno que eventualmente O permitiu tornar-se um ser exaltado. Joseph Smith
disse:

“Os primeiros princípios ou inteligências individuais do homem são autoexistentes com Deus.
Deus mesmo, encontrando-se no meio das inteligências* e glória, devido a ser o mais
inteligente, viu apropriado instituir leis pelas quais o restante das inteligências tivesse a
oportunidade de evoluir como Ele. O relacionamento que temos com Deus nos coloca em
situação de avançar em conhecimento. Ele tem poder de instituir leis para instruir as
inteligências menores para que elas possam ser exaltadas com Ele, de forma que tenham
também glória sobre glória e todo o conhecimento, poder, glória e a inteligência requeridos
para salvá-las no mundo dos espíritos.”

* O registrador colocou originalmente a palavra “espíritos” nesta altura do texto, mas B. H.


Roberts observou que deveria ter sido “inteligências.” (Ver Ensinamentos do Profeta Joseph
Smith, pág. 354 na edição em Inglês).

Essa declaração inspirada contém os seguintes elementos essenciais:

1. Elohim, nosso Pai, esteve uma vez conosco nas trevas exteriores.

2. Ele foi reunido por um Pai Celestial e progrediu durante um turno de Criação no domínio de
Seu Pai.

3. Depois de aperfeiçoar a Si mesmo, obtendo um corpo espiritual e um corpo temporal, foi


ressuscitado e alcançou o mais alto grau no do reino celestial nos domínios de Seu Pai.

4. No plano de progresso eterno, qualquer um dos filhos de Deus que cheguem a esse estado
é elegível para receber os poderes de divindade. Como explicou Brigham Young:

“Na ressurreição, os homens que foram fiéis e diligentes em todas as coisas na carne,
mantiveram seu primeiro e segundo estados e forem dignos de ser coroados como Deuses,
mesmo os filhos de Deus, serão ORDENADOS PARA ORGANIZAR A MATÉRIA” (Journal of
Discourses vol. 15, pag. 137)

5. Uma vez que Elohim recebeu esse poder para organizar a matéria, Ele voltou ao limite do
espaço e reuniu das trevas exteriores aqueles que estavam para compor nosso presente turno
de Criação. Ele também recolheu quantidade suficiente de matéria primária com a qual nossas
inteligências pudessem ser “organizadas”.

12
The Gospel Trilogy

Assim, isso me diz como chegamos onde estamos. Nosso Pai Celestial voltou a nós para
podermos participar de um turno de Criação e progredir como Ele progrediu.

Desde que aprendi essa excitante informação, tenho grande e repetidamente agradecido a
meu Pai Celestial por me incluir neste presente turno de Criação. E tenho agradecido por Ele
ter incluído minha esposa e meus filhos e a hoste do maravilhoso povo que eu vim a conhecer
como meus amigos. Que bênção para todos nós estarmos juntos nesta grande aventura de
progresso eterno.

O Que Significa Alcançar Divindade?

Eventualmente, todos os portadores do Sacerdócio que recebem exaltação e são ordenados


para organizar a matéria, farão exatamente o que nosso Pai tem feito antes de nós. Iremos ao
limite do espaço como o Pai fez e reuniremos das trevas exteriores uma hoste de inteligências,
juntamente com apropriada quantidade de matéria primária, de forma que possamos iniciar
nosso próprio turno de Criação.

Assim aprenderemos por nós mesmos o que é ser como um Deus.

Nossa primeira tarefa será distribuir esses bilhões de inteligências e organizá-las com as
partículas da matéria primária. Então, as ensinaremos a nos amar e obedecer conforme as
unimos umas às outras numa vasta rede de combinações. Então explicaremos a elas como
pretendemos organizar uma galáxia nossa. Isso ajudará a expandir o “espaço” dos Deuses e
adicionar à glória daqueles que vieram antes de nós.

Uma parte muito significativa desse estágio de treinamento será ajudar essas inteligências
individuais a decidir onde querem se ajustar nessa vasta nova ordem de coisas. Alguém pode
achar que todas elas quererão tornar-se Deuses, mas não é assim. Abraão nos diz que como as
inteligências são graduadas, elas escolherão diferentes níveis de existência de acordo com seus
desejos. (Abraão 3: 19-22; Ensinamentos de Joseph Smith, pág. 373 na edição em Inglês)

Algumas quererão ser parte do planeta que eventualmente será ressuscitado. Algumas serão
atraídas para participação no reino da vida vegetal. Outras desejarão ser parte do reino
animal. E uma pequena porção que se constitui das mais destacadas inteligências, aspirará ter
oportunidades comparáveis àquelas do seu Pai Celestial.

O aspecto mais significativo neste épico de formação e tomada de decisão, é o fato que uma
vez que as decisões são tomadas, elas durarão por toda a eternidade. Cada inteligência não
somente escolhe o seu papel no mundo dos espíritos e na vida terrena, mas também nas
eternidades que se seguem após a ressurreição.

Não obstante, cada inteligência terá tido a satisfação de saber que fez sua própria escolha e
fixou o curso de seu desenvolvimento para sempre.

Quando vier o tempo para dar início à criação de espíritos, cada inteligência tomará o seu lugar

13
The Gospel Trilogy

escolhido. Joseph Smith descreve essa notável transição de como as inteligências se movem
ansiosamente de mera antecipação teórica, para participação real. Ele diz:

“A organização dos mundos espiritual e celestial e dos seres espirituais e celestiais, foi de
acordo com a mais perfeita ordem e harmonia: seus limites e condições foram fixados
IRREVOGÁVEL E VOLUNTARIAMENTE para seus estados Celestiais por ELES MESMOS, e foram
subscritos por nossos primeiros pais sobre esta Terra.” (História da Igreja volume VI, pág. 51)

Isso nos diz que depois das inteligências terem escolhido o papel eterno que desejam realizar,
o sinal será dado e elas imediatamente tomarão seus lugares na mais perfeita ordem e
harmonioso procedimento. Então, toda inteligência na elaborada estrutura de Deus para esse
turno de Criação estará pronta para receber sua personificação espiritual. Com esse excitante
e glorioso início da criação espiritual, o Primeiro Estado terá começado.

E com Respeito Àqueles Que Desejam Tornar-se Como o Pai Celestial?

Pode parecer surpreendente que nem todas as inteligências aspirem tornarem-se Deuses.
Contudo, quando refletimos na declaração de Abraão de que as inteligências são graduadas de
acordo com seus atributos, é compreensível porque as inteligências de menor
desenvolvimento resistirão em receber as responsabilidades associadas com os mais elevados
níveis de existência. De fato, o cerne de cada turno de criação é que há oportunidades de
participação que vão do mais simples envolvimento às extremamente complexas
responsabilidades da Divindade.

As escrituras tornam claro que um ser exaltado que é membro do Sacerdócio e foi ordenado
para a Divindade, sem dúvida encontrará pelo menos três crises monumentais que podem pôr
abaixo seu papel como um Pai Celestial e que ameaçam destruir de imediato seu turno de
Criação.

Três Crises Celestiais

A primeira crise será a revolução durante a criação de espíritos. Isso ocorre quando um líder
muito ambicioso decide desafiar o Pai e colocar-se em completo controle do turno de Criação.

Como isso poderia acontecer?

É da natureza das inteligências que sobem para um alto nível que consideram ser igual ou
superior ao do seu Pai Celestial, subitamente aspirarem assumir o controle e substituir aquele
mesmo Ser que os ajudou a ganhar seus altos status de realizações. Obviamente essa
aspiração passional de um espírito arrogante constitui um desafio ao Pai Celestial, desde que
Ele tem de lidar com esta explosiva ânsia, ou ela subverterá completamente e destruirá aquele
particular turno de Criação.

Por isso essa é uma importante crise, mesmo entre seres celestiais. O Pai precisa deter esse
ambicioso usurpador e, se necessário, suprimir e eliminar um violento conflito no céu.

14
The Gospel Trilogy

Restaurar a paz será a primeira crise ameaçadora diante de um Pai Celestial.

A segunda crise ocorrerá durante o segundo estado, quando o Redentor escolhido pelo Pai
vacilar em terror quando se aproxima das agonias associadas ao sacrifício redentor. Contudo,
desde que o Pai sabe o fim desde o princípio, ele compreende que eventualmente o Escolhido
sobrepujará seu terror e completará seu grande chamado. Não obstante, há um momento de
suprema crise quando o turno da Criação fica perigosamente na balança.

A terceira crise vem no fim do Milênio, quando Satanás mobiliza sua vasta hoste de
seguidores para fazer sua última e desesperada tentativa de sobrepujar o Pai e Seu Filho
Redentor. A intensidade da guerra final é magnificada pelo entendimento de Satanás de que,
se perder essa guerra, ele e seus seguidores perderão seus corpos e serão lançados de volta às
trevas exteriores como inteligências desnudas. Para evitar esse horrível juízo de perder sua
própria identidade, eles farão dessa guerra o mais violento levante em toda história humana.

Certamente, o Supremo Ser ao encargo de um turno de Criação saberá o fim desde o princípio.
Ele saberá que todas essas crises serão resolvidas com sucesso, mas esse conhecimento não
fará o desenrolar da solução ser menos violento ou extenuante de suportar, até que termine.

Tudo começou quando Elohim, nosso Pai Celestial, selecionou a mais avançada inteligência
entre os Seus filhos para ser treinado no papel de administrador geral sobre este turno de
Criação. Ele tornou-se o primogênito entre todos os filhos de nosso Pai e recebeu do Pai o
nome de Jeová.

O Treinamento de Jeová

Foi uma longa e de certa forma tediosa tarefa preparar Jeová para a Divindade.
Surpreendentemente, Jeová tinha de obter o status de Divindade mesmo no mundo dos
espíritos, antes que pudesse se tornar o Administrador Geral do Pai neste turno de Criação.

João Batista registrou a seguinte preocupação sobre o treinamento inicial do Salvador. Isso foi
revelado mais tarde a Joseph Smith:

“Eu, João, vi que no princípio Ele não recebeu da plenitude, mas recebeu graça por graça; E
assim foi chamado de Filho de Deus, porque não recebeu da plenitude no princípio.” (D&C
93:12,14)

Desde a restauração do evangelho temos aprendido miríades de detalhes excitantes


concernentes aos estágios iniciais de nosso turno de Criação. Esses aconteceram todos na casa
celestial do nosso Pai, localizada próximo ao imenso astro Kolob que está perto do centro de
nossa galáxia. (Abraão 3:2-3)

Penso sobre esse período de abertura, quando a vasta quantidade de inteligências estava
sendo reunida desde as trevas exteriores e treinada, como sendo o primeiro estágio de nossa
existência como parte do reino de nosso Pai.

15
The Gospel Trilogy

A Criação de Espíritos

Agora, o Pai povoou seu planeta celestial com uma vasta quantidade de filhos. Paulo disse que
esses filhos são todos a “geração” do Pai (Atos 17:29), mas a Jeová é dado o crédito de
organizar a altamente refinada matéria espiritual da qual seus corpos espirituais foram feitos.
Assim lemos:

“Portanto no princípio era o Verbo, pois Ele era o Verbo, sim, o mensageiro da salvação ... Os
mundos foram feitos por Ele; OS HOMENS FORAM FEITOS POR ELE.” (D&C 93:8-10)

A escritura é clara dizendo que Jeová foi o administrador geral de toda a Criação espiritual –
planetas, povo, plantas e animais. (Moisés 2:32-33). Sua íntima relação com as hostes de
inteligências através deste nosso turno de Criação, O fez ser amado por nós assim como Ele
amava o Pai. Como veremos mais adiante, isso era absolutamente essencial para qualificar Seu
papel como o Redentor.

O Primeiro Conselho no Céu

Finalmente o Pai estava pronto para transferir essa poderosa hoste de filhos espirituais para o
seu próprio planeta, onde todos seriam treinados e preparados para o Segundo Estado.
Isso seria um tremendo empreendimento e dessa forma o Pai realizou uma enorme reunião de
conselho com todos os filhos participantes. A escritura diz:

“Ora, o Senhor mostrara a mim, Abraão, as inteligências que foram organizadas antes de o
mundo existir; e entre todas essas ... estava entre eles um que era semelhante a Deus.” .”

Note-se que esse líder não era Deus, mas alguém “como Deus” que indubitavelmente seria
Jeová, ou Jesus Cristo. Essa pessoa sabia o que o Pai queria que fosse feito, assim Ele disse:

“E Ele disse aos que se achavam com ele: Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes
materiais e faremos uma Terra onde estes possam habitar; E assim os provaremos para ver se
farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar;” (Abraão 3: 24-25)

A estruturação desse novo planeta foi um empreendimento colossal. Como Brigham Young
ensinou, foi formado na vizinhança da residência celestial do Pai, que está próxima de Kolob.
(Journal of Discourses vol. 17, pag. 143) A preparação da Terra durou milhões de anos. Ela teria
que prover os recursos para dezenas de milhares de gerações de animais e a espécie humana.

Ao contemplar essa gigantesca tarefa, o Senhor disse:

“Quem enviarei? E um semelhante ao Filho do Homem respondeu: Eis-me aqui, envia-me. E


outro respondeu e disse: Eis-me aqui, envia-me. E o Senhor disse: Enviarei o primeiro. E o
segundo irou-se e não guardou seu primeiro estado; e, naquele dia, muitos o seguiram.”
(Abraão 3:27-28)

16
The Gospel Trilogy

O Trabalho do Primeiro Estado

Enquanto isso havia trabalhos divinos que tinham de ser feitos por Jeová e o conselho dos
“nobres e grandes”, tais como Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Joseph Smith e outros que seriam
os líderes das várias dispensações.

Dezenas de bilhões de filhos do nosso Pai tinham de ser distribuídos e designados para as
várias nações e impérios que ocupariam a Terra durante os sete mil anos de sua existência
temporal.

O trabalho foi posteriormente complicado pelo fato de que impérios e a distribuição da


população tinham de ser calculados em termos da disponibilidade dos líderes do Senhor,
chamados Israel ou Soldados de Deus. Moisés descreve essa desafiante tarefa. Ele diz:

“... pergunta a teu pai, e ele te mostrará; a teus élderes e eles te dirão, quando o Altíssimo
dividiu às nações sua herança, quando ele separou os filhos de Adão, ele estabeleceu os limites
dos povos DE ACORDO COM O NÚMERO DOS FILHOS DE ISRAEL” (Deuteronômio 32: 7-8)

Outra tarefa árdua durante a preexistência foi ordenar todos aqueles que foram designados
para liderança do Sacerdócio durante o Segundo Estado. Sacerdócio é simplesmente um
“chamado ao serviço” e muitos daqueles que eram elegíveis para o Sacerdócio, rejeitaram este
“chamado ao serviço.” Alma descreve esse fenômeno:

“E este é o modo pelo qual foram ordenados - sendo chamados e preparados desde a
fundação do mundo, segundo a presciência de Deus, por causa de sua grande fé e suas boas
obras, ... enquanto outros rejeitaram o Espírito de Deus devido à dureza de seu coração e
cegueira de sua mente; porquanto, se não tivesse sido por isso, PODERIAM TER RECEBIDO
TÃO GRANDE PRIVILÉGIO QUANTO SEUS IRMÃOS. (Alma 13:3-4)

A Guerra no Céu

Depois das preparações para o Segundo Estado estarem em ordem, o Pai chamou outro
grandioso conselho de todos os Seus filhos. O propósito era escolher um Redentor ou
mediador sem o que o total turno de Criação estaria perdido.

Primeiro de tudo, o Pai explicou que em cada turno de Criação tem de haver um Redentor. Ele
então perguntou quem proveria o sacrifício redentor. Subitamente, um fantástico evento
ocorreu. Lúcifer veio à frente.

Satanás odiava a ideia de um sacrifício expiatório que requeresse uma infinita quantidade de
sofrimento pelo mediador que seria, dessa forma, tão compulsivo que as hostes de
inteligências ignorariam os pecados dos que se arrependessem e garantiriam todas as bênçãos
especiais para aqueles que o Salvador pudesse pleitear em benefício, conforme ascendessem
no caminho do progresso eterno.

17
The Gospel Trilogy

É altamente significante que Satanás não tenha mantido seu primeiro estado (Abraão 4:28),
mas sim, gasto seu tempo preparando um esquema que desejava o Pai aceitasse em lugar do
sacrifício expiatório que a família dos Deuses havia usado através das eternidades. Satanás era
tão orgulhoso do seu esquema que quis obter a honra total de tê-lo inventado (D&C 29:36).

O núcleo central do plano de Satanás era suspender o livre arbítrio durante o Segundo Estado
e forçar os filhos de Deus a aceitar a lei celestial, dessa forma, nenhum deles seria perdido por
causa do pecado. Ele cuidadosamente explicou como seu maravilhoso esquema operaria. Sob
o plano de Satanás não haveria:

Nenhuma necessidade para um sacrifício expiatório.


Nenhum pecado seria aceito.
Nenhum mal seria permitido.
Nenhum sofrimento teria que ser suportado.
Nenhum julgamento seria requerido.
Nenhuma punição seria infringida.
Nenhuma falha ocorreria.

A família inteira do Pai seria automaticamente salva no plano de Satanás. De fato, Satanás
omitiu um importante fato. O propósito completo do Segundo Estado era ajudar os filhos do
Pai Celestial distinguirem entre o bem e o mal. Sua exposição ao mal e as consequências de
sua influência os galvanizaria contra as tentações do mal por toda a eternidade. Mas,
obviamente, o plano de Satanás não faria isto. Ele na verdade os impediria da capacidade de
experimentar o mal, ou mesmo reconhecê-lo. Na verdade, sob o plano de Satanás os filhos do
Pai iriam passar pela vida numa camisa de força e não aprenderiam nada.

Por isso, quando Jeová percebeu quão abominável era o plano de Satanás elaborado para
roubar o trono do Pai e impedir a missão divina de Jeová, Ele adiantou-se e Se apresentou
como voluntário para passar pelas agonias do sacrifício redentor e, por meio dele, salvar
integralmente o turno de Criação.

Imediatamente o Pai aceitou a oferta de Jeová e rejeitou o plano subversivo de Lúcifer.


Uma grande porção dessa vasta multidão gostou do plano proposto por Lúcifer. Afinal,
garantia-lhes a salvação sem nenhum esforço da parte deles. Faria todas as escolhas para eles.
Eliminaria a horrenda necessidade de um sacrifício de sangue e oferecia a completa salvação
numa bandeja de prata. Essa multidão concordou completamente com Lúcifer e estava
disposta a ir à guerra para vê-lo adotado.

Assim, a primeira grande crise do Pai espalhou-se através da face do novo planeta. Mas essa
guerra foi realizada de uma forma peculiar. Armas não foram usadas. João, o Amado, diz que o
furioso encontro foi lutado com argumentos e debate contencioso. João diz que os servos de
Deus lutaram com seus testemunhos. (Apocalipse 12:11)

A linha de argumento provavelmente foi assim: Se eles seguissem Satanás, nunca obteriam

18
The Gospel Trilogy

corpos temporais, e até mesmo perderiam seus corpos de espírito.

É interessante saber, os que trabalharam pela causa do Salvador foram chamados “Os
Soldados de Deus” ou “Israel”, até mesmo na preexistência. Eles testificaram com a mais viva
paixão de que a única esperança para os filhos do Pai Celestial estava em aceitar a decisão do
Pai e seguir Jeová.

As perdas nessa guerra foram muito altas. Em sentido real ela foi uma guerra de morte. Um
terço da vasta hoste de filhos de Elohim jogou fora seu legado no Reino de Deus porque
quiseram que o Pai adotasse o plano de Satanás. Nenhum argumento da razão e paciente
prestação de testemunhos os persuadiriam. Finalmente, o Pai sentiu-se compelido a mandar
Miguel forçar a hoste de rebeldes amotinados para o exílio através do véu, para o mundo
temporal.

Lá, pelos próximos seis mil anos, a guerra continuaria e no final dos sete mil anos, Satanás e
seus seguidores enfrentariam seu destino final.

TRILOGIA 3
A Missão Secreta de Jesus Cristo

Introdução

O primeiro estado envolveu a seleção do gerente geral do Pai para a estruturação de todo esse
turno de Criação. Então, o Pai teve que selecionar um redentor para o segundo estado.
Satanás achou que o sacrifício do Redentor era virtualmente estúpido e por isso, ofereceu um
plano que nunca havia sido experimentado antes. Quando o Pai escolheu o plano tradicional
com Jeová, ou Jesus, como o Redentor, causou a guerra no céu porque muitos dos filhos de
Deus preferiram o plano de Satanás. Ele queria eliminar a necessidade de um Redentor e
garantir salvação para todos os filhos de Deus, eles a quisessem ou não. A única falha no plano
de Satanás era o fato de que era baseado em compulsão e foi por isso que o Pai o rejeitou. Isso
resultou numa guerra no céu e terminou com um terço dos filhos de Deus sendo expulsos de
seu lar celestial.

O segundo estado foi feito cheio de perigos sob o plano tradicional, porque todos teriam
liberdade de usar seu livre-arbítrio e dessa forma, poderiam aprender a diferença entre o bem
e o mal.

Certamente, todos seriam considerados responsáveis pelo abuso de seus arbítrios e seriam
punidos por suas faltas até o último vintém.

Mas que tal se uma pessoa houver aprendido a diferença entre o bem e o mal, e queira evitar
a punição por ofensas passadas? Poderia isso ser conseguido?

O Pai Celestial disse haver um meio se você souber como funciona. Esse meio foi chamado a
Expiação.

19
The Gospel Trilogy

Urgentemente pedi ao Elder John A. Widtsoe, com quem já estava entrosado, para explicar a
Expiação de forma que a pudesse compreender.

Ele começou por me ensinar cuidadosamente o que havíamos coberto na Trilogia 1.

Eu estava extremamente ansioso que ele pegasse o assunto da Expiação, mas, como de
costume, ele começou as discussões cerca de cem milhas fora do assunto. A primeira delas foi,
“Onde você acha que o Pai obteve seu poder?”.

Sugeri que provavelmente obteve de SEU Pai.

Elder Widtsoe disse, “Não, isso não está certo. Tudo o que Ele obteve de Seu Pai foi a
autoridade ou as chaves para edificar um novo turno de Criação.”

Ele então fez uma segunda pergunta. “O que faz um grande Bispo?” Respondi que pensava ser
sua ordenação. “Não” disse ele, “um Bispo meramente obtém sua AUTORIDADE de sua
ordenação, mas seu PODER para ser um grande bispo vem do mesmo lugar que Deus obtém o
seu.”

Em total frustração perguntei: “Bem, então onde Deus obtém seu poder?”

Ele disse, “Duas passagens nas escrituras darão a você a chave. Ambas estão em Doutrina e
Convênios. Na Seção 29, versículo 36, o Senhor diz,” MINHA HONRA É O MEU PODER.” Então
na Seção 63, versículo 50 diz, “Eu sou do ALTO e meu poder está EMBAIXO."

Elder Widtsoe então perguntou o que existe abaixo de Deus que O honra e por isso dá-lhe
poder, ou falando assim, o que está abaixo de um Bispo que lhe dá honra e, por conseguinte,
poder?

Depois de um momento, disse “Bem, com Deus é a vasta hoste de inteligências abaixo Dele
que O honra e O obedece. Isso certamente Lhe dá poder. E acho que poderia dizer a mesma
coisa sobre um Bispo que é honrado e obedecido e, por conseguinte, é deles que deriva o seu
poder.”

“Exatamente” disse Elder Widtsoe. “Isso é um princípio do Sacerdócio. Deus e Seus servos
adquirem seus poderes daqueles a quem presidem.”

Ele continuou, “Acho que você também sabe o que faz um grande Bispo. É ver todos em seus
lugares para os serviços de Domingo. Os Diáconos prontos para distribuir o sacramento e
Sacerdotes dignos para abençoar. São professores bem preparados e radiantes com o Espírito.
São Sacerdotes familiarizados com o evangelho e ansiosos para serem chamados numa
missão. É uma Sociedade de Socorro vigilante, Professoras Visitantes que são rápidas em
detectar as necessidades dos doentes e dos pobres. Essas são as coisas que fazem as pessoas
dizerem, “Puxa, que grande bispo!” Obviamente seu poder vem do apoio de sua Ala e da
honra que é demonstrada pelos membros respondendo entusiasticamente sua orientação e

20
The Gospel Trilogy

liderança.”

Então ele continuou, “É a mesma coisa com Deus. A honra e obediência que Ele recebe de Sua
vasta legião de inteligências é o que Lhe dá o poder.”

Como Deus Poderia Perder Seu Poder

Então ele me surpreendeu perguntando: “Você sabe que o Pai Celestial poderia perder o Seu
poder?”

Certamente aquilo era uma doutrina nova para mim, assim eu disse, “Como seria isso possível?
Deus é todo-poderoso. Pelo menos é nisso o que sempre fui ensinado.”

Ele disse, “Essa extraordinária doutrina de que Deus poderia perder Seu poder encontra-se em
Alma, capítulo 42. Lá é ensinado plenamente que Deus é o grande Árbitro do Universo e que
cada inteligência depende Dele para ser absolutamente honesta, absolutamente justa,
absolutamente boa e absolutamente imutável, de outra forma ELE DEIXARIA DE SER DEUS.
(Alma 42: 13, 22, 25; Mórmon 9: 19) Isso é o porquê da escritura dizer, “Deus não pode aceitar
o pecado com o mínimo grau de tolerância" (Alma 45: 16 ; D&C 1: 31) ou se ele o fizesse,
deixaria de ser Deus. Ou, em outras palavras, DEUS CAIRIA.”

Então, rapidamente ele adicionou, “Mas, naturalmente Ele não vai cair porque sabe como
evitar isso. Contudo, quer que nós saibamos que Ele PODERIA cair. O Pai quer que saibamos
que se Ele não mantivesse a confiança e a honra da hoste de inteligências neste turno de
Criação, elas cessariam de honrá-Lo e assim deixariam de obedecê-Lo e sem Sua honra, Ele
deixaria de ser Deus. Esta é a poderosa mensagem colocada em Alma capítulo 42 e Mórmon
9:19.”

Tendo disposto esses interessantes e de alguma forma surpreendentes princípios, ele


continuou dizendo: “Agora estamos prontos para saber porque a Expiação de Jesus Cristo era
indispensável para o Pai. Ele precisava que Jesus fizesse algo de suprema importância que o Pai
não poderia fazer Ele mesmo. Se Ele tentasse redimir Seus filhos depois deles haverem caído,
Ele cessaria de ser Deus!”

Por Que a Queda Era Necessária?

Uma vez que reconheci o dilema do Pai no segundo estado, perguntei, “Por que a queda foi
necessária?”

Resumidamente, eis o que ele me disse. Na rota do progresso eterno é necessário que a
humanidade durante o Segundo Estado aprenda a diferença entre o bem e o mal. Eles
precisam saber não somente a diferença entre os dois, mas precisam enraizar no fundo de
suas almas uma determinação de abraçar o bem e rejeitar o mal. Eles precisam rejeitar o mal
com instintiva veemência que caracterizará seu comportamento na família dos Deuses para
sempre. Isso é de enorme importância, particularmente para aqueles que aspiram tornarem-se

21
The Gospel Trilogy

Deuses.

Nosso Pai Celestial sabe que somos incapazes de encontrar o pecado sem partilhar um pouco
dele. É inerente em nossa natureza que ao tentar aprender sobre o pecado, não consigamos
evitar algum grau de contaminação. Por isso, sob lei celestial, nosso encontro com o pecado
automaticamente nos corta da presença do Pai. Paulo afirma enfaticamente que devido à
queda: "... TODOS PECARAM E DESTITUÍDOS ESTÃO DA GLÓRIA DE DEUS.” (Romanos 3: 23)

Isso deixa o Pai sem possibilidades no que diz respeito ao resgate dos Seus filhos caídos. Isso é
o que fez Nefi dizer:

“Portanto, se haveis procurado fazer o mal nos dias de vossa provação, sereis declarados
impuros diante do tribunal de Deus; e nada que é impuro pode habitar com Deus; sereis,
portanto, afastados para sempre.” (1 Nefi 10: 21)

Assim Qual é a Resposta?

Mas, certamente, se houvermos aprendido a diferença entre bem e mal e não pudermos
voltar aos domínios de nosso Pai Celestial para continuar nosso progresso eterno, o plano do
Pai para nos ver exaltados e nos tornarmos Deuses seria anulado. Por isso, a família dos
Deuses teve que adotar um instrumento que justificaria o Pai em nos restaurar à Sua
habitação celestial e continuar nosso progresso eterno, sem destruir sua Divindade.

O objeto da Expiação foi conseguir que as Inteligências ignorassem nossas imperfeições


“APESAR” dos nossos pecados. Os letrados Protestantes acreditam que isso foi conseguido por
Jesus ter “pago por nossos pecados” por meio de Seus sofrimentos e nisso compensado as
exigências da justiça. Contudo, essa teoria envolve um problema monumental, e ele é o fato
de que não é justo que uma pessoa pague pelos pecados de outra. Amuleque mostra isso em
Alma 34:11-12.

11 Ora, não há homem algum que possa sacrificar o seu sangue para expiar pecados de
outrem. Ora, se um homem assassina, eis que a nossa lei, que é justa, tomará a vida de seu
irmão? Digo-vos que não.
12 A lei, porém, requer a vida daquele que cometeu o assassinato; portanto, nada pode haver,
a não ser uma expiação infinita, que seja suficiente para os pecados do mundo.

Amuleque prossegue explicando que a Expiação não é baseada em tentar compensar os


ditames da justiça, mas é baseada na MISERICÓRDIA QUE SOBREPUJA AS EXIGÊNCIAS DA
JUSTIÇA. (Alma 34:15).

15 E assim ele trará salvação a todos os que acreditarem em seu nome, sendo a finalidade
deste último sacrifício manifestar as entranhas da misericórdia, a qual sobrepuja a justiça e
proporciona aos homens meios para que tenham fé para o arrependimento.

Isso mostra o sentido da Expiação.

22
The Gospel Trilogy

Como a Expiação Opera?

Há três requisitos essenciais numa Expiação divina para realizar algo que o Pai nunca poderia
fazer Ele mesmo. Primeiro, deve haver alguém que seja amado por todas as hostes de
inteligências. Elas precisam amar essa pessoa tanto quanto amam ao próprio Deus. Isso foi
conseguido através de fazer o Redentor o administrador geral de todo aquele turno de
Criação. Por esse meio, toda inteligência aprendeu a amar e honrar o grande Jeová.

Segundo, esta pessoa muito amada precisa atravessar uma horrenda crise de infinita agonia e
sofrimento tão intensos, que despertariam um enorme clamor de compaixão em cada
inteligência que pertence a este turno de Criação.

Terceiro, esta pessoa muito amada precisaria requerer completo arrependimento e submissão
aos requerimentos do Evangelho, desta forma intercederia e pediria, por causa de Seu
sofrimento, que o convertido pode retornar ao Pai e continuar no caminho do progresso
eterno.

Portanto, para resumir: em cada turno de Criação tem que haver um sacrifício infinito que
desperta tal inundação de misericórdia na consciência de cada inteligência, que elas
consentem em permitir ao Pai trazer-nos de volta à Sua presença a fim de continuar o nosso
curso e exaltação.

Agora chegamos ao clímax de nossa discussão.

Quem Colocaria o Salvador Em Um Sacrifício Expiatório?

Para produzir um sacrifício redentor, alguém precisa lacerar o Salvador sob excruciantes
circunstâncias. Quem faria isso? Seria isso planejado antecipadamente, ou simplesmente
deixar-se-ia ao acaso e circunstâncias? Fora de qualquer dúvida essa horrenda questão foi
longamente examinada entre o Pai e o Filho, na preexistência. Somos levados a presumir a
discussão ter sido semelhante ao seguinte diálogo, porque assim deve ter sido de acordo com
o modo pelo qual tudo se desenvolveu:

O Pai: - Meu Filho, como você sabe em cada novo turno de Criação temos que escolher alguém
que faça o sacrifício redentor. Estou grato que você se tenha oferecido para prover o
necessário sacrifício para este atual turno de Criação. Agora, quem você tem em vista para ser
o responsável por causar o sacrifício redentor? Em outras palavras, quem flagelaria você?

O Filho: - Eu gostaria que meu sacrifício redentor fosse provocado por alguns daqueles que me
amaram e que valentemente me apoiaram durante a Guerra no Céu. Uma vez que eu virei à
mortalidade através dos lombos de Davi, gostaria que os próprios Judeus causassem minha
crucificação.

O Pai: - Mas eles nunca crucificarão você se souberem quem é. De fato, como Paulo mais tarde
dirá, “... se eles conhecessem, nunca teriam crucificado o Senhor da Glória.” (1 Coríntios 2:8).

23
The Gospel Trilogy

O Filho: - Devo organizar as coisas de forma que eles não percebam quem eu sou até depois
da crucificação terminar.

O Pai: - Como você fará isso acontecer?

O Filho: - Aqui está meu plano: Eu farei que os profetas judeus revelem que o Messias será um
judeu e que os judeus pensem que ele é um impostor e o flagelem. Certamente seus líderes
dirão que nunca matariam o Messias. Sem dúvida eles denunciariam a profecia como um mito
e considerariam um insulto para o povo judeu. Eles não só proibiriam qualquer um de ensinar
esta doutrina, mas declarariam pena de morte para qualquer um que ousasse ensiná-la. Estou
certo que eles também removerão das escrituras os escritos de qualquer profeta que tenha
ensinado que o Messias seria morto por seu próprio povo. Como resultado disso, eles não
terão nenhum meio de saber quem eu sou quando aparecer entre eles como o Redentor. Eles
apenas saberão na minha Segunda Vinda, quando eu vier em poder como o grande Rei
Messias. Como resultado, quando eu vier à Terra pela primeira vez, eles estarão esperando a
minha vinda em poder para estabelecer um governo Judeu mundial. Quando isso deixar de
acontecer, eles farão que me matem.

O Pai: - E então o que acontecerá com aqueles que consentirão a tua morte por pensarem que
eras um impostor?

O Filho: - Eles serão como qualquer outro que peca contra o conhecimento da verdade e
rejeita a mensagem do Evangelho. Eles terão que sofrer as conseqüências.

O Pai: - Eu aprovo o plano. É idêntico ao que temos usado em outros turnos de Criação através
da eternidade.

Colocando o Plano em Operação

Depois que a tribo de Judá veio à existência por volta de 1.800 A.C., os profetas de Israel
ensinaram ao povo a plenitude do evangelho e explicaram a eles que haveria um Messias que
serviria como mediador para assegurar o perdão de seus pecados.

Isso pareceu ser compreendido e totalmente aceito no princípio, mas cerca de mil anos
depois, quando muitos profetas ensinaram como os Judeus ajudariam Jesus através desse
artifício, foram apedrejados até a morte.

Isso foi o que aconteceu aos Profetas Zenos e Zenoque (Helamã 8:19) e em 600 A.C. quando o
profeta Leí, descrevendo sua visão do Salvador sendo crucificado por instigação dos Judeus no
meridiano dos tempos, teve de fugir para salvar sua vida. (1 Nefi 2:1-2)

Jesus Começa Sua Missão Terrena

É deveras interessante, mas Jesus apareceu na Terra Santa exatamente no tempo em que os
Judeus esperavam seu Rei Messias chegar. Essa excitante antecipação era baseada num erro

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The Gospel Trilogy

de interpretação de uma profecia no segundo capítulo de Daniel.

Recorde-se que por volta de 625 A.C., o rei Nabucodonosor de Babilônia teve um sonho
terrível, mas não conseguia lembrar qual foi. O rei ameaçou de morte a todos os seus homens
sábios se eles não dissessem a ele qual havia sido o seu sonho e o que significava. Daniel
salvou sua vida e a de três companheiros, como também a de todos os homens sábios do rei,
por receber revelação do Senhor que lhe disse o sonho que o rei teve e também o seu
significado.

O rei tinha visto uma grande e grotesca imagem em seu sonho. A imagem representava os
futuros reinos que governariam o mundo. A cabeça era de ouro, que significava a Babilônia
mesmo. O peito e os braços eram de prata que significavam a Pérsia que conquistaria a
Babilônia. O ventre e as coxas eram de cobre que representavam a Grécia que conquistaria a
Pérsia. Os quadris e as pernas eram de ferro e representavam os Romanos que conquistariam
a Grécia e mais tarde seria dividida em duas pernas, dos Impérios Romano oriental e ocidental.
Os pés da imagem eram feitos de barro que representavam as muitas nações gentias que se
desenvolveriam em tempos mais recentes, depois que o Império Romano entrou em colapso.

Daniel então disse a Nabucodonosor que “nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um
reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e
consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre.” (Daniel 2: 44).

Os Rabis Judeus não estavam dispostos a esperar até os últimos dias, mas queriam interpretar
o segundo capítulo de Daniel como sendo cumprido nos seus dias. A chave de sua
interpretação distorcida foi a desejada supremacia sobre os Romanos. Por isso, eles ensinaram
que não importava quantos milagres Jesus pudesse fazer, se ele não sujeitou os Romanos, não
era o Messias. Assim, o povo Judeu estava esperando por Jesus para estabelecer seu reino e
derrubar os Romanos.

E para nossa admiração aprendemos que os apóstolos estavam esperando a mesma coisa.

Porque os Apóstolos Estavam Desorientados

Sabemos agora que serviu aos propósitos do Pai e do Filho que os apóstolos vissem em Jesus o
Rei-Messias.

Foi por desígnio providencial que todos os Judeus - incluindo os apóstolos - foram conduzidos
a pensar que Jesus havia aparecido na Terra para cumprir as profecias gloriosas de Daniel
concernentes à vinda do Rei-Messias. Afinal, não havia Jesus dito: “E eu vos destino o reino,
como meu Pai mo destinou, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos
assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.” (Lucas 22: 29-30) E a mãe de Tiago e
João estava tão segura de que Jesus estava prestes a estabelecer seu reino, que requereu ao
Salvador desse aos seus filhos tratamento especial depois que ele assumisse a posição de Rei-
Messias no mundo. (Mateus 20:21-22)

O Novo Testamento torna claro que Jesus teve sucesso em entregar sua mensagem sem

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The Gospel Trilogy

revelar que havia vindo como o Redentor, em vez de Rei-Messias. Isso era verdade mesmo
tendo Jesus falado de sua crucificação e ressurreição muitas vezes. Não obstante, o Espírito
escondeu isso dos apóstolos e também daqueles que se consideravam discípulos do Salvador.
Lucas diz: “E eles nada disto entendiam, e esta palavra lhes era encoberta, NÃO PERCEBENDO
O QUE SE LHES DIZIA.” (Lucas 18:34) Temos também a declaração de Marcos que disse: “Mas
eles não entendiam esta palavra, e receavam interrogá-lo.” (Marcos 9:32)

A missão do Santo Espírito foi apagar das mentes dos apóstolos e dos discípulos de Jesus
qualquer referência à Sua morte e ressurreição. Falando de Pedro e João, a escritura diz:
“Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos.”
(João 20:9). Foi somente quando Cristo foi glorificado que o Espírito restaurou às suas mentes
tudo que ele havia dito sobre sua crucificação e ressurreição durante seu ministério. “Mas
aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas
as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (João 14:26)

A Carga Pesada do Salvador

Não sabemos exatamente quando Jesus primeiramente soube durante Sua vida mortal que Ele
devia realizar o sacrifício redentor do Pai.

Sabemos que pela idade de doze anos, Jesus sabia que o Seu Pai era Elohim e que Ele teria de
“cuidar dos negócios de seu Pai.” (Lucas 2:42-40) Contudo, não é aceitável que o Pai
sobrecarregasse Seu filho com o conhecimento da terrível missão que estava à frente até que
houvesse realmente iniciado Sua missão, em 30 D.C.

Especulamos que o tempo lógico para anjos ministradores compartilharem a mensagem do


sacrifício redentor pudesse ter sido logo depois do seu batismo. Recorde-se que
imediatamente após o batismo, Ele foi iluminado pelo Espírito e conduzido ao deserto. Lá
recebeu ministração espiritual durante quarenta dias e quarenta noites. Isso parece ter sido o
sagrado interlúdio quando os anjos ministradores poderiam ter preparado Jesus para o que
viria adiante. Foi um período santo de reforço espiritual quando Ele suportou seis semanas
sem pão. (Lucas 4:2)

Por Que os Judeus Não Reconheceram Jesus?

Jesus realizou Seu primeiro milagre espetacular na festa de matrimônio em Canaã, e então se
preparou para ir a Jerusalém onde completaria os trinta anos de idade, sendo elegível, de
acordo com a tradição Judaica, para iniciar Seu ministério.

Desde o começo o ministério de Jesus foi espetacular. Ele realizou centenas de milagres. Curou
doentes, levantou os mortos, andou sobre a água, acalmou o mar turbulento e alimentou
centenas de pessoas com peixe já cozido e pão já assado.

De fato, desde o começo grandes grupos de Judeus realmente acharam que Jesus era o
Messias, mas o Rei-Messias. Sua crença de que Ele era o Rei-Messias persistiu até a última

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The Gospel Trilogy

semana de Sua vida. Mas então, as expectativas entraram em colapso.

No fim da semana Ele havia não somente falhado em abater os Romanos, mas os Romanos o
haviam crucificado. Além do mais, Jesus sofreu morte quando os estudiosos da profecia de
Daniel haviam declarado que Ele viveria para sempre.

Jesus Hesita na Última Ceia

Quando Jesus chegou perto do tempo em que seria traído, parecia estar engolfado por uma
escura e ameaçadora sombra, não podendo evitar de contemplar a horrível agonia que estava
imediatamente diante Dele. Finalmente, Ele não pode evitar dizer aos apóstolos que os
deixaria.

Pedro imediatamente quis saber para onde estava indo. O apóstolo chefe assegurou ao
Salvador que não importava para onde Ele estava indo, Pedro queria acompanha-lo e protegê-
Lo dos inimigos que pareciam estar aumentando a cada hora. Jesus o interrompeu, dizendo:

“Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo que não cantará o galo
enquanto não me tiveres negado três vezes.” (João 13: 38)

Essa abrupta predição poderia ter sido profundamente ofensiva para Pedro e muito fora do
caráter do seu amado Mestre. Contudo, Jesus sabia que dentro de poucas horas, Pedro, assim
como todos os outros discípulos, teria perdido seu testemunho e ficado totalmente confuso a
respeito de Sua divindade.

Em conexão com a grande oração do Sumo Sacerdote, registrada por João, Jesus disse:

“Pai, é chegada a hora; ...E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória
que tinha contigo antes que o mundo existisse.” (João 17: 1,5)

Ele então pediu aos apóstolos que O acompanhassem ao Seu lugar preferido de oração, no
Monte Gethsemane. Ao tempo que eles chegaram ao Gethsemane, os apóstolos ficaram
alarmados com a súbita mudança no semblante do Salvador. Parecia como se uma depressão
mórbida tivesse vindo sobre Seu espírito. Ele havia sido sempre tão determinado, tão corajoso,
e tão cheio de autoconfiança. Eles o tinham visto desafiar tempestades, andar sobre o mar,
levantar os mortos e expulsar demônios. Eles haviam sempre se orgulhado do seu Rei-
Messias. Mas agora Ele havia mudado e os discípulos estavam chocados quando Seu espírito
se abateu, e começava a agir como um amedrontado ser humano comum. Eles o ouvem dizer:

“A minha alma está cheia de tristeza até a morte.” (Mateus 26: 38)

Tudo isso estava tão completamente fora do caráter de Jesus, que a versão inspirada diz:

“Os discípulos começaram a ter pavor e a angustiar-se e a lamentar-se em seu coração,


perguntando SE AQUELE ERA O MESSIAS.” (TJS, Marcos 14: 36). Seus testemunhos estavam

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vacilando.

O Salvador Enfrenta Sua Suprema Crise

Ele deixou oito dos apóstolos na entrada do Jardim em guarda, enquanto orava. Levou Pedro,
Tiago e João mais acima no Monte das Oliveiras. Lá os 3 apóstolos deitaram-se e quase de
imediato começaram a dormir. Mas Jesus afastou-se por si mesmo e deitou-se de corpo inteiro
sobre o solo. De acordo com Marcos 14: 36 ele clamou:

“... Pai, TODAS AS COISAS TE SÃO POSSÍVEIS; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o
que eu quero, mas o que tu queres.”

Em outras palavras, Tu és Deus. És todo-poderoso. Por favor, faz isso de algum outro modo.
Não faça com que Eu tenha de passar por isso.

Nesse momento o Pai estava sofrendo da mais profunda angústia. Ele conhecia o
incomensurável tormento pelo qual Jesus estava passando, mas também sabia que a menos
que Ele cumprisse Sua missão, todo este turno de Criação se desintegraria e retornaria para as
trevas exteriores. Certamente o Pai conhecia o fim desde o princípio e compreendeu que Jesus
perseveraria. Porém, esse conhecimento não diminuía a penetrante angústia que sabia Seu
Filho estava tendo de suportar. Ele enviou um anjo para dar conforto ao Salvador. (Lucas 22:
23). Não sabemos quem foi, mas eu não ficaria surpreso se viesse a ser Adão, ou Miguel.

Também não sabemos o que ele disse, mas podemos muito bem imaginar que possa ser algo
assim: “Jesus, você não tem que fazer isso. Você ainda tem seu livre-arbítrio. Mas se você não
cumprir o seu chamado, deve saber quais serão as conseqüências.” Ele então deve ter descrito
a destruição de todo esse turno de Criação.

O Livro de Mórmon descreve especificamente o que teria acontecido com a família humana se
não houvesse tido a Expiação (Mosias 16: 4-5):

4 Assim, toda a humanidade estava perdida e eis que estaria para sempre perdida se Deus não
houvesse redimido seu povo do estado de perdição e queda.

5 Lembrai-vos, porém, de que aquele que persiste em sua própria natureza carnal e segue os
caminhos do pecado e da rebelião contra Deus, permanece em seu estado decaído e o diabo
tem todo poder sobre ele. Portanto permanece como se não tivesse havido redenção, sendo
inimigo de Deus; e também o diabo é inimigo de Deus.

Nós achamos que isso representa meramente o que aconteceria com todo este turno de
Criação. Com referência à espécie humana, todos nós sofreríamos a mesma sorte de Lúcifer e
de seus anjos das trevas. Teríamos perdido nossos corpos e deixados sem nenhum
tabernáculo, quer espiritual, quer físico. Então, seriamos lançados de volta na escuridão
exterior, como inteligências despojadas e nuas. (D&C 88:32; 73)

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The Gospel Trilogy

Brigham Young descreve o que aconteceria com o próprio Jesus. Ele diz:

“Jesus foi preordenado antes que as fundações do mundo fossem edificadas e Sua missão Lhe
foi dada na eternidade para ser o Salvador do mundo. Contudo, quando Ele veio na carne,
foi deixado livre para escolher entre obedecer ou não ao Pai. Se houvesse se recusado a
obedecer a Seu Pai, Ele se teria tornado um filho da perdição.”(Journal of Discourses, vol. 10
pag.324)”.

Isso significa que Jesus teria seguido Lúcifer, com todo o resto de nós, para as trevas
exteriores.

Mas, louvado seja Deus, Jesus escolheu o caminho da terrível tortura para a qual havia
nascido. Ele disse ao Pai “Seja feita a Tua vontade” Mesmo tendo dito isso, uma torrente de
plena angústia derramou-se sobre Ele. Como resultado, suou grandes gotas de sangue. Depois
que a paixão ocorreu na sua totalidade, Ele acordou seus apóstolos e desceu na direção do
portão, onde Judas já estava chegando do Templo, acompanhado dos soldados.

Eventos Conduzindo os Apóstolos a Perder seus Testemunhos

Pedro sabia que Jesus não tinha que ser levado cativo pelos soldados. Tudo o que Ele tinha de
fazer era desaparecer como havia feito muitas vezes durante crises no passado. Mas Ele não
desapareceu e quando Pedro viu que estavam prestes a tomá-lo como prisioneiro, puxou sua
espada e feriu Malcus, um parente do Sumo Sacerdote. A lâmina escorregou pelo lado de sua
cabeça e decepou-lhe a orelha. Jesus instantaneamente a curou e disse a Pedro para
embainhar sua espada. Tudo aconteceu tão rapidamente, que Malcus provavelmente nunca
compreendeu que um milagre havia sido feito. Quando os guardas levaram Jesus, os apóstolos
fugiram em todas as direções para evitar que também fossem presos.

Mais tarde, Pedro e João foram para área de entrada do Sinédrio onde era óbvio a suprema
corte religiosa em Israel estava procurando legalmente implicar Jesus, de forma que os
Romanos o crucificassem.

Isso seria o fim das esperanças dos Judeus. Quando uma mulher perguntou a Pedro se ele era
discípulo de Jesus, ele negou. Outra mulher perguntou a ele se era discípulo de Jesus e ele
negou. Finalmente foi desafiado por Malcus, cuja orelha havia sido miraculosamente curada, e
desta vez Pedro praguejou e jurou. Disse não conhecer aquele homem. O mundo de Pedro
estava desmoronando em pedaços. Havia perdido seu testemunho e é dito que saiu pela noite,
e chorou. (Mateus 26: 73-75)

De nenhuma forma teria Pedro imaginado o júbilo que animaria sua alma quando seria
subitamente visitado pelo Cristo ressuscitado, três dias depois da crucificação. E cinqüenta dias
depois, na celebração da festa do Pentecostes, ele explicaria a Expiação de Cristo para uma
grande multidão de Judeus, quando três mil deles se apresentaram para o batismo. Pouco
tempo depois, daria a mesma explicação no Templo e cinco mil se apresentaram para o
batismo. Que gloriosa mensagem ele tinha para todos os que ouviriam!

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Jesus Salva Nosso Universo Com Sua Vida

Agora nos confrontamos com um desafio final. Como a crucificação de Jesus redimiu a
humanidade e salvou todo este turno de Criação?

Há apenas um lugar na escritura onde você pode obter toda história. Está em Alma, capítulo
34, quando Amuleque, o companheiro missionário de Alma, a explicou aos Zoramitas. Ele
começa com a surpreendente declaração de que o sofrimento de Jesus não foi para pagar os
nossos pecados, porque uma pessoa não pode pagar pelos pecados de outra, mas o que Jesus
fez foi despertar a misericórdia e a compaixão em todas as hostes de inteligências na nossa
parte do universo, de forma que elas garantiriam ao Salvador qualquer coisa que Ele pedisse
em retidão. Como Amuleque mostrou, a Expiação não é baseada na justiça – tanto sofrimento
por tanto pecado – mas na criação de um vasto reservatório de misericórdia e compaixão que
garantiria para nós, não somente o perdão dos nossos pecados, mas também, todas as dádivas
da Vida Eterna e crescimento em nosso progresso eterno.

Havia dois aspectos na Expiação de Cristo que somente Ele poderia realizar. Primeiro de tudo,
o sacrifício expiatório tinha que ser suportado por um que fosse “infinitamente” amado. Isto
significa amado universalmente por todas as inteligências neste turno de Criação.

Em segundo lugar, o sofrimento deveria ser tão intenso que despertaria um grande
reservatório de misericórdia e compaixão que duraria para sempre. Isso significa que deveria
ser tão agonizante que chegaria até mesmo a toda ínfima inteligência com tal intensidade, que
duraria eternamente.

Tendo tudo isso em mente, não podemos deixar de perguntar: quanto Ele sofreu? Muitas
pessoas têm sido crucificadas ao longo das eras, assim, o que houve a respeito dessa
crucificação de Jesus que mudou a história do mundo?

Enoque teve uma visão da crucificação que aconteceria perto de 4.000 anos mais tarde.

“E o Senhor disse a Enoque: Olha; e ele olhou e viu o Filho do Homem levantado na cruz,
segundo o costume dos homens; E ele ouviu uma alta voz; e os céus foram cobertos; e todas as
criações de Deus choraram; e a Terra gemeu; e as rochas partiram-se; e os santos levantaram-
se e foram coroados à direita do Filho do Homem, com coroas de glória; E todos os espíritos
que estavam na prisão saíram e puseram-se à direita de Deus; e o restante foi retido em
cadeias de trevas até o julgamento do grande dia.” (Moisés 7: 55-57)

Isso significa que todas as inteligências neste turno de Criação caíram na mais profunda
angústia enquanto o Salvador suportou aquelas seis horas de excruciante tortura na cruz.

O sofrimento de Maria foi tão profundo que Jesus pediu a João o Amado que a retirasse dali, o
que ele fez.

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The Gospel Trilogy

Mas ainda houve um outro participante na crucificação que tinha Seu torturante e excruciante
papel para completar. Era o Pai. Com o fim de Jesus beber a amarga taça da crucificação até o
fim, o Pai tinha que retirar por completo Seu apoio de espírito. Jesus estava quase no fim de
sua tarefa, mas a retirada pelo Pai de seu espírito lançou Jesus num fluxo crescente de agonia.
Ele exclamou: “Eloi, Eloi”, Meu Deus, Meu Deus. “Lama sabac thani.” Por que me
abandonaste? Foi um inexorável clímax cruel ao Seu sofrimento. Ele depois achou impossível
descrever a agonia desse momento. Não sabemos o quanto durou, mas quando o Espírito do
Pai retornou para Jesus, Ele literalmente entrou em colapso. Finalmente sussurrou, “Está
terminado.” Então disse: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito.” E morreu. Naquele
momento Jesus tornou-se O Cristo.

Agora, como Amuleque tão poderosamente descreve, Jesus havia enchido o reservatório de
misericórdia e compaixão ao ponto que poderia interceder por nós para obter não somente o
perdão dos pecados, mas vida eterna e todas as bênçãos do progresso eterno. É por isso que
toda ascensão de progresso deve ser feita em nome de Jesus Cristo, porque a menos que Ele
interceda para trazer cada uma delas a nós, nada acontece.

Deixe-me agora fechar com o pedido apaixonado do Salvador para os filhos dos homens. É
como se Ele estive nos dizendo “Não deixe que Meu sofrimento seja em vão.” Na Seção 19 de
Doutrina e Convênios, versículos 15 a 19, ele diz:

“Portanto ordeno que te arrependas—arrepende-te, para que eu não te fira com a vara de
minha boca e com minha ira e com minha cólera e teus sofrimentos sejam dolorosos—quão
dolorosos tu não sabes, quão intensos tu não sabes, sim, quão difíceis de suportar tu não
sabes. Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se
arrependam; Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri; Sofrimento
que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos
os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito—e desejasse não ter de beber a amarga
taça e recuar— Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos para os
filhos dos homens.”

Assim foi como Jesus tornou-se o nosso Salvador pessoal.

Imediatamente após a Sua ressurreição, Jesus apareceu – mas ainda sem sua glória – próximo
ao jardim da tumba. Maria Madalena O confundiu com o jardineiro e perguntou-Lhe aonde o
corpo de Jesus fora levado. Foi quando Jesus respondeu mansamente, “Maria”. Ela o
reconheceu e imediatamente buscou abraçá-lo, mas no original em grego é reportado ter Ele
dito: "Não te aproximes. Eu ainda não subi para meu Pai Celestial.”

Maria alegremente afastou-se, e com a velocidade do pensamento Jesus deixou a Terra


chegando ao Reino Celestial de Seu Pai, próximo ao glorioso Kolob. Quando Jesus ressuscitado
abraçou o glorioso Elohím, sem dúvida Jesus sussurrou aos ouvidos de Seu Pai: “Eu o fiz, eu o
fiz, eu o fiz.”

Que gloriosa realização. O plano que Jesus havia proposto foi uma vitória total para ambos, O

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Pai e O Filho. Agora você sabe porquê a Expiação foi tão essencial para o Pai, tanto quanto
para nós. E possa eu fechar com o mais solene e sagrado testemunho que Ele o fez! Ele o fez!
No nome de Jesus Cristo, Amém.

Tradução: Sergio Luiz Nievola/2012

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