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DISCIPLINA: PRÉ-HISTÓRIA

PROF. DR. AUGUSTO CÉSAR


ACIOLY
Programa de Pré-História
PROF. Dr. AUGUSTO CÉSAR ACIOLY PAZ SILVA
CARGA-HORÁRIA: 60
EMENTA: Conceito de Pré-História. O homem: origens,
estágios evolutivos, dados paleantropológicos. Técnicas
arqueológicas: investigação, prospecção, preservação,
datação do C-14. Sobrevivência do homem primitivo: coleta,
pesca, sedentarização, agricultura e domesticação de
animais. Instrumentos: técnicas, material empregado. Arte,
magia, religião. Prelúdio da urbanização: navegação,
transporte, tração animal, indústria e comércio.
Urbanização: Egito, Mesopotâmia, Vale do Indo. A Idade
dos metais. Pré-História brasileira: origens do homem
americano, grupos pré-ceramistas, grupos ceramistas. Pré-
História da América.
Programa de Pré-História
OBJETIVOS
1. Proporcionar discussões acerca do desenvolvimento da
Pré-História;
2. Refletir sobre os aspectos: social, político, econômico e
cultural, desenvolvidos pelos grupos humanos existentes;
3. Auxiliar o aluno para melhores compreensões sobre o
tema, assim como trabalhar de forma mais compreensiva os
conteúdos indicados.
CONTEÚDOS:
Como se escreve a Pré-História: o registro dos arquivos
da terra.
Como se lê o livro da Terra: arqueologia e as principais
técnicas de investigação.
Programa de Pré-História
 O homem: origens, estágio evolutivos e dados
paleoantropológicos.
 Cotidiano e sobrevivência do homem primitivo.
 As principais teorias de povoamento da América e Brasil.
 A antiguidade do homem no Nordeste do Brasil.
 Áreas arqueológicas no Nordeste do Brasil.

METODOLOGIA/RECURSOS DIDÁTICOS
Aulas expositivas, pesquisas, seminários, leituras e
discussões de textos, vídeos, estudos dirigidos em sala de
aula.
Programa de Pré-História
AVALIAÇÃO
O nosso processo avaliativo ocorrera, através de um conjunto
de estratégias como: participação das discussões na sala de
aula, exercícios e trabalhos escritos, leitura dirigida dos
textos propostos nas aulas e prova discursiva.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CHILDE, V. Gordon. Para uma recuperação do passado.
São Paulo: Sifel, s/d.
______. A evolução cultural do homem. Rio de Janeiro:
Guanabara-koogan, 1981.
FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Pré-história do Brasil. São
Paulo: Ed. Contexto, 2002.(Col. Repensando a História)
Programa de Pré-História

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
GOSDEN, Chris. Pré-História: uma breve introdução. Trad.
Janaina Marcoantronio. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2019.
LEROI-GOUARHAN, André. Os caçadores da Pré-história.
Lisboa: edições 70, 1995.
LIMA, Celso Piedemonte. Evolução Humana. São Paulo:
Ática, 1999.
MARTIN, Gabriela. Pré-História no nordeste brasileiro.
Recife: Editora Universitária da UFPE, 19997.
NEVES, Walter Alves & PILÓ, Luís Beethoven. O povo de
Luzia: em busca dos primeiros americanos. 1ª edição. Rio
de Janeiro: Editora Globo, 2008.
REBEYROL, Yvonne. Lucy: Crônicas da Pré-História.
Paris: Fórum da Editora, 1988, Tradução Fernanda Valente.
O que é Pré-História?
A maneira como a Pré-história é compreendida na
sociedade, passa por um conjunto de representações, que faz
com este período seja relacionado à algumas imagens como:
objetos feitos de pedras, grupos de carniceiros, grupos
nômades, convivência em locais inóspitos. Aliados a esta visão
avolumam-se outras que muitas vezes foram sendo
estruturadas dentro de uma concepção apressada, como a de
que os hominídeos que surgiram a cerca de 6 milhões de anos
descenderiam dos macacos, e tantas outras versões que são
produzidas sobre este período e que são marcadas por
algumas incompreensões.
Além, das perspectivas referenciadas, outras
imprecisões aparecem quando tratamos do próprio conceito de
Pré-História, muitas vezes, orientando-se por questões que
refletem à respeito de quais seriam os marcadores para delimi
O que é Pré-História?
tar Pré-História da História, discussão que durante muitas
décadas orientou a possibilidade deste momento ser visto
como superior aquele.
Devido, a estas dimensões foi que uma das
proposições de Gosden ao pensar, um período histórico tão
multifacetado e atravessado de interpretações, pode ser
escolhido como uma possibilidade para pensar a Pré-
História, assim o define o Pré-historiador inglês “como
parte da experiência humana que se trata fora da
escrita”.(GOSDEN, apud, FUNARI: 2005,p.109.).
A questão da formulação de um código escrito tem que
ser levado em consideração, quando pensamos os dois
momentos como possuindo configurações diferentes, mas
que seriam partes integrantes da experiência humana.
O que é Pré-História?
Continuando a apresentar um conjunto de
questionamentos que surgem quando nos debruçamos
sobre este período histórico, é possível compreender que
este período da experiência humana foi entrecortado por
um conjunto de inúmeras dimensões que merecem ser
pensadas e tematizadas, tais como:
1. As diversas áreas que voltaram o seu olhar para este
momento como: Arqueologia, História, Antropologia e
Ciências biológicas;
2. Tal experiência como parte integrante, no
desenvolvimento de uma postura orientada pela
multidisciplinaridade;
3. A multiplicidade destes enfoques, colaboram no sentido
de refletirmos sobre à existência de diferentes teorias
preocupadas em pensar estas realidades.
O que é Pré-História?
Seguindo as problemáticas expostas, é importante
ponderar também, o fato de termos pesquisas que se
orientam por datações absolutas e relativas, perspectiva
que possibilita que determinados fenômenos tenham
acontecido no momento x, neste lugar e noutro momento
em outro espaço.
Orientando-se por tais inferências, é possível também
questionar, quais seriam os limites entre Pré-História e
História, questão complexa e, ao mesmo tempo,
interessante de ser discutidas. Uma vez que, boa parte das
reflexões históricas orientam-se por estes limites. No
intuito de observar tais perspectivas, Santos e Barbosa (IN:
http://snh2013.anpuh.org: 2013), observam três eventos
limites entre Pré-História e História. Vejamos:
O que é Pré-História?
1. O primeiro que toma a escrita como referencial;
2. A valorização do aparecimento do Estado, como ponto
de transição entre História e Pré-História;
3. E, por último, o fenômeno da urbanização, como episódio
de transição entre a Pré-História e História.

Estes três aspectos, devem ser considerados como


elementos importantes para que possamos tomar as
discussões a respeito da Pré-História, dentro de uma
dimensão que valorize e problematize este período, como
sendo de importância fundamental na compreensão da
humanidade.
COMO SE ESCREVE A PRÉ-HISTÓRIA

“Existem poucas ciências de abordagem tão fácil como a Pré-


História e cujos materiais sejam tão correntes e acessíveis. Os
homens de outrora abandonaram pelo chão às dezenas de
milhões, as pedras que tinham talhado. Em forma de ossadas e
cinzas, os vestígios antigos dos antigos estabelecimentos
humanos. E, no entanto, não se faz Pré-História apanhando
machados talhados, tal como não se faz botânica colhendo
alfaces”. (LEROI-GORHAN, 1983, 15).
1. O registro dos arquivos da terra
Ao iniciar sua exposição Leroi-Gourhan, estabelece a
metáfora apresentada na página anterior. Para o estudo da Pré-
História, o pré-historiador francês tomou emprestado a imagem
de que adentramos neste período, como um leitor que manuseia
um livro ou documento antigo. Como todo leitor avido em
conhecer, aquele que ler os registros do “livro da terra” opera na
verdade, um processo de decifração – leitura que não se faz,
somente, apanhando machados talhados e artefatos líticos, mas
colocando questões e testando hipóteses. É necessário, como avisa
o Pré-historiador francês, todo um cuidado ao manusear este
documento, pois ele nos fornece um conjunto de informações sobre
os caminhos trilhados pelos seres humanos, desde o momento que
surgiram no planeta, apresentando os vestígios que foram
deixando à posteridade.
A nossa exposição, segue os argumentos apresentados por
Leroi-Gourhan, no seu texto: o registro dos arquivos da terra,
os sítios pré-históricos, a decifração do manuscrito: as
escavações e como é utilizado o texto. Nas próximas páginas,
apresentaremos algumas ideias que colaboram na compreensão
do que é a Pré-História e a forma científica de estuda-la.
1. O registro dos arquivos da terra
Leroi-Gourhan(1911-1986) compreende que para que
tenhamos conhecimento sobre o que os seres humanos fizeram
antes da invenção da escrita, é necessário recorrer a um tipo de
arquivo especial e diferente daquele no qual os historiadores
acessam para estudar sociedades nas quais a escrita se encontra
estabelecida. O arquivo e documento a que ele se refere na
reconstrução de como viviam os primeiros grupos humanos, só
pode ser buscado pelos vestígios deixados que localizam-se nas
camadas da terra.
Ao discorrer, sobre a maneira como os seres humanos
deixam seus “rastros” e a forma como é preservado, o pré-
historiador francês recorre ao papel ocupado pelos sítios pré-
históricos, que seriam locais no qual: “reencontramos este
homem que buscamos”.
Leroi-Gourhan observa que:
”Os arquivos da terra não se parecem
com um livro novo, mas sim com um
velho manuscrito rasgado e
amarelecido. Em parte alguma se
encontra uma narrativa completa da
aventura humana, da primeira à última
linha: apenas, aqui e ali, uma folha
arrancada, por vezes alguns capítulos
que se sucedem, mas que é necessário
ligar aos demais restos da obra”.
(LEROI-GORHAN, 1983, p.18)
2. Os sítios pré-históricos
As perguntas que realizaremos nesta parte giram em torno
de duas questões centrais, o que seriam os sítios pré-históricos, e
como são produzidos em tais espaços os documentos que orientam
a pesquisa deste campo de saber? A primeira delas, pode ser
compreendida a partir da seguinte resposta: “os sítios se
constituiriam em locais, onde o homem viveu e os seus
vestígios, escaparam às destruições do tempo”.
Com relação aos documentos encontrados nestes locais, eles
se compõem na maior parte das vezes, dos objetos fruto da ação
humana que sobraram ao efeito do tempo. Com este argumento
Leroi-Gourhan, propõe um exercício de compreensão e leitura
destes documentos, orientados a partir dos respectivos
pressupostos:
2. Os sítios pré-históricos
 Nas camadas recentes, até cerca de 2000 antes da nossa era, é
possível encontrar objetos de osso e de metal, louças, objeto de
pedra, algumas vezes madeira, com certa abundância ossos de
animais consumidos, e menos frequentemente, sepulturas
humanas;

 As camadas até oito mil antes da nossa Era, os mesmos


vestígios podem ser localizados, porém sem objetos de metal,
encontra-se com frequência pedras lascadas e polidas.

 Antes desta datação, a lista gira em torno de objetos construídos


com osso, pedra lascada e raramente, restos humanos;

Ele lembra que a preservação de restos humanos e ossos, é um


fenômeno , pouco frequente, extremamente inusitado devido ao
processo de decomposição. Leroi-Gourhan lembra, que caso isto
não ocorresse, estaríamos o tempo todo, esbarrando nos restos
humanos e de animais.
Escavação de sítio em Buritizeiro (Minas
Gerais) descobriu sepultamentos que
forneceram diversas informações aos
arqueólogos .
2. Os sítios pré-históricos
Com relação, aos sítios pré-históricos podemos observar uma
diversidade de fisionomias, os mais frequentes são os existentes
nos aluviões dos cursos de água ou grandes depósitos de lodo.
Além destes, temos as grutas e abrigos, turfeiras e os sítios de
superfície, que são extremamente abundantes, mas ao mesmo
tempo muito mais vulneráveis.

3. Decifração do Manuscrito: as escavações.

Para o nosso autor a decifração do manuscrito da terra, é


realizada através do processo de escavação. Seguindo, o conselho
do pré-historiador francês, o primeiro procedimento seria
manuseá-la com todo o cuidado possível, pelo fato do nosso
manuscrito ser muito frágil. O que em outras palavras, deve ser
lido com todo o cuidado possível de forma lenta, procurando
assim, compreende-lo melhor. Diante dos conselhos fornecidos por
Gourhan, a leitura do manuscrito/livro da terra orienta-se pela
seguinte lógica:
3. Decifração do Manuscrito: as
escavações
As necessidades em descobrir a primeira camada/página tanto
quanto possível, com o cuidado de não deslocá-la;

 A cada camada/página observada a necessidade de anotar,


fotografar, desenhar, um esforço constante de compreender
“tudo” o que se vê;

Pois, cada grão de terra, bocado de carvão, pedaço de pedra


informa e conta em nossa leitura tanto como, as mais belas
pontas de sílex talhado;
3. Decifração do Manuscrito: as
escavações
Caso não tenhamos este cuidado, “rasparíamos” à terra
retirando dela, somente, os objetos que agradam, tal metáfora
utilizada por Gourhan, pode ser relacionada dentro da
compreensão de “o de copiar um texto anotando os substantivos
e abandonando o resto das partes que seriam necessária à
compreensão daquele cenário;

Ao acabar de decifrar/ler a primeira camada/página é que


reuniremos, a maior quantidade possível de objetos e itens
encontrados, para que seja possível ter a visão mais global,
possível daquela realidade que pretendemos reconstruir;
“É fácil imaginar o valor
simbólico desses
instrumentos, que
representavam para
aqueles homens e
mulheres a
possibilidade de pôr em
prática conhecimentos e
habilidades desenvol-
vidos ao longo de
milhares de anos, como
os de lidar com vegetais
que precisam do homem
para se reproduzir”,
comenta a
pesquisadora.
3. Decifração do Manuscrito: as
escavações.
 A terra é um livro cujas páginas são destruídas à medida que se leem.
Cada página então, somente pode ser uma vez lida no texto original,
quando a camada de terra é retirada tudo o que não foi transcrito
encontra-se irremediavelmente perdido;

 Tendo então, após a leitura, as informações recolhidas passamos a


desenvolver um trabalho particular, com o objetivo de ajudar na
compreensão do texto. Dessa forma então, os objetos fabricados pelos
homens serão entregues ao especialista em tipologia, as ossadas
humanas irão para o antropólogo, o paleontologista ocupar-se-á
das ossadas dos animais, o polinólogo estudará os polenes
fossilizados das plantas da época. O geólogo produzirá a história da
sedimentação e da erosão do local exato onde foi recolhido o material.
A reconstrução do cenário Pré-histórico é fruto de um trabalho
transdisciplinar e integrado, preocupado em formular um
conhecimento elaborado do espaço em questão estudado.
4. Como é utilizado o texto da terra?

“Eis-nos de posse de informações acerca dos


instrumentos de pedra, dos animais, das plantas, do
clima, dos homens de várias camadas de terra
sobrepostas. Não temos nenhuma referencia escrita e
muito poucas noções sobre a localização das diferentes
massas de documentos no tempo, sobre o número de
anos, de séculos ou de milênios que os separam.
Ignoramos os nomes desses povos, dos seus chefes, dos
seus deuses. Nada nos sobrou da sua língua, das suas
ideias, da sua música. Mesmo para reconstituir a sua vida
mais material, o pouco que nos chegou apenas fornece
uma pobre informação” (GORHAN, pg.26)
4. Como é utilizado o texto da terra?
Como vimos, a partir das informações coletadas no campo de
pesquisa junto ao arquivo da terra, não se tem informação
definitiva sobre o material encontrado e o povo que o produziu. O
trabalho do Pré-historiador seria como, o de reconstruir a roupa
de um granadeiro do Império tendo como informação,
exclusivamente, o seu botão. É um trabalho meticuloso, de um
verdadeiro especialista na reconstrução de quebra-cabeças,
habilidades que foram forjadas, no cotidiano do estudo e da
pesquisa sistemática no campo da Pré-história.
Diante das dificuldades, inerentes ao processo de pesquisa,
ele precisará juntar as informações analisadas pelos especialistas,
com um pouco de imaginação pré-histórica, no árduo processo de
recomposição do ambiente estudado.
ARQUEOLOGIA UMA CIÊNCIA EM
CONSTRUÇÃO

“A Arqueologia é uma forma de História e não uma simples


disciplina auxiliar”(V. Gordon childe)
CONCEITUAÇÃO
PERSPECTIVA TRADICIONAL: partindo de uma
conceituação mais tradicional, a arqueologia seria pensada,
apenas como a escavação, o processo de restauração dos objetos
(coisas, artefatos) criados a partir do trabalho humano. Neste
caso, o trabalho do arqueólogo reduzia-se a de um mero
escavador, criando, catalogando e organizando “restos” da
trajetória humana.

PERSPECTIVA ATUAL: diferente da versão anterior, à


arqueologia no mundo contemporâneo afasta-se cada vez mais da
concepção de que seria um ramo de conhecimento voltado,
exclusivamente, à produção de fatos arqueológicos. A partir,
deste enfoque, nos últimos anos o seu objeto principal de estudo
constitui-se na reflexão sobre a cultura material humana de
qualquer época, seja ela o passado ou presente.
Trajetória da Arqueologia
A arqueologia surgiu como ramo do conhecimento com este
vocábulo, nos anos finais do século XVIII. Quando o seu
significado moderno, passou a ser empregado, e muitas vezes
evidenciando, tal disciplina como o: estudo técnico dos vestígios
do passado. Com o objetivo de apresentar alguns destes, vejamos
os momentos centrais no processo da sua evolução, enquanto,
disciplina acadêmica:

1763 – Johann Winckelmann (1717-1768) publicou


Geschichte der kunt, obra baseada nas pesquisas das cidades
de Herculanum e Pompéia, apresentando descrições inéditas de
objetos encontrados mediante a demarcação da região em
sítios. Winckelmann ficou conhecido como o inaugurador do
método arqueológico moderno.
Herculano Pompéia
O capacete de Sutton Hoo foi um dos tesouros
descobertos, que se encontra hoje no British
Museum em Londres O capacete de Sutton Hoo foi
um dos tesouros descobertos, que se encontra hoje
no British Museum em Londres. IN:
https://www.bbc.com/portuguese/vert-cul-55905814
Johann Joachim Winckelmann
(Stendal, 9 de dezembro de 1717 —
morreu perto de Trieste, 8 de junho
de 1768) foi um historiador da arte
e arqueologo alemão. Era um
Helenista e foi o primeiro a
estabelecer distinções entre arte
Grega, Greco-Romana e Romana, o
que seria decisivo para o
surgimento e ascensão do
neoclassicismo durante o século
XVIII. Winckelmann foi também
um dos fundadores da arqueologia
científica moderna e foi o primeiro
a aplicar de forma sistemática
categorias de estilo à história da
arte. É, geralmente, considerado o
pai da história da arte.
Desenvolvimento da Ciência Arqueológica

 Século XIX – período em que ocorreram de forma


sistemática, os primeiros e variados avanços nas pesquisas
pré-histórias e mesopotâmicas. Desse modo, em 1871 a
arqueologia elaborou novas perspectivas de trabalho de
métodos e conhecimentos científicos mais precisos.

 Século XX – a arqueologia modificou sua metodologia de


trabalho, procurando inserir abordagens que dialogassem
com outras ciências afins, como: a sociologia, antropologia,
história, geografia. Além, de se impor como disciplina
autônoma, combatendo assim, a visão de uma área de
estudo auxiliar;
Trajetória da Arqueologia
Desenvolvimento da Arqueologia e a formação de
escolas de pensamento:

A arqueologia nos Estados Unidos: esteve desde o


século XIX relacionada à antropologia, esta última
disciplina se preocupava com o estudo dos grupos
ameríndios. Durante o século XX, a arqueologia passou
junto com a antropologia a ter como área de interesse o
estudo da sociedade euro-americana, principalmente,
através do surgimento e desenvolvimento da arqueologia
histórica.

Os estudos arqueológicos na Europa: derivaram-se da


Filologia e História, preocupada com a reflexão e pesquisa
dos vestígios materiais da civilização ocidental, civilizações
gregas e romanas. Posteriormente, surgiram, as
arqueologias egípcia, bíblica, mesopotâmica e todas as
outras percussoras daquelas chamadas de clássicas.
A trajetória de alguns arqueólogos
famosos William Matheus Petrie (1853-1942) –
foi um dos pioneiros da arqueologia
moderna, mesmo sem ter a formação
acadêmica, desde cedo se destacou no
estudo das coleções de moedas antigas, e
nas pesquisas feitas no Egito. Foi um dos
fundadores da arqueologia bíblica,
tornando-se expoente da arqueologia
como aventura, modelo que influenciou o
cinema, no processo de representação do
arqueólogo. Além disso, segundo Funari:
“Petrie foi o primeiro a preocupar-se
em estudar e classificar objetos
domésticos, de uso cotidiano”.
Estudando de forma pioneira os
vestígios anteriores ao período
faraônico antes não considerados
pela pesquisa arqueológica.
A trajetória de alguns arqueólogos
famosos
Mortmer Wheeler (1890-1976) –
A sua formação foi em estudos
clássicos, concluiu o mestrado em
1912, e durante a primeira guerra
atuou como um dos mais
destacados soldados no front, o
que ajudou a conquistar algumas
honrarias militares. A partir da
década de 1920, tornou-se diretor
do museu nacional de Wales e
posteriormente, de Londres. Foi o
responsável pelo desenvolvimento
do sistema Wheeler. Ele afirmava
que o arqueólogo “escava
pessoas, não coisas”, e que para
o seu trabalho ser feito com
eficiência era necessário tratar o
objeto de estudo como algo vivo.
A trajetória de alguns arqueólogos
famosos
Vere Gordon Childe (1892-1957)–
foi um dos mais conhecidos
arqueólogos, importante divulgador
desta ciência. Escreveu diversas obras
que tinham como argumento central
pensar a arqueologia como uma forma
de História. Nasceu na Austrália,
estudou em Oxford, com grandes
nomes da arqueologia. Até a década de
30, dedicou-se ao ativismo político em
seu país de origem, militando no
Partido Trabalhista, utilizou como
“A arqueologia é uma forma de história e não horizonte teórico nas suas obras uma
uma simples disciplina auxiliar. Os dados
arqueológicos são documentos históricos por
perspectiva, materialista de orientação
direito próprio e não meras confirmações de marxista, para pensar a construção da
textos escritos. Exatamente como qualquer ciência arqueológica. Ensinou em
outro historiador, um arqueólogo estuda e Edimburgo, Escócia, e na cidade de
procura reconstruir o processo pelo qual se Londres onde foi diretor do instituto de
criou e o mundo em que vivemos”. Arqueologia. Faleceu no ano de 1957.
A trajetória de alguns arqueólogos
famosos
André Leroi-Gourhan (1911-1986)-
desenvolveu um tipo de arqueologia
preocupada em entender, como as
pessoas viviam em sociedade, muito
aproximada à etnologia de raiz
francesa. Sua formação acadêmica foi
em línguas, dedicando-se nos anos
iniciais de sua atividade à etnologia.
Posteriormente, aprofundou-se em
estudos na área da pré-história.
Construindo a partir das suas reflexões
e do seu profuso trabalho de pesquisa,
obras e conceitos que pretendiam
pensar a realidade pré-histórica. Dentre
os conceitos desenvolvidos por ele, e
ainda utilizados no interior da Pré-
história encontra-se o de gesto
técnico.
Arqueologia e suas áreas de
pesquisa Pedro Paulo Funari observa que
dentro do processo de renovação dos
estudos arqueológicos, novos conceitos
surgem, a medida que as pesquisas
avançam, exemplo desta realidade
encontra-se, por exemplo, com o
surgimento de conceitos como os de:
Ecofato - refere-se aos vestígios do
meio ambiente que sofreram a ação
humana.
Biofato - relaciona-se aos restos
animais associados aos seres humanos.
Arqueologia e suas áreas de pesquisa
No seu trabalho, o arqueólogo deve
registrar os artefatos encontrados,
por meio de fotografias, desenhos,
de modo que seja possível,
localizar os vestígios encontrados.
Tais procedimentos são possíveis,
a partir, do emprego de várias
estratégias metodológicas, como o
estudo através de:

Seções estatigráficas:
corresponde à profundidade em
que os artefatos foram encontrados
no processo de escavação.

Planos horizontais: compreende


a distribuição espacial dos
artefatos.
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
O estudo da arqueologia no Brasil
iniciou-se, de forma sistemática, a
partir das pesquisas desenvolvidas
pelo, erudito dinamarquês Peter
Wilhem Lund (1801-1880), conhecido
estudioso/naturalista que no arraial
de Lagoa Santa, Minas Gerais, entre
os anos de 1834 à 1844 montou um
laboratório de pesquisa paleontológica
que após um processo intenso de
pesquisa, localizou aproximadamente
800 cavernas. As suas pesquisas
tiveram como consequência a
descoberta de fósseis antiquíssimos de
animais extintos e restos humanos
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
 Ainda, durante o século XIX, com a fundação do IAHGB
encontramos outros estudiosos preocupados com pesquisas
arqueológicas, defendendo muitas vezes, teses “fantásticas”,
como: a que defendiam a ocupação ou visita em tempos
anteriores, dos Celtas ou Vikings;

 Muitos dos argumentos que embasavam tais teorias,


tinham como evidências argumentativas, os grafismos
rupestres encontrados em várias regiões do país, nos sítios
pré-históricos. A falta de um estudo mais sistematizado sobre
tais produções, aguçavam a imaginação dos nossos “sábios”
que diante delas construíam as mais desconcertantes teorias,
mesclando ciência com mito.
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
Durante o século XIX, a nossa arqueologia foi povoada por
teorias, que procuravam traçar as nossas origens como
relacionadas a influencia de populações de ramos semíticos, ou da
presença de nórdicos em nossas terras. Não tínhamos em nossas
academias de formação superior, nenhuma que possuísse cátedra
que ensinasse a ciência arqueológica. O que em grande medida
colaborava para que não ocorresse um maior desenvolvimento
desta disciplina.
Alguns espaços foram constituídos para desenvolver a
arqueologia ao longo do século XIX, Museu Nacional do Rio de
Janeiro, Museu Paulista e o Paraense, constituíram-se em centros
fomentadores desta atividade. Mesmo que o viés adotado fosse o
de uma arqueologia nobiliárquica, preocupada na construção de
uma imagem “nobre” sobre os nossos antepassados, como se
fossem herdeiras das “antigas”civilizações.
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
Donatti (2017) observa que a institucionalização deste saber
no Brasil, ocorreu na transição do XIX ao XX:
“a arqueologia, portanto, institucionalizou-se vocalizando
identidades nacionais ao fornecer matéria-prima para elaboração
de símbolos nacionais, naturalizando dessa forma, o sentimento
de pertencimento a nação (Ferreira, 2010:22). Sobre os
financiamentos dessas pesquisas, Funari (1999) discorre que a
arqueologia do século XIX foi feita por estudiosos ligados ao
Museu Nacional do Rio de Janeiro, Museu Histórico Nacional,
Museu Paulista sendo os trabalhos de campo e laboratório
coordenados pelos seus diretores que conseguiam o patrocínio da
elite. Assim a arqueologia brasileira só se inicia de fato, com
propósitos de pesquisa e fins educacionais, a partir, da Segunda
Guerra Mundial (FUNARI, 2000)”. (DONATTI, 2017:46-47).
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
Somente, a partir do século XX, de maneira científica é que a
arqueologia na qualidade de disciplina acadêmica passou a fazer
parte, do campo de formação profissional, em nossas Instituições
de Ensino Superior.
A Universidade de São Paulo, através da fundação do
Instituto de Arqueologia, possibilitou a constituição da
arqueologia acadêmica em nossas escolas superiores. A partir
deste evento tivemos, principalmente, na segunda metade do
século XX, uma forte discussão, no seio da ciência arqueológica,
entre uma visão humanista versus uma mais técnica, esta última,
representada pelo Programa Nacional de Pesquisa Arqueológica
(PRONAPA). Programa concebido e implementado durante, o
período da Ditadura Civil Militar (1964-1981), através de um
convênio entre os governos militares e arqueólogos americanos.
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
O PRONAPA, estabeleceu um projeto de levantamento de
vários sítios e áreas arqueológicas, a critica que se faz a este
programa foi o de reforçar estereótipos, como os relacionados, a
visão do povos indígenas como “preguiçosos”, posição que os
arqueólogos de viés humanista combatiam.
Por exemplo, Betty Meggers (1921-2012), Clifford Evans
(1920-1981), uma das lideres do PRONAPA, até seus últimos dias
de vida defendia que a “América Latina seria para sempre
atrasada e subdesenvolvida, mas também que a floresta tropical
era um paraíso falso, iludindo trabalhadores árduos a se tornarem
índios preguiçosos”.(FUNARI, 2013).
Estas visões não deixaram de ser combatidas, e a partir da
segunda metade da década de 1970, tendo uma visão mais
humanista tornando-se hegemônica, no interior da arqueologia.
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
Nas últimas décadas, ou pelo menos, desde meados da década
de 1980, a arqueologia brasileira incorporou novos desafios as
suas reflexões, ao mesmo tempo em que, estreitou os laços com a
sociedade e se tornou mais próxima das pessoas comuns.
É possível verificar esta percepção, observando o seguinte:
 Estudado a cerâmica, arquitetura as relações de gênero.
Além de investigando a questão da ditadura e repressão;
 Outro tema que se desenvolveu, mesmo que tardiamente,
tem sido a Arqueologia histórica, com estudos sobre o
nosso passado colonial;
 Estudos sobre Quilombo de Palmares e Canudos, são
exemplos desta revitalização.
Diante, desta revitalização, não podemos deixar de observar
que a Arqueologia brasileira tem se inserido na discussão
internacional e exercido uma posição de relevância, ao mesmo tem
Desenvolvimento da arqueologia no
Brasil
po que passamos também a ser visto como um espaço importante
na compreensão da chegada e ocupação das Américas,
contrastando as teses clovistas.
Diante de todas estas transformações, podemos finalizar
compartilhando a perspectiva adota por Funari (2013, p.3), a de
que a arqueologia tem cada vez mais apresentando-se, enquanto
um campo de saber original e dinâmico, afastando-se das visões
que a colocavam na condição de disciplina auxiliar ou marginal.
Desta forma, contribuindo no processo de reflexão das questões da
humanidade, estruturando-se assim num campo de saber central
estimulando ao desenvolvimento do conhecimento.
Do macaco ao homem: considerações
sobre o processo evolutivo
As considerações que iniciam a narrativa dos autores, sobre a
suposta transformação do “macaco ao homem”, para pensar como
na ordem natural aconteceu o processo de evolução biológica,
parte da constatação de que de forma geral, todos os seres vivos
seriam fruto de um processo natural, que ocorreu a longo prazo,
que ficou conhecido como evolução biológica.
Diante, deste mecanismo, é possível observar que, ao longo do
desenvolvimento da compreensão do processo por parte do público
em geral, inclusive, dos profissionais da educação, personagens
importantes na difusão da conceituação e demonstração de como
funciona a evolução biológica. Encontramos as mais variadas
apropriações, muitas vezes sem uma compreensão efetiva e
problematizada de como o processo evolutivo aconteceu. Muitas
vezes disseminando, abordagens pouco fieis a realidade
apresentada por Darwin (1809-1882).
Por isto, que é necessário compreender que a forma como
processa-se a evolução biológica, baseia-se em dois pilares:
1. O primeiro deles, a observação da existência de uma
grande variabilidade genética;
2. No segundo, a compreensão de que estas variações são
transmitidas de uma geração para a outra com
frequência diferenciada.
A constatação da existência deste processo, foi exposta em
1859 pelo naturalista inglês Charles Darwin(1809-1882), após
longos anos de estudo e até mesmo por parte do autor, com um
certo temor de como as suas descobertas seriam interpretadas e
divulgadas. Dentro do conjunto de aspectos por ele observados
podemos destacar alguns, entre eles:
A evolução biológica não tem projeto. Nem mesmo para o
homem! Ela seria puramente fruto do acaso;
As variedades genéticas são resultados de mutações do genoma;
Outro aspecto interessante, é que o que torna a evolução
aleatória, reside no fato de que as condições ambientais não
podem ser previstas;
Uma das provas concretas que a evolução é fortuita e sem
projeto prévio, está no fato de que muitas espécies que existiam
no passado, encontram-se extintas;
Alguns equívocos permeiam a visão que socioculturalmente
foi construída sobre a evolução. Podemos observar dentre elas, as
seguintes:

1. A disseminação da ideia de que a evolução leva


necessariamente ao melhoramento dos organismos. Por
trás de tal concepção, generalizou-se a visão de que evoluir
para a maioria das pessoas, é sinônimo de “melhorar”;
2. A outra visão baseia-se na concepção de que evoluir, é
se tornar mais complexo. Compreendendo, tal aspecto
dentro de uma lógica qualitativa.
As duas perspectivas ensejadas acima, na visão de Neves e
Piló, encontra-se contaminada por uma forte dose de atribuição de
valor. Por isto, “evoluir é modificar-se mantendo-se
adaptado”. Diante de tal questão, podemos observar que:
 Não existe espécies melhores ou piores;
 O que existe são espécies, mais ou menos adaptadas, a uma
realidade ambiental;
 Outro aspecto impreciso, seria que necessariamente, o processo
evolutivo tem a obrigação de gerar formas mais complexas. Esta
visão torna-se equivocada, pois a geração destas realidades, não
resulta em nenhuma “recompensa especial”;
 Um equívoco que se soma, aos relacionados, seria o de que a
seleção natural fixaria sempre as melhores alternativas.
Por isto, os nossos autores ao tratarem, sobre o processo de
evolução costumam destacar que:

“A evolução biológica é extremamente


conservadora, limitada e imperfeita, o que por si só
afasta qualquer possibilidade de ser o produto de
um processo preconcebido de forma inteligente. A
natureza não é sabia, ela apenas quebra o galho da
vida da melhor maneira possível”. (NEVES, PILÓ,
2008.p.30).
Seguindo, este argumento, passaremos a destacar alguns
aspectos que nos ajuda a compreender, a maneira como
processou-se a evolução da vida no planeta e centrando mais
especificamente, nos primatas, ordem da qual nos originamos.
As primeiras formas de vida no planeta que temos
registro, são as bactérias, que tiveram o seu surgimento por
volta de 3,5 bilhões de anos. Quando falamos de criaturas
com estrutura mais complexa, multicelular, esta
quantidade de anos é reduzida para 1,8 bilhão de ano.
Estes exemplos, nos ajudam a compreender que parte do
processo de constituição e evolução dos seres vivos
aconteceu no meio aquático.
Como os pesquisadores apontam, cerca de 9/10 da vida
evolutiva no planeta, aconteceu na água. Somente entre,
575 à 510 milhões de anos, tivemos o surgimento daquilo
que denominaríamos de animais que originaram algumas
das formas existentes. Tendo, como referencia, a ordem
zoológica, da qual somos descendentes, a dos primatas, da
qual os hominíneos fazem parte, o seu surgimento, ocorreu
por volta de 7 milhões de anos antes do presente (AP). Este foi o
mesmo momento em que surgiu, o ancestral comum, que
provocou a divisão da família dos primatas em duas: a dos
chimpanzés e dos humanos.
Dentro da ordem dos primatas, existem um conjunto de
características que nos diferenciam de outros animais, e que
podem ser elencadas a partir dos aspectos abaixo:

Mãos e pés com cinco dígitos;


Polegares oponíveis e unhas no lugar de garras;
Visão estereoscópica (de profundidade);
Comportamentos complexos, muito deles aprendidos e
não simplesmente instintivos;
Cria dependente da mãe (altricial) e infância
prolongada.
Apresentadas tais características, que dividem a família
dos primatas em dois grupos: os prossímios (os mais primitivos)
e os antropoides, aqueles que possuem as características que
citamos na página anterior. Nesta subfamília, agrupam-se os
dois grupos que nos interessam mais propriamente que seriam
os macacos propriamente dito e os hominoides, do qual nós
hominíneos surgimos.
Além, das características elencadas, a bipedia é um dos
atributos que se relaciona aos hominíneos, sob o seu
aparecimento na contemporaneidade, existem teorias que
repensam o seu surgimento. Reproduziremos abaixo, as novas
considerações a respeito desta propriedade que liga-se a nossa
condição de hominídeo. Vejamos, então, quais seriam as
conclusões mais recentes que os estudiosos do ramo da
evolução humana, propõem:
“Diferente do que se pensava desde Darwin até o final dos anos
1990, a fixação da bipedia pela seleção natural se deu não nas
florestas, mas nas savanas [...] um estudo realizado
recentemente por Craig Stanford, da Universidade do Sul da
Carolina, Los Angeles, envolvendo mais de duzentas horas de
observação de chimpanzés na natureza, evidenciou que muitos
deles adotam a postura bípede sobre galhos mais grossos como
um modo de alcançar frutos que de outra maneira não seriam
acessíveis”(NEVES; PILÓ, 2008, p.36).
Nesta visão, a bipedia teria se processado não a partir do
processo de savanização, a que os tipos de hominíneos foram
expostos, que seria na verdade a ideia de que a locomoção
terrestre foi pressionada pelo deslocamento no interior de
paisagens abertas.
Dito isto, o fóssil encontrado aliado as observações
efetuadas por Craig Stanford, nos leva a inferir, a
possibilidade da bipedia como tendo “sido fixada
originalmente não como adaptação locomotora, mas apenas
postural”. (p.37).
Estabelecendo uma relação nossa com os nossos parentes
próximos, da ordem dos hominoides, podemos concluir que
“uma das características dos primeiros hominíneos que só
recentemente ficou clara para a comunidade paleoantropológica é
que, apesar de bípedes, eles conservavam ainda em seu esqueleto
vários atributos arborícolas. Os braços eram relativamente mais
longos que as pernas e seus dedos, levemente curvos. Eram também
pequenos quando comparados a nós, com estaturas por volta de um
metro no caso das fêmeas e de 1,40 metro no caso dos machos.
Apresentavam uma capacidade craniana entre 400 e 550 cm³, muito
similar à dos grandes símios de hoje”.(p.38).
Apresentadas tais questões, que remetem ao processo de
desenvolvimento das nossas características, e que podem ser
melhor analisadas, através das bases lançadas pelo estudo da
evolução. Foi possível que em alguma medida pudéssemos,
compreender como o pensamento e os dados do processo
evolutivo foram se processando e popularizando-se, muitas
vezes sem rigor sobre as suas considerações. Diante disto,
abordar os mecanismos que forjam o nosso desenvolvimento
enquanto, espécie contribui para que seja possível,
desconstruir visões apressadas a respeito de como funciona o
processo de evolução e destacar a sua importância.
Após, estas considerações, passaremos a discutir como a
partir da nossa constituição de hominíneos, passamos a
construir Cultura e nos tornarmos humanos.
A Evolução Cultural na Pré-História
Alguns Aspectos
Discutindo o conceito de evolução cultural do gênero homo,
Guglielmo analisa o desenvolvimento da nossa espécie levando
em consideração, à divisão clássica, na qual ao analisarmos a
Pré-história, costumamos utilizar, e que orienta-se dividindo
nos seguintes períodos: Paleolítico, Neolítico, difusão do
Neolítico, Revolução Urbana e Povoamento da América.
A respeito de cada uma das fases destacadas, como apresenta o
autor, possui características que as tornam especificas, mas
que não devem ser entendidas dentro da concepção vulgar do
que compreendermos, como sendo evolução, a de um período
superior ao outro. Mas, na perspectiva de que o
desenvolvimento acontece, saindo de um período mais simples
em direção ao mais complexo. O que não é sinônimo de
melhoramento.
PALEOLÍTICO
Caracteriza-se por ser o período mais longo do momento que
qualificamos de Pré-história, o seu inicio até o presente momento,
foi definido por volta de, aproximadamente 2,5 milhões de anos, e
relaciona-se aos instrumentos de pedra que sofreram intervenção
humana, e que foram encontrados no sitio de Hadar na Etiópia. O
momento final deste período pode ser delimitado em torno de 10
000 anos Antes do Presente (AP). Caso destaquemos quais as
características deste período, é possível, por exemplo,
correlacionar um conjunto de acontecimentos, como :

O modo de produção, ou de vida destes primeiros hominídeos,


que pode ser descrito e compreendido como sendo de:
carniceiros, caçadores, coletores e pescadores;
 É provável, que foi ainda no Paleolítico inferior que
aconteceram o melhoramento das técnicas de caçadas, além da
descoberta e controle do uso do fogo, por parte dos hominídeos;

 Encontramos mudanças fundamentais, no final do paleolítico


inferior para o médio, como por exemplo, o processo de
desenvolvimento no processo de acabamento na manufatura de
ferramentas/utensílios;

 É deste momento, possivelmente, a difusão de práticas rituais


de sepultamento. Além da preocupação, em diferenciar às
técnicas de produção de manufaturas, com pontas de lanças,
adornos pessoais e efeitos decorativos;
 Já no período de transição, entre o paleolítico médio e o
superior, encontramos a disseminação da Cultura dos Homo
Sapiens Sapiens. Além, de algumas transformações como o
trabalho em objetos de marfim, ossos e chifres, a
especialização de instrumentos de pedras com artefatos
apresentando um tipo de lamina;

 Aproximadamente, por volta de 10.000 anos A.P, o recuo das


geleiras e as mudanças ambientais provocaram, outro salto
qualitativo, que se materializou, no desenvolvimento da
criatividade associados à pintura rupestre, domesticação dos
animais e efetivação do tipo Sapiens Sapiens, no caso da
Europa, em relação ao Neandertal.
NEOLÍTICO
O conceito de Neolítico surgiu no século XIX, e tem seu
significado naquele momento, relacionado à “nova idade da
pedra”, que tinha a sua identificação com à produção dos
instrumentos de pedra mais bem acabados. Utilizando técnicas
de polimento, que antes não era largamente encontrado nos
artefatos.
A mudança na cultura lítica, não foi à única transformação
ocorrida nesta fase, alguns outros hábitos se desenvolveram, o
que provocou uma mudança material mais também,
comportamental.
 O processo de domesticação, tanto de certas espécies vegetais
quanto animais, este processo começou a ocorrer com maior
intensidade a partir do período qualificado como Neolítico.

 A esse respeito, Guglielmo observa “O processo de


domesticação envolve uma relação de simbiose, entre
as populações humanas (domesticadores) e certas
espécies favorecidas de vegetais e animais
(domesticados). O domesticador afasta dos respectivos
hábitats a flora e a fauna domesticáveis, suprindo-os
de espaço, água, luz solar, nutrientes e interferindo na
sua atividade reprodutora para garantir o máximo
retorno dos recursos empregados. A domesticação
normalmente causa modificações genéticas nas
espécies domesticadas”. (GUGLIELMO, p.38).
Tornou-se, cada vez mais comum encontrar entre os 11000 a
9000 anos AP, inúmeros sítios arqueológicos no oriente médio, a
domesticação de tipos de cevada, trigo, cabras, carneiros e o
cultivo de algumas leguminosas.
O hábito do consumo no oriente médio de sementes, o que
não era comum na Europa, devido, a vários fatores, entre eles a
existência de grandes pastagens. Provocou o surgimento de várias
aldeias pré-agricolas, como a de Jerusalém, o que provocou uma
mudança com relação ao processo de sedentarização das
populações humanas, pois tirou tal evento, única e
exclusivamente, como decorrência, por parte dos grupos humanos
da descoberta/invenção da agricultura.
Segundo o autor:

“são numerosas as evidencias de sociedades sedentárias pré-


agricolas no oriente médio, que estocavam grãos para
alimentação posterior. A descoberta de vilas pré-agricolas como a
de Jericó, em Israel. Revolucionou a ideia em vigor até 1960, de
que a sedentarização era fruto da agricultura. Nas vilas pré-
agrícolas, adaptadas para estocar grãos, processá-los em farinha
e converte-los em alimento, a construção de casa sólida, muros,
moinhos e silos. representava um grande investimento de
energia humana, que fazia as pessoas relutar em abandonar
tudo e se mudarem”. (GUGLIELMO, p.40)

 O período Neolítico apresentou um rápido crescimento


demográfico, segundo estimativas à população humana entre
10 000 a 6 000 AP, teria passado de 100 000 a 3,2 bilhões;
Creio que é importante repensar a imagem idílica que foi
construída do período pré-histórico, como sendo, uma fase
pacífica, segura, autossuficiente e igualitária, principalmente,
nas vilas pré-agricolas. Tal concepção mesmo que possa
inicialmente servir como parâmetro, para as primeiras vilas
pré-agricolas, não pode e nem deve ser estendido para todo o
período.
Porque ao realizarmos tal associação, negamos de
alguma forma a dinâmica da História, criando sobre este
conhecimento e os períodos sobre os quais analisa, um certo
essencialismo, ou até mesmo uma visão de “Era da inocência”,
construindo a concepção da existência de uma suposta
“bondade” destas populações.
Ao contrário de tal visão idílica, Guglielmo aponta, dentro
de outra perspectiva, “na medida em que novas espécies
foram domesticadas, desenvolveram-se aceleradamente
ferramentas, técnicas produtivas e novas formas de vida
social. Recentes descobertas tornam evidente que
grandes cidades eram comuns há 10.000 anos, e a
presença de muralhas, fossos e torres que as cercavam
desmentem a imagem romântica atribuída ao Neolítico,
sua prosperidade indica o desenvolvimento do comércio
com a exportação de gado e cereais em troca de vários
artigos e matérias-primas”. (GUGLIELMO, p.41)
Ao contrastar tais evidencias, é possível que tenhamos,
uma visão a respeito do desenvolvimento humano, mais
assentado em bases que apresentam a realidade da dinâmica
histórica.
Ainda durante o Neolítico, o maior domínio sobre a
natureza libertou os seres humanos daquele modelo, baseado na
caça e coleta, dependente da flora e fauna silvestres.
Outro dado importante é o de que tais transformações
provocaram também um processo de diferenciação social. O que
promoveu o desenvolvimento de uma organização política. Ao
mesmo tempo, em que se desenvolveu a estrutura de governo
ocorreu outro processo, que contribuiu no estabelecimento de
sociedades com maior grau de organização. Este processo foi o da
especialização, a partir dele foi possível observar que cresceu “o
número de indivíduos que deixaram de trabalhar diretamente na
produção de alimentos para se dedicarem, exclusivamente, aos
trabalhos de cerâmica, tecelagem, construção de navios, ao
comércio. Simultaneamente, desenvolvem-se profissões ligadas
ao controle social: escribas, sacerdotes, legisladores, militares e
outras. A tendência rumo à especialização fortalece uma
organização social e política mais complexa.
O que foi a Difusão do Neolítico e como ela ocorreu?
Segundo Guglielmo, “a expansão do Neolítico não
resultou apenas de um processo de difusão cultural, a
partir de um único centro irradiador. Tudo indica que
tanto a domesticação quanto o processo de inovação
tecnológica, após o desenvolvimento da agricultura,
ocorreram de forma simultânea e independente nas
diferentes regiões do planeta. Assim, a domesticação, a
agricultura de irrigação, a cerâmica, a roda, a
metalurgia, a escrita e tantas outras técnicas não
foram inventadas apenas uma vez. Antes, surgiram da
necessidade das culturas locais em expansão
demográfica se adaptarem às potencialidades de seus
hábitats”. (p.48)
A partir, de tal processo, podemos compreender a maneira
como se desenvolveu, as características que colaborariam
para fornecer a tal fase de desenvolvimento, a sua dinâmica
própria formando em nossas sensibilidades históricas, outras
possibilidades de encarar tal realidade.
A Pré-história na América
Sobre esta questão, o autor do texto discutiu aspectos do período
pré-histórico no continente americano, observando que as datas
utilizadas para pensar a Pré-história tanto na África quanto na
Europa não são coincidentes para à América. A respeito desta
periodização, temos alguns pontos importantes a destacar:

 Ausência de ancestral anterior ao Homo sapiens sapiens;

 Existência de muitas controvérsias sob o processo de


povoamento humano na região. A data mais aceita gira em
torno de 13000 anos A.P.;

 Tal periodização sofreu reavaliações, através de pesquisas


desenvolvidas em outras regiões da América, como: São
Raimundo Nonato, no Piauí, e o sitio de Monte Verde, no Chile;

 A partir dos achados, encontrados nestes locais, encontrou-se


vestígios que lançaram novas perspectivas, ao que concerne as
datações, com horizontes temporais que se centram em torno
de 33 000 à 31 500 anos, com datas superiores a estas ultimas
como é o caso dos vestígios encontrados em São Raimundo
Nonato, no qual foram encontrados vestígios com idade igual à
50 000;
 Com relação, às primeiras vilas sedentárias as datas giram
em torno de 7 500 anos A.P na região do Golfo do México e
no Peru. Como ocorreu no velho mundo, a agricultura
possuiu importância fundamental no lançamento das bases
no processo de uma organização sociopolítica mais
complexa;

 Dentro do campo das controvérsias, até os anos 60 do


século passado, os antropólogos não aceitavam que a
agricultura tivesse se desenvolvido de forma independente
na América. No entanto, podemos observar que por volta
de 3 a 5 mil anos, formas primitivas do milho silvestre
passaram a sofrer um processo de seleção por agricultores
humanos.

 Através, desta constatação, podemos observar que não


houve difusão das técnicas de cultivo do Velho para o Novo
Mundo, o que podemos asseverar foi um processo de
“reinvenção da agricultura”;
Guglielmo constata, no seu livro que
“até o período do domínio espanhol pode-se
estabelecer um incrível paralelo entre as civilizações
do Oriente Médio e as da América. Embora,
desconhecessem a metalurgia do ferro,
desenvolveram notáveis progressos em trabalhos de
cobre, ouro, prata e, pouco antes da invasão
ocidental, do bronze. Da mesma forma, suas elites
dominantes regulavam e distribuíam a produção,
controlando sob a supervisão do Estado as populações
locais. Elaboraram calendários e observações
astronômicas complexas, desenvolveram a
matemática. As civilizações da América conheciam o
número zero, conceito abstrato inexistente nos
sistemas de numeração do Oriente Médio, dos gregos
e romanos”.
Quando e como os humanos chegaram a
América

O debate a respeito das origens do gênero humano


no continente americano, faz parte de uma antiga
polêmica, que provocou, ao longo do tempo, muitas
controvérsias. Desde pelo menos, a entrada dos
europeus no continente, por volta do século XV/XVI é
possível, com relação a estas questões, observar que a
visão deles orientavam-se pelos seguintes aspectos:

A origem das populações nativas como provenientes


do continente asiático;

Outra impressão postulada pelos europeus, é


possível observar na visão do missionário jesuíta
Acuña, destacando que “ao ver um nativo podia ver
todos”, construindo a “falsa” igualdade deles.
As teorias, que explicavam a chegada do homem na
América só começam a orientarem-se por um discurso
científico, a partir do século XIX, com a colaboração de
estudos arqueológicos/paleontológicos. Contudo, somente
na década de 1950, foi que as reflexões construídas no
século anterior, seguiam critérios mais rigorosos de
comprovação, com o desenvolvimento das técnicas de
datação. Porém, as primeiras fórmulas de explicação dos
vestígios humanos na América, seguiram a lógica que
exporemos abaixo:

Teoria Catastrófica – baseada nas reflexões de


Cuvier(1769-1832) defensor de que a vida no
planeta não foi criada uma única vez, mais várias
vezes, o que explicaria que não tinha ocorrido a
convivência entre os grandes animais (megafauna)
e os humanos;
 Lund (1801-1880), um dos primeiros estudiosos a
desenvolver pesquisas paleontológicas e
arqueológicas ainda no século XIX, no atual estado
de Minas Gerais. Mesmo adepto do catastrofismo,
acreditava que os grupos humanos conviveram com
as “grandes bestas”. Hipótese confirmada, ao
encontrar vestígios humanos junto a megafauna;

Linguística
Matrizes de pesquisa para
pensar a ocupação da
América

Estudos da
Arqueologia Genética
Com relação ao horizonte temporal que discute a
entrada dos primeiros grupos humanos na América, os
estudiosos se dividem em duas posições os:

Clovistas – defensores de que a chegada dos


primeiros grupos humanos ao continente, ocorreu
por volta de 11,4 mil BP;

Pré-clovistas – acreditam que os grupos humanos


chegaram entre 13 à 14 mil anos BP, os mais
radicais defendem que este processo tivesse
ocorrido de 30 a 40 mil anos
A divisão conceitual e metodológica, para pensar a
ocupação da América, tem se dividido em dois grandes
grupos: os Clovistas e Pré-Clóvis. Com relação, a primeira
posição, é possível observar as seguintes características:

Caçadores
especializados de
Cultura Lítica
grandes animais
originária
influenciado os Indústria Lítica com
demais povos na bom acabamento
América

Teoria de Clóvis/
First Clóvis

A via de ocupação
principal foi o Estreito Modelo defendido
de Bering tipo pelos cientistas do
humanos Mongoloide EUA
Porém, este paradigma, nas últimas décadas vem
sofrendo questionamentos, a partir de algumas
descobertas como:

A sua alimentação baseava


O fato de que muita culturas em recursos vegetais e
líticas não guardam relações consumo de animais de médio
estilísticas com a Cultura e pequeno porte. Salvo
Clóvis. Porque nem todos os algumas exceções: Terra do
povos tornaram-se caçadores Fogo, Mato Grosso, Savana,
especializados de Megafauna Colômbia e Venezuela

Pelo que foi encontrado nos


sítios, os grupos humanos no
resto do continente, adotaram
uma prática de caçadores-
coletores-generalistas


O que é possível compreender a partir dos
elementos fornecidos, foi que:

 Possivelmente tivemos um processo de ocupação


da América muito mais complexo e anterior, do
que se costuma pensar;

 Tal realidade nos ajuda a verificar que ao


estudarmos o processo de ocupação da América, a
cada fóssil e sitio encontrado, o quebra-cabeça da
ocupação americana torna-se mais conhecido.
Os hominídeos no Brasil: os
primeiros habitantes
Pedro Paulo Funari e Francisco Noelli, no livro a
Pré-História no brasil, retomam a apresentação de
algumas teorias sobre o surgimento do gênero homo,
mostrando o povoamento da América e reconstruindo
o cenário de como este processo se desenvolveu. Eles
iniciam a narrativa, observando que alguns milênios
antes do surgimento do homem moderno
perambulava pela terra o Ramapithecus, um ancestral
humano que já se diferenciava do chipanzé.
Segundo informações de Funari, baseado em
estudiosos do processo da evolução humana, esta
espécime já vivia em áreas tropicais e zonas de baixa
latitude, como as regiões de clima temperado.
Os hominídeos no Brasil: os
primeiros habitantes
A História deste primeiro hominídeo serviu como
elemento de argumentação para que à arqueóloga
Maria Conceição Beltrão, do Museu Nacional do Rio de
Janeiro, colocasse questões pertinentes com relação
ao processo de ocupação da América. Posicionando-se
de forma oposta ao consenso seguido por muitos
estudiosos, Conceição Beltrão, sustentou a
possibilidade de que o Ramapithecus tivesse habitado
o nosso continente.
A referida pesquisadora propôs também, a
hipótese de que o Homo Erectus tivesse colonizado à
América, como argumento para sustentar esta visão,
Conceição Beltrão, fundamentou-se em descobertas
realizadas por ela e sua equipe no sitio denominado,
Arqueóloga procura crânio do homem mais antigo das Américas

Sem medo de polêmicas, a arqueóloga Maria Beltrão escava o sertão


baiano atrás de um fóssil que pode mudar o conhecimento da pré-
história brasileira
Por Sofia Cerqueira
access_time2 jun 2017, 12h58 - Publicado em 3 out 2014, 13h00
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A pesquisadora na Toca da Esperança: à caça de ancestrais remotos do homem (Felipe Fittipaldi/)


Os hominídeos no Brasil: os
primeiros habitantes
Toca da Esperança, no estado da Bahia. Neste local
a arqueóloga do Museu Nacional, encontrou vestígios
da presença deste hominídeo, que segundo ela
seriam: os restos de fogueira, material lítico e ossos
de animais, com datação que remontam a cerca de 1
milhão a 130 mil AP, os argumentos que defendem a
teoria sustentada por Conceição Beltrão, da presença
do Homo Erectus, baseiam-se nos seguintes
pressupostos:
1.Existência de artefatos líticos produzidos pelo
homem;
2.Estes líticos seriam de quartzitos tipo de material
não existente no lugar, logo tendo sido trazido pelo
Homo Erectus;
Os hominídeos no Brasil: os
primeiros habitantes
3. A fauna encontrada, composta por restos de ossos
de animais, segundo a arqueóloga, encontrava-se ali
também pela ação humana, pois teria sido o Homo
Erectus, que havia trazido para a gruta o material, por
ser ela de difícil acesso.
Tais argumentos sustentados pela arqueóloga
carioca, não se constituem num consenso entre os
especialistas, pois muitos colocam em dúvida, muitas
das análises empreendidas pela arqueóloga do Museu
Nacional. Dentro dos argumentos contrários a esta
teoria encontramos os seguintes:
O que para Conceição Beltrão e sua equipe parece
material lítico, outros especialistas compreendem
este material como pedras trabalhadas pelo tempo;
Os hominídeos no Brasil: os
primeiros habitantes
 A presença de quartzito ou de animais pode ser
explicada por fatores naturais, e não especificamente
pela ação humana, no caso do quartzito os críticos
da hipótese de Conceição Beltrão, apontam que este
material teria chegado à gruta, através da ação da
natureza. Através, do processo de erosão da
cobertura da gruta. Com relação aos ossos, eles
podem ter chegado ao local da escavação
transportado por animais como o tigre dentes-de-
sabre.
Muitos pesquisadores da pré-história americana
são resistentes a ideia de que o continente tivesse sua
ocupação, em datas anteriores a 12.000 AP. Os
estudiosos sustentariam tal tese, pelo fato de fosseis
Os hominídeos no Brasil: os
primeiros habitantes
humanos com idade superior, a esta datação não
terem sido encontrados. Para muitos destes
especialistas, o simples fato de restos de fogueira e
material lítico com datações superiores a 12.000 A.P,
aparecerem nas escavações não se constituem em
evidências concretas e determinantes da antiguidade
humana na América.
Devido a isto, boa parte dos estudiosos da Pré-
História americana não atribuem ao povoamento do
continente, a presença de grupos humanos anteriores
ao Homo Sapiens Sapiens, qualquer especulação
contrária não recebe crédito por parte dos membros
da comunidade científica internacional.

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