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INTRODUÇÃO:

A proposta da criação da BNCC representou um debate importante sobre educação


pública nas próximas décadas no Brasil.
No artigo, o foco é a análise no contexto de produção da proposta, dialogando com a
história dos currículos de geografia no período recente, abordando as análises e
discussões construídas pela comunidade acadêmica de geografia durante a elaboração
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Vale ressaltar que a comunidade geográfica brasileira composta por professores e
alunos dos diferentes níveis de educação e a Associação dos Geógrafos Brasileiros
(AGB), têm se mostrado historicamente, combativa no que se refere a aceitação de
propostas curriculares de ensino de geografia. Foi assim durante a construção das PCNs
e também durante a BNCC.
Segundo o estudo, essa combatividade está relacionada com a precarização do trabalho
dos professores de geografia, seja na Universidade, seja na escola básica. Esta
combatividade representa um importante movimento de luta política com a elaboração
de uma educação geográfica que contribua para a construção de uma educação de
qualidade para todos.

AS PROPOSTAS CURRICULARES EM QUESTAO: ALGUNS PRINCÍPIOS.


No Brasil se confunde currículo com documento formal, caracterizado por uma lista de
conteúdos e procedimentos a serem seguidos e executados em um determinado intervalo
de tempo. Na transição do século XIX para XX foi reforçado politicas curriculares de
cunho neoliberal que definem, rigidamente, os conteúdos que devem ser trabalhados por
alunos e professores, sem que haja espaço para criação e participação efetiva.
Temos que ter em mente que um currículo é mais que isso, no currículo deve ter um
dialogo entre educação e sociedade, levando em consideração concepções políticas,
filosóficas, éticas, entre outras.
O estudioso Pistrak reconhece a realidade atual como ponto de partida para a construção
do conhecimento e propõe outra relação entre as disciplinas, não sendo apenas ensinar
disciplinas como geografia, química, história com finalidade em si mesmas, mas que
seja um trabalho coletivo entre professores e alunos, reconhecendo o potencial dos
alunos na construção de sua autonomia.
Seria uma auto-organização em que os alunos precisam exercitar a capacidade de tomar
decisões, de agir em prol do bem comum, assim como tem relação com o a organização
da escola, inclusive da limpeza da mesma.
Para Pistrak a autonomia do aluno não é um dom, não é algo intrínseco, e sim algo que
é construído e que precisa ser estimulado no processo educativo.
ELABORAÇAO DOS PCNs: CONTEXTOS E CRÍTICAS
Foram lançadas em 1998e faz parte de uma série de reformas na educação brasileira, foi
colocada em prática desde o inicio de 1990. Tais reformas estão ligadas com a difusão
de uma logica de Estado pautado nos princípios neoliberais.
A principal critica feita pela comunidade acadêmica de Geografia é em relação a sua
articulação com o conjunto de politicas mais ampla para a educação e o estado
brasileiro.
Na analise da autora se as condições para a realização da proposta das PCNs não forem
amplamente discutidas, haverá apreensão por parte dos professores das diferentes redes
de ensino. A proposta curricular acabou por trazer a tona a precarização do trabalho
docente, o que implica na prática educativa. A autora traz cita que mexe-se no currículo
mas não são pensadas ações que ofereçam ao professores momento de reflexão a fim de
valorizar a interdisciplinaridade e os trabalhos coletivos. Ideias boas são destruídas pela
forma autoritária como são implementadas.
Também segundo a autora a logica da construção das PCNs revela a estratégia da gestão
publica de educação no Brasil. Ela cita que o Governo Federal pensa que cabe a ele
oferecer diretrizes e aos outros cumpri-las, e ainda eu seriam irrelevantes as opiniões e
contribuições que os diferentes grupos possam dar para a construção dessa proposta.
A Associação de Geografo Brasileiros (AGB) desempenhou um importante papel na
elaboração das PCNs. A AGB desde a reformulação do seu estatuto em 1978 produz
importantes reflexões sobre o papel do conhecimento geográfico no entendimento e
transformação da realidade Brasileira.
Entre as ações desenvolvidas pela AGB se destaca o envolvimento no processo de
construção de diferentes propostas curriculares de Estados e Municípios durante a
década de 1980.
Uma das principais criticas da AGB em relação as PCNs diz respeito ao problema de
uma descabida obediência das politicas educacionais Brasileiras ao Banco Mundial. As
PCNs impunham um sistema de avaliação da educação básica nacional com forte viés
tecnicista. Os testes padronizados como sistema de avaliação garantiam ao maior
controle sobre o trabalho docente, abrindo caminho para implementação de politicas de
desvalorização salarial, onde havia um controle de desempenho docente a partir de
pagamento de bonificações, atrelado ao resultado dos estudantes nestes testes
padronizados.

DOS PCNS A BNCC: A CONTINUIDADE DE UMA LÓGICA


A BNCC foi proposta como parte da meta 7 do PNE de 2014, onde foi buscado
melhorar a qualidade da educação no Brasil, a meta 7 era a mais longa do PNE que
tinha como objetivo implantar diretrizes pedagógicas para a educação básica e colocar a
BNCC como uma estratégia específica, os debates sobre a qualidade da educação eram
reduzidos e focados apenas em resultados quantitativos, as críticas ao IDEB destacavam
as limitações e captava as diversidades e acabavam punindo professores e escolas pelos
resultados e avaliações, onde era padronizados e usavam como qualidade educacional e
as críticas também eram ligadas à elaboração da BNCC que eram conduzidas pelo
governo federal.
A elaboração da BNCC estava ligada aos interesses econômicos da educação brasileira
como foi destacado pelo banco mundial, é defendido um currículo nacional alinhado
com seus padrões que sirvam para orientar, treinar e avaliar os professores, atualmente
temos um avançado grande na privatização na educação que é gerada por interesses
econômicos, uma BNCC alinhada a esses interesses pode sim reforçar a lógica de uma
avaliação que é baseada em testes que podem comprometer a qualidade educacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para garantir uma educação pública de qualidade, igualdade e oportunidades no Brasil e
preciso discutir sobre os investimentos e condições reais das práticas educativas, deve-
se lutar por investimentos adequados, por melhores condições de professores e uma boa
formação que envolvam a comunidade escolar, também devemos considerar as
condições reais da educação, devemos permanecer em defesa de uma educação pública
de qualidade e verdadeira democracia
Diante disso, a aprovação apressada de uma BNCC pode não apenas marcar
desigualdade presentes na educação mais também pode contribuir para a privatização,
há que continuar questionando, lutando e trabalhando para que no futuro seja um direito
ter educação de qualidade e acessível para todos com igualdade.

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