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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

CEAD – CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA


DEETE – DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS

RAYANNE SATURNINO DE ARAUJO (Matrícula: 20.2.9531 / Polo: Lagamar)

PROJETO DE ENSINO MORAL E DE VALORES PARA A AUTOCONSCIÊNCIA E


AUTONOMIA

Trabalho apresentado no âmbito da disciplina


EAD263 – Filosofia e Educação I, no curso de
graduação em Pedagogia na Universidade
Federal de Ouro Preto.

Professor: Dr. Haroldo Luiz Bertoldo

Presidente Olegário - MG
Maio de 2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................... 3
OBJETIVOS .......................................................................................................................................... 4
METODOLOGIA .................................................................................................................................. 5
RECURSOS MATERIAIS..................................................................................................................... 6
CRONOGRAMA ................................................................................................................................... 7
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 7

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INTRODUÇÃO

Esse projeto consiste em uma proposta a ser realizada na instituição “Educandário


Meninos Jesus”, localizada na cidade de Presidente Olegário – Minas Gerais, com uma
duração de 6 meses, com alunos no Ensino Fundamental I, ou seja, entre 06 e 10 anos. O
projeto tem como propósito promover o ensino moral e de valores para crianças do ensino
fundamental, de modo a desenvolverem a autonomia e autoconsciência.
Ao longo do período será realizado diferentes tipos de atividades que irão possibilitar
que as crianças vivenciem situações nas quais são instigadas a desenvolver valores, refletirem
sobre si mesmas e suas atitudes, e a pensarem por si mesmas de modo autônomo. Para tanto,
será promovido uma interdisciplinaridade, envolvendo as aulas de Português e Literatura, com
a contação de Histórias, leitura ou escrita de histórias que possibilitem as crianças
desenvolverem as habilidades da língua portuguesa correspondentes, bem como refletirem
sobre si mesmas a partir de conteúdos morais e valores apresentados nessas histórias. Além
disso, propõe-se uma interdisciplinar com a disciplina de Educação Física (Psicomotricidade),
a partir de realização de jogos e brincadeiras que possibilitarão às crianças vivenciarem os
valores alvitrados.
Um aspecto fundamental para a realização do projeto é quanto aos profissionais
envolvidos, os quais também precisarão vivenciar essas experiências a fim de se tornarem
“um modelo prático e vivencial dos valores que pretendem transmitir” (Igea, 2005, p. 139).
Valores não é algo que podemos ensinar de modo conteudista do mesmo modo que ensinamos
a matemática ou português, é algo que precisa ser vivido pelo educador e pelas crianças, só
assim poderá haver um aprendizado real.

JUSTIFICATIVA

São notórios os grandes avanços intelectuais e científico-tecnológicos que a sociedade


tem dado, sobretudo no último século. Ainda assim são inúmeros os desafios apresentados por
problemas, que hoje acontecem em escala global. Os progressos científicos e tecnológicos não
são suficientes para nos ajudar a resolver essas questões, e cada vez fica mais claro que a
qualidade moral dos indivíduos nos apresenta um caminho melhor para um mundo mais justo.
Neste contexto, conforme nos orienta Igea (2005) a formação moral e ética dos indivíduos é
uma tarefa urgente e que ainda está distante de ser realizada integralmente.

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O melhor recurso que possuímos em nossas sociedades atuais para promover essa
educação moral é a educação. Não uma educação enquanto transmissão dos conhecimentos
produzidos pela humanidade, mas uma educação centrada também na formação do caráter do
sujeito. Dito de outro modo, uma educação que abranja os quatro pilares formulados por
Delors (2003): aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos; e aprender a
ser. Sendo estes dois últimos muito frequentemente negligenciados pelo sistema educacional
tradicional.
Segundo Delors (2003) a concepção de educação precisa ser ampliada, de modo a
possibilitar que os sujeitos descubram o potencial criativo que possuem. Dois filósofos que
nos ajudam a refletir sobre uma educação, nesta concepção mais abrangente e que engloba os
pilares do aprender a viver juntos e aprender a ser é Locke e Kant.
Conforme Locke nos coloca a experiência é de fundamental importância para que haja
educação e conhecimento. Para ele o ser humano precisa ser “educado de forma a buscar o
conhecimento para a virtude, sem a qual o homem não se tornaria senhor de si mesmo”
(Batista, 2012, p. 151). É através do entendimento que poderemos ter domínio sobre a nossa
própria vontade, segundo Locke. Para esse filósofo é por meio da razão que o homem pode se
tornar virtuoso. E é por meio do filosofar que podemos exercitar e desenvolver a razão,
segundo Matthew Lipman (Souza, 2013). Nesse processo o indivíduo ganha autoconsciência
e autonomia, se libertando de suas más inclinações.
Immanuel Kant vê a raça humana como estando destinada a perfeição, e a educação é
o melhor recurso de que dispomos para conduzi-la nesta direção. Essa educação deve
proporcionar um aperfeiçoamento moral dos sujeitos, de modo que estes desenvolvam uma
razão prática capaz de imperar sobre a vontade. Isso implicada em aprender a fazer um uso
adequado da liberdade e da autonomia (Bueno, 2012). Sefundo esse grande filósofo, para que
a educação leve em conta e corrobore para o fim último da existência humana – o
aperfeiçoamento moral – é preciso que incorpore a prática da moralização (Bueno, 2012).
É com base nessas questões apresentados do contexto atual global, bem como nas
concepções de educação de filósofos como Locke, Lipman e Kant, que justificamos a
importância desse projeto, no sentido de contribuir para esse aperfeiçoamento moral dos
sujeitos membros de nossa sociedade.

OBJETIVOS

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OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Promover um espaço de escuta para o desenvolvimento da autoria
de pensamento.
Possibilitar o autoconhecimento, a autoestima, o amadurecimento
emocional e psicológico das crianças.
Promover a autonomia Promover uma atitude autônoma das crianças em relação ao
e autoconsciência das aprender e ao próprio desenvolvimento.
crianças Estabelecer relações equilibradas entre as crianças quando
inseridas nos grupos e na sociedade.
Proporcionar às crianças a capacidade de raciocinar, refletir,
decidir e agir de modo autônomo, e respeitosa em relação aos
direitos e liberdades dos demais.

METODOLOGIA

Considerando toda a fundamentação teórica exposta acima, compreendemos que a


mais adequada metodologia consiste em proporcionar as crianças experiência onde terão a
oportunidade de desenvolver e vivenciar os valores propostos. Como Igea (2005) afirma uma
educação moral e de valores deve proporcionar ocasiões em que os sujeitos possam colocar
em ação os valores propostos, na interação com os demais. Baseando-se nisso é importante
que os educadores envolvidos considerem que todas as situações cotidianas nos apresentam
inúmeras oportunidades de trabalhar com os valores e a educação moral.
Considerando tudo isso se propõe como principal método para o desenvolvimento do
projeto o “Diálogo Filosófico numa Comunidade de Investigação” elaborado por Matthew
Lipman (Souza, 2013). Esses diálogos podem ocorrer a partir de situações espontâneas que
surgem no cotidiano, ou a partir de situações provocadas e induzidas, tais como:
dramatizações, dinâmicas, trabalhos em grupos, brincadeiras e jogos; de modo geral, qualquer
atividade que induzam as crianças a colocarem em ação seus valores e que ao final seja
possível dialogar e refletir sobre o que foi vivenciado.
A fim de subsidiar as crianças com conteúdos sobre valores e aspectos morais, propõe-
se o uso de literatura com ensinamentos morais, o que possibilitará criar uma
interdisciplinaridade com as disciplinas de Português e Literatura. Mas também será usado
filmes ou animações que transmitam valores e ensinamentos morais. Além disso, a realização

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de jogos e brincadeiras que provoquem situações nas quais as crianças terão a oportunidade
de experienciar e colocar em ação os valores propostos. Isso poderá ser feito de modo
interdisciplinar com as atividades de Educação Física (Psicomotricidade). Além disso é
possível realizar essas atividades no âmbito de qualquer outra disciplina quando se estiver
promovendo alguma atividade em grupo.
Quanto aos valores a serem trabalhados aventamos: humildade, respeito, coerência,
corresponsabilidade, autonomia e amorosidade. Mas os mesmos podem ser modificados a
depender das necessidades e características mais urgentes do grupo com o qual se está
trabalhando. Para uma possível redefinição dos valores sugerimos o “Dicionário de Valores”
(2012) desenvolvidos pelo professor José Pacheco.

RECURSOS MATERIAIS

Para a realização dessas atividades tal como proposto acima alguns recursos
necessários são: livros, vídeos, computador, retroprojetor, jogos, brinquedos e materiais
diversos para a realização de determinadas brincadeiras.

AVALIAÇÃO

Devido a natureza do que se propõe ensinar a avaliação deve ser de natureza subjetiva
e não objetiva, pois não importa o que a criança saiba dizer sobre o respeito, se na sua relação
com os demais não for capaz de respeitar o outro. Desse modo, propõe-se a observação como
a melhor forma de se avaliar se o projeto tem conseguido contribuir para o aperfeiçoamento
moral de cada uma das crianças envolvidas. Para ajudar nesse processo sugerimos a produção
de um relatório diagnóstico assim que o projeto iniciar, onde deverá ser especificado os
problemas identificados nas crianças quanto a seus comportamentos morais. Ao longo da
realização das atividades, deve-se fazer registros das atividades desenvolvidas, no qual deve
ser pontuado sobre o comportamento moral de cada uma das crianças, que vai sendo
observado ao longo dos 6 meses. A partir desses registros o professor poderá ao final verificar
se houve aperfeiçoamento moral ou não em cada uma das crianças.
Para a avaliação do projeto em si, sugere-se a realização de reuniões periódicas nas
quais será refletido sobre as situações vividas, o andamento das atividades, as dificuldades
encontradas e os pontos a serem melhorados.

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CRONOGRAMA

VALORES MÊS 01 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6


Humildade X X X X X X
Respeito X X X X X
Coerência X X X X
Corresponsabilidade X X X
Autonomia X X
Amorosidade X

A proposta é de que a cada mês se desenvolva atividades direcionadas a trabalhar um


dos valores, de modo mais central; mas sem deixar de contemplar os demais que foram
discutidos ao longo do projeto, na medida em que surgirem oportunidades nas atividades
cotidianas.

REFERÊNCIAS

BATISTA, Gustavo Araújo. Capítulo 8 – Locke, o Conhecimento e a Educação. In:


OLIVEIRA, Paulo Eduardo de. (Org.) Filosofia e Educação – aproximações e convergências.
Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012. p. 144-161.

BUENO, Vera Cristina de Andrade. Capítulo 9 – Kant e a Tarefa da Educação. In:


OLIVEIRA, Paulo Eduardo de. (Org.) Filosofia e Educação – aproximações e convergências.
Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012. p. 162-177.

DELORS, Jaques. Capítulo 4 – Os quatro pilares da educação. In: DELORS, Jaques.


Educação: um tesouro a descobrir. 2ed. São Paulo: Cortez Brasília, DF: MEC/UNESCO,
2003. p. 89-102.

IGEA, Benito Del Rincón. A Intervenção Psicopedagógica na Educação de Atitudes e


Valores. In: IGEA, Benito Del Rincon. (Org.). Presente e futuro do trabalho
psicopedagógico. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 135-151.

PACHECO, José. Dicionário de valores. 1 ed. São Paulo: Edições SM, 2012.

SOUZA, Tania Silva. O ensino de Filosofia para crianças na perspectiva de Matthew Lipman.
Revista Filogênese, vol. 6, nº 2, 2013. p. 13-26.

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