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Introdução.................................................................................................................................3
Ética e moral..............................................................................................................................5
Educação....................................................................................................................................5
Conclusão.................................................................................................................................12
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................13
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Ética na educação: reflexão sobre o papel da escola na difusão dos princípios
éticos e morais na perspectiva de Paul Freire.
Introdução
A escola, nas sociedades letradas como a nossa, ocupa lugar por excelência para que
se cumpram as funções da educação e da aprendizagem dos conhecimentos, das
artes, das ciências e da tecnologia. As psicologias que emergiram no início do
século XX enfatizavam, cada uma a seu modo, a importância dos processos de
aprendizagem e de acção do meio externo no desenvolvimento das crianças, na
clássica discussão a respeito da natureza e do ambiente como factores determinantes
desse desenvolvimento da aprendizagem. Por outro lado, estas sociedades letradas
são moldadas por um conjunto de princípios éticos e morais. Face ao poder que a
globalização tem exercido na influência desta sociedade, as ciências sociais tem
perdido o seu lugar de destaque a favor das ciências naturais na escola
consequentemente, a escola vai aos poucos perdendo o seu papel. Assim, o trabalho
com tema Ética na educação: reflexão sobre o papel da escola na difusão dos
princípios éticos e morais na perspectiva de Paul Freire, tem como objectivo
principal reflectir sobre o papel da escola na difusão dos princípios éticos e morais
na perspectiva de Paul Freire; especificamente pretende-se: conceptualizar os termos
ética, moral e educação; apresentar o papel da escola na difusão dos princípios
éticos à luz do pensamento de Freire.
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Ética e moral
Cortina e Martinez (2005, p.2) sustentam que, a palavra ética vem do grego ethos,
originalmente tinha o sentido de “morada”, “lugar em que se vive” e posteriormente
significou “carácter”, “modo de ser” que se vai adquirindo durante a vida. O termo
moral procede do latim mores que originariamente significava “costume” e em
seguida passou a significar “modo de ser”, “carácter”. Portanto, as duas palavras têm
um sentido quase idêntico. Não obstante, no contexto académico, o termo “ética”
refere-se à filosofia moral, isto é, ao saber que reflecte sobre a dimensão da acção
humana, enquanto que “moral” denota os diferentes códigos morais concretos. A
moral responde à pergunta “O que devemos fazer?” e a ética, “Por que devemos?”
Vasquez (1978) coincide a este respeito. Para ele, ética se refere a uma postura
reflexiva sobre as questões dos valores e princípios axiológicos; enquanto a moral se
refere à expressão normativa resultante deste esclarecimento. A primeira se refere a
questões teóricas e a segunda a questões práticas. Uma, porém, está contida na outra e
ambas não se excluem mutuamente, juntas constituindo a práxis axiológica. Tanto a
reflexão sobre os princípios quanto as normas que os aplicam, são importantes para
orientar o comportamento humano. Submeter-se a uma norma, simplesmente porque
ela é imposta, despersonaliza e massifica. A afirmação de sujeitos livres e autónomos
exige uma compreensão ética e o assumir consciente dos ditames de uma lei.
Somente uma compreensão ética constrói a capacidade de tomar decisões e de agir
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com responsabilidade. Conforme Baptista, sensibilidade, prudência, solicitude ou
bondade, são marcas de uma acção ética investida e que requerem o exercício pessoal
de uma consciência crítica (2005, p. 23). O exercício ético resulta de uma prática
filosófica que desinstala, inquieta e rompe com toda sorte de dogmatismos. A
permanente reflexão crítica leva a salvaguardar a liberdade individual e colectiva de
submissões escusas e de manipulações indignas.
EDUCAÇÃO
Para definir o conceito “educação” Durkheim parte da rejeição das definições antes
colocadas por Stuart Mill e Kant. Para estes, a educação em sentido amplo foi
entendida como o conjunto das influências que a natureza ou os outros homens
podem exercer sobre a nossa inteligência ou vontade. Stuart Mill citado por
Durkheim (2011, p, 43) diz que ela compreende “tudo o que fazemos por conta
própria e tudo o que os outros fazem para nós com objectivo de nos aproximar da
perfeição da nossa natureza.
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conjunto da sociedade quanto pelo meio especifico ao qual ela está
destinada em particular. (DURKHEIN, 2011, p. 55).
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treináveis. Eles aprendem a executar tarefas, movimentos e práticas repetitivas num
automatismo surpreendente. Um ser humano, porém, não pode ser reduzido apenas a
um mero repetidor de acções irreflectidas, não assimiladas e executadas apenas
mecanicamente. Portanto, não se pode confundir um treinamento com educação.
“Sempre que aqui se falar em educação, estar-se-á fazendo referência a um processo
amplo, completo, profundo e altamente comprometido com a mobilização de todas as
potencialidades humanas” (JOHANN, …. P. 20). Assim, teremos somente um ser
humano educado na medida em que ele crescer e for melhor sob todos os pontos de
vista. Isto quer dizer que a educação mobiliza sempre suas múltiplas dimensões de
um ser biológico, social, espiritual, psicológico, material, estético, ético, etc.
Nos dias actuais, as crianças estão sendo enviadas cada vez mais cedo para a escola e
nela permanecerão por um longo tempo de suas vidas. “Cada vez mais a Escola
exercerá ou poderá exercer um papel que a ela jamais foi atribuído em tempos
passados: o de ser a instituição formadora dos seres humanos.” Por isso se faz
necessário estar atento à qualidade no que diz respeito ao papel do educador que
reflecte na formação educacional desde o primeiro contacto com a instituição.
A criança ao ir para a escola já deve ter noção dos conceitos básicos de respeitar
alguns métodos de autoridade, não completaram a sua formação, não atingiram a
maturidade dos seus órgãos e nem das suas funções. Necessitam de tempo, de
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oportunidade e de adequada estimulação para efectivar tais tarefas pois são seres que
estão por vir a ser. Enquanto isso, precisam de protecção, afeição e cuidados
especiais, afecto, atenção, mas acontece que as coisas não andam bem assim.
Algumas famílias não estão dando conta de fazer esse papel de formação primária, de
iniciar a criança em convivência com os demais seres humanos em sociedade.
De acordo com Freire (2014), é necessário que o educador se liberte para o novo, que
seja crítico em seu aprender-ensinar. Os profissionais da educação precisam estar
preparados para os desafios do futuro, que exige um constante repensar e aprender de
novas formas de comportamento.
Masetto (2012) afirma que o educador que “sabe, sabe ensinar,” porém o acto de
ministrar aula não é tão somente repassar a matéria, porque isso qualquer profissional
docente saberia fazer.
Como afirmam Rocha e Carrara (2011, p.1), “os professores constituem importantes
modelos e funcionam como ambiente social relevante para a emissão de
comportamentos de seus alunos”.
Segundo Freire, a promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser
feita à distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. A prática
educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de decência e de pureza. Nesta
perspectiva, sustenta Freire (1996, p. 17) que Mulheres e homens, seres histórico-
sociais, nos tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de
decidir, de romper, por tudo isso, nos fizemos seres éticos. Só somos porque estamos
sendo. Estar sendo é a condição, entre nós, para ser. Não é possível pensar os seres
humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. Estar longe ou pior, fora da
ética, entre nós, mulheres e homens é uma transgressão. É por isso que transformar a
experiência em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de
fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu carácter formador. Se se
respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à
formação moral do educando.
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Nos moldes de Arendt (2007), a vida activa (na escola) e a forma como que o ser
humano a exercer será fruto de uma aprendizagem. Portanto, a educação implicará
uma dimensão ética a imprimir as suas condições de construção ou de destruição. O
ser humano aprenderá a prática do cuidado para com tudo e todos os que o rodeiam.
Paulo Freire expressa que a escola deve ser um lugar de trabalho, de ensino, de
aprendizagem. Um lugar em que a convivência permita estar continuamente se
superando, porque a escola é o espaço privilegiado para pensar. Ele que sempre
acreditou na capacidade criadora dos homens e mulheres, e pensando assim é que
apresenta a escola como instância da sociedade. Paulo Freire diz que “não é a
educação que forma a sociedade de uma determinada maneira, senão que esta, tendo-
se formado a si mesma de uma certa forma, estabelece a educação que está de acordo
com os valores que guiam essa sociedade” (1975, p. 30).
A Pedagogia de Paulo Freire é expressão do desejo pela vivência da ética, pelo saber
que não ignora-se tudo, mas que também não se domina tudo e portanto exige
humildade de quem ensina no respeito com quem aprende. A experiência de que o
papel do professor não se satisfaz apenas no ensinar os conteúdos, mas também no
ensinar a pensar certo. O ensino como motivação para a pesquisa, o professor como
pesquisador, já que para comunicar é necessário conhecer o ainda não conhecido. O
frequente estímulo à curiosidade, que se manifesta inquietamente e de forma
indagadora. O olhar para a formação moral do educando, em que demanda
“profundidade na compreensão e na interpretação dos fatos”. A presença constante do
diálogo. O professor que em formação permanente, faz a reflexão crítica sobre a
própria prática. A atitude atenciosa para os gestos que diariamente traduzem-se em
representações que estimulam ou implicam, no desestímulo no espaço escolar.
Lugar onde se faz amigos, [...]gente que trabalha, que estuda, que se
alegra, se conhece, se estima. [...] e a escola será cada vez melhor na
medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão.[..]
nada de ser como a o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. [...]
numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos,
educar-se, ser feliz1.
É essa escola que desejamos construir, uma escola humana, capaz de compreender
os desafios de seu tempo, e na luta pelo melhor viver, reconhecer fatos, gestos, unir
conhecimentos, recordar. Uma escola comprometida com as gerações futuras. Para
Paulo Freire, uma escola em que “o direito de saber melhor o que já sabem, ao lado
de outro direito, o de participar, de algum modo, da produção do saber ainda não
existente” (2006, p. 111).
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Poesia do educador Paulo Freire, disponível no site do Instituto Paulo Freire (www.paulofreire.org)
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Conclusão
A escola precisa redimensionar o seu pensar, reformulando suas acções pela
compreensão do que a comunidade escolar (entendida aqui os alunos, pais,
professores, equipe pedagógica, direcção, funcionários) espera dela enquanto função
social de difusão dos princípios axiológicos. Ao que nos deparamos frequentemente
com inúmeras instituições tentando descrever e delinear as funções da escola, no
entanto limitam-se apensas em descrever a função que diz respeito a aprendizagem de
conteúdos vinculados a processos avaliativos, amputando as outras funções da escola.
Para terminar com o discurso centralizador do papel da escola Freire sustentando que
a escola hoje assume um grande papel que talvez nunca lhe foi conferido nos tempos.
Ela apresenta-se como instrumento ou local de difusão de princípios que norteiam o
comportamento humano (ética e moral). A escola é um lugar privilegiado para
ensinar a pensar, agir e observar princípios.
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BIBLIOGRAFIA
CORTINA, Adela; Martinez, Emílio, Ética, são Paulo, ed. Loyola, 2005.
______, Pedagogia da esperança. 13ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
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JOHANN, Jorge Renato, educação e ética: em busca de uma aproximação
(artigo científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul),
Porto Alegre, Edipucrs, 2009.
RICCI, Rudá. O perfil do educador para o século XXI: de boi de coffice a boi
de cambão. Educação & Sociedade, v. 20, n. 66, p. 143-178, 1999.RIOS,
Terezinha Azeredo. Ética e competência. Cortez Editora, 2014.
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