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/edu�sescambnaourbcomagretndis-g04524-fev-2024-grad-ead/)
1. Introdução
Logo de início gostaríamos de indicar que esta introdução à disciplina será de-
senvolvida lançando mão de recursos de imagens no sentido de facilitar a
compreensão das re�exões que serão propostas. Com isso, pretendemos pro-
mover a você uma leitura agradável e que seja representativa de acontecimen-
tos ocorridos na sociedade em geral e na escola em particular.
Caro/a aluno/a, não seria um exercício difícil de ser realizado se fôssemos es-
timulados/as a revisitar nossas memórias sobre a escola ou nossas vidas es-
colares. Algumas das recordações do nosso processo de escolarização nos tra-
zem boas lembranças, outras nem tanto. Em linhas gerais, as memórias que
possuímos da escola englobam tanto experiências positivas quanto negativas.
Ao passo que a instituição escolar nos faz recordar a construção de amizades,
de descobertas, de aprendizagens, de alegrias por diferentes motivos, também
é possível que nos ocorra episódios de frustrações, de desapontamentos, de
autoritarismos e de exclusões.
Porém, todos/as temos histórias para serem contadas dos tempos em que fre-
quentamos a escola, sobre os/as colegas de turma, os/as nossos/as professo-
res/as, o recreio e de muitas outras experiências vividas. É fato que passamos
muito tempo na escola, pois essa instituição faz parte do cotidiano de nossa
infância e adolescência, podendo prolongar essa relação na vida adulta ao nos
tornarmos professores/as e/ou pais e mães.
Mas vejamos que curiosa contradição com a qual nos deparamos. Essa mes-
ma instituição que carrega em si as marcas oriundas da sociedade, é pouco
�exível ou absolutamente impermeável às diversidades sociais e culturais
trazidas para o seu interior por estudantes, professores/as, equipe gestora e
responsáveis pelos/as alunos/as.
Por meio de imagem a seguir, contida no livro Cuidado, escola! (Harper et al.,
1987), podemos re�etir sobre o lugar das diferenças nas vivências escolares.
No caso em tela, como a escola procura deixá-las de fora de seu espaço e de
suas experiências por não considerá-las como um elemento essencial ao pro-
cesso de ensino e de aprendizagem.
: Harper et al. (1987, p. 53).
Neste momento você deve estar se perguntando: mas o que a escola tem a ver
com tudo isso? Não é estranho para nós a a�rmação de que a escola recebe
pessoas muito diferentes entre si, e que essas diferenças podem se dar tanto
no plano pessoal quanto em sua dimensão social. Cabe re�etirmos nesse mo-
mento sobre as diferenças de ordem social, pois apesar de não desconsiderar-
mos as outras instâncias da vida de uma pessoa, é no plano da vida social que
os processos de hierarquização entre as diferenças são produzidos.
Essa possibilidade deve ser saudada e foi legitimada em nossa área com a pu-
blicação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em
Educação Física no ano de 2018 (BRASIL, 2018). Ao ser publicizada, os cursos
de graduação na área devem se adequar para contemplar em suas estruturas
curriculares o debate em torno dos aspectos que vamos tratar em nossa disci-
plina. O professor licenciado em Educação Física deve estar em profunda sin-
tonia com o seu tempo e, para isso, ser capaz de promover intervenções signi-
�cativas que levem em consideração o cenário apresentado nesta introdução.
2. Informações da disciplina
Ementa
A disciplina Educação Física em Ambientes Não Urbanos e em Comunidades
e Agrupamos Étnicos distintos no contexto do curso visa fornecer subsídios
para compreensão do processo de ensino da Educação Física escolar a partir
de uma proposta engajada no respeito às características ambientais e socio-
culturais de grupos étnicos distintos. Dessa forma, propõe o estudo das inter-
faces entre educação, Educação Física, multiculturalismo e educação intercul-
tural, a �m de desvelar possibilidades para a prática pedagógica. Realiza o es-
tudo do ensino da Educação Física no contexto da educação do campo.
Analisa a inserção da Educação Física na educação escolar quilombola.
Discute o ensino da Educação Física na educação escolar indígena. Re�ete so-
bre a prática pedagógica em Educação Física escolar em ambientes não urba-
nos.
Objetivo geral
Os alunos da disciplina
, a partir do conhecimento rela-
cionado ao contexto não urbano e de diferentes comunidades e agrupamentos
étnicos distintos, serão capazes de planejar, desenvolver e avaliar a prática pe-
dagógica em Educação Física no contexto da educação do campo, da educa-
ção escolar quilombola, da educação escolar indígena e de ambientes não ur-
banos . Para isso, contarão não só com as obras de referência, mas também
com outras referências bibliográ�cas, eletrônicas, links de navegação e víde-
os.
Objetivos especí�cos
• Entender as relações entre educação, multiculturalismo, educação inter-
cultural e Educação Física e os desa�os impostos à prática pedagógica
desse componente curricular.
• Compreender o ensino da Educação Física no contexto da educação do
campo.
• Compreender a inserção da Educação Física na educação escolar quilom-
bola.
• Discutir o ensino da Educação Física no contexto da educação escolar in-
dígena.
• Re�etir sobre a prática pedagógica em Educação Física escolar em ambi-
entes não urbanos.
(https://md.claretiano.edu.br
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Objetivos
• Compreender as interfaces existentes entre educação, Educação Física e
cultura(s).
• Reconhecer a diversidade cultural como uma característica do mundo
contemporâneo e o seu potencial para a formação dos estudantes na edu-
cação escolar.
• Entender o signi�cado do multiculturalismo e identi�car as suas diferen-
tes abordagens.
• Discutir as diferentes formas de abordagem da diversidade cultural no
contexto escolar.
• Conhecer as bases epistemológicas e didática da Educação Física cultu-
ral.
• Conhecer as noções de tematização, problematização, mapeamento, res-
signi�cação, aprofundamento e ampliação, registro e avaliação.
Conteúdos
• Relações entre educação, Educação Física e cultura(s).
• Abordagens do multiculturalismo – assimilacionista, diferencialista e in-
terativo.
• Bases epistemológicas e didáticas da Educação Física cultural.
Problematização
Quais relações podem ser estabelecidas entre educação, Educação Física e
cultura(s)? O que é multiculturalismo e quais as suas abordagens? O que é a
Educação Física cultural? Quais as suas bases epistemológicas e didáticas?
Bons estudos!
1. Introdução
O mundo é diverso e este reconhecimento é um dos passos fundamentais para
caminharmos em direção a uma sociedade digna, justa e solidária. A plurali-
dade cultural presente nos dias de hoje destaca a urgência de promovermos
uma educação que transcenda a perspectiva limitada e limitadora do etno-
centrismo sociocultural.
No entanto, nos deparamos com uma situação bastante paradoxal. Muito em-
bora seja patente a presença da diversidade cultural como uma característica
de nosso tempo, esta percepção ainda enfrenta resistências de diversos gru-
pos e/ou indivíduos. A escola tem negligenciado os saberes e vivências prove-
nientes de grupos sociais cujas práticas culturais não se enquadram nos pa-
drões predominantes da cultura ocidental. Nesse sentido, a instituição escolar,
pautada por uma perspectiva universalista de cultura, parece enfrentar di�-
culdades para reconhecer que grande parte da população não se adequada a
essa concepção dominante de cultura.
Mas você deve estar se perguntando nesse momento: não existem alternati-
vas a esse cenário de predomínio da perspectiva monocultural na educação
escolar?
Tendo como premissa que cada cultura carrega consigo uma riqueza que pode
colaborar com o processo educativo, é fundamental fomentarmos o intercâm-
bio de saberes entre diferentes grupos sociais. Isso contribuirá para o processo
de valorização das identidades que são reiteradamente negligenciadas no
contexto escolar em favor de uma perspectiva monocultural. Para isso, se faz
necessário adotar uma perspectiva multicultural crítica (ou intercultural).
É nesse contexto que este ciclo discutirá os alicerces para uma nova leitura
das relações entre educação e cultura(s), para além da perspectiva monocultu-
ral da educação, bem como abordará os desa�os a serem enfrentados por pro-
fessores/as de Educação Física diante das questões colocadas pelo multicultu-
ralismo (crítico) nos dias de hoje e na efetivação de prática pedagógica na
perspectiva da educação multicultural crítica (ou intercultural).
O multiculturalismo é o jogo das diferenças, cujas regras são de�nidas nas lutas so-
ciais por atores que, por uma razão ou outra, experimentam o gosto amargo da dis-
criminação e do preconceito no interior das sociedades em que vivem [...]. Isto sig-
ni�ca dizer que é muito difícil, se não impossível, compreender as regras desse jogo
sem explicitar os contextos sócio-históricos nos quais os sujeitos agem, no sentido
de interferir na política de signi�cados em torno da qual dão inteligibilidade a suas
próprias experiências, construindo-se enquanto atores.
“[...] Convém ter sempre presente que o multiculturalismo não nasceu nas universidades e
no âmbito acadêmico em geral. São as lutas dos grupos sociais discriminados e excluídos
de uma cidadania plena, os movimentos sociais, especialmente os referidos às identitárias,
que constituem o locus de produção do multiculturalismo. Sua penetração na academia
deu-se num segundo momento e, até hoje, nos atrevemos a a�rmar, sua integração no mun-
do universitário é frágil e objeto de muitas discussões, talvez exatamente por seu caráter
profundamente marcado pela intrínseca relação com a dinâmica dos movimentos sociais”
(CANDAU, 2012, p. 33).
De acordo com Candau (2013) uma das di�culdades enfrentadas para nos inse-
rirmos no debate sobre o multiculturalismo reside justamente na polissemia
apresentada pelo termo, uma vez que a própria a necessidade de adjetivá-lo já
seria uma evidência desse obstáculo. Dessa forma, algumas expressões como
multiculturalismo conservador, liberal, celebratório, crítico, emancipador e re-
volucionário podem ser localizadas nas produções teóricas sobre o tema.
Nesse sentido, a autora destaca aquilo que considera ser essencial no trata-
mento do tema: a distinção entre duas abordagens fundamentais do multicul-
turalismo. A primeira, chamada de descritiva, entende o multiculturalismo
como uma das caraterísticas das sociedades hodiernas, ou seja, a�rma que vi-
vemos em sociedades ditas multiculturais. Nessa concepção predomina o
processo descritivo e compressivo de como se con�gura o caráter multicultu-
ral de cada contexto particular. Assim, é de se esperar que o panorama multi-
cultural de um dado contexto seja in�uenciado por aspectos históricos, políti-
cos e socioculturais. É nesse sentido que podemos a�rmar a diferença entre o
multiculturalismo da sociedade brasileira, das sociedades europeias ou da so-
ciedade estadunidense. Por seu turno, a perspectiva denominada propositiva
compreende o multiculturalismo não somente como um dado presente na rea-
lidade, mas como uma forma de intervenção e de transformação da dinâmica
social. Portanto, um projeto político-cultural capaz de trabalhar as relações
culturais existentes numa dada sociedade, de formular políticas públicas radi-
cais, no sentido da democracia, bem como de possibilitar a construção de es-
tratégias pedagógicas alinhadas a esta perspectiva (CANDAU, 2013).
Candau (2012, 2013) alerta que na esteira da perspectiva propositiva se faz ne-
cessário distinguir diferentes concepções que podem servir de base para a re-
alização de estratégias pedagógicas no seio de uma educação balizada pelo
multiculturalismo. Segundo a autora, podemos considerar três abordagens: o
multiculturalismo assimilacionista, o multiculturalismo diferencialista (ou
monoculturalismo plural) e o multiculturalismo interativo ou multiculturalis-
mo crítico (ou interculturalidade).
E aí, caro/a estudante, você consegue imaginar como seria uma aula de
Educação Física no contexto escolar orientada pela abordagem do multi-
culturalismo diferencialista?
Para uma melhor compreensão dos assuntos abordados nesta seção indica-
mos a seguinte leitura:
A escola enquanto uma instituição social, assim como outros espaços, torna-
se cenário destas tensões que se manifestam, ora de maneira explícita, ora
implicitamente. Ademais, enquanto espaço de produção e de transmissão do
patrimônio cultural, a escola não pode silenciar conhecimentos e saberes de
grupos distintos que lá estão. Ao contrário, em virtude da homogeneização
mencionada, devemos fortalecer os grupos excluídos a �m de que possam se
tornar capazes de participar de uma democracia social efetiva.
Nesse cenário proliferam exemplos que atestam o fato dos/as estudantes per-
tencentes às camadas populares da sociedade introjetarem, desde cedo, que os
saberes legítimos nas aulas de Educação Física são aqueles oriundos da cultu-
ra dominante (SANTOS; NEIRA, 2016). Esse cenário é reforçado pela ausência
de práticas corporais ligadas ao universo dos/as estudantes das classes subal-
ternas. O estudo conduzido por Neira e Gallardo (2006) atesta essa a�rmação e
indicou que as crianças e jovens da periferia possuem pequenas oportunida-
des de experienciar seus (amplos) repertórios culturais corporais na escola.
Com o passar do tempo, toda a importância inerente às suas práticas culturais
corporais é esvaziada e eles/as passam a se interessar, quase que totalmente,
pelo patrimônio hegemônico.
O trecho em destaque a seguir traz uma síntese muito esclarecedora dos pro-
pósitos da Educação Física cultural:
“Em síntese, tal perspectiva busca a formação de um sujeito solidário, aqui entendido como
aquele que compreende a importância de toda e qualquer pessoa na sociedade, indepen-
dentemente da condição de classe, raça, etnia, gênero ou religião, logo, a favor das diferen-
ças. A seleção das práticas corporais que serão tematizadas e os encaminhamentos peda-
gógicos dão-se sob in�uência de princípios ético-políticos: reconhecimento da cultura cor-
poral da comunidade, descolonização do currículo, justiça curricular, rejeição ao daltonismo
cultural, favorecimento da enunciação dos saberes discentes e ancoragem social dos co-
nhecimentos. O ponto de partida dos trabalhos é sempre a ocorrência social da prática cor-
poral em tela, com o objetivo de promover situações didáticas que estimulem os estudantes
à vivência, leitura, ressigni�cação, aprofundamento e ampliação das brincadeiras, danças,
lutas, ginásticas e esportes, tomados como objetos de estudo (NEIRA, 2020, p. 829).”
Furor pedagogicus. Não importa que a ideia seja nova ou mais velha, muitíssimo
antiga... Não importa de onde venha, se da Filoso�a, Sociologia, Antropologia,
Psicologia... Não importa quem a expresse. O que importa é que di�ra do pensa-
mento dogmático da pedagogia. Então, nem bem é dita e escutada, há sempre uma
multidão alvoroçada indagando: - Mas, então, se isso não é como eu pensava que
fosse... Como fazer? Como é que vou agir na sala de aula? Como é que vou ensinar?
Como...? Como...? Como...? - Praga, vírus, vício, cacoete pedagógico. Pergunta que
não para de perguntar. Até quando existirão aqueles que a formulam? E pior: aque-
les que respondem sem a mínima cerimônia?
Nesse momento, caro/a aluno/a, você deve estar percebendo, cada vez mais, a
sintonia existente entre multiculturalismo crítico e Educação Física cultural.
Também não é para menos, uma vez que os subsídios dessa proposta estão lo-
calizados no multiculturalismo crítico.
O que nos chama a atenção no texto de Bonetto e Neira (2017) são os eixos
apresentados pelos autores e que orientam um currículo multicultural na
Educação Física Escolar. Esse aspecto torna-se de grande valia para a propos-
ta de nossa disciplina e quando entendidos como eixos se distanciam da ideia
de receituário comentada anteriormente.
Torna-se fundamental, também, que o contexto das aulas seja repleto de ativi-
dades de produção tais como: verbalização de opiniões, socialização de desco-
bertas, organização de apresentações para os colegas da turma, escola ou co-
munidade, a comunicação de informações obtidas no interior da instituição
educativa ou fora dela, entre outras. Os/As estudantes devem ser estimula-
dos/as a discutir, pensar, dialogar sobre as práticas corporais com vistas a am-
pliar os conhecimentos e representações que já possuem das manifestações
estudadas (NEIRA, 2014).
4. Considerações
Com as re�exões realizadas neste ciclo pudemos perceber que as transforma-
ções sociais e culturais ocorridas ao longo dos últimos anos geraram uma fal-
sa tensão entre políticas de igualdade e políticas de diferença, pois não se tra-
ta de dimensões mutuamente excludentes, mas de aspectos que se comple-
mentam. A equalização desse embate passa por um agenciamento político ca-
paz de aliar a redistribuição socioeconômica à valorização das diferentes cul-
turas.
As lutas travadas no campo das políticas devem reconhecer que cada cultura
se diferencia internamente e, portanto, tão relevante quanto identi�car a di-
versidade cultural existente no mundo atual é perceber a diversidade inerente
a cada cultura. É preciso considerar a resistência, a diferença e a busca por vi-
sibilidade no interior de diferentes grupos culturais, bem como de um mesmo
grupo cultural.
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Objetivos
• Compreender o contexto da educação do campo no cenário educacional
brasileiro.
• Apresentar os aspectos normativos que alicerçam a oferta da educação
do campo no Brasil.
• Discutir o ensino da Educação Física no contexto da educação do campo.
Conteúdos
• Contexto da educação do campo no Brasil.
• Aspectos normativos da educação do campo no contexto educacional
brasileiro.
• O ensino da Educação Física na educação do campo.
Problematização
O que é a educação do campo? Qual o cenário da educação do campo em nos-
so país? Quais as normativas que regulamentam a oferta da educação do cam-
po no Brasil? Quais os propósitos do ensino da Educação Física na educação
do campo?
Bons estudos!
1. Introdução
Ao observarmos o desenvolvimento social, econômico e cultural brasileiro
constataremos que o campo ocupou lugar de destaque durante décadas. Antes
do processo de urbanização, e consequente aumento do contingente populaci-
onal vivendo nos grandes centros urbanos, a cena social brasileira acontecia
num contexto em que o campo tinha centralidade. O país gerava a sua riqueza
a partir de relações sociais de produção e do desenvolvimento de forças pro-
dutivas que tinham na zona rural o seu ambiente privilegiado.
Não distante desta realidade situa-se o ensino da Educação Física. E não po-
deria ser diferente, uma vez que esse componente curricular está inserido no
mesmo contexto e partilha dos mesmos desa�os, além de ter como objetivo o
desenvolvimento humano das pessoas e a formação de uma consciência críti-
ca no que diz respeito à apropriação dos conteúdos da cultura corporal em
profunda sintonia com a realidade do campo.
Diante das re�exões apresentadas preliminarmente nesta Introdução passare-
mos a discutir alguns aspectos de forma mais detida, a saber: o contexto da
educação do campo no Brasil, as normativas que balizam a oferta dessa mo-
dalidade de educação e o ensino da Educação Física na educação do campo.
Ainda que diante de uma categoria polissêmica, Caldart (2012, p. 259, grifos da
autora), no livro Dicionário da educação do campo, expressa a sua concepção
de educação do campo:
No contexto das lutas pela terra e por transformações sociais efetivas, os mo-
vimentos de luta no campo desempenharam um papel imprescindível no im-
pulsionamento dos esforços voltados às mudanças dos processos educacio-
nais. Sem a participação desses movimentos, a busca pela reforma agrária e
pela melhoria da educação nas áreas rurais estaria atualmente em um estágio
menos avançado. Adicionalmente, nos últimos tempos, os movimentos soci-
ais no campo têm se orientado e obtido apoio para seus projetos educacionais,
abrangendo modalidades como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a edu-
cação básica e o ensino superior. Isso resultou na oportunidade de acesso por
parte dos/as trabalhadores/as rurais ao conhecimento cientí�co (SANTOS,
2013).
Cabe destacar que a educação do campo, tal como vem sendo discutida
contemporaneamente, é fruto de um longo processo de disputas entre di-
ferentes segmentos sociais ligados ao campo. Não se trata de um fenô-
meno cujos antecedentes históricos estão localizados nos anos de 1980.
Já na década �nal do século XIX se discutia a chamada “educação rural”
(que não é sinônimo de educação do campo). Não é nosso objetivo, aqui,
fazer uma incursão mais detalhada na história da educação brasileira
procurando expor como se dava o debate em torno da educação escolar
ligada ao campo.
Por sua vez, a partir de uma visão idealizada das condições materiais de existência
na cidade e de uma visão particular do processo de urbanização, alguns estudiosos
consideram que a especi�cidade do campo constitui uma realidade provisória que
tende a desaparecer, em tempos próximos, face ao inexorável processo de urbani-
zação que deverá homogeneizar o espaço nacional. Também as políticas educacio-
nais, ao tratarem o urbano como parâmetro e o rural como adaptação reforçam es-
sa concepção (Brasil, 2001, p. 2).
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino
promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida
rural e de cada região, especialmente:
No artigo 4º, das Diretrizes para a educação do campo, explicita-se qual identi-
dade da escola do campo que, por sua vez, é de�nida pela sua vinculação às
questões inerentes a sua realidade e que deve estar ancorada na temporalida-
de e saberes próprios dos/as estudantes (Brasil, 2002). No ano de 2008 foi pu-
blicada a Resolução nº 2 que estabeleceu diretrizes complementares, normas
e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da
Educação Básica do Campo (BRASIL, 2008).
Saiba mais!
.
Institui diretrizes operacionais para a educação básica das escolas
do campo. Brasília, MEC.
Não obstante, Eto e Neira (2014) também identi�cam uma incongruência his-
toricamente presente na educação do campo e que diz respeito ao currículo de
Educação Física frequentemente adotado. Observa-se a preferência pelo ensi-
no centrado no exercício físico ou no esporte. É evidente que tais currículos,
formatados dessa maneira, acabam por disseminar signi�cados que favore-
cem os grupos sociais privilegiados, resultando na subjugação da cultura cor-
poral de grupos minoritários. Isso se traduz na regulação dos corpos e na con-
formação de identidades. As aulas que se baseiam na repetição da gestualida-
de das práticas corporais hegemônicas não estimulam a re�exão sobre as vi-
vências dos estudantes, nem contribuem para uma análise crítica do repertó-
rio existente.
Vista sob esse prisma, a Educação Física no contexto do campo reproduz prá-
ticas hegemônicas e em nada se diferenciam das práticas pedagógicas desen-
volvidas em outros espaços, deixando de lado as especi�cidades quando se
trata de educação do campo. Essa perspectiva é corroborada também por
Marin et al. (2010), para quem as propostas educacionais fundamentadas em
princípios e conteúdos urbanos, desprovidas de conexão com os valores e a re-
alidade da população do campo, intensi�cam as disparidades sociais, o pre-
conceito e o sentimento de menosprezo em relação aos demais. Nas mobiliza-
ções dos movimentos sociais rurais, a educação desempenha um papel cen-
tral, estando associada à busca por uma qualidade de vida melhor. No entanto,
a educação almejada não se limita a ser apenas para o campo, mas sim oriun-
da do próprio campo. Isso requer uma transformação substancial no sistema
educacional e nas práticas pedagógicas.
Diante do que estudamos até o momento, também é importante que você co-
nheça um pouco mais sobre o ensino da Educação Física na educação do
campo. Isso permitirá uma melhor compreensão das especi�cidades desse
componente curricular no contexto em destaque. Para isso, indicamos a leitu-
ra a seguir:
de Silvana Ventorim
e de Andrea Brandão Locatelli (2009, p. 1-16).
Diante do exposto, a produção de novos conhecimentos no âmbito da
Educação Física na educação do campo, tendo os/as estudantes como prota-
gonistas, deve ocorrer concomitante à busca pela apropriação dos espaços na-
turais e da cultura local, destacando, assim, a valorização tanto dos/a estudan-
tes quanto do contexto no qual se inserem.
5. Considerações
Atualmente, no que se refere à educação do campo, a tarefa consiste em apro-
veitar e�cazmente os diversos avanços realizados em locais distintos, levando
em consideração a realidade e a criatividade especí�cas de cada grupo e loca-
lidade. Elaborar a criação de uma escola voltada para os trabalhadores/as
dentro do atual sistema de ensino público não é uma tarefa simples. Para que
isso se concretize efetivamente, é necessário considerar os/as trabalhado-
res/as e seus interesses como o ponto central desse processo (MORIGI, 2003).
Vimos, a partir dos estudos realizados, que a educação voltada para o campo
deve incorporar a identidade especí�ca desse ambiente, não apenas como
uma expressão cultural distinta, mas como um contexto no qual se realiza efe-
tivamente um projeto de desenvolvimento deste contexto. A escola do campo
deve estar comprometida com um projeto político-pedagógico que esteja in-
trinsecamente ligado às causas, desa�os, aspirações, história e cultura daque-
les/as que habitam e trabalham nesse meio.
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Objetivos
• Discutir a educação das relações étnico-raciais no contexto escolar.
• Apresentar o conceito de racismo estrutural.
• Conhecer o panorama da educação escolar quilombola no Brasil.
• Identi�car os marcos normativos da educação escolar quilombola na
educação brasileira.
• Discutir o processo de ensino da Educação Física no contexto da educa-
ção escolar quilombola.
Conteúdos
• A educação das relações étnico-raciais no contexto escolar.
• estrutural
• Panorama da educação escolar quilombola no Brasil
• Aspectos normativos da educação escolar quilombola no contexto da le-
gislação educacional brasileira.
• O ensino da Educação Física no âmbito da educação escolar quilombola.
Problematização
O que é educação escolar quilombola? Como ela se caracteriza? Por que estu-
dar a educação das relações étnico-raciais no contexto escolar? O que é racis-
mo estrutural? Qual o panorama da educação escolar quilombola no Brasil?
Quais aspectos normativos regem a educação quilombola em nosso país?
Quais aspectos considerar no ensino da Educação Física na educação escolar
quilombola?
Bons estudos!
1. Introdução
Ao longo do processo de constituição histórica de nosso país observamos que
a população negra tem sofrido com reiteradas situações de violência e margi-
nalização, o que impacta, ainda nos dias de hoje, no acesso a diferentes direi-
tos sociais como como saúde, segurança, habitação, lazer, trabalho e educação.
A herança legada pelo passado escravocrata, que retirou de maneira forçada
milhares negros/as africanos/as de seus territórios de origem, privando-os/as
de direitos e subjugando-os/as aos interesses da elite branca hegemônica, de-
sempenhou um papel signi�cativo no desenho desse cenário.
Ainda que possamos observar avanços nesse cenário como, por exemplo, a
maior inserção dos/as negros/as em espaços como as universidades, as esco-
las e o mercado de trabalho, fruto da constante luta do movimento negro, ain-
da estamos longe de conquistar a equidade. A marginalização das pessoas ne-
gras em virtude da sua cor da pele e de sua identidade étnico-racial ainda per-
siste. Infelizmente, ainda somos testemunhas de incontáveis situações de
desrespeito, violências de diferentes ordens e privações, que disfarçadas sob a
chamada “democracia racial”, se escondem nos discursos da aceitação.
Assista ao vídeo...
Portanto, será preciso realizar uma leitura crítica do conteúdo que será abor-
dado. Sendo assim, vamos aos estudos!
[...] construção social forjada nas tensas relações entre brancos e negros, muitas ve-
zes simuladas como harmoniosas nada tendo a ver com o conceito biológico de ra-
ça cunhando no século XVIII e hoje sobejamente superado. Cabe esclarecer que o
termo raça é utilizado como frequência nas relações sociais brasileiras, para infor-
mar como determinadas características físicas como cor da pele, tipo de cabelo, en-
tre outras, in�uenciam, interferem e até mesmo determinam o destino e o lugar so-
cial dos sujeitos no interior da sociedade brasileira (Brasil, 2004, p. 5)
Nos dizeres de Gomes (2011 p. 83), a educação das relações étnico-raciais pos-
sibilita que possamos questionar a si e aos outros, bem como promover mu-
danças em postura e práticas, devido ao seu caráter problematizador. Na pers-
pectiva da autora:
A educação para as relações étnico-raciais que cumpre o seu papel é aquela em que
as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos negros e brancos, ao passarem
pela escola básica, questionem a si mesmos nos seus próprios preconceitos,
tornem-se dispostos a mudar posturas e práticas discriminatórias, reconheçam a
beleza e a riqueza das diferenças e compreendam como essas foram transforma-
das em desigualdades nas relações de poder e dominação.
[...] de uma educação das relações étnico-raciais que se pauta na ética aprenderão a
desnaturalizar as desigualdades e, ao fazê-lo, tornar-se-ão sujeitos de sua própria
vida e da sua história e aprenderão a se posicionar politicamente (e não somente
no discurso) contra toda a sorte de discriminação (Gomes, 2008, p. 83, grifos da au-
tora).
O vídeo ,
(https://www.youtube.com/watch?v=SAeh9zZnHww&t=10s)da pedagoga
Clélia Rosa traz uma breve re�exão sobre a abordagem das relações
étnico-raciais na escola, trata-se de uma produção do Geledés - Instituto
da Mulher Negra.
Vejamos que isso faz todo o sentido uma vez que a cultura “não é estática, pois
os grupos, pessoas, comunidades, povos se constituem nas relações de fron-
teiras entre as diversas maneiras de ser e viver das pessoas e dos grupos em
relação ao contexto escolar” (Grando; Pinho; Rodrigues, 2018, p. 95).
O texto também deixa claro que na educação básica, a educação escolar qui-
lombola contempla as suas etapas e modalidades destinando-as às popula-
ções quilombolas do contexto urbano ou rural, a saber: “Educação Infantil, o
Ensino Fundamental, o Ensino Médio, a Educação Especial, a Educação
Pro�ssional Técnica de Nível Médio, a Educação de Jovens e Adultos, inclusi-
ve na Educação a Distância” (Brasil, 2012a, p. 26).
. Revista Contemporânea de
Educação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 23, p. 107-142, 2017.
• BRASIL. CNE.
. De�ne Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na
Educação Básica. Brasília, MEC.
Agora, vamos testar um pouco os conhecimentos apreendidos neste tópi-
co sobre a educação escolar quilombola?
Se tomarmos por base o cenário apontado por Silva e Devide (2009), reco-
nheceremos a importância da Educação Física estar em sintonia com a
proposta da educação escolar quilombola. Os autores asseveram que as
ideias preconceituosas e discriminatórias construídas no contexto social
mais amplo re�etem no ambiente escolar e, consequentemente, nas aulas
de Educação Física. As linguagens verbal e não verbal denunciam pro-
cessos de exclusão de indivíduos e grupos, o que sinaliza a existência de
uma classi�cação social em que determinados atores sociais ocupam es-
paços de superioridade em detrimento de outros.
- oportunizar uma re�exão crítica sobre o modo como os negros e negras são
“incluídos(as)” nos processos educativos;
Leitura complementar
GAIA, Paulino Pinheiro et al.
. Movimento,
Porto Alegre, v. 27, p. 1-18, 2021.
5. Considerações
As comunidades quilombolas possuem história e necessidades a serem
consideradas no processo educativo. O sistemático apagamento perpetra-
do ao longo dos tempos, fruto de uma estrutura colonial que também dei-
xou marcas na educação brasileira, contribuiu sobremaneira para que o
atendimento a esse direito social fosse obstaculizado. Contudo, a resis-
tência por parte do movimento negro e do movimento quilombola possi-
bilitou que inúmeras demandas dessa população pudessem ser atendi-
das, ainda que de maneira insu�ciente.
Até breve!
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/edu�sescambnaourbcomagretndis-g04524-fev-2024-grad-ead/)
Objetivos
• Discutir o cenário da Educação Escolar Indígena no Brasil.
• Identi�car as diretrizes normativas da Educação Escolar Indígena no
país.
• Compreender o ensino da Educação Física no âmbito da Educação
Escolar Indígena.
Conteúdos
• A Educação Escolar Indígena no país.
• Aspectos normativas da Educação Escolar Indígena.
• O ensino da Educação Física na Educação Escolar Indígena.
Problematização
O que é a Educação Escolar Indígena? Qual a situação da Educação Escolar
Indígena em nosso país? Quais as diretrizes que normatizam a existência e a
oferta da Educação Escolar Indígena no Brasil? Quais aspectos considerar no
ensino da Educação Física no contexto da Educação Escolar Indígena?
Bons estudos!
1. Introdução
Os povos originários são parte constitutiva do processo de formação social de
nosso país, ou seja, desde os períodos mais remotos da história brasileira, os
indígenas se �zeram presentes e possuem papel de destaque em qualquer es-
forço analítico que pretenda compreender como se deu a nossa formação en-
quanto nação.
Porém, cabe destacar, caro/a estudante, que essas perspectivas em nada con-
tribuem para uma compreensão real do modo de ser e estar no mundo destes
grupos. Além disso, acabam por falsi�car a história em nosso país ao atribuir
aos povos originários privilégios desfrutados e que não são possibilitados/as
aos/às demais brasileiros/as. Um olhar honesto para a história de nosso país
mostrará que se trata de uma visão equivocada e falaciosa.
Atenção!
Cabe, aqui, uma diferenciação das terminologias utilizadas a �m de evitarmos equívocos
conceituais e na interpretação dos dados apresentados. Segundo parâmetros utilizados pelo
Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) para realizar o Censo Escolar, a
expressão "escola em terra indígena" diz respeito ao território no qual as escolas estão loca-
lizadas. Já a expressão "oferta de educação indígena" não diz respeito ao território, mas ao
público majoritariamente atendido. Nestes casos podemos ter, por exemplo, escolas urba-
nas atendendo estudantes indígenas.
Outro dado revelado pelo Censo é que um pouco mais de 1% dos/as estudantes
se declararam indígenas em um universo que contempla 34 milhões de alu-
nos/as (72,5%) que possuem a categoria cor/raça informada na pesquisa. Os
números referentes aos estudantes que não informaram cor ou raça devem
ser contabilizados no processo de análise, pois se trata de uma informação de-
claratória (Brasil, 2023).
Nas palavras de Saneto (2016, p. 76), "a educação escolar diferenciada, como
direito, nasce de um amplo campo da diversidade sociocultural no país, sub-
metido historicamente às práticas homogeneizadoras, geradoras de desigual-
dades e injustiças sociais”.
Boniwa (2013) classi�ca os avanços obtidos pela educação escolar nos últimos
anos em três categorias. Na primeira, que trata dos aspectos legais, o autor co-
menta as conquistas advindas com o reconhecimento e a garantia das auto-
nomias de gestão e pedagógica dos processos de ensinar e de aprender dos
povos originários, possibilitadas em virtude do estabelecimento de um arca-
bouço jurídico-normativo, e que contribuíram para a superação da perspectiva
política colonial da educação em seu viés tutelar e integracionista. Na segun-
da categoria os aspectos políticos são contemplados. Nesse sentido, o autor re-
conhece que a superação de uma perspectiva assistencialista do indigenismo
colonial ocorreu em virtude do "reconhecimento político e jurídico da educa-
ção escolar especí�ca e diferenciada como direito coletivo que orientou a ex-
pansão do atendimento da oferta escolar no âmbito do sistema nacional de
ensino" (Boniwa, 2013, p. 2). Por �m, a terceira categoria, relacionada aos as-
pectos pedagógicos, destaca o protagonismo indígena na formação de profes-
sores/as e de técnicos/as voltados à gestão das escolas indígenas e que são
oriundos dos povos originários.
Leitura complementar
Vemos, então, que a Carta Magna brasileira, da qual emanam as demais legis-
lações em diferentes campos e que não podem entrar em contradição com
aquilo que dispõe nossa Constituição, sob pena de inconstitucionalidade, ga-
rante o direito à diferença.
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de
fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados
de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilingüe e intercultural aos
povos indígenas, com os seguintes objetivos:
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas me-
mórias históricas; a rea�rmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas
línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhe-
cimentos técnicos e cientí�cos da sociedade nacional e demais sociedades indíge-
nas e não-índias.
Podemos observar, então, que a LDB vem ao encontro do que fora disposto na
Constituição Federal, aprofundando na normatização e fazendo com que o
Estado assuma o compromisso com uma educação diferenciada enquanto di-
reito dos/as indígenas.
Leitura complementar
Assim, a área de Educação Física escolar pode estar voltada para um primeiro obje-
tivo, compatível com as demandas e realidades indígenas atuais: trata-se de fazer
com que o aluno, a partir dos conhecimentos próprios de sua cultura e dos conteú-
dos aprendidos nas outras disciplinas escolares, conheça e avalie criticamente
aqueles elementos da "cultura corporal de movimento" (brincadeiras, jogos, espor-
tes, exercícios de ginástica, danças, lutas etc.) da sociedade envolvente que, na
perspectiva indígena, forem mais interessantes e atraentes (Brasil, 1998a, p. 325).
Leitura complementar
Atenção, você deverá dedicar-se à leitura das páginas 319 a 327 e de 335 a
337 do material:
5. Considerações
Estamos �nalizando o conteúdo de mais um ciclo de estudos. Vimos que a
Educação Escolar Indígena está envolta em uma série de desa�os que se apre-
sentam para a sua efetivação. A necessidade de um diálogo intercultural se
faz presente e deve estar sempre nos horizontes daqueles/as que se envolvem
com essa modalidade da educação básica.
Até lá!
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Objetivos
• Conceituar Práticas Corporais de Aventura na natureza.
• Compreender as relações entre as Práticas Corporais de Aventura na na-
tureza e a Educação Ambiental.
• Discutir o processo de ensino das Práticas Corporais de Aventura na na-
tureza nas aulas de Educação Física escolar.
Conteúdos
• Práticas Corporais de Aventura na natureza - conceituação
• As relações entre as Práticas Corporais de Aventura na natureza e a
Educação Ambiental.
• O ensino das Práticas Corporais de Aventura na natureza nas aulas de
Educação Física escolar.
• As três dimensões dos conteúdos e as Práticas Corporais de Aventura na
natureza.
Problematização
O que são as Práticas Corporais de Aventura na natureza? Quais as suas carac-
terísticas? Quais as relações entre as Práticas Corporais de Aventura e a
Educação Ambiental? O que devemos considerar no ensino das Práticas
Corporais de Aventura na natureza nas aulas de Educação Física escolar?
Orientações para o estudo
Iniciamos o estudo de mais um ciclo de aprendizagem. Para um melhor apro-
veitamento, realize todas as leituras sugeridas e procure pensar em interven-
ções que podem ser realizadas a partir das Práticas Corporais de Aventura na
natureza nas aulas de Educação Física. É importante que você conheça dife-
rentes práticas corporais que podem ser vivenciadas no meio natural a �m de
aprofundar a sua formação. Você perceberá, ao longo da leitura do conteúdo
desse ciclo que a expressão Práticas Corporais de Aventura na natureza será
tomada como sinônimo de outras que buscam designar atividades praticadas
junto ao ambiente natural.
1. Introdução
Caro/a estudante, as re�exões contidas nesse ciclo de aprendizagem envol-
vem o ambiente não urbano. Dessa forma, privilegiaremos as discussões que
tratam, em particular, da prática de manifestações da cultura corporal em
contato com a natureza. Dessa forma, será inevitável não discutirmos, por
exemplo, a relação dos seres humanos com o meio ambiente. Também será di-
fícil, como veremos, não pensarmos sobre as atividades de aventura na natu-
reza, voltando nossas atenções para a relação entre essas e a Educação Física
escolar.
Paixão (2017) em suas re�exões destaca os eixos aventura, risco e fortes emo-
ções em máxima intensidade e em grandes quantidades no meio natural co-
mo características para se compreender estas práticas corporais. O autor tam-
bém reconhece que estas manifestações são vivenciadas nos momentos de
lazer das pessoas e acrescenta o contexto competitivo como uma de suas pos-
sibilidades.
É nesse sentido que estudaremos neste ciclo os ambientes não urbanos e o en-
sino da Educação Física, utilizando-se para isso das Práticas Corporais de
Aventura como elemento mediador.
Visando colaborar com o ensino destas práticas corporais no contexto das au-
las de Educação Física, Pereira e Armbrust (2017) propõem que se deva con-
templar as três dimensões dos conteúdos com o propósito de encaminhar
uma prática pedagógica coerente e uma aprendizagem signi�cativa para
os/as estudantes. Portanto, na dimensão conceitual pode-se tratar dos aspec-
tos sócio-históricos das modalidades, os equipamentos utilizados na prática,
os/as praticantes famosos/as, os principais espaços nos quais as práticas
acontecem e suas respectivas contextualizações geográ�cas, além de re�e-
xões em torno de questões ambientais. Já na dimensão procedimental, o/a
professor/a poderá enfatizar aspectos da dimensão técnica dos movimentos e
da segurança em relação às práticas corporais, as adequações necessárias das
diferentes modalidades para cada uma das faixas etárias, dentre outras possi-
bilidades. Por �m, na dimensão atitudinal, o/a docente deve proporcionar situ-
ações educativas para que os/as estudantes possam ser capazes de se apropri-
arem de valores formativos em relação às regras das modalidades e de segu-
rança durante a prática, à ética nas vivências das Práticas Corporais de
Aventura na natureza, as relações psicológicas intrínsecas à prática, entre ou-
tros aspectos.
O texto indicado para leitura a seguir traz elementos interessantes para poder-
mos pensar o panorara das Práticas Corporais de Aventura na natureza no
âmbito da Educação Física.
Leitura complementar
Você deverá realizar a leitura das páginas 120 (item "Por que ensinar na
escola: objetivos, motivos e di�culdades acerca da inserção das PCA") a
127 do texto:
5. Considerações
A partir das re�exões realizadas vimos que as Práticas Corporais de Aventura
na natureza permitem uma intervenção político-pedagógica no contexto das
aulas de Educação Física escolar a partir de manifestações contemporâneas
da cultura corporal de movimento, visando, assim, superar o enfoque tecnicis-
ta que vem prevalecendo no ensino das práticas corporais. Com isso, intenta-
se que os/as estudantes possam se apropriar de forma crítica e ampla dos co-
nhecimentos advindos do universo destas práticas.