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PROPÓSITO
Articular experiências da prática docente, pesquisa acadêmica e de diversidade cultural para estimular
que a práxis dos professores fomente a valorização da diversidade de estímulos para as aprendizagens
na pré-escola.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a educação por meio das linguagens sonora, corporal, visual e artística
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Vamos começar nossa conversa situando a educação infantil como a etapa de ensino que, segundo a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), deve ser oferecida às crianças de 0 e 5 anos, fase na
qual grande parte da arquitetura cerebral do ser humano é desenvolvida.
Pensando nas práticas de atendimento da pré-escola em nosso país, temos um contexto histórico
demarcado por lutas, respostas a demandas sociais e baixos investimentos. As intervenções e
investimentos no desenvolvimento físico, cognitivo, linguístico e socioemocional de crianças pequenas
até a transição para o ensino fundamental têm o potencial de promover o acesso, permanência e a
conclusão dos estudos na idade adequada, além de interferir na capacidade de formar relações
positivas, de expressar sentimentos adequadamente, empatia, curiosidade, persistência, atenção,
escuta e uso social da linguagem.
O entendimento da pré-escola como algo ou lugar que antecede as práticas educativas formais do
ensino regular vigorou durante bastante tempo na educação brasileira. Entre sair de modelos
assistenciais para crianças pobres e filhos de operários e transformar a educação pré-escolar em um
direito transcorreram-se vários anos em um longo processo de sistematização de práticas pedagógicas.
Entretanto, esse passado ainda pesa no olhar do senso comum. E o professor precisa romper velhos
grilhões e perceber o quão pedagógico e sofisticado é sua atuação neste segmento. O que condicionou,
em diversos espaços, um lugar de silenciamento das práticas educativas foi também o propulsor da
criatividade de docentes que estimularam o debate de suas práticas e o que apontou para um novo
caminho. O fato de atender majoritariamente aos públicos das classes populares conferiu a essa etapa
de ensino um lugar assistencial, de pouco investimento.
De acordo com as pesquisas acadêmicas e com os relatos de profissionais que atuam na educação
infantil, esse cenário não prevalece mais. A educação infantil visa à experiência centrada no
desenvolvimento das crianças e na garantia de seus direitos de aprendizagem.
Ao longo de nossa conversa, você perceberá que a pré-escola é uma construção dialógica e autoral.
Sim! Autoral porque ela propicia processos de afirmação da identidade das crianças e da necessidade
de leitura de sua corporeidade, de suas manifestações e cultura. E é dialógica por possibilitar o encontro
com um mundo que rompe com os limites das relações centradas na família.
O contexto histórico não pode ser negado e é necessário fazer a leitura das contradições. No decorrer
de sua formação, perceba que novas histórias podem ser escritas com a valorização dos profissionais
da educação infantil e com a construção de práticas educativas que ampliam os significados do
saber/fazer/aprender/ensinar na primeira infância.
MÓDULO 1
Identificar as crianças como sujeitos dos processos de aprendizagens na pré-escola
Assista ao vídeo com o professor Ricardo Luiz da Silva Fernandes sobre os desafios da ideia de
assistência sendo substituída pela figura afetiva do cuidador, até, finalmente, a professora e o
compromisso com o desenvolvimento.
EM PRIMEIRO LUGAR, A CRIANÇA!
Ao começar com esta frase, reforçamos o objetivo central das práticas educacionais para a educação
infantil. Precisamos compreender as crianças não apenas como público-alvo desta política educacional,
mas perceber que são o centro desta ação. Para isso, é necessário romper a ótica assistencialista e
atingir um perfil profissional que respeite e compreenda as subjetividades.
Foto: Shutterstock.com
Os profissionais que atuam na pré-escola devem reconhecer as crianças como sujeitos de todos os
processos de aprendizagem. Para ilustrar a situação, imagine um quadro que já está pintado, contendo
um cenário e elementos diversos. A tela, que não está vazia, interage com as tintas e modifica suas
cores a cada nova intervenção do pintor. A cada nova forma inserida, a tela se modifica, comportando-se
como uma pintura dinâmica que não se apresenta da mesma forma no decorrer do dia e que sempre
responde a todas as novas ideais do pintor.
APRENDIZAGEM
Seguindo o princípio de Carl Rogers e da educação humanista, cada sujeito é único e constrói seu
próprio trajeto de aprendizagem, devendo ser estimulado.
ATENÇÃO
Essa ilustração é para nos lembrar que a criança não chega na pré-escola vazia, como uma tela em
branco. Ela apresenta muitas cores e experiências que precisam ser consideradas. E nós, que podemos
ser considerados o pintor desta ilustração, não devemos limitar e nem definir as respostas às nossas
intervenções. Todas as crianças, independentemente de sua realidade social e cultural, são seres
dinâmicos que poderão a todo instante interagir e produzir significado para as práticas educativas.
Você deve estar questionando algumas das ideias que apresentamos acima. Primeiramente, por
acreditar que em todos os contextos de nosso país tanto essa visão sobre as crianças como a prática
pedagógica atrelada a ela sejam legitimadas como algo natural.
Talvez você diga: “Nenhum professor acredita que, na educação infantil, a criança está em segundo
plano ou seja como uma tela em branco”. E pode até pensar que a educação prescinde da participação
das crianças. Mesmo sendo este o seu caso, é necessário ter um olhar profissional atento, a fim de
superar modos de ser do professor da educação infantil que limitam o universo de (re)conhecimento de
identidades. Para isso, é necessário conhecer um pouco da história desta modalidade de ensino e
reconhecer que existem diversas lutas por uma educação infantil de qualidade.
Foto: Shutterstock.com
Os espaços educacionais não podem ser vistos como um local que abrigue crianças para que seus
responsáveis possam trabalhar, nem devem ser um espaço com valorização secundária e tampouco
devem ser considerados um lugar menor do saber/fazer na educação.
VOCÊ SABIA
Como apresenta o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (1998, v. 3, p. 15-
16), grande parte dessas instituições nasceram com o objetivo de atender exclusivamente às crianças
de baixa renda. O uso de creches e de programas pré-escolares como estratégia para combater a
pobreza e resolver problemas ligados à sobrevivência das crianças foi, durante muitos anos, justificativa
para a existência de atendimentos de baixo custo, com aplicações orçamentárias insuficientes, escassez
de recursos materiais; precariedade de instalações; formação insuficiente de seus profissionais e alta
proporção de crianças por adulto.
Não podemos, sobretudo nas salas da pré-escola da educação pública de nosso país, ter uma
concepção de que a educação infantil é algo assistencial. A educação, nesta etapa, e em todas as
outras, não precisa reverberar os preconceitos e contribuir para a segregação social.
EXEMPLO PRÁTICO
Vejamos agora um relato de um docente com experiência na educação infantil. Ele evidencia as
diferentes formas dessa experiência, a pluralidade de práticas e as reflexões resultantes dessa
modalidade educativa.
Imagem: Shutterstock.com
Durante minhas primeiras experiências na educação infantil pude perceber que a identidade é um
conceito complexo. Nesta etapa da aprendizagem, ela se manifesta de diferentes formas: na construção
de um conjunto de interesses pessoais, no reconhecimento de sua personalidade, nas descobertas
sobre seu corpo, na percepção de seu lugar racial, na visualização de seu gênero e na construção de
um canal de diálogo com os outros.
Todos os dias, durante minha prática como professor da educação infantil, foram diferentes, não havia
um dia em que uma atividade comum da rotina ocorresse como uma repetição de experiências, alguma
criança sempre trazia algum elemento novo que criava reflexões no grupo. Mesmo quando repetíamos
uma história que já era de conhecimento do grupo, havia a percepção de um novo detalhe na ilustração
ou uma fala que interrompia a contação para apresentar um dado sobre o cotidiano.
Cada criança de sua maneira, no seu ritmo, participava e modificava o nosso espaço coletivo. Centrando
o olhar para a questão deste movimento de observação das identidades era possível reconhecer as
vozes culturais de cada uma das crianças. Alguns profissionais, que não estavam atentos a estas
questões, cometiam os seguintes erros: entregar objetos pessoais, produções de atividades
pedagógicas, desenhos e outras produções para as crianças erradas, e não reconheciam os traços
culturais de cada uma das crianças nestes elementos.
Esta última situação serve para exemplificar dois pontos importantes quando falamos de identidade na
educação infantil:
Foto: Shutterstock.com
A criança reconhece suas produções, nela manifesta seus gostos pessoais e sua personalidade.
Foto: Shutterstock.com
Explicando melhor...
Convidamos você a pensar nos processos que levaram os alunos a produzir, cada um, sua estatueta,
que para alguns adultos não possuíam qualquer sentido. Eles lembram dos movimentos feitos por suas
mãos, da intensidade com que tocou a argila e da maneira como se relacionaram com os colegas
durante a atividade. Esse reconhecimento não acontece apenas de maneira visual ou mecânica.
Quando consideramos a criança como sujeito do seu movimento de aprendizagem, precisamos
perceber que ela é um ser complexo e, por isso, reconhece suas ações.
A roda surge como um lugar para o “conflito”! Perceba que colocamos o conflito entre aspas, para
destacar a necessidade de ampliar o significado desta palavra. Muitas vezes, na educação, o
enfrentamento é classificado com um movimento arriscado, mas a criança precisa lidar com estes
processos para fortalecer sua percepção sobre a pluralidade e as diversidades que existem no nosso
mundo.
A educação infantil é mais um espaço para isso, pois, nele, a criança precisa conviver por muitas horas
com outros adultos e crianças. Nosso objetivo, enquanto educadores, é respeitar seus interesses e
trazê-la para o primeiro plano, mas, para isso, é necessário que cada uma delas entenda a noção de
tempo.
Foto: Shutterstock.com
Ter noção de tempo é saber dividir o afeto dos profissionais com outros colegas, esperar sua vez, dividir
e compartilhar experiências etc. Em suma, é perceber que o tempo da família não é o mesmo da escola.
Por vezes, na faixa etária correta, serão feitas intervenções pedagógicas que auxiliarão na construção
da autonomia e no direito de manifestar sua identidade.
Ao compreender o tempo e dividir o espaço de convivência com outras crianças, os alunos percebem
que existe um conjunto de regras que precisam ser respeitadas, que podem seguir um cronograma de
atividades e que é necessário respeitar as necessidades dos outros colegas.
DIVIDIR OS AFETOS
Imagem: Shutterstock.com
SABER ESPERAR
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SABER OUVIR
COMPARTILHAR EXPERIÊNCIA
Percebe quantos desafios a criança enfrenta na pré-escola? Para garantirmos a segurança dessas
aprendizagens, é necessário estarmos atentos às identidades presentes em nossas salas de aula e
estabelecermos a construção de diálogos constantes.
Uma maneira interessante de construir esse diálogo entre as identidades infantis presentes numa sala
de aula é a construção de um universo de escuta. Uma escuta que não está centralizada apenas na
fala, mas que atinge o gestual e as diversas linguagens que são construídas nos primeiros anos de vida.
Por isso, precisamos estar atentos à forma diferenciada como cada uma das crianças prefere
estabelecer uma comunicação.
Para explicar melhor esse conceito, vamos trazer a história de uma aluna, a quem daremos o nome
fictício de Ana.
Imagem: Shutterstock.com
ANA!
Ela ingressou na educação infantil depois de migrar com seus familiares. Ana era uma refugiada. Ela
não falava nosso idioma, ainda assim comunicava muito. Muitas pessoas de nossa instituição diziam:
“Ela é bem pequena, mas tem muita personalidade!”.
Você concorda com esta afirmação? Nós, não! Acreditamos que todas as crianças possuem sua
personalidade, e cada uma com sua especificidade. Ana, utilizava a linguagem gestual para interagir
com os colegas e com os profissionais que cuidavam dela. Se ela não gostasse de uma brincadeira, seu
rosto de imediato manifestava uma expressão clara. Mas, se ela gostava de ouvir uma história e queria
repetir aquela sensação, sorria através do brilho de seus olhos.
Ana tinha um vocabulário próprio, e todos nós o reconhecíamos e nos comunicávamos com ela. No
passar do tempo ela começou a falar algumas palavras da língua portuguesa, mas o seu gestual nunca
deixou se der utilizado. Perceba que não ocorreu uma pressão para que ela fosse de imediato oralizada.
Respeitamos suas escolhas e nos adaptamos à forma mais confortável de ela estabelecer a
comunicação com o grupo.
A sua história de vida foi manifestada, construída e modificada por ela mesma! Sim, é redundante, mas
é necessário destacar o “por ela mesma”. Ana precisou ser acolhida pelo coletivo, criou sua forma de
comunicação e superou o desafio de aprender uma nova língua no seu tempo. Aqui, a identidade de Ana
foi preservada e respeitada e seus direitos de aprendizagem garantidos.
Você pode questionar: “Como posso inserir a história de vida dos meus alunos na educação
infantil?”. Esse questionamento é natural e parte de uma cultura que reduz o universo cultural das
crianças na primeira infância. Desde o nascimento, nossos alunos constroem suas biografias, eles são
imersos na história cultural de sua família, interagem com os desafios socioeconômicos e desenham
uma trajetória.
O primeiro movimento para considerar esta historicidade infantil é atuar como uma espécie de jornalista
educacional. Sim, você leu corretamente: jornalista, e com perfil investigativo!
Ao fazer essa investigação, procure conhecer o lugar de nascimento das crianças, a história por trás da
escolha dos nomes, dos sobrenomes das famílias, os hábitos alimentares, interesses culturais, ou seja,
uma imersão completa. Assim, você será o narrador que poderá contar nas suas intervenções
pedagógicas as histórias de vida de seus alunos. Todos podem conhecer os detalhes de sua
personalidade e estabelecer uma relação amorosa no espaço educativo.
Foto: Shutterstock.com
Vamos retornar ao caso de Ana. Ao perceberem que ela não falava nosso idioma, os colegas decidiram
atuar como tradutores de sua corporeidade. Neste momento, eles estabeleceram o cuidado e
manifestaram empatia.
A turma sempre esteve atenta para observar os gestos de sua colega e faziam intervenções sempre que
algum adulto esteve disperso perante as movimentações dela. Este caso nos ajuda a refletir sobre a
diversidade de caminhos que podem ser construídos numa sala de aula e sobre a necessidade de
estimular a construção de relações interpessoais que compreendam a diversidade inerente aos
universos escolares.
Agora, chegou o momento em que podemos exercitar os pontos apresentados neste módulo.
Leia as situações de uma sala de aula da educação infantil e escolha o conceito que melhor explica
cada uma delas:
Vamos fazer?
MÃO NA MASSA
1. Complete o quadro abaixo relacionando os conceitos às situações do cotidiano de uma instituição de
ensino pré-escolar.
superação do
interagir, aprender e brincar!
assistencialismo Esta situação se refere à
valorização das
.
histórias de vida
A sequência correta é:
Aqui, em nossa creche, lutamos para que todas as crianças tenham o direito de ser. Elas
estão aqui para interagir, aprender e brincar!
Esta situação se refere à percepção das identidades.
Antes de começarmos nossas aulas fazemos reuniões com os pais, lembrando que eles
precisam estar presentes na escola, e promovemos atividades lúdicas com as crianças e as
famílias.
Esta situação se refere à superação do assistencialismo.
Nós respeitamos e ouvimos todas as crianças, sabemos que todos possuem vozes
diferentes e que as linguagens e as experiências não são iguais.
Esta situação se refere à valorização das histórias de vida.
2. Imagine que você fará o papel de repórter investigativo para criar uma matéria sobre a história de vida
de seus alunos. Você precisa fazer perguntas importantes para incluir no seu bloco de notas. Sendo
assim, responda:
A PERGUNTA "QUAL É A HISTÓRIA DE
VIDA DOS AVÓS?" É IMPORTANTE?
Sim
Não
Sim
Não
ATENÇÃO !
O feedback para essa atividade é baseado no conjunto de suas respostas, dessa forma, só pode ser
visualizado na versão online.
3. Você irá ilustrar com uma frase o cartaz que enfeitará sua sala de aula. Sendo assim, responda:
A FRASE "JUNTOS NÃO PODEMOS
ENTENDER E RESPEITAR O OUTRO.
CADA UM NA SUA!" É ÓTIMA PARA
INSERIR NO CARTAZ.
Sim
Não
Sim
Não
ATENÇÃO !
O feedback para essa atividade é baseado no conjunto de suas respostas, dessa forma, só pode ser
visualizado na versão online.
TEORIZANDO
Todas as proposições aqui elaboradas tiveram o cuidado de aproximá-lo da realidade escolar, da prática,
a fim de que você sentisse, de alguma forma, a experiência docente. Mas todas as abordagens têm uma
fundamentação que as conduz, e é importante que você não perca esse olhar. Entre as muitas
possibilidades, optamos por focar na aprendizagem significativa de Carl Rogers. Os trabalhos do autor
são pano de fundo para três percepções básicas:
ATENÇÃO
Nunca se esqueça: teoria e prática são indissociáveis. Aqui, ainda que estejamos focados na apreciação
do debate das práticas, sempre é importante ter esse olhar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Uma sala de aula com crianças de 3 a 5 anos em que o centro da aprendizagem deve ser conviver
em sociedade.
D) A percepção de que todos fazem sempre as mesmas coisas, possuem as mesmas atitudes.
B) O professor pode e deve evitar manifestações que não sejam apropriadas para a atividade proposta.
C) O professor deve pedir aos pais que as crianças sejam mais estimuladas em casa.
GABARITO
A pré-escola é um espaço privilegiado para a manifestação das múltiplas identidades infantis, por isso
todas as emoções e vozes precisam ser ouvidas. Embora a alternativa a) esteja correta do ponto de
vista do que é a pré-escola, ela por si não explica a relação com a manifestação de identidades.
2. É correto afirmar que, numa atividade pedagógica da pré-escola, a criança pode manifestar
seus interesses, curiosidades e identidades em um ambiente em que:
MÓDULO 2
Reconhecer a educação por meio das linguagens sonora, corporal, visual e artística
Assista ao vídeo em que o professor Ricardo Luiz da Silva Fernandes aborda o desenvolvimento que
pode ser trabalhado pela audição, estímulos e seu papel, além de falar sobre a inclusão e como criar
possibilidades.
Não existe instituição que lide com a realidade infantil sem perceber que precisa dialogar com esse
mundo. Não é uma defesa da “desordem”, mas de lidar com esta outra ordem.
Então, neste módulo, vamos com a professora Nilda Alves fazer uma discussão de cotidianos escolares
e sua aceitação.
SAIBA MAIS!
Sobre a expressão vocal e sua importância no desenvolvimento de competências na pré-escola é
importante a leitura do próprio documento: Desenvolvimento cognitivo .
O desenvolvimento social e emocional é mais um entre as competências e habilidades que podem ser
trabalhadas na educação infantil. Nessa fase, a criança começa a interagir com mais pessoas, inclusive
da mesma idade, pode entender e seguir regras e trabalhar competências socioemocionais, como a
habilidade de identificar sentimentos e manter o autocontrole.
Essa competência envolve a capacidade de compreender e utilizar a linguagem. Nos primeiros anos de
vida, a criança descobre as primeiras palavras e aprende a controlar seu tom de voz.
Não, as salas não eram silenciosas, elas possuíam vários sons e alguns eram simultâneos. O choro não
era considerado pelos demais colegas do pedagogo como algo a ser controlado, mas entendido e
mediado. A criança não era silenciada e percebia que podia utilizar sua comunicação de maneira
saudável. Os ritmos eram diferentes em cada uma das salas e formavam uma sintonia que empregava
àquele complexo de educação infantil um lugar de uma orquestra.
Ao pensar naquele espaço como um lugar de diferentes formas, cores, movimentos e sons, o pedagogo
via uma orquestra educacional. As atividades de estruturas com massinhas, argilas, areia e água eram
planejadas de maneira coletiva, assim todos poderiam experimentar as texturas e diferenciar cada um
dos elementos que estão presentes na natureza.
Ao estimular o toque nos diferentes materiais de origem natural ou industrializada, as crianças
promoviam transformações na matéria. Sim! Um processo que está interligado aos conhecimentos
científicos, que podem fazer parte de uma estratégia educativa da educação infantil.
ATENÇÃO
Ao falarmos de movimentos, corpos e ritmos da pré-escola, é preciso destacar que ela pode ser
demarcada por saberes científicos, por uma ampliação dos conceitos e pela inserção das crianças em
um universo reflexivo sobre as produções de nosso mundo, tudo isso de maneira lúdica e adequada à
etapa de desenvolvimento das crianças.
Ao produzirem um picolé, com a receita tradicional de uma sorveteria do bairro, por exemplo, elas
poderão vivenciar a transformação da matéria líquida em sólida. Ao produzir o picolé com os alunos, em
vez de propor uma atividade linear e que não seja interessante para essa faixa etária, eles poderão
observar os diferentes elementos e criarão hipóteses em conjunto.
Claro, neste caminho vão sujar as mãos, perceber a diferença de sensação e temperatura entre um
líquido e um sólido. Vão poder experimentar os sabores que serão produzidos e associar as frutas a
cada uma de suas memórias gustativas e de cores. Percebe a complexidade das aprendizagens que
estão presentes neste processo?
Por meio de atividades como essas, os alunos promovem e conduzem seus movimentos de
aprendizagem. Não se trata de uma simples atividade sobre cores e sabores, mas de algo orgânico do
processo de reconhecer a diferença entre um picolé amarelo, de manga, e um picolé verde, de abacate,
por exemplo. Assim, as cores deixam de ser conceitos abstratos e começam a fazer parte dos
significados afetivos dos alunos.
Muitos professores diriam que é uma atividade barulhenta, pois envolverá o liquidificador, o ruído dos
potes caindo etc. Mas, neste momento, podemos trabalhar as sensações auditivas.
Estes aspectos dão conta dos sentidos envolvidos no processo da aprendizagem. Sendo assim,
pensemos, por exemplo, na audição no ambiente escolar da pré-escola. As construções e os sentidos
de sequência, de reprodução e composição de melodias estarão presentes do ambiente pré-escolar.
Neste caminho, ao perceberem a possibilidade de criar uma melodia, mesmo que de maneira intuitiva e
correspondente à faixa etária, as crianças estarão inseridas nos contextos de autoria, o que pode
contribuir com a associação destes movimentos com os processos de aquisição da escrita.
SAIBA MAIS!
Segundo o RCNEI (1998. v. 3, p. 53), além de cantar, a criança tem interesse, também, em tocar
pequenas linhas melódicas nos instrumentos musicais, buscando entender sua construção. Torna-se
muito importante poder reproduzir ou compor uma melodia, mesmo que usando apenas dois sons
diferentes e percebe o fato de que para cantar ou tocar uma melodia é preciso respeitar uma ordem, à
semelhança do que ocorre com a escrita de palavras. A audição pode detalhar mais, e o interesse por
muitos e variados estilos tende a se ampliar. Se a produção musical veiculada pela mídia lhe interessa,
também mostra-se receptiva a diferentes gêneros e estilos musicais, quando tem a possibilidade de
conhecê-los.
Entenda que atividades voltadas para melodias podem estar associadas a outras, em uma rotina de
práticas diversificadas, e que o objetivo final não é instrumentalizar a criança nem para a música e nem
para a escrita. O que pretendemos aqui é o movimento de experimentação e de construção de hipóteses
sobre estes elementos de nossa cultura.
ATENÇÃO
Perceba que a musicalidade da atividade não pode ser ignorada. Esteja atento aos fluxos de curiosidade
e aos ritmos que também estão presentes em atividades regulares de nossa sala de aula. Depois, o
grupo de estudantes poderá, por exemplo, brincar com palitos de diferentes tamanho e espessuras para
perceber a diferença dos sons que eles produzem.
Assim, de uma atividade, outras surgirão naturalmente, como ocorre no ambiente familiar de cada uma
das crianças. E, por falar neste lugar privilegiado, podemos também estimular a continuidade deste
movimento na casa dos alunos.
PREPARANDO REFEIÇÕES
Cozinhar é uma excelente atividade para trabalhar conteúdos como “formas” e “transformações”. Ao
produzirem e assarem pães, por exemplo, os alunos poderão observar o tempo necessário para que
fiquem prontos, a importância do fogo e do fermento neste processo, e da segurança que é necessária
para a realização de atividades na cozinha.
Cantar uma canção sobre o tema da atividade e aproveitar o momento de espera pelo pão pronto para
que as crianças interajam podem ser ideias interessantes para a proposta.
Brincar com frutas, tocá-las e perceber a diferença de forma e textura de cada uma delas é uma boa
maneira de utilizar os diversos órgãos do sentido. Além disso, pode-se provar diferentes frutas e
reconhecer quais são os sabores preferidos de cada aluno. Esta atividade nos permite que voltemos à
primeira sugestão, uma vez que as crianças poderão preparar uma salada de frutas, utilizando as mãos
para manipular e produzir mais um alimento.
MÃOS À OBRA (MANUFATURA)
Uma dica interessante é estimular os alunos a produzirem instrumentos musicais com elementos
naturais, como casca de coco ou utilizando outro produto que seja abundante em sua região. Esta
atividade possibilita reconhecer a regionalidade de cada som e produzir ritmo de maneira coletiva com
os colegas. Essa sensibilidade precisa ser estimulada.
Ao propor a construção de um instrumento com seus alunos, eles poderão brincar de diferentes formas
e assumir diversos papéis. Na sua prática docente, exercite esse espaço para construção coletiva e
individual. Ao construir um tambor, potencialize este momento por meio da contação de uma história,
apresente cada um dos materiais necessários para a construção e as ferramentas que serão utilizadas.
E que tal sugerir que as crianças pintem um quadro ou simplesmente brinquem de desenhar as frutas
com um giz colorido? Todas estas sugestões vão oferecer aos alunos experiências diversificadas e
oportunidades de manifestar sua cultura.
Por meio das cores, das formas e dos sons, nossos alunos podem criar uma comunicação artística que
supera os limites da comunicação verbal. O estímulo à criatividade associado à construção de contextos
é algo que está relacionado ao respeito às identidades culturais.
MEXENDO O ESQUELETO
A construção das danças e a percepção de que ela está associada a uma cultura, por exemplo, podem ir
além de ensaiar as crianças para uma apresentação. Nesta perspectiva, ao dançar, a criança deve
conhecer os contextos históricos dos ritmos, adaptar os movimentos ao seu corpo e propor novos
desenhos para a coreografia.
No decorrer de uma atividade, as crianças dançaram de maneira autônoma e utilizam seus corpos para
manifestar sentimentos. Essa coreografia natural e lúdica precisa ser legitimada e estimulada para que
os processos de percepção de si e de observação do outro sejam construídos.
VOLTEMOS À PRÁTICA!
LEIA AQUI!
Há que se tomar cuidado para não limitar o contato das crianças com o repertório dito “infantil” que é,
muitas vezes, estereotipado e, não raro, o mais inadequado. As canções infantis veiculadas pela mídia,
produzidas pela indústria cultural, pouco enriquecem o conhecimento das crianças. Com arranjos
padronizados, geralmente executados por instrumentos eletrônicos, limitam o acesso a um universo
musical mais rico e abrangente que pode incluir uma variedade de gêneros, estilos e ritmos regionais,
nacionais e internacionais. A produção musical de cada região do país é muito rica, de modo que se
pode encontrar vasto material para o desenvolvimento do trabalho com as crianças. Nos grandes
centros urbanos, a música tradicional popular vem perdendo sua força e cabe aos professores resgatar
e aproximar as crianças dos valores musicais de sua cultura. As músicas de outros países também
devem ser apresentadas e a linguagem musical deve ser tratada e entendida em sua totalidade: como
linguagem presente em todas as culturas, que traz consigo a marca de cada criador, cada povo, cada
época. O contato das crianças com produções musicais diversas deve, também, prepará-las para
compreender a linguagem musical como forma de expressão individual e coletiva e como maneira de
interpretar o mundo.
A turma já reconhecia na criança os ritmos desta cultura, e as crianças contavam histórias sobre as
músicas e as danças que experimentavam em conjunto. A visita do responsável apenas foi mais um
processo de legitimação cultural do universo dos alunos, não algo pontual, mas que foi necessário para
a ampliação do universo de experiência sobre este ritmo. Neste mesmo caminho, demais responsáveis
trouxeram outros convidados de diferentes estilos musicais, e terminamos construindo um projeto com a
visitação de escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro.
O funk, que, em certos lugares, é um ritmo criminalizado, foi utilizado como ponto de partida para um
projeto que levou a turma a experimentar os ritmos musicais brasileiros de origem popular.
ATENÇÃO
Ao propor uma imersão nas artes, é preciso superar os limites dos preconceitos e criar uma ponte entre
as diferentes zonas de interesse. A condução de uma atividade artística não deve estar associada aos
interesses dos profissionais da educação, mas corresponder às manifestações identitárias dos alunos.
O contexto de proteção era manifestado nas escolas indígenas e na compreensão de que a preservação
cultural era a principal forma de garantir os costumes daquela população. Os professores estavam
sempre disponíveis para as crianças e não ofereciam um formato centralizado de ensino: eram as
inquietações que promoviam as trocas e as construções.
Desde muito pequenas, as crianças dessa aldeia produzem ornamentos e já aprendem a matemática
por meio desta atividade. Para aquele grupo, as formas de manifestação ajudam a manutenção de uma
identidade, a construção das aprendizagens na primeira infância e a preservação dos ritos culturais
tradicionais.
Não podemos desconsiderar, em nossa reflexão, estes pontos que aprendi com a cultura indígena e
com a experiência que obtive no exemplo citado do funk. A proteção e o brincar com significado pode
fazer parte de nossas atividades educativas. Devemos ser ouvintes dos ritmos das crianças e estimular
que elas tenham a liberdade de criar seus próprios sons.
Será que nos processos temos os mesmos movimentos dos educadores indígenas e protegemos o
direito da criança de se entender como pertencente a um grupo identitário neste mundo?
Estamos aptos a convidar os responsáveis para apresentar seus projetos e trabalhos sem fazer juízo de
valor?
Ou estamos apenas reproduzindo modelos de ensino que não dão valor às historicidades das
comunidades escolares?
Cada um, neste olhar, terá a liberdade para experimentar as diferentes manifestações artísticas
pautadas nas relações familiares e nas curiosidades que possui sobre si e sobre o mundo. Assim, não
teremos um modelo de condução desta orquestra, mas a inserção de diferentes atores que poderão
auxiliar o professor nesta mediação: os seus pares, os responsáveis, a comunidade, a cultura local e
global.
MÃO NA MASSA
1. Hora de organizar o planejamento abaixo pensando na necessidade de compreender os movimentos
de aprendizagem. Para isso, escreva uma sugestão de atividade para cada proposta sinalizada nas
caixas.
DANÇAS CIRCULARES
CANTIGAS
LIVRETO DE MEMÓRIA
RESPOSTA
DANÇAS CIRCULARES
Ilustração e grafismos indígenas com tinturas tradicionais nos livretos das crianças.
CANTIGAS
Apresentação dos movimentos de danças circulares dos povos tradicionais brasileiros
LIVRETO DE MEMÓRIA
Construção coletiva de um ritmo e uma letra de canção (versinhos) para ilustrar a história.
TEORIZANDO
A professora Nilda Alves é, sem dúvida, um dos grandes nomes da Pedagogia e um dos maiores
destaques de seu trabalho vem de um conceito importante:
A EDUCAÇÃO É UMA TEIA.
Se o professor pensar a educação como restrita ao seu ambiente de sala de aula, estará fadado ao
fracasso; do mesmo modo, a escola que imaginar que se imporá aos meios sociais. Não existe
isolamento possível entre a escola e a sociedade, sendo ambas continuamente impactadas pelas
decisões de ações dessa teia.
O que, com práticas, demonstramos é que o aluno chega à escola desejoso de “ser”, de se expressar.
Esse desejo pode virar muitas coisas diante de um novo ambiente. Um desafio, uma imposição, uma
violência. Se a pré-escola deseja ser fomentadora das habilidades e competências preconizadas na
BNCC, ela precisa necessariamente dialogar com o mundo do aluno, gerar oportunidade para que ele
traga e construa novas vivências, seja mediado e crie olhares.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Comparar pensamentos, imaginação e as relações espaçotemporais na pré-escola.
Assista ao vídeo com o professor Ricardo Luiz da Silva Fernandes apresentando tecnologias analógicas
e digitais que podem ser utilizadas em sala de aula com os alunos, contando um pouco de sua
experiência.
Estes personagens de nossa comunidade são os guardiões das tradições orais, são as pessoas que,
durante a nossa infância, utilizaram as histórias para trazer ensinamentos e conhecimentos. Nas
comunidades quilombolas, existem muitas histórias que tratam do cuidado com as plantas, da utilização
das ervas e dos personagens de nossa cultura popular. Ao ouvir, por intermédio dos mais velhos, a
história de um personagem, a criança começa a elaborar o cenário desta história, a pensar nas
características dele.
ATENÇÃO
Perceba que, nas histórias comunitárias, em um espaço domiciliar, o pensamento e a imaginação são
articulados. Nas contações existem narrativas e a criança, desde seus primeiros anos, começa a
construir uma relação de afeto com “o que é contado” e “com aquilo que se conta”.
Em nossa prática formal educativa, não podemos perder a conexão com o modo tradicional de contar
histórias e nem o valor da oralidade. Ao ouvir o texto narrado, a criança acessa seu acervo de imagens
e começa a materializar cada um dos acontecimentos. Parece uma prática simplória, mas, associada a
outras abordagens, pode inserir os alunos no universo de construção do pensamento complexo.
Vamos conversar um pouco sobre este pensamento complexo?
Ao trazer uma história, a narrativa e a oralidade, convidamos você a pensar nos contextos imagéticos
inerentes. Sua aprendizagem, ao longo de toda nossa conversa, foi estimulada e conduzida por
mecanismos de nossa cultura. Assim, ao pensar cada um destes conceitos na pré-escola, você poderá
natural seguir este processo. Estas articulações se dão na construção do pensamento complexo,
influenciada por diferentes matrizes culturais e demandas sociais dos sujeitos.
Neste sentido, o pensamento e a imaginação não podem ser estimulados e construídos com
movimentos de repetição sem fins pedagógicos coerentes. As aprendizagens são construídas em
trajetórias. Portanto, ao construir suas práticas educativas, pense que a criança precisa imergir num
ambiente de curiosidade de aventura. A construção de hipóteses deve ser uma constante, pois as
repostas não surgirão de maneira mecânica. Isso poderá ser feito inserindo as crianças na solução de
um problema, por exemplo.
JOÃO E O BARCO
João era um menino que não parava quieto!
Eles pensavam:
“Como ele consegue dormir, comer, brincar e tremer, nossa que poder!”
De longe observa.
Percebeu que esta história que contamos a você apresenta uma lição, um contexto e uma mensagem?
As histórias tradicionais africanas, as músicas populares e todas as narrativas culturais nos dão pistas
para a construção de um pensamento não tradicional.
Na história de João, as crianças poderão criar hipóteses sobre os tremeliques de João e, em seguida,
construir seus barcos de papel. Mas não de uma maneira simples. Na condução e na mediação,
poderemos destacar a importância de compreender que nem todos terminarão uma atividade no mesmo
tempo e da mesma forma que os outros colegas.
A estrutura do raciocínio e da elaboração de ideias precisa ser estimulada para fundamentar as futuras
construções como a realização de desafios matemáticos, a produção de textos, mas, claro, lembrando
sempre que cada criança possui o seu ritmo, mesmo que seja os do tremeliques de João.
Não devemos abandonar os heróis tradicionais ou afirmar apenas um ponto de vista. Mas precisamos
refletir sobre os impactos de construirmos nossas primeiras hipóteses sobre o mundo por meio de
experiências que são dissociadas da vida da maioria das crianças. O conceito de “verdade” é um convite
à construção e à reconstrução de novos estímulos para o pensamento infantil.
O convite que fazemos a você, futuro professor da pré-escola, é que observe a relação de tempo que é
construída e elaborada nas comunidades escolares. Seja por meio da mediação nas brincadeiras livres,
na escuta sobre a organização das rotinas em casa e na inserção de outros contextos culturais. Nas
mediações, é necessário compreender que o tempo é algo que pode ser administrado para ampliar os
movimentos de interação e de construção de novas aprendizagens.
Segundo RCNEI (1998, v. 3, p. 34), a brincadeira de pular corda, tão popular no Brasil, propõe às
crianças uma pesquisa corporal intensa, tanto em relação às diferentes qualidades de movimento que
sugere (rápidos ou lentos; pesados ou leves) como também em relação à percepção espaço-temporal,
já que, para “entrar” na corda, as crianças devem sentir o ritmo de suas batidas no chão para perceber o
momento certo. A corda pode também ser utilizada em outras brincadeiras desafiadoras. Ao ser
amarrada no galho de uma árvore, possibilita à criança pendurar-se e balançar-se; ao ser esticada em
diferentes alturas, permite que as crianças se arrastem, se agachem etc.
Manter um olhar atento a movimentos e atividades que trabalhem com a separação e a relação
dualizada.
PARTICIPAÇÃO DE TODOS
Não priorizar a participação de um grupo de alunos em sala de aula, mas estimular a apresentação de
ideias de todos do grupo dentro de suas subjetividades.
Perceber a diversidade cultural brasileira e ampliar o universo dos recursos ofertados as crianças,
questionar sempre se aquele material produzido ou ofertado respeita as etnias de seus alunos.
Valorize os movimentos locais de produção artística, comercial e social. Tente inserir em suas atividades
as dinâmicas locais que fazem parte do universo de relações das crianças.
VALORIZAR OS PERCURSOS
Entender que todas as construções são produzidas ao longo de processos e evidencia para as crianças
os movimentos de aprendizagem em que elas estão inseridas. Assim, elas poderão compreender as
construções espaço-temporais.
Podendo assim, aos poucos, ingressar na riqueza dos meios de comunicação oral e escrita e
compreender a textualidade inerente a cada função social. Assim, os instrumentos tradicionais
escolarizados são compreendidos fora desta ótica e reconhecidos como elementos naturais de
comunicação do cotidiano.
1
O pensamento como elemento necessário e inerente a todos os eixos de interação.
2
Inerente aos movimentos do cotidiano. Ser, estar e refletir sobre o encontro com sua identidade e a do
outro.
3
A imaginação e o universo do brincar como um lugar privilegiado para observar (ação).
4
A percepção ocorre de maneira natural, mediada e coerente com os processos de aprendizagem.
RESPOSTA
1
Muito bem! Você levou em consideração que o pensamento é um elemento inerente e mediador de todos os
eixos de interação.
2
Ótimo! É importante ter em conta que movimentos do cotidiano são constitutivos da sua identidade e a do
outro.
3
Parabéns! Você verificou que a imaginação e a brincadeira são ferramentas privilegiadas para
observar(ação).
4
Legal! É interessante notar que a percepção ocorre de maneira natural em relação aos processos de
aprendizagem.
3. Por fim, chegou a hora de articular seu pensamento e sua imaginação e criar uma aventura, uma
história em que os alunos da pré-escola sejam convidados a construir uma imaginação estimulada:
Cenário: você pode apresentar um lugar fictício ou partir de uma fotografia ou quadro. Pense em que
objetivos e quais estímulos pretende criar. Ao propor algo novo, proporcione tempo para os alunos
desenharem mentalmente este cenário. Ao trazer um lugar de referência, convide o aluno a compor este
local.
Atenção à estrutura do texto: você não precisa se prender à estrutura convencional de começo, meio
e fim. Apresente esta estrutura nas primeiras histórias, até para a composição de elementos espaço-
temporais e de ritmos naturais da contação. Mas, aos poucos, inverta as ordens e eleve os
pensamentos das crianças.
Pensamento e imaginação: ao propor esta imersão orgânica para seus alunos, mostre a eles que você
também faz parte deste processo. Mostre que a história é de sua autoria, que você construiu
especificamente para eles e fale de maneira natural sobre os movimentos de autoria. Agora, mãos à
obra e planeje as histórias nos espaços ao lado.
RESPOSTA
O pensamento colonial domina historicamente nossas escolas, domina nossas relações cotidianas.
Nomes importantes têm proposto que uma educação decolonial é necessária. Assim nos ensina os
trabalhos de professores como Oliveira e Candau (2010, p. 20).
Os caminhos que aqui propomos é um diálogo com estas importantes perspectivas que não podem
deixar de ser observadas na construção das aprendizagens na pré-escola.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pré-escola é um espaço privilegiado de aprendizagem e os profissionais da educação precisam
reconhecer este lugar em suas práticas. Devemos romper com a ideia de transição e perceber este
momento como uma etapa determinante para o desenvolvimento das habilidades de socialização,
interação e comunicação dos alunos.
De maneira atenta, precisamos compreender a diversidade de sons que permeiam este espaço de
aprendizagem e ouvir as vozes das crianças. Vozes que precisam reconhecer a diversidade cultural de
nosso país, em seus ritmos e manifestações culturais.
FALA, MESTRE!
Mestres de diversas áreas do conhecimento compartilham as informações que tornaram suas trajetórias
únicas e brilhantes, sempre em conexão com o tema que você acabou de estudar! Aqui você encontra
entretenimento de qualidade conectado com a informação que te transforma.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira
desembargadora negra do TJRJ, relata o racismo existente em processos da vara de infância e
juventude envolvendo religiões de matriz africana.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira
desembargadora negra do TJRJ, relata o racismo existente em processos da vara de infância e
juventude envolvendo religiões de matriz africana.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira
desembargadora negra do TJRJ, compartilha suas memórias do período em que atuou na vara de
infância e juventude e o seu compromisso com a sua função.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira
desembargadora negra do TJRJ, compartilha suas memórias do período em que atuou na vara de
infância e juventude e o seu compromisso com a sua função.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABERASTURY, A. A criança e seus jogos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
BARBOSA, M. C. S. et. al. Práticas cotidianas na educação infantil: bases para a reflexão sobre as
orientações curriculares para a educação infantil. Brasília: MEC/SEB/UFRG, 2009.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
ALVES, Nilda. Tecer conhecimento em rede. In: ALVES, N.; GARCIA, R. L. (Org.). O Sentido da
Escola. Petrópolis: DP et Alii, 2008. p. 91-99.
EXPLORE+
Leia o artigo de Sonia Kramer, Maria Fernanda R. Nunes e Patrícia Corsino, publicado na Revista
Teias: A Poética da infância em afroperspectiva: infância e crianças de 6 anos: desafios das
transições na educação infantil e no ensino fundamental.
Leia o artigo de Rita Ribes, publicado na Revista Teias: Os direitos da infância: um debate
permanente / uma entrevista com Maria Fernanda Rezende Nunes.
Leia o artigo de Camila Turati Pessoa e Lúcia Helena Costa, publicado na Revista Quadrimestral
da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional: Constituição da identidade infantil:
significações de mães por meio de narrativas.
Leia o livro organizado por Nilda Alves e Regina Leite Garcia: O sentido da escola.
Leia o artigo de Nívea Andrade e de Alessandra Nunes Caldas, publicado na Revista Educação &
Realidade: Barulho de escola entre grades e muros: o que é livre na escola?
CONTEUDISTA
Ricardo Luiz da Silva Fernandes
CURRÍCULO LATTES