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PRINCIPAL LEGISLAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE SAUDE EM MOÇAMBIQUE:

√ Lei da nacionalização da medicina;


√ Lei da socialização da medicina e decreto nº 25/76 de 19 de junho;
√ Constituição 25/91 de 31 de Dezembro e resolução nº 4/95 de 11 de junho;

As nacionalizações
O mandato deste primeiro governo de Moçambique independente era o de restituir ao povo
moçambicano os direitos que lhe tinham sido negados pelas autoridades coloniais.

Com esse fim, em 24 de Julho de 1975, o governo declarou a nacionalização da Saúde, da


Educação e da Justiça e, em 1976, das casas de rendimento, ou seja, qualquer moçambicano ou
estrangeiro residente passou a ter direito a ser proprietário duma casa para habitação
permanente e de uma de férias, mas perdeu o direito a arrendar casas de habitação a outrem. O
governo assumiu a gestão das casas que estavam arrendadas nessa altura, formando para isso
uma empresa denominada Administração do Parque Imobiliário do Estado ou APIE.

Em relação à Saúde, o governo transferiu para as unidades estatais (Ministério e hospitais), o


equipamento e pessoal dos consultórios e clínicas privadas e das empresas de funerais.

Decreto que reformula e reorganiza o Sistema de Carreiras Técnicas Profissionais de

Saúde e respectiva formação:


O Decreto nº 25/76 de 19 de Junho criou as bases para a estruturação das Carreiras Médicas e
Paramédicas. O sistema então criado foi completado pelo Diploma Ministerial Nº 56/85 de 9 de
Outubro, que veio aprovar o Regulamento de Carreiras Técnico Profissionais de Saúde e criar a
Carreira de Enfermagem de Saúde Materno Infantil (ESMI).

A Lei 26/91, de 31 de Dezembro e o Decreto nº 9/92, de 26 de Maio, regulam a participação do


sector privado na prestação de Cuidados de Saúde.

Lei nº 25/91 de 31 de Dezembro.


A constituição da República estabelece o direito à assistência médica e sanitária a todos os
cidadãos.
Havendo necessidade de se criar mecanismos para a realização daquele objectivo e no quadro
da reforma institucional e da delimitação do sector público em curso, mostra se urgente a criação
do Serviço Nacional de Saúde.

Nestes termos e ao abrigo disposto no nº 1 do artigo 135 da constituição, a Assembleia da


República determina:

Artigo 1
(criação e dependência)

É criado o Serviço Nacional de saúde, abreviadamente designado por SNS, dependente do


Ministério da Saúde.

Artigo 2
(Composição, objectivos e funções)

1. O SNS é o conjunto das unidades sanitárias de formação e outras, dependentes do


MISAU, incluindo as que foram nacionalizadas em conformidade com o decreto lei nº
5/75, de 10 de Agosto, que concorrem para a prestação de cuidados de saúde à
população.

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2. O SNS prossegue os seus objectivos através de acções promotivas, preventivas,
assistenciais e de reabilitação, recorrendo a formação e pesquisa como meio para o seu
desenvolvimento contínuo.

3. As instituições do SNS têm a função de supervisão, fiscalização e de apoio técnico às


unidades que lhes são de nível inferior, sejam elas do sector público sejam do sector
privado.

4. Na sua função de fiscalização, as instituições de SNS recebem delegação dos órgãos


centrais, provinciais ou locais do MISAU.

√ Decreto Presidencial nº 11/95 de 29 de Dezembro.

Lei 26/91 de 31 de Dezembro


A constituição da República contém dispositivos que definem a natureza do Estado
Moçambicano e o compromisso de prosseguir uma política de justiça social. Em particular, nos
seus artigos 54 e 94, a constituição define o direito à assistência médica e sanitária, a
participação dos cidadãos na elevação do nível de saúde da comunidade e o papel do estado
neste objectivo social.

Nestes termos e ao abrigo disposto no nº 1 do artigo 135 da constituição, a Assembleia da


República determina:

É autorizada a prestação de cuidados de saúde, em estabelecimento próprio ou domicílio do


doente e o transporte de doentes, grávidas e parturientes, por pessoas singulares ou colectivas
de direito privado com carácter lucrativo ou não, nos termos e condições definidas na presente
lei.

A constituição define o direito a assistência médica e sanitária, a participação dos cidadãos na


elevação do nível de saúde da comunidade e do papel do estado neste objectivo social.

A fase actual de desenvolvimento económico, social e político do país, torna necessário o


envolvimento e responsabilização do sector privado para a consecução dos objectivos
preconizados.

A saúde passou a ser um direito real do cidadão e um dever do estado;


Ao criar a obrigatoriedade aos cidadãos de recorrer em primeira instância ao CS ou PS do local
de residência ou do local de trabalho;

Os hospitais passam assim a desempenharem o seu verdadeiro papel de unidades


especializadas nos níveis secundários, terciários e quaternários de cuidados médicos, o que se
traduz numa maior eficiência do sistema com beneficio evidente para as populações;

Assim nasce um conceito moderno de cuidados de saúde primários, constituídos pelo “conjunto
de actividades e elementos susceptíveis de melhorar o estado de saúde da comunidade e que
representam um primeiro escalão das acções de promoção da saúde e de prevenção, cura e
reabilitação, devendo cobrir a totalidade da população que neles participam activamente”.

A cobertura sanitária da totalidade da população, que é um dos princípio em que assenta a lei da
socialização da medicina, não é ainda no momento presente possível de realizar completamente
nas zonas rurais. Este objectivo da “saúde para todos” que foi fixado pelo conjunto de países
Africanos como uma meta que foi para o ano 2000.

O processo de criação de aldeias comunais e de organização do mundo rural em forma de


produção colectiva torna possível uma solução para o problema de extensão progressiva dos
cuidados de saúde primários a toda a população.

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Bibliografia
 República Popular de Moçambique; Ministério da Saúde; Cuidados de saúde primários em
Moçambique;; pp. 38 a 42

 Boletim da República (BR) I Série nº 52 de 31 de Dezembro de 1991;

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