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Cuidados se Saúde Primário em Moçambique

Nome,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,o
Universida Aberta UnISCED
Quelimane, Moçambique

Resumo

O objectivo deste artigo é analisar as práticas de cuidados de saúde primários no sistema de


saúde moçambicano, em que são delineados caminhos específicos para descrever e caracterizar
o sistema de saúde moçambicano e medir o nível de cuidados primários em Moçambique. Este
estudo foi realizado por meio de um estudo transversal visando áreas com e sem escassez de
serviços médicos em 11 regiões do país. O inquérito privado recolheu dados sobre as
desigualdades na saúde, as razões pelas quais os indivíduos não procuram cuidados de saúde,
quanto é pago por esta informação (...), e concluiu que a maior dimensão das desigualdades nos
serviços é social. Propôs monitorizar o processo de desigualdades na saúde, apelando a
contribuições para a redução dessas desigualdades através de campanhas de sensibilização sobre
as desigualdades, a falta de transporte e o uso de autocuidados.

Palavras-chave: acessibilidade, desigualdade, necessidade, fundamentos.

Introdução

A categoria de serviços de saúde para pessoas da comunidade que pagam do próprio


bolso por cuidados de saúde contínuos e totalmente disponíveis ao longo das suas vidas
representa os cuidados primários (OMS, 2008).

Segundo Fleury (1992), o CPS - Atenção Básica constitui um programa integrado do


sistema de saúde e garante o primeiro contato dos indivíduos e famílias da comunidade,
prestando apoio às áreas de saúde mais próximas de onde residem ou trabalham.
população.

O sistema de saúde de Moçambique é caracterizado por precedentes históricos,


incluindo dificuldades económicas, conflitos políticos, bem como restrições decorrentes
de problemas sociais internos. De acordo com Mondlane (1969), o sistema de saúde de
Moçambique foi construído de forma abrangente, consistindo em grandes hospitais
distritais, hospitais rurais, centros de saúde e agentes comunitários de saúde, e a
capacidade do sistema de saúde aumentou ao longo do tempo. Isto fornece cuidados de
saúde primários e elimina os cuidados de saúde coloniais.

Contudo, hoje, os padrões de protecção do direito humano à saúde tornaram-se visíveis,


resultando em restrições significativas ao acesso físico, aos benefícios e a outros
serviços. (Hellmann, 1994).

Neste sentido, este trabalho desenvolveu-se em torno dos seguintes temas: Cuidados de
saúde primários em Moçambique. Este trabalho é transversal, exploratório e
desenvolvido no âmbito da análise bibliométrica.

O principal objectivo deste artigo é analisar as práticas de cuidados de saúde primários


no sistema de saúde moçambicano. Para este fim, são delineados caminhos específicos
para descrever e caracterizar o sistema de saúde de Moçambique e para medir o nível de
cuidados primários em Moçambique. O interesse por este tema está relacionado com o
facto de nos últimos anos ter havido fortes contrastes, desigualdades e discrepâncias,
mesmo nos cuidados primários, com a legislação sobre o direito à saúde e melhoria dos
serviços de saúde.

Desenvolvimento

Abordagens abrangentes

Uma abordagem abrangente que reflectisse os cuidados de saúde primários foi


considerada um pré-requisito para alcançar um sistema de saúde para todos (Boerma,
2013). A OMS (1978) afirma que estas abordagens são directamente relevantes para as
casas e locais de trabalho das pessoas. Oferecemos cuidados abrangentes de longo prazo
que podem resolver a maioria dos problemas de saúde.

Um dos objectivos dos cuidados de saúde primários é promover serviços de saúde


comunitários, para que as pessoas possam praticar tratamentos tradicionais, tratamentos
que são considerados a primeira escolha de cuidados médicos nas comunidades
africanas.

Características do sistema de saúde de Moçambique

O sistema de saúde de Moçambique na década de 1970 caracterizou-se pelo lento


desenvolvimento dos serviços de saúde pública. Há muito que se estabeleceu que estes
factores estão ligados a questões políticas, privação socioeconómica e outros factores
noutros países da África Subsariana. Hoje, estas estruturas melhoraram, mas ainda são
de baixo padrão, com edifícios muito inadequados, profissionais de saúde
subqualificados e elementos básicos pouco fiáveis: água corrente, energia,
medicamentos, oxigénio, transporte, etc. (MISAU, 2015). Por exemplo, o Banco
Mundial (2015) realizou um estudo sobre o sistema de saúde de Moçambique e
descobriu que apenas 34% das infra-estruturas tinham três elementos básicos de infra-
estruturas: água potável, saneamento e abastecimento de energia. Além disso, apenas
43% dos centros de saúde dispõem de medicamentos essenciais (Banco Mundial, 2015).

Do exposto, pode-se concluir que o sistema de saúde em Moçambique está num nível
muito fraco devido à presença de prestadores privados, à fragmentação entre
organizações e à prestação ineficiente de serviços.

Acesso a cuidados de saúde

O alcance do serviço se refere à quantidade de usuários que se beneficiam do mesmo,


mostrando a eficácia do serviço (O'Donnell, 2007). Portanto, apenas ter contato com o
provedor do serviço não significa necessariamente utilizá-lo, e o uso do serviço não
garante a satisfação com o mesmo.

A principal questão na avaliação do acesso aos cuidados de saúde é analisar as


necessidades de saúde que não foram atendidas por serviços de saúde (Starfield, 2011).
As avaliações subjetivas das pessoas em relação às necessidades não atendidas,
conforme apontado por Allin, Grignon e Le Grand (2010), incluem: a) necessidades não
atendidas identificadas, quando alguém reconhece a necessidade de cuidados, mas opta
por não buscar os serviços de saúde disponíveis; b) necessidades não selecionadas não
atendidas, quando um indivíduo não recebe cuidados de saúde devido a barreiras de
acesso que estão além ou fora de seu controle; e c) expectativas não atendidas, que se
referem a quando alguém reconhece a necessidade de cuidados, busca assistência, mas
recebe um tratamento considerado inadequado por ele.

As condições socioeconômicas (status social e financeiro) e o gênero demográfico


analisado desempenham um papel significativo no acesso e nas exigências de cuidados
de saúde, resultando em disparidades no acesso da população aos serviços de saúde,
obstáculos e impactos na qualidade da cobertura de saúde (Tanahashi, 1978).
Ndege (2007) defendeu que o acesso aos cuidados de saúde não deve depender de
aspectos sociodemográficos mas sim de necessidades, podendo desta forma agravar as
desigualdades sociais e as necessidades de saúde. Na saúde, as desigualdades sociais são
vistas como diferenças e desigualdades sistémicas que surgem social, económica,
demograficamente e geograficamente entre grupos populacionais (Whitehead &
Dahlgren, 2007).

Conforme enfatizado, o status socioeconômico é um dos principais eixos da


desigualdade social, afetando a posição do indivíduo na sociedade (Galobardes, Shaw,
& Lawlor, 2006). Nesta linha, foram encontradas evidências consistentes em países
economicamente poderosos de que os grupos desfavorecidos não têm boa saúde e bem-
estar (Whitehead, 1992). No entanto, existem vários outros factores que definem as
desigualdades sociais e, portanto, também contribuem para as desigualdades sociais na
saúde.

Metodologia

A pesquisa foi desenvolvida por meio de uma pesquisa bibliográfica, onde por meio de
diversas fontes, foi possível aferir dados ou informação a respeito do sistema de saúde
na esfera moçambicana. Trata-se aqui de um estudo de carácter transversal, onde de
antemão, não há uma necessidade previa de estar em contacto directo com os
participantes, entretanto, por meio de inquérito, foi feita a possível extracção de dados
junto de uma media de 58118 participantes, com recursos de amostra probabilística
estratificada: selecção da unidade primaria, da área de enumeração na unidade primaria
e selecção dos domicílios e participaram do estudo todos os do agregado familiar e com
isso foi possível obter uma taxa de resposta de (98%). E foram consideradas como
variável do estudo as seguintes dimensões: Necessidade de saúde, Uso de cuidados de
saúde, Razão de não usar serviços de saúde, Expectativa não satisfeita e Pagamentos
directos.

Resultados

Factores da necessidade de saúde percebida

Numa das questões que indicavam se o inquirido esteve doente nas últimas duas
semanas, constatámos que, numa amostra de 58.118 um total de 6.495 revelaram as suas
necessidades de saúde percebidas, com 12,04% (amostra corrigida) a responder “Sim”. .
Examinando as diferenças entre as províncias do país, fica claro que as necessidades de
cuidados de saúde são elevadas em Maputo, com 38%. Nas províncias de Gaza (18%),
Inhambene (33%), Manica e Sofala a proporção está abaixo da média, enquanto nas
restantes províncias está acima da média. (Niassa 11%) conforme mostrado na Figura 1.

Gráfico 1. Factores da necessidade de saúde percebida


40
35
30
25
20 Sim
15
10 11
5
0
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

O autor. 2024

Acesso aos serviços de saúde

Visto na mesma perspetiva, dos 6.495 inquiridos que referiram ter necessidades de
saúde, 1.785 inquiridos (equivalente a 70%) preferiram não consultar ou consultar
serviços médicos ou mesmo escolher médicos tradicionais, enquanto 4.711 inquiridos
(30%) recorrem a qualquer tipo de serviço médico. serviço. De acordo com estes
números, em média uma em cada três pessoas não utiliza estes serviços apesar de estar
consciente das suas necessidades de saúde.

Gráfico 2. Nível de acesso de serviços de saúde


80
70 70
60
50
40
30 30
20
10
0
0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2

O autor. 2024
Razão para não utilizar cuidados de saúde
Entramos em contacto com cinco tipos de motivos para não procurar ajuda profissional
de saúde: a) problema de saúde considerado menos relevante, b) procurar ajuda
profissional é caro, c) distância dos recursos de saúde e falta de transporte; d)
tratamento automedicado.
Entre estas razões, 35% tendem a pensar que está longe de instituições de serviços
médicos e falta de transporte. Por exemplo, 28% pensam que a falta de transporte, 19%
pensam que o custo económico é um obstáculo ao acesso aos serviços médicos e 18%
pensam que 18% acreditam que o custo financeiro é uma barreira ao acesso aos serviços
médicos. % disseram defender a automedicação.
Gráfico 3. Causa da não utilização dos cuidados de saúde
40
35 35
30
28
25
20 19 18 Série 1
15
10
5
0
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

O autor. 2024

Serviços de saúde: problemas relatados

Dos participantes que visitaram uma unidade de saúde, 47% vivenciaram um ou mais
problemas durante a visita, ou seja, (esperado não atendido), que estavam relacionados a
possíveis problemas elencados na pesquisa, tais como: falta de higiene, longas filas,
longos tempos de espera, falta de profissionais de saúde qualificados, custo dos
serviços, falta de medicamentos e corrupção.

O número de inconsistências apontadas pelos respondentes foi baixo, com média de


1,66 e desvio padrão de 0,89. Os longos tempos de espera e a falta de medicamentos
foram questões relevantes, destacadas por 33% e 16% dos participantes que recorreram
aos serviços de saúde, respectivamente, sendo a má qualidade do serviço o terceiro
maior problema, mencionado por 4% dos utentes.

Gráfico 4. Problemas de qualidade


50
47
45
40
35
33
30
25
Série 1
20
15 16
10
5 4
0
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

O autor. 2024

Relatório de pagamento directo

42% dos usuários de saúde afirmaram pagar mensalidade, 33% dos usuários de
empresas privadas e 25% dos usuários de serviços tradicionais.

No sector público, o valor pago corresponde a 1 Mzn, 20 Mzn para empresas privadas e
30 Mzn para médicos tradicionais. No espaço dos utentes da saúde, uma média de 3 a 4
utentes tendem a pagar 5 Mzn, o que mostra a diferença entre o sector privado (200
Mzn) e o tradicional (100 Mzn).

Gráfico 5. Pagamentos directos reportados


250

200 200
Montante em meticais

150
Série 1
Série 2
100 100 Série 3

50

0 5
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5

O autor. 2024

Surpreendentemente, a maioria dos utilizadores dos serviços de saúde privados afirma


não pagar pela consulta, no entanto, a distribuição do valor do pagamento no sector
privado é assimétrica e pode incluir diferentes fornecedores.
Discussão

Como esperado a partir dos dados obtidos, são visíveis desequilíbrios em algumas áreas.
Existem desigualdades nas necessidades de saúde, do ponto de vista geográfico e social.
A desigualdade social afeta o nível de acesso às necessidades de saúde e a gravidade do
problema. As maiores necessidades médicas são observadas no norte do país e nas
zonas rurais, onde as mulheres estão em desvantagem socioeconómica (analfabetas e
pobres) em comparação com os homens. Além disso, o aumento das necessidades de
saúde correlaciona-se bem com uma maior gravidade dos problemas de saúde, na
maioria destas dimensões.

Pela análise feita, geralmente a cada 3 pessoas no país que entendem claramente suas
necessidades de saúde não utilizarão o serviço. Dependendo da gravidade da doença que
sofrem, recomendam o uso de serviços médicos. No entanto, isso se deve à gravidade
do problema, há provas inegáveis de barreiras que impedem o acesso aos serviços de
saúde para aqueles que necessitam claramente de cuidados de saúde.

Outro factor é o nível dos serviços médicos, este tipo de acessibilidade deve ser tido em
conta, uma vez que tais problemas (longos tempos de espera, falta de medicamentos)
são causados pelo sector público de saúde e não estão disponíveis. área. .

Independentemente do tipo de trabalhador ou prestador de serviços, o problema de


pagar pelos serviços de saúde é universal, pelo que o valor é igual e baixo no contexto
da saúde pública, o que significa que os custos dos cuidados de saúde não são uma forte
barreira ao acesso. Mas é muito longe e carece de transporte.

Os factores sociais são determinantes do tipo de fornecedor na indústria e, até certo


ponto, foram documentadas desigualdades nas necessidades médicas. Outra hipótese foi
confirmada, não só na utilização dos serviços de saúde, mas também em alguns aspectos
relacionados com a qualidade do acesso.

Considerações finais

As disparidades na saúde existem e são evitáveis, e a sua eliminação dependerá de ações


concretas baseadas em evidências. Dessa forma, será exibido um conjunto de ações
voltadas para determinados jogadores.
Reconhecer o impacto das desigualdades nos tempos de espera pelos cuidados de saúde
com o objectivo de melhorar os resultados de saúde; Planear e implementar medidas
para responder às necessidades de infra-estruturas e de mão-de-obra em áreas de baixo
acesso.

Para acompanhar o progresso das desigualdades em saúde, peça doações para reduzir
essas desigualdades, por meio de campanhas de conscientização sobre a automedicação.

Referencias bibliográficas

Allin, S., Grignon, M. & Le Grand, J. (2010). Necessidade subjetiva não atendida e
utilização de serviços de saúde no Canadá: Quais são as implicações de
equidade? Ciências Sociais e Medicina. Socscimed.

Banco Mundial. (2015). Prestação de Serviços de Saúde em Moçambique: Resultados


do Inquérito sobre Indicadores de Prestação de Serviços.

Galobardes, B., Shaw, M., & Lawlor, D.A. (2006). Indicadores de posição
socioeconómica. Jornal de Epidemiologia e Saúde Comunitária.

Helman, C. G. (1994). Cultura, saúde e doença. Porto Alegre: Artes Médicas.

Leury, S. (1992). Saúde: coletiva? Questionando a onipotência do social. Rio de


Janeiro: Relume-Dumará.

Ministério da Saúde. (2015). Proposta do programa quinquenal do Governo 2015-


2019. Maputo.

Mondlane, E. (1969). A luta por Moçambique. Londres: Penguin Books.

Ndege, G.O. (2007). Cultura e Costumes de Moçambique. Grupo de Publicação


Greenwood.

Organização Mundial de Saúde. (1978). Declaração de Alma-Ata: Conferência


Internacional sobre Cuidados de Saúde Primários. Alma-Ata, URSS

Organização Mundial de Saúde. (2008). Colmatar a lacuna numa geração: equidade na


saúde através da ação sobre os determinantes sociais da saúde. Relatório Final
da Comissão de Determinantes Sociais da Saúde. Genebra: Organização
Mundial da Saúde.

Starfield, B. (2011). A desigualdade oculta nos cuidados de saúde. Revista


Internacional para Equidade em Saúde.

Tanahashi, T. (1978). Cobertura dos serviços de saúde e sua avaliação. Boletim da


Organização Mundial da Saúde.

Whitehead, M. & Dahlgren, G. (2007). Conceitos e princípios para enfrentar as


desigualdades sociais em saúde: Nivelando Parte 1. Organização Mundial da
Saúde.

Whitehead, M. (1992). Os conceitos e princípios de equidade e saúde. Jornal


Internacional de Serviços de Saúde: Planejamento, Administração, Avaliação.

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