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Apresentação: o País
Retroceder/Back Introdução
1. Estratégias de Desenvolvimento do país nos campos político,
económico e social
1.1. O legado colonial
1.2. Transição e consolidação da independência nacional (1974-1977)
1.3. A construção do socialismo (1977-1983/4)
1.4. A abertura da economia e para uma transição política (1984-1992)
Apresentação: o País
INTRODUÇÃO
O hiato provocado pela saída massiva dos portugueses que haviam preenchido a
maior parte dos lugares do quadro da administração e do aparelho económico,
depois da proclamação da independência nacional, teve que ser preenchido e
assumido pela FRELIMO. As mudanças operadas em Moçambique pelo sistema
de administração portuguesa em finais do período colonial, não foram
suficientemente abrangentes de molde a criarem uma élite negra educada. Na
altura da independência, Moçambique tinha uma população com um percentagem
de 90% de analfabetos, um número reduzido de técnicos e pessoas com formação
superior. No geral, havia poucas pessoas preparadas para preencherem os lugares
abruptamente deixados pelos portugueses. É importante registar que o êxodo de
portugueses e de alguns indianos neste período entre a transição e o pós-
independência, foi acompanhado por uma ‘sabotagem’ da economia de
Moçambique, que pode ser caracterizada pelo esvaziamento das contas bancárias,
fraudes na importação de mercadorias e exportações ilegais de bens (carros,
tractores, maquinaria,etc). Na mesma altura, empresas e bancos portugueses
procederam ao repatriamento do activo e dos saldos existentes, criando assim um
rombo na economia de Moçambique
Como diz Hanlon (1997), desde os anos 60, quando a FRELIMO iniciou a guerra,
pairava sobre ela a nuvem da guerra fria, com os Estados Unidos e a NATO ao
lado de Portugal, o que levou este movimento a aliar-se à União Soviética e à
China. Nos anos 70, o abrandamento da guerra fria trouxe novas esperanças à
África Austral, e o debate sobre a Nova Ordem Internacional havia mesmo criado
ao ‘terceiro mundo’ a esperança de acesso ao ‘financiamento internacional para os
seus programas de modernização’(4) . Em Moçambique, o novo governo tentava
introduzir uma política de desenvolvimento socialista. Depois da independência
do Zimbabwe em 1980, os regimes de maioria formaram a SADCC (hoje SADC),
Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral. Logo a
seguir, com Reagan nos Estados Unidos e Tacher na Grã-Bretanha, há um ‘volt-
face’, e a guerra fria explode de novo, com consequências no Afeganistão,
Camboja, El Salvador, Angola e Moçambique (NEWITT, 1997). O governo de
Moçambique foi rotulado como comunista, e entrou na ‘lista negra’ dos Estados
Unidos da América, que em consequência disso apoiou indirectamente e
encorajou a guerra de desestabilização contra Moçambique, através da África do
Sul. A guerra que durou até aos anos 90 teve prejuízos inestimáveis (HANLON,
1997: 14.):
das 5886 escolas do ensino primário do primeiro grau, 3498 (60%) foram
encerradas ou destruídas; na Zambézia, só 12% continuaram a funcionar
até ao fim da guerra;
A componente externa de apoio a esta guerra, se bem que não possa ser ignorada,
reflecte apenas uma parte das razões que levaram à sua manutenção. É também
necessário tomar em linha de conta os problemas internos do país e as políticas e
estratégias utilizadas pela FRELIMO como resposta à crise existente, que
marcaram um distanciamento entre o governo e a população, criando um
descontentamento que ajudou a alimentar o conflito armado.
Os estudos universitários foram apenas introduzidos nos anos 60, com a criação
de uma escola superior. Os cursos de Ciências Sociais e Humanas, estavam
restringidos apenas a algumas disciplinas, onde não havia lugar para estudos
relativos à Sociologia, à Antropologia e às Ciências Políticas. A táctica de ‘dividir
para reinar’ que tão bem caracterizou vários processos de colonização no mundo,
foi também aplicada pelo governo colonial no direccionamento da produção
intelectual em Ciências Sociais, como o atestam as formas como o regime
manipulou a produção científica nos campos da História e da Antropologia.
No campo das publicações está talvez uma das maiores fragilidades, uma vez que
as nacionais não são difundidas, e vivem permanentemente entre a falta de
fundos, de pessoal qualificado para realizar a gestão da sua produção, e muitas
vezes até de um desinteresse da parte de investigadores moçambicanos em
publicar em revistas moçambicanas. Assim, é por vezes mais fácil encontrar
artigos e até livros sobre Moçambique e elaborados por autores moçambicanos
em revistas e editoras no estrangeiro do que no país. Devemos no entanto destacar
duas revistas, que apesar de enfrentarem algumas dificuldades vão conseguindo
manter um perfil de qualidade e reconhecimento internacional: i) Arquivo uma
revista de História e Ciências Sociais, editada pelo Arquivo Histórico de
Moçambique, e ii) Estudos Moçambicanos, uma revista de Ciências Sociais,
editada pelo Centro de Estudos Africanos, ambas da Universidade Eduardo
Mondlane.
NOTAS
BIBLIOGRAFIA
MacArthur Foundation
Centro de Estudos Sociais
Fundação Calouste Gulbenkian