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Índice

Introdução................................................................................................................................2
O papel da África na Economia do Mundo...............................................................................4
Caracteristicas do crescimento económico da África do Sul no período da dominação
colonial até os dias atuais.........................................................................................................4
Economia da África do Sul na atualidade.................................................................................5
Economia de Moçambique no Seculo XVI-XX...........................................................................6
Principais actividades realizadas em Mocambique no Seculo XVI-XX.......................................8
Conclusão...............................................................................................................................14
Bibliografia.............................................................................................................................15
Introdução

A presente Dissertação do trabalho tem por objetivo resgatar através da História os


aspectos que mais marcaram o papel da África na económica do Mundo, principalmente
África do Sul e Moçambique no século XVI-XX.. Especificamente, este estudo faz uma
abordagem das opções estruturais do modelo de desenvolvimento socialista de
Moçambique pós-colonial até os finais dos anos oitenta. Dentro deste processo, assinalo
que o meu objetivo não consistia na apresentação de uma História da economia
socialista do mundo Africano, mas em inscrever o meu contributo na continuidade de
uma reflexão multifacetada, iniciada há largos anos pelas gerações anteriores.

Objectivo geral

 Compreender O papel da África na Economia do Mundo: África do Sul e Moçambique


no Séc. XVI-XX.

Objectivos específicos:

 Caracterizar o crescimento económico da África do Sul no período da


dominação colonial até os dias atuais;
 Descrever a economia de Moçambique no Séc. XVI-XX e Mencionar as
principais actividades nesse período;
 Explicar a economia de Moçambique no Séc. XIX-XX, Economia colonial
(1890 a 1930) da economia colonial (1930-1960) e da economia colonial (1960
a 1975).

Estrutura de trabalho

O presente trabalho foi feito na base de uma introdução, desenvolvimento, conclusão e


bibliografia

Metodologia usada

Atinente a metodologia, na elaboração do presente trabalho recorreu-se ao método


bibliográfico

Conforme a descrição de Vergara (2010):

A pesquisa bibliográfica consiste em pesquisar material acessível, como


livros, artigos, redes electrónicas, jornais, revistas e materiais
bibliográficos em geral.
O papel da África na Economia do Mundo

O fim do Apartheid na África do Sul é um dos fatores que fez com que surgisse uma
ideia de renascimento africano. O importante papel que passou a desempenhar, a partir
de Mandela, nas relações bilaterais e em organizações como a Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a União Africana (UA), somado ao seu
nível de desenvolvimento económico, trouxe mudanças significativas na geopolítica
africana (Ogunnubi and Amao 2016), tornando a África do Sul um dos países que se
tem vindo a assumir como potência regional no continente (Flemes 2009).

O dinamismo do crescimento económico no Sul deve ser aproveitado para apoiar a


diversificação e a industrialização das economias africanas. A diplomacia económica
terá como alvo o investimento estrangeiro direto na África, além de auxiliar no
desenvolvimento de recursos humanos, institucionais, tecnológicos e de infraestrutura
(South Africa 2011 pág. 28)

Na história da África jamais se sucederam tantas e tão rápidas mudanças como durante
o período entre 1880 e 1935. Na verdade, as mudanças mais importantes, mais
espetaculares – e também mais trágicas –, ocorreram num lapso de tempo bem mais
curto, de 1880 a 1910, marcado pela conquista e ocupação de quase todo o continente
africano pelas potências imperialistas e, depois, pela instauração do sistema colonial. A
fase posterior a 1910 caracterizou -se essencialmente pela consolidação e exploração do
sistema.

O desenvolvimento desse drama foi verdadeiramente espantoso, pois até 1880 apenas
algumas áreas bastante restritas da África estavam sob a dominação direta de europeus.
Em toda a África ocidental, essa dominação limitava -se às zonas costeiras e ilhas do
Senegal, à cidade de Freetown e seus arredores (que hoje fazem parte de Serra Leoa), às
regiões meridionais da Costa do Ouro (atual Gana), ao litoral de Abidjan, na Costa do
Marfim, e de Porto Novo, no Daomé (atual Benin), e à ilha de Lagos (no que consiste
atualmente a Nigéria). Na África setentrional, em 1880, os franceses tinham colonizado
apenas a Argélia. Da África oriental, nem um só palmo de terra havia tombado em mãos
de qualquer potência europeia, enquanto, na África central, o poder exercido pelos
portugueses restringia -se a algumas faixas costeiras de Moçambique e Angola. Só na
África meridional é que a dominação estrangeira se achava firmemente implantada,
estendendo -se largamente pelo interior da região (CALDWELL, 1967, P. 73).
Características do crescimento económico da África do Sul no período da
dominação colonial até os dias atuais.

Segundo ROCHA (2022) A África do Sul possui uma economia emergente, ancorada
pelo forte setor primário e pelo recente desenvolvimento industrial. São características
importantes da economia do país:

 exportação de bens primários, com destaque para os minérios;


 produção de diferentes gêneros agrícolas e pecuários;
 elevado índice de beneficiamento de bens primários;
 dependência tecnológica de grandes potências mundiais;
 grande desigualdade social entre a população sul-africana;
 crescimento das atividades relacionadas ao turismo.

O país é um importante ator econômico em termos regionais, especialmente na África


Subsaariana, mas ainda possui uma economia dependente do setor primário e com baixo
investimento em capital, tecnologia e mão de obra.

Para Campos (2002, p. 32), Historicamente, a economia da África do Sul desenvolveu-


se especialmente a partir da intervenção dos europeus, que, por meio do método
colonial, exploraram parte das riquezas do país, com destaque para os produtos
minerais. A evolução econômica da África do Sul deu-se de forma tardia, como
aconteceu em grande parte dos países africanos, e ainda foi fortemente marcada pela
presença de atores externos no controle dos meios e das tecnologias de produção. O
processo de industrialização da África do Sul é historicamente recente e ainda está
restrito à produção de bens de menor tecnologia. No mesmo sentido, as actividades
primárias e terciárias foram modernizadas tardiamente, fato que diminuiu o poder de
competitividade do país em nível internacional. Actualmente, apesar da grande
importância económica para o continente africano, a África do Sul é classificada como
um país emergente e de renda média.

Economia da África do Sul na actualidade

Actualmente, a economia da África do Sul é marcada pelo relativo desenvolvimento


económico mas também pela acentuada desigualdade social. No país, uma das
principais economias da África no momento actual, prevalecem as actividades primárias
e a dependência em termos tecnológicos. A África do Sul é uma importante
exportadora, principalmente de bens minerais, além de produtos primários como frutas e
vinhos. Ainda, destaca-se que o país vem apresentando forte crescimento do setor de
turismo, com base em investimentos em infraestrutura e em campanhas de atração de
turistas em nível internacional.

Como Ferhat ‘Abbas salientava em 1930, a propósito da colonização da Argélia pelos


franceses, para a França

a colonização constitui apenas uma empreitada militar e econômica,


posteriormente defendida por um regime administrativo apropriado; para os
argelinos, contudo, é uma verdadeira revolução, que vem transtornar todo um
antigo mundo de crenças e ideias, um modo secular de existência. Coloca todo
um povo diante de súbita mudança. Uma nação inteira, sem estar preparada para
isso, vê -se obrigada a se adaptar ou, se não, sucumbir. Tal situação conduz
necessariamente a um desequilíbrio moral e material, cuja esterilidade não está
longe da desintegração completa.

Essas observações sobre a natureza do colonialismo valem não só para a colonização


francesa da Argélia mas para toda a colonização europeia da África, sendo as diferenças
de grau e não de gênero, de forma e não de fundo. Em outras palavras, durante o
período entre 1880 e 1935, a África teve de enfrentar um desafio particularmente
ameaçador: o desafio do colonialismo.

Economia de Moçambique no Seculo XVI-XX

Independente há menos de 50 anos, Moçambique foi assolado por uma guerra civil que
durou anos e se encerrou apenas em 1992, o que fez com que, no início da década de
1990, o país tenha sido considerado como “um dos países mais desesperados da terra”,
com um índice de desenvolvimento humano de 0,209 (Daniel, Naidoo & Naidu 2004).
Entretanto, durante os anos 2000 os moçambicanos viram sua economia e a condição de
vida da população melhorarem significativamente.

De acordo com o plano de estratégia de desenvolvimento oficial do país, Moçambique


apresentou um crescimento económico médio anual do PIB de 8,1% entre os anos de
1995 e 2012, um dos maiores índices de crescimento do mundo (Moçambique 2014).
Apesar disso, a sua economia entre 1995 e 2015 não chegou a representar mais do que
2,33% do PIB da SADC, o que demonstra o fraco peso do país na economia da região.
Moçambique possui uma localização estratégica, sendo porta de entrada na região e
condicionando o acesso ao mar de muitos dos países da SADC, além de possuir um
enorme potencial de carvão, gás natural e hidroeletricidade. Entretanto, não tem
capacidade para explorar estes recursos de maneira eficiente. Por isso, como condição
básica para o seu desenvolvimento, Moçambique tem apostado fortemente em grandes
projetos de construção na indústria extrativa, de energia e de transportes.

Tem-se focado, assim, nos três principais corredores logísticos do país, de Maputo,
Beira e Nacala, que são considerados estratégicos não só para as exportações de carvão,
mas para o desenvolvimento de outros setores da economia nacional (Castel-Branco
2002).

Em termos de diversificação económica, uma análise feita no documento de estratégia


de desenvolvimento oficial de moçambique com dados do Instituto Nacional de
Estatística moçambicano, mostra que a agricultura é o setor que mais tem contribuído
para o PIB do país, tendo tido uma participação média de 23,3% entre 2003 e 2012. A
indústria transformadora vem em seguida, tendo contribuído 13,5%, seguida por
comércio, com 10,9% e serviços de transporte e comunicações, que contribuíram com
10,5% (Moçambique 2014).

Apesar do desempenho económico positivo do país, Moçambique enfrenta sérios


desafios. De acordo com dados do Banco Mundial, apesar de o seu coeficiente de Gini
ser ligeiramente melhor do que países como a África do Sul, em 2014, tendo alcançado
54, o seu índice tem deterioração ao longo dos anos. Moçambique, por sua vez, que em
1996 tinha um coeficiente de 53,6, no ano de 2002 chegou a alcançar 47. Em termos de
PIB per capita, se os sul africanos ainda estão longe do ideal para alcançar o 29
desenvolvimento, Moçambique está ainda atrás. Como se demonstra na tabela o seu
PIB per capita está muito abaixo do que a média tanto do continente em geral, como da
SADC.

Em termos de desenvolvimento humano, Moçambique aparece em 180 lugar no índice


do UNDP referente a 2014, com um IDH de 0,416, estando entre os 10 países com pior
índice do mundo. De acordo com o plano de desenvolvimento moçambicano de 2013,
cerca de 10 milhões de moçambicanos viviam em situação de pobreza, com problemas
de insegurança alimentar, baixos rendimentos e um altíssimo nível de desemprego
(Moçambique 2014). Apesar das taxas de crescimento impressionantes demonstradas
pelo país e, como demonstrado na tabela 9 (abaixo), da significativa melhoria em
termos de IDH ao longo dos anos, Moçambique continua a ser um dos países menos
desenvolvidos do mundo, com uma taxa de alfabetização dos adultos de menos de 60%
(Lalbahadur & Otto 2013), e uma média de anos de escolaridade de apenas 3,5.

A análise da situação económica de Moçambique torna evidente a necessidade de uma


tomada de ação imediata e mais eficiente. Nesse sentido, há que se ter em consideração
o peso considerável que exercem os doadores internacionais na tomada de decisão
moçambicana. Com recursos limitados, Moçambique depende extremamente do apoio
de doadores, que variou entre 70% do PIB em 1992 e 39% em 2012. O envolvimento do
FMI e do Banco Mundial na formulação do plano de Ação para Redução da Pobreza em
Moçambique é reflexo da redução da autonomia moçambicana na determinação da sua
política interna. Uma das maneiras que o governo moçambicano encontrou para
aumentar a sua capacidade de autodeterminação tem sido o envolvimento regional
direccionado, que busca impulsionar a sua independência económica (Lalbahadur &
Otto 2013). Nesse sentido, Lalbahadur e Otto (2013), defendem que

Um envolvimento regional mais profundo tem o potencial de ser expresso


através de uma maior integração de serviços sociais, como a saúde e a educação
- particularmente em comunidades de base ao longo das fronteiras porosas de
Moçambique. Iniciativas transfronteiriças dessa natureza exigem um
aprofundamento das relações entre as administrações governamentais além do
nível presidencial e podem melhorar a interconexão entre os países,
contribuindo para a estabilidade regional (Lalbahadur & Otto 2013 p. 20

Principais actividades realizadas em Moçambique no Século XVI-XX

O comércio pode ser um reflexo importante da situação económica dos países e ter um
impacto significativo nas suas economias nacionais. Por isso, para efeito da presente
pesquisa, uma análise das trocas comerciais entre Moçambique e África do Sul torna-se
indispensável. A partir daí, alguns acordos com impacto no comércio foram
desenvolvidos, a exemplo dos seguintes:

 Estabelecimento de uma Comissão Conjunta Permanente de Cooperação (1994)


 Acordo sobre o Desenvolvimento Agrícola (1996)
 Acordo sobre o Transporte de Mercadorias (1996)
 Acordos bilaterais sobre o Transporte de Mercadorias por Estrada entre os
Países (1997)
 Acordo relativo ao Gás Natural (2001)
 Acordo Relativo à Assistência Mútua entre as Administrações Aduaneiras
(2002)
 Memorando de Entendimento em Cooperação Económica (2005) (Pereira 2006).

Apesar da importância destes entendimentos bilaterais, é o protocolo sobre trocas


comerciais da SADC que parece exercer maior influência nas relações comerciais não
só entre Moçambique e África do Sul, mas entre todos os países do bloco. Este
protocolo foi assinado, no Lesoto, em 1996 e ratificado por Moçambique em 1999. O
seu objetivo principal é liberalizar o comércio entre os países membros, aumentando a
produção de acordo com as vantagens comparativas de cada um, além de incrementar o
desenvolvimento económico, a diversificação e a industrialização da região
(Moçambique 2017).

De acordo com o Ministério da Indústria e Comércio de Moçambique, o país se


beneficia deste protocolo em termos de atracção de investimentos diretos, livre
circulação de bens (isenção de tarifas), acesso ao mercado regional,
diversificação de produtos e redução de preços, aumento das oportunidades de
emprego e redução dos 33 custos da atividade comercial e industrial
(Moçambique 2017).

A Companhia do Niassa foi uma das companhias majestáticas formada por alvará régio
de 1890. Os termos da concessão foram dados em 1891. No entanto, o grupo português
não tinha capacidade financeira para a operação da Companhia e, em 1892-93, um
consórcio de capitais franceses e britânicos comprou a concessão, mudando a sua sede
para Londres. Entre 1897 e 1908, três grupos financeiros controlaram sucessivamente a
Companhia. O primeiro foi o “Ibo Syndicate”, depois “Ibo Investment Trust”, a partir
de 1908, foi dominada pela “Nyassa Consolidated”, com forte participação de capital
mineiro sul-africano, porém, um bancário alemão comprou a maioria das acções da
Companhia, na mira de uma partilha de Moçambique entre aquele país e a Grã-
Bretanha. Com o início da Primeira Guerra Mundial, o governo britânico confiscou as
ações alemãs e entregou-as a um grupo financeiro inglês. Os administradores da
Companhia do Niassa desinteressam-se pelo seu desenvolvimento e, em 1929, a
Companhia extingue-se, passando o território para a administração direta do governo
colonial (MEDEIROS, 1997).

Além disso, as Companhias cediam ao Estado colonial 10% de todas as receitas


produzidas por ano, e reduzia a percentagem dos lucros líquidos para 2,5%, taxa que se
elevaria para 5%, quando os lucros fossem superiores a 10%. Ainda tratando dos
deveres das Companhias mediante o Estado colonial é importante destacar que elas
tinham a obrigação de comunicar ao governo colonial, ou a seus representantes, todos
os tratados e convenções com os nativos, deste modo, todas as relações deveriam ser
confirmadas pelo governo colonial, assim como, qualquer litígio, já que o regime
jurídico estava sob o decreto do governo colonial e os magistrados judiciais continuava
a ser de nomeação régia. Além disso, as companhias tinham também que sustentar
missões educativas para a instrução primária em arte ofícios.

Essas condições efetivaram a fundação de cidades, a exemplo da cidade


da Beira,

Nestas circunstâncias, começou a aparecer na economia urbana, hotéis, mais de


uma dezena de empresas de importação e exportação de capital inglês, agências
de seguro e navegação marítima, dezenas de lojas de tecidos e moda,
empreiteiros públicos, mercearias, armazéns, padarias, açougues, restaurantes,
dezenas de bares, farmácias e drogarias, tabacarias. Além disso, dezenas de
pequenas oficinas de artesãos e prestadores de serviços como ferreiros,
alfaiates, barbeiros, ourives, relojoeiros, carroceiros, fotógrafos e, naturalmente,
uma empresa funerária (MALOA, 2015).

Ao conceder tais poderes às companhias particulares, o Estado colonial receberia em


troca a pacificação do território – lembrando que as revoltas contra a administração
portuguesa foram quase endêmicas na região central de Moçambique, atingindo o seu
apogeu com o fim da rebelião de Barué em 1920 (COSTA, 1989; NEWITT, 1997;
MOSCA, 2005).

Essas companhias também se dedicaram a grandes plantações de monocultura para


exportação que, por sua vez, causaram bastante influência sobre a transformação
econômica e social. Porém, a agricultura praticada por estas Companhias majestáticas e
arrendatárias era no sistema de produção em tecnologias intensivas, em trabalho com
baixos salários e no apoio à administração colonial para o recrutamento da mão-de-
obra. As Companhias, enquanto desenvolviam a monocultura agrícola, muitas delas
faziam também a criação de gado bovino com dupla função. Primeiro, para a
alimentação dos trabalhadores, segundo, para a fertilização das terras em sistema de
rotação produtiva das parcelas23. Para acrescentar às características das Companhias,
deve-se ainda conotar que elas possuíam redes comerciais no interior de Moçambique
para a aquisição dos excedentes de produtos alimentares dos camponeses. O objetivo
dessa rede comercial era o mesmo que da pecuária e as lojas tinham também a função
de comercializar a produção camponesa dos produtos de exportação, associados com
atividade das Companhias.

Alguns historiadores definiram o regime destas novas companhias como uma forma
moderna de feudalismo25. Um feudalismo improdutivo e ainda politicamente incessível
devido aos métodos escravagistas de forçar o assalariamento e a obtenção de mão-de-
obra em regime de semi-escravidão, de formas a obter receitas para o Estado ou para as
companhias. Abusou continuamente a população, as quais reagiam com contínuas
revoltas ou com passividade frente

Em 1913, dos cerca de nove milhões de hectares da Zambézia, 5,4 milhões


eram administrados pelos arrendatários, sendo os remanescentes 3,6 milhões a
“reserva” do Estado. No entanto, a área total ocupada pelas plantações
correspondia apenas a 0,5% da área arrendada (em 1924, este número sobe para
0,7%). Isto pode ser explicado por estas culturas (coqueiro, sisal, algodão e
cana-sacarina) exigirem muita mão-de-obra e as companhias não estarem
interessadas em investir em maquinaria, uma vez que a população
era excedentária e os salários exíguos. Além disso, as plantações reservavam
sempre uma área para culturas alimentares, para evitar custos adicionais em
alimentação dos trabalhadores. Esta política assegurava um lucro considerável.
As plantações, no entanto, não eram a única fonte de rendimento das
Companhias, pois algumas se dedicavam igualmente à exportação de mão-de-
obra para o estrangeiro A Empresa Agrícola de Lugela tenha enviado
moçambicanos para São Tome, nas plantações, bem como para trabalharem nas
minas do Transvaal, na África do Sul (MOSCA, 2005).

A influência da África do Sul na organização econômica do sul de Moçambique,


principalmente a partir dos acordos de tráfego entre os dois países. Pressupomos que
facilita-nos a perceber mais adiante como a organização da economia colonial
dificultaria o desenvolvimento do socialismo. Já que o novo governo socialista teve
como base esta mesma economia para o seu projeto de socialização de Moçambique.
Isto é, na partes sul do rio Save, principalmente nas províncias de Maputo, Gaza e
Inhambane34, a ocupação colonial se deu com base no sistema organizacional centrado
na dinâmica do desenvolvimento capitalista, tendo como orientação principal as
relações com a África do Sul. Nesses territórios, inclusive, nos finais do século XIX e
princípios do século XX, foram realizadas inúmeras convenções sobre o trabalho
migratório35.

Foram assinados acordos entre a indústria mineira sul-africana, em crescente, e o


governo português, segundo os quais, o recrutamento seria realizado por uma empresa
criada pela Câmara das Minas (Chamber of Mines) em 1902, a célebre WNLA
(Witwatersrand Native Labour Association). Essa empresa possuía escritórios em vários
pontos ao sul do país e teve um monopólio no recrutamento de trabalhadores que durou
até 1966, momento em que a administração portuguesa incentivou a criação de
empresas privadas de interesses portugueses no recrutamento (CENTRO DE ESTUDOS
AFRICANOS, 1998).

Esse tópico procura mostrar como os colonatos foram uma importante


forma de organização da economia colonial portuguesa, a exemplo, no sul de
Moçambique, se procurava ligar a possibilidade de escoamento da produção
agrícola, partindo dos acordos do tráfego com a África do Sul. Aproveitava as
vias férias para responder os interesses portugueses em Moçambique, em que,
posteriormente, foi uma das bases para o desenvolvimento econômico do
governo pós-independência. Entretanto, a colonização do sul de Moçambique foi
ainda caracterizada por uma maior presença de colonos nos setores de serviços
(administração pública, portos e caminho de ferro) e na agricultura49.

Pequenos agricultores instalaram-se depois dos anos 1930 nas periferias das
cidades, principalmente de Lourenço Marques (atual Maputo - nos vales dos rios
Incomati e Umbelúzi e em Moamba) e de João Belo (atual Xai-Xai - no vale do
rio Limpopo e na Macia), concentrando- se na produção de produtos frescos e na
criação de bovinos (em regime extensivo em propriedades de milhares de
hectares). As grandes explorações agrícolas neste período resumem- se às
plantações de citrinos ao arredorda capital e de açúcar no vale do rio Incomati
(em Xinavane e Macie)50. Também, houve a cultura do algodão, produzido em
pequenos e médios lotes por colonos individuais, assim como produziam arroz no
vale do Limpopo51. Suportados pela emigração a partir de Portugal, que teve um
aumento significativo entre os anos 1920 e 196 (NEVES, 1991).
No campo da indústria, os investimentos imperialistas se multiplicaram a um
ritmo elevado72. O destaque vai para a indústria de transformação, onde o
investimento foi orientado principalmente para fábricas de processamento de
produtos agrícolas ou fábricas de montagem de artigos importados já
manufaturados. Exemplos típicos são a refinaria sul-africana de açúcar em
construção perto da Beira, a fábrica de processamento de leite da Nestlé (Ninho)
em Lourenço Marques e a fábrica de pneus American Fireston na Beira. Outros
planos recentes incluíam o processamento da bauxita e a produção de amónia e
de adubos químicos (Mondlane, 1995).
Conclusão

Após esta reflexão deste trabalho que tem como objectivo, O papel da África na
Economia do Mundo, assim tendo enfoque na África do Sul e Moçambique no Séc.
XVI-XX. Análise dos perfis económicos, do histórico de relações prévio a 1994 e da
política externa sul-africana nos permite compreender melhor o contexto em que se
inserem as relações entre Moçambique e África do Sul. A partir delas, pode-se afirmar
que as relações entre os dois países são em grande parte definidas pela grande diferença
nos níveis de desenvolvimento entre eles, pela história recente de guerra civil e
desestabilização económica em Moçambique e pelo alto nível de dependência existentes
da economia moçambicana perante a África do Sul, que como já visto iniciou-se durante
o período colonial português. A África do Sul, que durante o Apartheid contribuiu para
a deterioração da economia e infraestrutura moçambicanas, através do seu apoio a
Renamo, após 1994 passou a buscar se posicionar como uma alternativa regional de
ajuda a reconstrução da economia de Moçambique. Tornou-se, a partir daí, um dos
principais parceiros comerciais e de investimentos do país.
Bibliografia

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