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Salmo Iancumbo Júnior

A crise económica dos anos 80 em África

Licenciatura em Ensino de História com Habilitação em Documentação

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2022
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Salmo Iancumbo Júnior

A crise económica dos anos 80 em África

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado no Departamento de Letras, e
Ciências Sociais Curso de Licenciatura em
Ensino de História, 3º ano na Cadeira de
História de África IV, leccionada pelo:

MA. Mouzinho M.L. Manhalo

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2021
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Índice

Introdução..........................................................................................................................3

1. A crise económica dos anos 80 em África....................................................................4

1.1. O Inicio da crise económica na África.......................................................................4

1.2. As políticas económicas.............................................................................................5

1.3. Factores condicionantes da crise económica em África.............................................5

1.4. Factores externos........................................................................................................5

1.5. Fragilidade económica................................................................................................5

2. África no  terceiro mundo dos anos 80 e 90..................................................................6

2.1. África Subsaariana......................................................................................................6

2.2. Algumas instituições que fazem parte da (PRE) em África.......................................7

Conclusão..........................................................................................................................8

Bibliografia........................................................................................................................9
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Introdução
O presente trabalho tem como tema A crise económica dos anos 80 em África nesta
contextualização A África um continente vulnerável nas vésperas globais (Sociedade,
economia, cultura, política etc.) e áfrica estereotipada e descriminada, mas sim, ela
mesma a África que fez e faz o mercado Europeu, Asiático e Americano. Crise esta de
1980 foi explícita por quatro factores: a guerra; as calamidades naturais; a deterioração
dos termos de troca internacionais das exportações relativamente às importações e erros
de gestão económica.

Crise económica é associada com a suposta causa directa ou configuração específica de


cada crise, de onde surgem denominações como a crise financeira, a crise dos produtos
alimentares, a crise dos preços do petróleo, a crise da dívida externa, entre outras.
As crises económicas podem ocorrer por causa de uma variedade de factores, alguns dos
quais externos ao circuito do capital, tais como instabilidade e convulsões políticas e
sociais, mudanças tecnológicas significativas (que podem forçar a destruição de forças
produtivas e a brusca queda dos preços), sensibilidade das bolsas de valores e de
mercadorias a «más notícias» económicas, políticas e ecológicas.

Objectivo geral

 Analisar a crise Económica dos Anos 80 e a Emergência do Programa de


Reajustamento.

Objectivos específicos

 Caracterizar a crise económica da África na década de 80;


 Descrever factores da crise económica da África em por volta de 1980;
 Identificar os impactos da crise económica da década de 80 em África.

Quanto a metodologia usada para elaboração deste trabalho foi necessária a consulta de
obras bibliográficas e pesquisas feitas na internet, que consistiu na leitura e
interpretação dos dados para compilação da informação para o trabalho.
O trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução onde contém o tema do trabalho,
objectivos do trabalho, metodologias, em seguida vem o desenvolvimento onde vêm
abordados os conteúdos essenciais do tema em estudo, a conclusão que contem a síntese
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em relação ao tema e por fim a referência bibliográfica onde constam as obras usadas
para a elaboração do trabalho.
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1. A crise económica dos anos 80 em África

1.1. O Inicio da crise económica na África


De acordo com Mazrui & Wondji (2010) a economia capitalista encontra-se em meio a
um processo de crise de superprodução desde meados dos anos 1970. Visto que, os
países e regiões dependentes que participam do sistema do capital passaram a enfrentar
profundas mudanças, as quais, na maior parte das vezes, representaram um retorno do
grau de desenvolvimento a períodos pretéritos. Em particular, os países africanos
ingressaram num período marcado profundamente por crises recorrentes, crescimento
da instabilidade, estagnação, retrocesso e desarticulação social.
Para Mazrui & Wondji (2010) “Entre 1970 e 1980, a população da África Tropical
aumentou em 63%, alcançando um total de 344 milhões de habitantes. Ao longo dos
anos 1970, a taxa média de crescimento demográfico correspondia a 2,7% ao ano para
o conjunto da África”.
Na qual o capitalismo se encontra mergulhado desde meados dos anos 1970 representa a
acção de um conjunto de manifestações económicas que caracterizam um período
particular de sua trajectória. Diz respeito a uma era de crise recorrente, aberta após a
conclusão de um ciclo longo expansivo que perdurou por cerca de três décadas após a
segunda guerra mundial.
Segundo Mazrui & Womdji (2010) o início dos anos de 1980 marcou um agravamento
preocupante da situação, acelerado pela grande estiagem que, entre 1983 e 1985, afligiu
20 países e cerca de 35 milhões de pessoas. Nas últimas décadas do século XX, a baixa
nos rendimentos per capita e a instabilidade no deficit internos foram de tal ordem que
as reservas, as quais ainda correspondiam a 15% do Produto Nacional Bruto (PNB),
havia dez anos, caíram, rebaixando-se a taxas extremamente insuficientes, equivalentes
a 6% do total. Ora, simultaneamente, os fluxos líquidos de capitais externos
reduziram-se perigosamente.
A despeito de uma multiplicação nos programas de reescalonamento nos prazos de
vencimento das dívidas, aos quais 14 países foram obrigados a recorrer, em 1984-1985,
a proporção das receitas advindas das exportações e consagradas ao reembolso da dívida
passou, em média, de 18% em 1980 para 26% dois anos mais tarde, alcançando 38%,

neste mesmo período, para os países mais pobres, (Mazrui & Wondji, 2010).

Não seriam, nem o actual e sem dúvida efémero aquecimento nas cotações do café, nem
mesmo a queda nos preços do petróleo que tornariam possível reorganizar uma situação
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cuja gravidade seria, uma vez mais em 1985, ilustrada por uma baixa de cerca de 3% no
PNB por habitante.

1.2. As políticas económicas


Na óptica de Chinweizu, Apud Mazrui & Wondji (2010) a crise africana do final dos
anos 70 e princípios de 80, resultou em parte de uma política económica pouco
eficiente, relacionada com a excessiva intervenção do Estado na economia, mas a que a
substitui, geralmente associada as políticas de estabilização e ajustamento estrutural e ao
liberalismo dos anos 80 e 90, revelou-se incapaz de transformar a estrutura industrial de
forma bem-sucedida. De facto, verifica-se em muitos países, um fenómeno inverso, com
estagnação ou mesmo de desindustrialização, que não pode ser dissociado do impacto
das políticas económicas utilizadas.
Ainda para Chinweizu, no início dos anos 1980, os próprios Estados africanos marxistas
abandonaram Marx, em prol da economia mista, e manifestaram a sua predisposição em
estabelecerem relações económicas mais estreitas com este Ocidente e com as suas
multinacionais, até bem pouco, odiados.

1.3. Factores condicionantes da crise económica em África


Na óptica de Edmondson Apud Mazrui & Wondji (2010) “O desenvolvimento africano
depara sobretudo desde os anos 70, com crescentes dificuldades económicas. Os
obstáculos a esse desenvolvimento são de ordem externa e interna.”

1.4. Factores externos


Os factores de origem externa são igualmente determinantes em muitos aspectos:
degradação das balanças de pagamentos e respectivo crescimento em flecha da dívida
externa, deterioração dos termos de troca para muitos produtos africanos, em particular
os minérios.
No conjunto, os países africanos importadores de petróleo conheceram uma variação
Contudo, a principal causa de agravamento dos défices da balança comercial durante a
década de 70 á 80 não parece ter sido apenas a deterioração dos termos de troca, mas

sim, em relação à década anterior, a diminuição do volume das exportações , (Mazrui


& Wondji,2010).
Tal situação liga-se em parte ao facto de a África mais do que qualquer outra região
estar essencialmente dependente de um número restrito de produtos primários, produtos
que no plano mundial viram o seu comércio.
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1.5. Fragilidade económica


Numerosos foram os obstáculos ao desenvolvimento, os países do terceiro mundo
dispunham de uma mão-de-obra barata, e por vezes de abundantes recursos naturais.
Mas careciam de capitais de técnicos de quadros, sofrendo da influência do seu mercado
interno. As exportações dependiam ainda por vezes, de uma ou duas matérias-primas
cujos preços, muito flutuantes de um ano para o outro, aumentavam menos rapidamente
que os dos produtos transformados que eles compravam aos países industrializados
(deterioração dos termos de troca).Ibdem

Investimentos estrangeiros Diretos, 1965 - 1983

Valor medio anual dos fluxos (em bilhões de dólares % do total mundial
norte-americano.
1965-9 1970-4 1975-3 1980 - 3 1965 - 9 1970 – 4 1975 - 9 1980 - 3

Países 5,2 11,0 18,4 31,3 79 86 72 63


industriais

Africa 0,2 0,6 1 1,4 3 5 4 3

2. África no  terceiro mundo dos anos 80 e 90


Edmondson no decurso dos anos 80, certos estados do terceiro mundo pediram
empréstimos aos bancos e aos organismos públicos dos países ricos, uns e outros
praticando baixas taxas de juro; os empréstimos foram essencialmente concedidos
àqueles que eram aparentemente soleváveis, entre estes aos que tinham uma boa
imagem, como os grandes países que dispunham de recursos petrolíferos.
Nos anos 80, os Estado devedores foram confrontados com a crise mundial e com uma
diminuição dos seus recursos orçamentais, devendo entretanto reembolsar as suas
dívidas.
A OUA em 1980, vai adoptar um Plano de Acção de Lagos para o Desenvolvimento
Económico da África, 1980. Após considerar que o subdesenvolvimento da África não
constitui uma fatalidade e que este estado de coisas seja de fato contraditório, se
computados os imensos recursos humanos e naturais do continente, a OUA identifica,
em seguida, as causas deste atraso, ligadas em grande parte à estrutura da exploração
internacional. No entanto, a África a despeito de todos os esforços manifestados pelos
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seus dirigentes, permanece sendo o continente menos desenvolvido , (Edmondson


Apud Mazrui & Wondji 2010).  

Compreende-se porque, em Abril de 1980, o secretário – geral da Organização para a


Unidade Africana (OUA), o togolês Édem Kodjo, clamava em Lagos: “a África está
morrendo [...]. O porvir parece-nos sem futuro.”

Para combater a crise, Moçambique, cuja economia era inteiramente planificada,


liberalizou de modo limitado o mercado de trabalho e aquele referente a alguns bens.
Solicitou a sua adesão ao Banco Mundial e ao FMI para, em seguida ao final de 1984.

2.1. África Subsaariana


Na visão de Edmondson a emergência do programa de reajustamento estrutural (PRE)
em áfrica afectou os países da África Subsaariana desde a década de 80, pode decorrer
de um conjunto de factores que incluem problemas de gestão económica e de política
interna; características de arranque do processo de desenvolvimento; condições
estruturais das economias africanas; condicionalismos externos e relações
internacionais; alterações da estrutura de produção económica global e entre outros.

Moçambique juntou-se ao Banco Mundial e FMI em 1984. A partir de 1987 com o


Programa de Recuperação Económica, estas organizações iniciaram uma profunda
intervenção na política macroeconómica do país que durante a década de 90 ocorre
em Moçambique um fenómeno que ficou conhecido como a guerra do caju, que é o
reflexo da luta entre um sector transformador que se procurava revitalizar, e para isso
necessita de matéria-prima local, e um sector exportador de matéria-prima em bruto,

dominado pelos interesses da indústria de descasque indiana, (Edmondson Apud


Mazrui & Wondji 2010).  

Neste diferendo de interesses destaca-se a posição do Banco Mundial, fiel às suas


convicções económicas, como determinante para o futuro desta indústria transformadora
autóctone. A sua preferência recai sobre a exportação, associado à crença na
possibilidade de captação de divisas por via da exportação da castanha, ligado a um
contexto favorável de valorização do mercado internacional.

2.2. Algumas instituições que fazem parte da (PRE) em África


Na óptica de Edmondson Apud Mazrui & Wondji (2010),  estas instituições (ONU,
FMI, Banco Mundial, GATTI, CEE, OCDE, OTAN)  estavam no centro de uma ampla
estrutura de regulamentações, leis, procedimentos e organizações, as quais, em
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conjunto, determinavam os mecanismos de funcionamento do mundo capitalista em


cujos países africanos independente inseriam-se.

Edmondson, que em 1981, a Itália, a Suíça, a Alemanha, os Países-Baixos, a Bélgica, a


Dinamarca e a França haviam concluído, em carácter bilateral, várias API e convenções,
incluindo cláusulas de protecção aos investimentos, com cerca de vinte países africanos.
Naquele ano, contava-se trinta e nove países africanos que haviam assinado e ratificado
a Convenção Multilateral sobre o regulamento das contendas relativas aos
investimentos, acordo este estabelecido entre a OCDE e os países em desenvolvimento

Conclusão

Concluindo de 1960 a 1985 a abordagem dos problemas económicos, sociais e políticos


africanos sofreu transformações. No plano das ideias e das teorias, ao optimismo
ilusório mais explicável dos anos 60 sucedeu nos anos 80 um pessimismo igualmente
compreensível de sinal contrário. Mas, sejam quais forem os seus fundamentos, a
realidade vai-se encarregando de desmentir uma boa parte dos imaginários que povoam
este último quarto de século, do «terceiro--mundismo» ao «antiterceiro-mundismo. A
crise dos anos 1980 foi oficialmente explicada por quatro factores: a guerra, as
calamidades naturais, a deterioração dos termos de troca internacionais das exportações
relativamente às importações e erros de gestão económica (centralização excessiva,
demasiado Estado e défice de mercado
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Bibliografia
Chinweizu, D. “A África e os países capitalistas”. In Mazrui, A.A & Wondji,
C. História geral da África, VIII: África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010, pp 927-
964
Edmondson, Locksley. A África e as regiões em vias de desenvolvimento. In Mazrui,
A.A & Wondji, C. História geral da África, VIII: África desde
1935. Brasília:  UNESCO, 2010, pp 1003-1051.

Mazrui, A.A & Wondji, C. (2010). História geral da África, VIII: África desde


1935. Brasília: UNESCO, 2010, pp 927-964

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