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O conteúdo do trabalho versa sobre a influência do Banco Mundial e do FMI nas políticas
públicas
de Moçambique entre 1980 a 2010. A transformação política e económica ocorrida em
Moçambique independente está diretamente relacionada com conflito e tensão entre diferentes
grupos de interesses de poder, refletindo os problemas da conjuntura internacional e a dinâmica
política social interna.
Moçambique saiu de uma economia planificada centralmente para uma economia de mercado; da
guerra para a paz e de um sistema político de partido único para o multipartidarismo.
Objetivos
Objetivo geral:
Objetivos Específicos:
Metodologia
Para caso concreto Moçambique o impacto foi muito maior porque adicionaram-se a isso, os
efeitos da guerra, além do enfraquecimento financeiro produzido pelas sanções contra a Rodésia
do Sul (atual Zimbabwe) na década anterior. A guerra havia destruído infraestruturas económicas
e sociais como escolas, hospitais, vias férreas, indústrias e rodovias.
O que levou Moçambique a iniciar as primeiras conversações com o Banco Mundial e o FMI em
1984. As reformas foram iniciadas em 1984 coma aceitação de Moçambique como membro do
Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional e introduzidas em 1987, com o PRE.
O PRE surgiu no contexto do Programa de Ajustamento Estrutural (PAE) inspirado nas decisões
do Consenso de Washington.
Em 1987, Moçambique lançou um programa de ajuste estrutural com o apoio do FMI e do Banco
Mundial, denominado Programa de Reabilitação Econômica-PRE. O PRE tinha como objetivo
debater a grave crise econômica e social que o pais atravessava, resultado do fracasso das
estratégias de desenvolvimento socialistas adotados após a independência em 1975 e da guerra
civil que assolava o país até então.
Falar de Ajustamento Estrutural é referir-se a uma expressão surgida nos anos de 1980, que se
associa ao conjunto de prescrições da política económica instituída pelas instituições de Bretton
Woods. Ora, encontra seu enquadramento nas políticas de grandes instituições económicas
surgidas no contexto de desempenhar papel preponderante na economia do mundo – Banco
Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI) (ALVES, 2002: 17).
Apesar de ter resgatado o país dos escombros da guerra e da fome que matava milhares de
pessoas, as reformas neoliberais, em Moçambique, tiveram consequências deletérias. O
desemprego, a dívida externa, a corrupção, fuga de quadros do setor público para o setor privado;
Organizações Não Governamentais e representações de Instituições Financeiras Internacionais e
a degradação da qualidade de vida dos cidadãos foram as consequências da implementação das
políticas reformistas.
As reformas mais do que aliviar o país da desastrosa situação em que se encontrava, apoiaram os
interesses políticos e econômicos dos países ocidentais e das grandes corporações
multinacionais.
A grave crise amadurecida já nos princípios dos anos de 1980 preocupava o governo da
FRELIMO, foi então que se sentiu no seio dela a necessidade de reavaliar as suas políticas e a
sua posição nos assuntos internacionais. Deste modo, Samora Machel começou a consertar as
relações com os países ocidentais, afirmando até, que a FRELIMO sempre esteve aberta aos
investimentos estrangeiros e mostrara-se favorável ao Ocidente. O governo da Frelimo começou
a aproximar-se do Ocidente e, em 1983 Moçambique aceitou a proposta dos EUA de realizar um
acordo com a República da África do Sul, em que as duas partes se comprometiam a não apoiar
ações contra outro país a partir do seu território. Em 1984 foi assinado o acordo de N´komati e,
consequentemente, Moçambique pôde ser membro do FMI e do BM, reduzindo suas relações
com a União soviética (ABRAHAMSSON & NILSSON, 2001, p. 180-1).
Ainda no mesmo ano de 1984 aprovou-se o Programa de Acão Económica (1984-1986), sendo
um sinal do Programa de Ajustamento Estrutural e foi submetido às IBW para o financiamento.
E porque as IBW têm seus pressupostos ou ainda medidas para todos países que aderem aos
Programas de Ajustamento Estrutural, Moçambique recebeu entre 1985-1986 cinco missões do
FMI na perspetiva de verificação da aplicação dessas medidas. Essas missões, Meque menciona-
as sequencialmente:
“Em 1991 a Frelimo deixou de ser um partido de vanguarda marxista-leninista e adotou uma
constituição que introduziu o sistema multipartidário. A economia deixou de ser planificada
centralmente e passou a economia de mercado mais liberal”. (ABRAHAMSSON & NILSSON,
1994, p. 106)
O PRES enfrentou dificuldades na sua implementação, principalmente por causa de uma certa
oposição nacional ao plano, motivada pela conceção partidária que se teria em relação ao mesmo,
bem como das mudanças políticas operadas. É o que Abrahamsson & Nilson (1994:19)
consideram como sendo a “desvalorização” do ambiente extremamente difícil em que o
programa seria implementado e que os problemas de segurança iriam atrasar o aumento da
produção e corroer o apoio político às reformas futuras no contexto da implementação do PRES
nos sectores agrícola, industrial, social, de infraestruturas, transportes, comércio, entre outros.
Paralelamente à implementação do PRES, foi tomada uma série de medidas com o objetivo de
adaptar a Constituição da República de Moçambique de 1990 ao ajustamento e liberalização da
economia, bem como ao multipartidarismo, acontecimentos que marcam grande transformação
política (interna e externa), económica e social, antecedida pelo retrocesso económico de 1978-
1990, caracterizado pela guerra de 16 anos (ANTÓNIO, 2008:16). No contexto da Política
Externa, Moçambique passou a cooperar com as IBW e Agências Internacionais para o
Desenvolvimento, das Nações Unidas (NU) entre outras.
Devido a necessidade de focalizar mais a dimensão humana, uma vez que com tal política o
fosso entre ricos e pobres aumentava progressivamente, trazendo impactos significativos nas
estruturas da sociedade. A inflação atingiu, em 1989, níveis insustentáveis para o poder de
compra do cidadão comum, o PRE, contrariamente ao que motivou a sua adoção criou um
impacto social negativo (NYAKADA, 2008: 83). Segundo Cabaço (1995: 122), a situação social
estava, todavia, agravando-se por efeitos da política de ajustamento estrutural que o Governo
aplica com rigor. A riqueza concentra-se nas mãos de uma minoria, nacional e estrangeira, a
custa da degradação galopante das condições de vida de uma maioria sempre mais numerosa.
O FMI conclui que são necessários novos financiamentos, cuja concessão estará dependente de
novas reformas económicas e sociais, essas reformas, destaca-se:
Por outro lado, a comunidade internacional condiciona a concessão de novas ajudas à imposição
de medidas concretas para a recuperação da situação económica e financeira do país,
manifestando preocupações idênticas às do FMI: controle da inflação, que tomara a subir,
redução do défice orçamental e do desequilíbrio da balança de pagamentos.
Com a questão de privatização das empresas estatais, viu-se a necessidade de criação de uma
classe empresarial nacional. Esta classe formou-se de forma selvagem, através da exploração do
povo. Isto é, as elites locais, os bancos internacionais e o capital estrangeiro, em conluio com a
burocracia local, construíram relações de apoio recíproco baseadas no enriquecimento sem causa
das elites locais que ia produzindo dívidas públicas que teriam de ser pagas pelos cidadãos
comuns.
Moçambique depois de alcançar a independência pautou por adotar política que lhe ajudasse a
desenvolver o seu estado de bem social e foi com esse intuito e que entre 2001 a 2005, adotasse o
Plano de Acão para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA I), que no cerne pretende
desenvolver estratégia para a redução da pobreza.
Para a sua efetivação, possui como objetivo estratégico, “redução substancial dos níveis de
pobreza absoluta em Moçambique através de mediadas para melhorar as capacidades e as
oportunidades para todos os moçambicanos em particular os pobres. Prosseguiu também os
seguintes objetivos específica “redução da incidência da pobreza absoluta no nível de 70%
(1997) para menos de 60% (2005) e menos de 50% até finais de primeira década de 2000
(PARPA, 2000:1).
Moçambique enveredou esforços de modo que priorizasse áreas como Educação e saúde, para
capitalizar o desenvolvimento humano. Após Moçambique integrar-se no Plano de
Reestruturação económica, foi realizado grande esforço para reabilitação das infra estruturas
assoladas pela guerra, entre a FRELIMO e a RENAMO, assim, “foi iniciado um processo de
instabilização e ajustamento estrutural, cujo objetivo é o restabelecimento de produção e
melhoria dos rendimentos individuais, um processo de reformas profundas no sentido do
lançamento de uma economia proporcionada pela iniciativa privada e pelas forças do mercado”
(PARPA, 2000:2).
Estes programas podem sobremaneira ter um impacto direto nos pobres. A atuação da política
externa visa, criar condições para que o sector externo seja um dos instrumentos de sustentação
de crescimento rápido e amplo da economia, nesta perspetiva deve ser mantida em jeito de
competitividade, a taxa de câmbio, as barreiras à exportação e importação, devem ser eliminados
e devem-se criar serviços de promoção efetiva de exportações tradicionais e não tradicionais.
No que concerne à gestão da dívida pública, o governo deve desenvolver uma estratégia, de
médio e longo prazo de sustentabilidade da dívida ‘pública interna e externa (PARPA, 2000:80).
O PARPA I foi tomado como base de planificação das ações governativas anuais no período da
sua vigência. Os governos locais de nível provincial e distrital planificaram tendo em conta as
linhas do PARPA. de 2001 a 2005, o Governo conseguiu consolidar a estabilidade
macroeconómica, mas ainda tinha que a questão da utilização mais eficaz do orçamento
destinado as despesas sociais e a supressão dos obstáculos ao desenvolvimento do sector privado.
Neste PARPA II, no que concerne à gestão macroeconómica “deve garantir uma gestão
macroeconómica rigorosa, através da manutenção de níveis adequados de abertura de economia,
permitindo os fluxos necessários de fundos, tecnologia, comércio e investimento, pela
manutenção da estabilidade do sector financeiro. Para tal, ganham relevância as ações relativas à
consolidação e reforço das finanças públicas, gestão monetária, fortalecimento da supervisão
bancária das atividades seguradoras e de sistema de segurança social (PARPA, 2000:117).
No que se refere à política tributária, o governo deve desenvolver várias ações de aumento da
eficiência administrativa com o escopo de aumentar sobremaneira a modernização dos recursos
domésticos em proporção do PIB, tomando em conta a redução dos níveis de dependência
externa.
Quanto à politica monetária e cambia, o governos deve evitar a excessiva valorização da taxa de
câmbios, assegurando, as taxas de juros reais dos níveis comportáveis para o funcionamento
adequado da economia de modo a permitir a competitividade, dai a necessidade de se manter em
níveis baixos e estáveis, as taxas de inflação, manter as reservas internacionais a níveis
adequados para assegurar os compromissos internacionais do pais
O PARPA II difere do PARAP I, pois este inclui nas suas prioridades uma maior integração da
economia nacional e o aumento da produtividade. Portanto, demonstra o desenvolvimento da
base ao nível distrital, na criação de um ambiente favorável ao crescimento do sector produtivo
nacional, à melhoria do sistema financeiro ao florescimento das pequenas e médias empresas
enquadradas no sector formal, e o desenvolver ambos sistemas de arrecadação das receitas
internas e de afetação dos recursos orçamentais.
O PARPA II (2006-2009) mantém como foi no PARPA I (2001-2005) as prioridades nas áreas
de desenvolvimento do capital humano nas várias áreas como a educação, saúde, a melhoria na
governação, no desenvolvimento das infraestruturas básicas e de agricultura, o desenvolvimento
rural, e uma melhoria na gestão macroeconómica e financeira. Todas estas áreas também o eram
da prioridade do PARPA I.
Conclusão
Chegando ao fim do trabalho conclui que Programa de Ajustamento Estrutural com o FMI e com
o BM, implementou uma série compreensiva de reformas que equivaleram a uma mudança
completa de direção na económica para a estabilização da economia e com planos para o
crescimento e desenvolvimento económico.
Em 1987 foi introduzido o primeiro o (PRE) com objetivos de reparar os erros do PPI e recuperar
os índices de produção e de exportação, repor o equilíbrio na balança de pagamentos e controlar
a inflação, liberalizar a economia, privatizar das empresas e unidades de produção e redução
gradual do papel do Estado.
Moçambique cumpriu com todos os pressupostos das IBWs para o bom relacionamento e na
revisão foi aceite integrar a componente social. Em 1989 foi concebido o PRES para atender as
questões sociais da camada rural que tinha sido severamente atingida pelas políticas não
adequadas a realidade (aldeias comunais e machambas estatais), a guerra civil e pelas
calamidades naturais cíclicas cujos efeitos traduzia-se em fome crónica. A viragem da política
económica aconteceu dentro do contexto de grandes de mudança política e económicas
internacionais. Fim da guerra fria e fim do apartheid na África do Sul. No início da década de
1990 o custo de vida elevou no país, que estava relacionado com o PRE e assim muitos
trabalhadores e funcionários fizeram greve contra o Programa de Ajustamento Estrutural devido
as restrições impostas.
No geral estas políticas e estratégias do combate à pobreza pode-se concluir que visavam um
mesmo intuito que é a irradicação da pobreza em Moçambique com maior enfoque na
maximização dos objetivos do milénio. Os PARPA’s visam a eliminação da pobreza absoluta
através das áreas como: A Educação, a Saúde, a Agricultura e Desenvolvimento Rural, a
Infraestrutura Básica, a Boa Governação, a Gestão Macroeconómica e Financeira, tidas como
prioritárias na irradicação da pobreza absoluta em Moçambique bem como para a ligação entre
Moçambique e outros países, através da cooperação e política externa.