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Introdução

O presente trabalho com tema os programas do FMI e do BM em Moçambique pretende-se fazer


uma abordagem sobre; Programa de Ajustamento Estrutural (PAE), Programa de Reabilitação
Económica (PRE), Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES), Impacto do PAE em
Moçambique e Plano de Acão para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA).

O conteúdo do trabalho versa sobre a influência do Banco Mundial e do FMI nas políticas
públicas
de Moçambique entre 1980 a 2010. A transformação política e económica ocorrida em
Moçambique independente está diretamente relacionada com conflito e tensão entre diferentes
grupos de interesses de poder, refletindo os problemas da conjuntura internacional e a dinâmica
política social interna.

Moçambique saiu de uma economia planificada centralmente para uma economia de mercado; da
guerra para a paz e de um sistema político de partido único para o multipartidarismo.

Objetivos

Objetivo geral:

 Abordar de forma clara e objetiva os programas do FMI e BM em Moçambique.

Objetivos Específicos:

 Explicar o PRE, PRES e o seu Impacto em Moçambique;


 Analisar a implementação dos PARPA’s.

Metodologia

Foi efetuada uma revisão à literatura sobre tema os programas do FMI e do BM em


Moçambique. De forma a se poder aprofundar o conhecimento sobre cada um destes temas
foram efetuadas várias pesquisas em documentos científicos e técnicos. Está investigação
envolveu a recolha de artigos em várias revistas científicas, publicações de organizações
relacionadas com o tema, relatórios técnicos e teses de doutoramento e mestrados, que foram
utilizados para atingirem os objetivos propostos.
Os programas de FMI e do Banco mundial em Moçambique

Uma combinação de fatores internos e externos determinam a regressão drástica da economia


moçambicana em 1982. Neste período, há uma crise da economia internacional, onde a Africa
Subsaariana sentiu profundamente os efeitos da alteração dos preços do petróleo, que fez subir
ainda mais o custo dos fatores de produção, sobretudo os países que não produzem petróleo.
(Abrahamsson & Nilsson 1995: pág. 8-9)

Para caso concreto Moçambique o impacto foi muito maior porque adicionaram-se a isso, os
efeitos da guerra, além do enfraquecimento financeiro produzido pelas sanções contra a Rodésia
do Sul (atual Zimbabwe) na década anterior. A guerra havia destruído infraestruturas económicas
e sociais como escolas, hospitais, vias férreas, indústrias e rodovias.

O que levou Moçambique a iniciar as primeiras conversações com o Banco Mundial e o FMI em
1984. As reformas foram iniciadas em 1984 coma aceitação de Moçambique como membro do
Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional e introduzidas em 1987, com o PRE.
O PRE surgiu no contexto do Programa de Ajustamento Estrutural (PAE) inspirado nas decisões
do Consenso de Washington.

Em 1987, Moçambique lançou um programa de ajuste estrutural com o apoio do FMI e do Banco
Mundial, denominado Programa de Reabilitação Econômica-PRE. O PRE tinha como objetivo
debater a grave crise econômica e social que o pais atravessava, resultado do fracasso das
estratégias de desenvolvimento socialistas adotados após a independência em 1975 e da guerra
civil que assolava o país até então.

O Programa de Reabilitação Económica em Moçambique teve duas Fases o Programa de


Reabilitação Económica (de 1987 a 1990) e o Programa de Reabilitação Económica e Social
(PRES) de 1990 ate aos anos 2000.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial criaram o processo do


Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) em 1999 para reforçar o aspecto
da
redução da pobreza em sua assistência aos países de baixa renda. O PARPA (2001-2005) foi
aprovado pelo Conselho de Ministros em abril de 2001 e endossado pelos Conselhos de
Administração do FMI e do Banco Mundial em setembro de 2001.

Os Programas de Ajustamento Estrutural

Falar de Ajustamento Estrutural é referir-se a uma expressão surgida nos anos de 1980, que se
associa ao conjunto de prescrições da política económica instituída pelas instituições de Bretton
Woods. Ora, encontra seu enquadramento nas políticas de grandes instituições económicas
surgidas no contexto de desempenhar papel preponderante na economia do mundo – Banco
Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI) (ALVES, 2002: 17).

Os Programas de Ajustamento Estrutural reconhecem-se como conjunto de medidas económicas


que se assentam em pressupostos que as grandes instituições internacionais da Bretton Woods
(especialmente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional) apontam como necessários
para a remissão possível da crise. Assim, o Ajustamento Estrutural será a implementação das
políticas económicas que essas instituições apresentam como necessárias para a resolução de
desequilíbrios macroeconómicos e a retificação de políticas não adequadas que impulsionam o
desempenho das economias dos países em via de desenvolvimento (MEQUE, 2013: 45).

O Ajustamento Estrutural é na perspetiva de Ibhawoh (1999: 158), apoiando-se no estudo


do Banco Mundial, um processo a partir do qual procura-se colocar a economia de uma nação
em uma posição estratégica, para o alcance de um crescimento sustentável, quando esta
arrosta-se com uma crise macroeconómica que se caracteriza por balanças internas e externas
insustentáveis.

Moçambique encetou negociações com o mundo ocidental, que condicionou a ajuda, o


reescalonamento da dívida e novos financiamentos, à assinatura de acordo de paz com a África
do Sul e à adesão às Instituições de Bretton Woods (IBW´s) – Fundo Monetário Internacional
(FMI) e Banco Mundial (BM). As IBW´s impuseram a Moçambique um conjunto de obrigações:

 Cortar as despesas do governo – diminuição de salários e serviços sociais.


 Acabar com o envolvimento do Estado na economia e, o acesso ao crédito só podia ser
determinado pelas forças de mercado.
 Privatizar serviços e empresas do Estado ou controladas pelo Estado.
 Acabar com subsídios e controlo de preços.
 Desvalorizar drasticamente a moeda.
 Abolir os regulamentos que restringiam as atividades das empresas privadas.
 Liberar o comércio internacional de barreiras e minimizar as taxas de importação e
exportação; a produção nacional não podia ser protegida.
 Encorajar o investimento e as exportações (HANLON, 2008 p. 39).

Moçambique iniciou um processo de reformas políticas e econômicas para atender às


condicionalidades impostas pelas IBW´s para conceder ajuda solicitada. Foram feitas reformas
na política interna e externa do país. A Frelimo deixou de ser um partido de vanguarda marxista-
leninista e deu início ao estabelecimento de alianças com os antigos poderes comunitários.

Apesar de ter resgatado o país dos escombros da guerra e da fome que matava milhares de
pessoas, as reformas neoliberais, em Moçambique, tiveram consequências deletérias. O
desemprego, a dívida externa, a corrupção, fuga de quadros do setor público para o setor privado;
Organizações Não Governamentais e representações de Instituições Financeiras Internacionais e
a degradação da qualidade de vida dos cidadãos foram as consequências da implementação das
políticas reformistas.

As reformas mais do que aliviar o país da desastrosa situação em que se encontrava, apoiaram os
interesses políticos e econômicos dos países ocidentais e das grandes corporações
multinacionais.

Moçambique precisava romper o isolamento diplomático para se aproximar de países influentes


como os EUA, a Comunidade Econômica Europeia (CEE) atual União Europeia (EU)
subscrevendo-se ao tratado de Lomé. A aproximação ao Ocidente permitiria ao país receber
ajuda para enfrentar a crise econômica, a guerra, filiar-se às Instituições Financeiras
Internacionais (IFI) e receber investimentos privados através do Investimento Estrangeiro Direto
(IED) (ABRAHAMSSON & NILSSON, 2001, p. 180).

A Adesão de Moçambique ao BM e ao FMI

A grave crise amadurecida já nos princípios dos anos de 1980 preocupava o governo da
FRELIMO, foi então que se sentiu no seio dela a necessidade de reavaliar as suas políticas e a
sua posição nos assuntos internacionais. Deste modo, Samora Machel começou a consertar as
relações com os países ocidentais, afirmando até, que a FRELIMO sempre esteve aberta aos
investimentos estrangeiros e mostrara-se favorável ao Ocidente. O governo da Frelimo começou
a aproximar-se do Ocidente e, em 1983 Moçambique aceitou a proposta dos EUA de realizar um
acordo com a República da África do Sul, em que as duas partes se comprometiam a não apoiar
ações contra outro país a partir do seu território. Em 1984 foi assinado o acordo de N´komati e,
consequentemente, Moçambique pôde ser membro do FMI e do BM, reduzindo suas relações
com a União soviética (ABRAHAMSSON & NILSSON, 2001, p. 180-1).

Moçambique realizou uma série de reformas políticas e econômicas. Subscreveu-se ao Programa


de Ajustamento Estrutural e a constituição marxista-leninista de 1975 foi substituída por uma
constituição democrática.

Ainda no mesmo ano de 1984 aprovou-se o Programa de Acão Económica (1984-1986), sendo
um sinal do Programa de Ajustamento Estrutural e foi submetido às IBW para o financiamento.
E porque as IBW têm seus pressupostos ou ainda medidas para todos países que aderem aos
Programas de Ajustamento Estrutural, Moçambique recebeu entre 1985-1986 cinco missões do
FMI na perspetiva de verificação da aplicação dessas medidas. Essas missões, Meque menciona-
as sequencialmente:

 Abril de 1985 consultas no âmbito do Artigo IV do acordo;


 Novembro de 1985 discussão do Programa de recuperação económica;
 Julho de 1986 segundas consultas ao abrigo do artigo IV do acordo e prosseguimento da
discussão do programa;
 Outubro/Novembro de 1986 avaliação dos efeitos da alteração da taxa de câmbio e dos
preços oficiais no sector empresarial, políticas monetárias e de créditos, orçamento do
Estado;
 Dezembro de 1986 missão conjunta com o Banco Mundial (2013: 45)

Com o Ajustamento Estrutural realizado, em 1987, Moçambique começou a receber ajuda bi e


multilateral de emergência de diversos países do mundo; de Instituições Financeiras
Internacionais; de Organizações Não Governamentais internacionais e de Agências das Nações
Unidas.

“Em 1991 a Frelimo deixou de ser um partido de vanguarda marxista-leninista e adotou uma
constituição que introduziu o sistema multipartidário. A economia deixou de ser planificada
centralmente e passou a economia de mercado mais liberal”. (ABRAHAMSSON & NILSSON,
1994, p. 106)

Programa de Reabilitação Económica (PRE) 1987-1990

À luz da experiência adquirida desde a proclamação da independência Nacional, o Governo


vinha introduzindo modificações na sua política económica a partir dos meados da década de 80,
que visava, fundamentalmente, superação dos desequilíbrios macroeconómicos

Moçambique iniciou o seu Programa de Ajustamento Estrutural (Programa de Reabilitação


Económica – PRE) em 1987.

O PRE tinha como seu principal objetivo reestabelecer os equilíbrios macroeconómicos e


restaurar um ambiente que se destinasse ao desenvolvimento económico, na perspetiva de
reverter a situação de tendência negativa que até então registava-se e a consequente degradação
social sem perspetiva de nenhuma melhoria (GOBE, 1994: 4).

O Programa de Reabilitação Econômica tinha o objetivo de realizar reformas econômicas no


quadro do Ajustamento Estrutural do FMI e BM, que preparassem Moçambique para receber
Ajuda Externa ao Desenvolvimento:

 Reverter o declínio da produção e restaurar um nível mínimo de consumo e rendimento


para toda a população, particularmente nas áreas rurais.
 Reduzir substancialmente os desequilíbrios financeiros internos e reforçar as contas
externas e as reservas.
 Aumentar a eficiência e estabelecer as condições para um regresso a níveis mais altos de
crescimento econômico logo que a situação de segurança e outras limitantes exógenas
tivessem melhorado.
 Reintegrar os mercados oficiais e paralelos.
 Restaurar a disciplina das relações financeiras com parceiros comerciais e credores
(HERMELE 1990, p. 14)

O PRE visava, essencialmente, aumentar a eficiência económica e reduzir os défices internos e


externos. (Maleiane, 1992, pág. 59). Desta forma, a implementação do PRE implicou a adoção
de conjunto de medidas que visavam preparar a transição de um sistema de economia de
planificação centralizada para uma economia de mercado.

Moçambique constitui um caso particular em estar a introduzir profundas reformas estruturais


em situação de guerra. Como o programa foi introduzido numa situação de guerra não podia ser
feito e, como resultado nenhum desses objetivos foi alcançado no curto prazo. (Mole, 1994, pág.
173)

As principais componentes do PRE podem resumir-se nos seguintes pontos:

 Desvalorização sucessiva e substanciais da moeda nacional, o metical, sendo (% anual),


615,9(1987), 82,6(1988), 24,7(1990). Esta situação tem afetado negativamente as
tentativas do governo de reduzir a inflação, visto que o mercado doméstico é altamente
dependente das importações;
 Medidas de carácter fiscal, que previam a redução do défice orçamental (de 50%, em
1986, e para 25%, em 1987), aumento dos impostos sobre o rendimento e redução dos
gastos do Estado;
 Medidas de carácter monetário incluindo um crescimento controlado do crédito, a ligação
dos aumentos salariais com a produtividade e o estabelecimento de um mercado
secundário de divisas;
 Introdução de estímulos à desregulamentação dos preços anteriormente fixados pelo
governo;
 Incentivos concedidos aos agentes económicos privados nos sectores agrícolas e
industrial;
 Maior ênfase colocada nas atividades de substituição de importações e naquelas
geradoras de maior valor acrescentado, ao mesmo tempo que se procurava aumentar o
fluxo de exportações face ao insustentável défice comercial, e a concessão de novos
incentivos aos investidores estrangeiros. (Roesch, 1992, pág. 11)

As transformações na política económica que se deram em Moçambique no ambito do PRE não


se limitaram às ações com impacto direto no equilíbrio externo. Muitas outras medidas foram
tomadas com o objetivo genérico de assegurar o funcionamento das leis do mercado afim de
melhorar a afetação de recursos.
Mais tarde o PRE acaba por transforma-se em 1990 no Programa de Reabilitação Económica e
Social (PRES), pretendendo adquirir alguma dimensão social, que fosse um pouco mais além da
mera imposição de reformas económicas.

Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES) 1990 – 2000

Em Janeiro de 1987, foi iniciada a implementação do Programa de Reabilitação Económica


(PRE), concebido pelo governo, inspirado e condicionado pelas políticas do FM e do BM. Pelo
facto do PRE não ter apenas uma vertente económica, mas também social, em 1990 foi
introduzido a componente social, passando a designar-se Programa de Reabilitação Económica e
Social (PRES), com os seguintes objetivos:

 Reverter os declínios na produção;


 Aumentar os rendimentos da população rural bem como o nível de consumo mínimo;
 Reinstalar o balanço macroeconómico através da redução do déficit orçamental;
 Reduzir os desequilíbrios financeiros.

O PRES enfrentou dificuldades na sua implementação, principalmente por causa de uma certa
oposição nacional ao plano, motivada pela conceção partidária que se teria em relação ao mesmo,
bem como das mudanças políticas operadas. É o que Abrahamsson & Nilson (1994:19)
consideram como sendo a “desvalorização” do ambiente extremamente difícil em que o
programa seria implementado e que os problemas de segurança iriam atrasar o aumento da
produção e corroer o apoio político às reformas futuras no contexto da implementação do PRES
nos sectores agrícola, industrial, social, de infraestruturas, transportes, comércio, entre outros.

Paralelamente à implementação do PRES, foi tomada uma série de medidas com o objetivo de
adaptar a Constituição da República de Moçambique de 1990 ao ajustamento e liberalização da
economia, bem como ao multipartidarismo, acontecimentos que marcam grande transformação
política (interna e externa), económica e social, antecedida pelo retrocesso económico de 1978-
1990, caracterizado pela guerra de 16 anos (ANTÓNIO, 2008:16). No contexto da Política
Externa, Moçambique passou a cooperar com as IBW e Agências Internacionais para o
Desenvolvimento, das Nações Unidas (NU) entre outras.

Devido a necessidade de focalizar mais a dimensão humana, uma vez que com tal política o
fosso entre ricos e pobres aumentava progressivamente, trazendo impactos significativos nas
estruturas da sociedade. A inflação atingiu, em 1989, níveis insustentáveis para o poder de
compra do cidadão comum, o PRE, contrariamente ao que motivou a sua adoção criou um
impacto social negativo (NYAKADA, 2008: 83). Segundo Cabaço (1995: 122), a situação social
estava, todavia, agravando-se por efeitos da política de ajustamento estrutural que o Governo
aplica com rigor. A riqueza concentra-se nas mãos de uma minoria, nacional e estrangeira, a
custa da degradação galopante das condições de vida de uma maioria sempre mais numerosa.

O FMI conclui que são necessários novos financiamentos, cuja concessão estará dependente de
novas reformas económicas e sociais, essas reformas, destaca-se:

 A necessidade de redução de despesas públicas;


 Aumento das receitas fiscais;
 A intensificação das medidas de combate à fraude;
 A reformulação do sistema aduaneiro;
 Um maior dinamismo no processo de privatizações em curso.

Por outro lado, a comunidade internacional condiciona a concessão de novas ajudas à imposição
de medidas concretas para a recuperação da situação económica e financeira do país,
manifestando preocupações idênticas às do FMI: controle da inflação, que tomara a subir,
redução do défice orçamental e do desequilíbrio da balança de pagamentos.

Impacto do Programa de Ajustamento Estrutural em Moçambique

Apesar do declínio econômico, no período de 1985-1990 ter apresentado uma reversão, o


ajustamento estrutural ocorrido em Moçambique teve consequências perversas. As classes mais
pobres, sobretudo das cidades, sentiram o efeito mais cruel do ajustamento estrutural. Os
funcionários públicos viram os seus salários diminuídos, reduzindo o seu poder de compra, sem
poder levar os seus filhos à escola e cobrir as despesas hospitalares; a economia do país passou a
depender do capital estrangeiro e a corrupção, a dilapidação do patrimônio público passaram a
caracterizar o comportamento da burocracia governamental.

Apesar do Ajustamento Estrutural ter provocado mais desgraças do que benefícios à


sociedade moçambicana, alguns benefícios ocorreram:

 O Programa de Reabilitação Econômica inverteu a tendência do declínio econômico.


 Aumentou o fluxo de ajuda alimentar e cooperação internacional, reduzindo as
consequências da fome, a incapacidade por endividamento do país e amorteceu o colapso
do sector externo; a negociação da dívida nos clubes de Paris e Londres e a abertura a
novas acessibilidades de financiamentos externos, resultaram diretamente da decisão de
adesão de Moçambique ao FMI e ao BM e da aplicação do Programa de Reabilitação
Econômica.
 Os mercados e as lojas começaram a ter bens para a venda e muitos produtos que, até
então
apenas existiam no mercado paralelo, passaram a ser vendidos.
 Os preços dos mercados paralelos e oficial aproximaram-se (incluindo no mercado de
divisas).
 O Programa de Reabilitação Econômica, juntamente com outras medidas políticas e
diplomáticas, facilitaram o isolamento da República Sul africana (RAS) e da Resistência
Nacional de Moçambique (Renamo), o que abriu caminho para a paz em Moçambique e
na região (MOSCA 2005, p. 346).

A realidade resultante do Programa de Reabilitação Econômica (PRE) levou à redução


da intervenção do Estado em setores sociais e à liberalização do mercado econômico e
financeiro.

Com a questão de privatização das empresas estatais, viu-se a necessidade de criação de uma
classe empresarial nacional. Esta classe formou-se de forma selvagem, através da exploração do
povo. Isto é, as elites locais, os bancos internacionais e o capital estrangeiro, em conluio com a
burocracia local, construíram relações de apoio recíproco baseadas no enriquecimento sem causa
das elites locais que ia produzindo dívidas públicas que teriam de ser pagas pelos cidadãos
comuns.

Entre 1989 e 1997, assistiu-se no país o surgimento e crescimento do mercado informal


estimulados pela economia do mercado e no contexto das privatizações, sobretudo na fase inicial
das privatizações constituindo o factor de absorção e de incremento de rendimentos dos
trabalhadores assalariados. Ora, se na pós-independência assistiu-se à adoção de medidas
protecionistas para a indústria geralmente e em particular a indústria de caju, limitando a
exportação de castanha em bruto e regulando os preços de comercialização através das lojas do
povo e as cooperativas agrícolas, era inevitável o declínio da indústria de processamento.

Plano de Acão para a Redução da Pobreza Absoluta 2001-2005 (PARPA-I)

Moçambique depois de alcançar a independência pautou por adotar política que lhe ajudasse a
desenvolver o seu estado de bem social e foi com esse intuito e que entre 2001 a 2005, adotasse o
Plano de Acão para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA I), que no cerne pretende
desenvolver estratégia para a redução da pobreza.

Para a sua efetivação, possui como objetivo estratégico, “redução substancial dos níveis de
pobreza absoluta em Moçambique através de mediadas para melhorar as capacidades e as
oportunidades para todos os moçambicanos em particular os pobres. Prosseguiu também os
seguintes objetivos específica “redução da incidência da pobreza absoluta no nível de 70%
(1997) para menos de 60% (2005) e menos de 50% até finais de primeira década de 2000
(PARPA, 2000:1).

Moçambique enveredou esforços de modo que priorizasse áreas como Educação e saúde, para
capitalizar o desenvolvimento humano. Após Moçambique integrar-se no Plano de
Reestruturação económica, foi realizado grande esforço para reabilitação das infra estruturas
assoladas pela guerra, entre a FRELIMO e a RENAMO, assim, “foi iniciado um processo de
instabilização e ajustamento estrutural, cujo objetivo é o restabelecimento de produção e
melhoria dos rendimentos individuais, um processo de reformas profundas no sentido do
lançamento de uma economia proporcionada pela iniciativa privada e pelas forças do mercado”
(PARPA, 2000:2).

O PARPA I tinha como estratégia principal, a manutenção da paz e estabilidade sociopolítico.


No que tange à política externa bem como com a cooperação com outros países e povos,
Moçambique adopta a estratégia ligada à gestão macroeconómica e financeira. Este pressuposto
mostra que Moçambique envida esforços para a criação dum Moçambique que haja o
desenvolvimento económico que concorra para a redução da pobreza.

As prioridades principais do PARPA I, nesta perspetiva são:

 Política fiscal, monetária e cambial para manter a inflação baixa e manter a


competitividade da economia;
 Política para mobilizar recursos orçamentais adicionais equitativamente e eficientemente;
 Política para melhorar a gestão das despesas;
 Política para proteger e expandir os mercados financeiros, incluindo uma análise
cuidadosa sobre oportunidades para expansão dos serviços financeiros às áreas rurais e as
pequenas e médias empresas;
 Política para promover o comércio internacional;
 Política para reforçar a gestão da dívida externa e interna (PARPA, 2000:5).

Estes programas podem sobremaneira ter um impacto direto nos pobres. A atuação da política
externa visa, criar condições para que o sector externo seja um dos instrumentos de sustentação
de crescimento rápido e amplo da economia, nesta perspetiva deve ser mantida em jeito de
competitividade, a taxa de câmbio, as barreiras à exportação e importação, devem ser eliminados
e devem-se criar serviços de promoção efetiva de exportações tradicionais e não tradicionais.

No que concerne à gestão da dívida pública, o governo deve desenvolver uma estratégia, de
médio e longo prazo de sustentabilidade da dívida ‘pública interna e externa (PARPA, 2000:80).

A implementação do PARPA I exigia ao Governo Moçambicano um novo endividamento na


ordem de 1,8 biliões de dólares americanos sendo 34% para o sector da educação, 32% para
infraestruturas, 25 % para o sector da saúde e os restantes 8% para o sector da agricultura. Deste
valor 55% para as despesas de funcionamento e cerca de 36 % para as construções. (Negrão;
2002:2)

O PARPA I foi tomado como base de planificação das ações governativas anuais no período da
sua vigência. Os governos locais de nível provincial e distrital planificaram tendo em conta as
linhas do PARPA. de 2001 a 2005, o Governo conseguiu consolidar a estabilidade
macroeconómica, mas ainda tinha que a questão da utilização mais eficaz do orçamento
destinado as despesas sociais e a supressão dos obstáculos ao desenvolvimento do sector privado.

O FMI referia que o essencial no programa Quinquenal do Governo (2005-2009) era a


consolidação da política fiscal e orçamental atingir os objetivos fiscais, ao mesmo tempo que se
autoriza recursos adicionais para os sectores prioritários, requer um estrito controlo de contas dos
gastos com ordenados públicos e fortes restrições em gastos não essenciais, assim como esforço
em aumentar as receitas e melhorar a gestão da despesa pública.

Plano de Acão para a Redução da Pobreza Absoluta 2006-2009 (PARPA-II)

Em detrimento do PARPA I, o PARPA II pretende reduzir a pobreza absoluta entre 2006-2009,


com o intuito de diminuir a incidência da pobreza de 54% em 2003 para 45% em 2009.

Na sua perspetiva, a consolidação da paz e da democracia, a estabilidade social, a segurança do


cidadão e sua prioridade, e a garantia das liberdades individuais são condições básicas para o
crescimento da economia e para a redução da pobreza absoluta.

Este programa mantém os objetivos de reduzir a pobreza através da redistribuição de recursos


que também beneficiam a população mais desfavorecida e pobre. Todavia o PARPA II deve
tornar-se mais consistente e sustentável, considerando o objetivo da elevação das condições de
vida e de bem-estar dos moçambicanos em que o esforço próprio e as poupanças adquirem um
papel preponderante (p.30).

Neste PARPA II, no que concerne à gestão macroeconómica “deve garantir uma gestão
macroeconómica rigorosa, através da manutenção de níveis adequados de abertura de economia,
permitindo os fluxos necessários de fundos, tecnologia, comércio e investimento, pela
manutenção da estabilidade do sector financeiro. Para tal, ganham relevância as ações relativas à
consolidação e reforço das finanças públicas, gestão monetária, fortalecimento da supervisão
bancária das atividades seguradoras e de sistema de segurança social (PARPA, 2000:117).

No que se refere à política tributária, o governo deve desenvolver várias ações de aumento da
eficiência administrativa com o escopo de aumentar sobremaneira a modernização dos recursos
domésticos em proporção do PIB, tomando em conta a redução dos níveis de dependência
externa.

Quanto à politica monetária e cambia, o governos deve evitar a excessiva valorização da taxa de
câmbios, assegurando, as taxas de juros reais dos níveis comportáveis para o funcionamento
adequado da economia de modo a permitir a competitividade, dai a necessidade de se manter em
níveis baixos e estáveis, as taxas de inflação, manter as reservas internacionais a níveis
adequados para assegurar os compromissos internacionais do pais

O PARPA II difere do PARAP I, pois este inclui nas suas prioridades uma maior integração da
economia nacional e o aumento da produtividade. Portanto, demonstra o desenvolvimento da
base ao nível distrital, na criação de um ambiente favorável ao crescimento do sector produtivo
nacional, à melhoria do sistema financeiro ao florescimento das pequenas e médias empresas
enquadradas no sector formal, e o desenvolver ambos sistemas de arrecadação das receitas
internas e de afetação dos recursos orçamentais.

O PARPA II (2006-2009) mantém como foi no PARPA I (2001-2005) as prioridades nas áreas
de desenvolvimento do capital humano nas várias áreas como a educação, saúde, a melhoria na
governação, no desenvolvimento das infraestruturas básicas e de agricultura, o desenvolvimento
rural, e uma melhoria na gestão macroeconómica e financeira. Todas estas áreas também o eram
da prioridade do PARPA I.
Conclusão

Chegando ao fim do trabalho conclui que Programa de Ajustamento Estrutural com o FMI e com
o BM, implementou uma série compreensiva de reformas que equivaleram a uma mudança
completa de direção na económica para a estabilização da economia e com planos para o
crescimento e desenvolvimento económico.

Em 1987 foi introduzido o primeiro o (PRE) com objetivos de reparar os erros do PPI e recuperar
os índices de produção e de exportação, repor o equilíbrio na balança de pagamentos e controlar
a inflação, liberalizar a economia, privatizar das empresas e unidades de produção e redução
gradual do papel do Estado.

Moçambique cumpriu com todos os pressupostos das IBWs para o bom relacionamento e na
revisão foi aceite integrar a componente social. Em 1989 foi concebido o PRES para atender as
questões sociais da camada rural que tinha sido severamente atingida pelas políticas não
adequadas a realidade (aldeias comunais e machambas estatais), a guerra civil e pelas
calamidades naturais cíclicas cujos efeitos traduzia-se em fome crónica. A viragem da política
económica aconteceu dentro do contexto de grandes de mudança política e económicas
internacionais. Fim da guerra fria e fim do apartheid na África do Sul. No início da década de
1990 o custo de vida elevou no país, que estava relacionado com o PRE e assim muitos
trabalhadores e funcionários fizeram greve contra o Programa de Ajustamento Estrutural devido
as restrições impostas.

No geral estas políticas e estratégias do combate à pobreza pode-se concluir que visavam um
mesmo intuito que é a irradicação da pobreza em Moçambique com maior enfoque na
maximização dos objetivos do milénio. Os PARPA’s visam a eliminação da pobreza absoluta
através das áreas como: A Educação, a Saúde, a Agricultura e Desenvolvimento Rural, a
Infraestrutura Básica, a Boa Governação, a Gestão Macroeconómica e Financeira, tidas como
prioritárias na irradicação da pobreza absoluta em Moçambique bem como para a ligação entre
Moçambique e outros países, através da cooperação e política externa.

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