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1. Introdução
A economia brasileira, ao longo de sua história, tem sido caracterizada por uma forte dependência
externa, o que a torna mais vulnerável a crises e fatores externos. Essa dependência se manifesta em
diversos aspectos, como na exportação de commodities, na importação de bens de capital e
tecnologia, e no endividamento externo. A suscetibilidade do Brasil a crises e fatores externos pode
ser observada em diferentes momentos históricos, desde a época colonial até os dias atuais.
Neste trabalho, analisaremos a relação entre a dependência externa do Brasil e sua vulnerabilidade a
crises e fatores externos. Para isso, discutiremos exemplos de eventos que afetaram a economia
brasileira, como a crise do petróleo nos anos 1970, a crise da dívida externa nos anos 1980 e a crise
financeira asiática nos anos 1990. Além disso, abordaremos a suscetibilidade a crises na época
colonial brasileira, quando a economia era baseada na exportação de commodities como açúcar, ouro
e café.
Para embasar nossa análise, recorreremos às contribuições teóricas de Celso Furtado e da Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que ajudaram a entender a formação econômica
do Brasil e a elaborar políticas de desenvolvimento na região. Por fim, discutiremos os desafios
enfrentados pelo país para superar essa dependência externa e promover um desenvolvimento mais
autônomo e sustentável.
Referências bibliográficas
1. Furtado, C. (2007). Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.
A crise do petróleo ocorreu em dois momentos, em 1973 e 1979, quando os países membros da
OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram aumentar significativamente os
preços do petróleo. Essa decisão teve um impacto direto na economia brasileira, que dependia
fortemente das importações de petróleo para suprir suas necessidades energéticas.
Caio Prado Jr., em "Formação do Brasil Contemporâneo" (1942), também discute a dependência
externa do Brasil e como ela afeta a economia nacional. Embora sua análise se concentre no período
colonial, as implicações de sua argumentação podem ser aplicadas ao contexto da crise do petróleo.
Reflexos nos dias de hoje: A crise do petróleo levou o Brasil a investir em fontes alternativas de
energia, como o etanol e a energia hidrelétrica. Atualmente, o país possui uma matriz energética mais
diversificada, mas ainda enfrenta desafios relacionados à dependência de combustíveis fósseis e à
sustentabilidade ambiental.
A crise da dívida externa teve início em 1982, quando o México declarou moratória e outros países
latino-americanos, incluindo o Brasil, enfrentaram dificuldades para pagar suas dívidas externas.
Durante os anos 1970, o Brasil havia contraído empréstimos internacionais para financiar seu
desenvolvimento, mas a combinação de altas taxas de juros e a desvalorização da moeda tornou o
pagamento dessas dívidas insustentável.
Reflexos nos dias de hoje: A crise da dívida externa resultou em uma década perdida em termos de
crescimento econômico e levou à implementação de políticas de ajuste fiscal e liberalização
econômica. Embora o Brasil tenha reduzido sua dívida externa nas últimas décadas, a experiência dos
anos 1980 serve como um lembrete dos riscos associados ao endividamento excessivo.
A crise financeira asiática começou em 1997, quando a Tailândia desvalorizou sua moeda, o baht,
desencadeando uma série de crises cambiais e financeiras na região. Essa crise afetou as exportações
brasileiras para a Ásia e contribuiu para a desvalorização do real em 1999.
Reflexos nos dias de hoje: A crise financeira asiática levou a uma maior conscientização sobre os
riscos associados à globalização e à interdependência econômica. Desde então, o Brasil tem buscado
diversificar seus parceiros comerciais e fortalecer suas reservas internacionais para se proteger contra
crises externas. Além disso, a crise asiática também contribuiu para a adoção do regime de câmbio
flutuante no Brasil em 1999, permitindo que a taxa de câmbio absorvesse choques externos e
aumentasse a resiliência da economia às flutuações internacionais.
Em síntese, as três crises mencionadas – a crise do petróleo nos anos 1970, a crise da dívida externa
nos anos 1980 e a crise financeira asiática nos anos 1990 – demonstram a vulnerabilidade da
economia brasileira a eventos e fatores externos, decorrente de sua dependência externa. As obras
de Celso Furtado e Caio Prado Jr. fornecem uma base teórica sólida para compreender essa relação e
suas implicações para o desenvolvimento econômico do país.
As notícias da época ilustram o impacto dessas crises na economia brasileira e como elas afetaram a
vida das pessoas e as políticas governamentais. Os reflexos dessas crises nos dias de hoje podem ser
observados nas medidas adotadas pelo Brasil para enfrentar os desafios impostos pela globalização e
interdependência econômica, bem como na busca por um desenvolvimento mais autônomo e
sustentável.
Por exemplo, a queda nos preços do açúcar no século XVII, devido à concorrência com as colônias
açucareiras do Caribe, afetou negativamente a economia brasileira. Da mesma forma, a descoberta
de novas minas de ouro no século XVIII levou a uma corrida pelo metal precioso, mas também a uma
eventual exaustão das reservas auríferas e a uma crise econômica. No século XIX, a economia voltou-
se para a produção de café, mas novamente enfrentou desafios relacionados à volatilidade dos
preços e à concorrência internacional.
Celso Furtado e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) desempenharam um
papel fundamental na análise da formação econômica do Brasil, no entendimento da dependência
externa e suscetibilidade a crises e na formulação de políticas de desenvolvimento na América Latina.
Suas contribuições ajudaram a moldar o pensamento econômico e as estratégias de desenvolvimento
na região.
Furtado, C. (2007). Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.
Furtado também aborda a questão da dependência externa e sua relação com a suscetibilidade a
crises em suas obras, como "Desenvolvimento e subdesenvolvimento" (1964) e "A economia latino-
americana" (1976). Ele argumenta que a dependência de capital estrangeiro, tecnologia e mercados
externos limita o desenvolvimento econômico e aumenta a vulnerabilidade a crises financeiras e
comerciais internacionais.
A CEPAL, por sua vez, tem sido uma importante fonte de análises e propostas de políticas para
enfrentar os desafios do desenvolvimento na América Latina. Seu enfoque estruturalista e a teoria da
substituição de importações influenciaram o pensamento econômico na região e contribuíram para o
entendimento da dependência externa e da suscetibilidade a crises.
A CEPAL, como órgão das Nações Unidas, tem desempenhado um papel ativo na elaboração de
propostas de políticas e na prestação de assistência técnica aos governos latino-americanos. Suas
recomendações têm abordado questões como a promoção do desenvolvimento industrial, a redução
da desigualdade e a proteção ambiental.
As contribuições de Celso Furtado e da CEPAL continuam relevantes para o Brasil nos dias de hoje. A
necessidade de diversificar a economia, reduzir a dependência externa e enfrentar os desafios do
desenvolvimento sustentável são temas centrais na agenda política e econômica do país. Além disso,
as lições aprendidas com as crises do passado e a experiência histórica da formação econômica do
Brasil fornecem insights valiosos para a formulação de estratégias de desenvolvimento mais
resilientes e inclusivas.
5. Explicação da dependência externa na história do país
"A expansão comercial europeia é o fator dinâmico que determina a ocupação das terras brasileiras e
condiciona as linhas fundamentais de sua evolução econômica." (Furtado, 2007, p. 25)
"O declínio da produção açucareira nordestina deve ser atribuído fundamentalmente à queda dos
preços do açúcar nos mercados europeus, resultante do aumento da oferta proporcionado pelas
Antilhas." (Furtado, 2007, p. 92)
Essa vulnerabilidade a crises também pode ser observada em outros períodos da história econômica
do Brasil, como na exploração do ouro no século XVIII e na produção de café no século XIX.
Diversificação da economia
Bibliografia:
Bresser-Pereira, L. C. (2010). Globalização e competição: por que alguns países emergentes têm
sucesso e outros não. Rio de Janeiro: Elsevier.
Laplane, M., & Sarti, F. (1999). A política industrial no Brasil: uma análise dos avanços recentes e das
perspectivas futuras. Revista de Economia Política, 19(4), 46-68.
Bibliografia:
Veiga, J. E. (2010). Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond.
Ao abordar esses desafios, o Brasil pode construir uma economia mais resiliente e menos vulnerável
a crises externas. A diversificação da economia e a promoção de um desenvolvimento mais
autônomo e sustentável são fundamentais para garantir um futuro próspero e equitativo para todos
os brasileiros.
7. Conclusão
Ao longo deste trabalho, analisamos a dependência externa do Brasil e sua relação com a
suscetibilidade a crises. Com base nas contribuições de Celso Furtado, Caio Prado Jr., e CEPAL, bem
como nos exemplos históricos e atuais, pudemos compreender como a economia brasileira tem sido
moldada por fatores externos e internos que afetam seu desenvolvimento e estabilidade.
Além disso, é crucial aprender com as experiências passadas e aplicar essas lições na formulação de
políticas públicas e estratégias de desenvolvimento. Ao fazer isso, o Brasil pode construir uma
economia mais forte e resiliente, capaz de enfrentar os desafios do século XXI e garantir um futuro
próspero e equitativo para todos os brasileiros.