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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

INSTITUTO SUPERIOR JOÃO PAULO II

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA SOCIAL

A VENDA INFORMAL COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA DOS


JOVENS DO BAIRRO ROCHA PINTO EM LUANDA

JORGE MANUEL CHIQUINHO

LUANDA

2023
JORGE MANUEL CHIQUINHO

A VENDA INFORMAL COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA DOS


JOVENS DO BAIRRO ROCHA PINTO EM LUANDA

Projecto de pesquisa apresentado ao Comité de


Ética, para o exame geral de qualificação, ao curso
de Mestrado em Serviço Social e Política Social, da
Universidade Católica de Angola, Instituto Superior
João Paulo II.

Orientador: Professor Doutor Daniel Luciano Muondo

Luanda
2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 3
1. Tema.............................................................................................................5
2. Justificativa................................................................................................... 5
3. Declaração do Problema.............................................................................. 6
4. Objetivos do estudo......................................................................................8
5. Fundamentação teórica................................................................................9
5.1. Trabalho informal....................................................................................9
5.2. Juventude.............................................................................................10
6. Abordagem Metodológica da Pesquisa......................................................11
6.1. Tipo de Pesquisa..................................................................................11
6.2. Local do Estudo....................................................................................11
6.3. População e Amostra do Estudo..........................................................12
6.4. Critérios de Inclusão e Exclusão..........................................................13
6.5. Aspectos Éticos da Pesquisa...............................................................13
6.6. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados...................................15
6.7. Técnica de Análise de Dados...............................................................16
7. Resultados Esperados................................................................................16
8. Cronograma................................................................................................17
9. Orçamento.................................................................................................. 19
10. Referências.................................................................................................20
11. Apêndices................................................................................................... 22
Apêndice nº 1: Guião de Entrevista..............................................................22
Apêndice nº 2: TCLE.....................................................................................23
Apêndice nº 3: Termo de Autorização de Uso de Imagem...........................24
3

INTRODUÇÃO

Este projecto resulta de uma investigação, sobre as atividades informais


desenvolvidas pelos jovens do bairro Rocha Pinto em Luanda, como estratégia de
sobrevivência. O mesmo enquadra-se no âmbito do curso de Mestrado em Serviço
Social e Política Social no Instituto Superior João Paulo II (ISUP) da Universidade
Católica de Angola.

Angola viveu um período longo de guerra e muitas famílias tiveram de deixar


as suas áreas de origens e refugiar-se nas cidades, que apresentavam maior
segurança. Luanda, a capital do país recebeu muitas famílias vindas de outras
províncias, na sua maioria das áreas rurais. Essa situação provocou um
crescimento urbano numa cidade que não havia infra estruturas sociais e emprego,
para responder aos desafios impostos pelo êxodo rural.

A história económica, social e política de Angola tem sido marcada por


diferentes abordagens, no que toca a gestão e afetação dos recursos humanos,
como financeiros e técnicos disponíveis (Amaral, 2005). As opções sociais,
económicas e políticas adoptadas ao longo dos tempos, principalmente após a
conquista da paz em 2002, foram no sentido de repor e alargar a administração do
Estado às regiões anteriormente afectadas pela guerra. Em, 2003 o governo
angolano aprovou um Programa Inter Ministerial designado Estratégia de Combate
à Pobreza (ECP)1.

Por exemplo, dos vários programas que esta estratégia contempla pode-se
destacar os programas de reinserção sócio económica, através da formalização do
sector informal da economia, que em termos de expectativas, esperava-se que
tivesse impacto positivo sobre a fonte de rendimentos dos indivíduos, que
desenvolvem as suas atividades no âmbito da economia informal, em particular dos
jovens.

Vários autores (Van-Dúnem, 2008; Rocha, 2011) reconhecem o esforço


empreendido pela administração angolana, para promoção da qualidade de vida da
população depois de 2002, altura em que o país registou um grande crescimento
1
Actualmente denominada por “Plano Integral de Desenvolvimento Local e Combate a Pobreza (PIDLCP)”
4

económico na ordem dos dois dígitos. Os mesmos autores têm chamado atenção
para o facto de que, muitas das opções sociais, económicas e políticas adoptadas
nos anos Pós-guerra não tiveram os efeitos esperados, uma vez que, agravou-se
significativamente o custo de vida e as assimetrias regionais; não promovou-se o
campesinato e a maioria deles jovens tiveram que recorrer a outras actividades de
rendimentos; e se promoveu o êxodo rural principalmente dos jovens; o que
descaracterizou as cidades e agravou as actividades informais nas periferias e
cidades do país, onde Luanda se destaca.
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1. Tema

A venda informal como estratégia de sobrevivência dos jovens do bairro


Rocha Pinto em Luanda

2.Justificativa

O interesse em estudar este fenómeno nasce das constatações feitas, que


depois do final do conflito armado se começou
a registar um movimento do êxodo rural de muitos jovens, para os centros das
cidades capitais das várias províncias do nosso País e não só, onde Luanda se
destaca, contrariando, desta forma, os intentos do Governo, plasmados na
Estratégia do Combate à Pobreza (ECP) que era de fixação das populações nas
suas zonas rurais.

Grande parte destes jovens migrantes, sem formação académica ou


profissional, que lhe possa habilitar a desenvolver uma actividade nos centros
urbanos, procuram exercer uma actividade para a sua sobrevivência no mercado
informal, como a venda ambulante, serviço de moto-táxi
Kupapata2, e outros trabalhos como de Roboteiros 3. Embora essas atividades têm
garantido rendimentos para subsistências de muitos destes jovens, para as
autoridades do Governo o trabalho desenvolvido por estes, está à margem das
regras administrativas.

No contexto económico, o governo angolano procurou criar programas que


visassem melhorar as condições de vida dos jovens e da população em geral.
Programas como o crédito jovem, Angola jovem, que estavam sobre tutela do
Ministério da juventude e desporto que não conseguiu dar resposta as
necessidades dos jovens que continuam periclitantes.

Neste contexto, entendemos que a compreensão e a explicação das


estratégias de sobrevivência dos jovens, por meio de métodos e teorias científicas,

2
Kupapata o termo deriva das línguas Umbundo e Kimbundo, significa apalpar, revistar. Tem sentido
mercantil na medida em que define o sujeito taxista de motorizada de duas rodas ao serviço público precário.
3
Roboteiros, prestador de serviço ao público informal que leva a mercadoria, compras de cliente para
destinos destes (táxi, armazém, casa de processo etc)
6

poderão manifestar da melhor maneira a realidade que estes jovens enfrentam na


sua vida quotidiana.

3. Declaração do Problema

A escassez de oportunidade de emprego tem sido um factor extremamente


preocupante a nível nacional e isto tem levado muitas famílias ao desespero.
Assim, o País ganha jovens frustrados e sem sonhos por não obterem uma
oportunidade de emprego. Daí a importância de se abordar esta temática, em
respeito aos jovens ambulantes, especificamente, do bairro Rocha Pinto, Município
de Luanda. O interesse surge também, pela necessidade de procurar compreender
o que está na base dessa postura da juventude e aonde o país em nome do
Ministério da Juventude e Desporto e o Governo de Luanda terão falhado.

Com o desenvolvimento da Política Nacional da Juventude enquadrada no


Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, o governo criou planos, com
objectivos ambiciosos, tais como: a) facilitar a inserção dos jovens no mercado de
trabalho; b) melhorar a qualidade de vida dos jovens, designadamente aos níveis
da sua condição de saúde e acesso a habitação; c) promover o envolvimento dos
jovens nos grandes objectivos da democracia participativa e desenvolvimento
social; d) criar um quadro institucional adequado para promover e acompanhar as
políticas nacionais do estado para a juventude.

O actual cenário das oscilações do petróleo nos mercados mundiais e


actuais limitações impostas pela situação do Covid-19, remete o país numa
situação de incerteza, quanto ao cumprimento orçamental de programas sociais e
ao financiamento da economia doméstica (Ernesto, 2015). Importa destacar que, a
situação socioeconómica do país e consequentemente das famílias e jovens,
desde 2014 tem vindo a agravar-se, com a perca de emprego de muitos jovens,
fruto da falência de várias empresas. Como consequência desta situação, muitos
são os jovens que têm procurado alternativas de rendimentos, no sector informal
da economia.

Desse modo, a situação social das famílias tem vindo a agravar-se face ao
actual nível de inflação que o país regista e o governo angolano desde 2018 tem
7

vindo a aplicar novas medidas coercivas para a regulação do mercado informal, a


fiscalização das administrações bem como a intensificação das medidas coercivas
de fiscalização, expulsando, por exemplo, os jovens zungueiros dos seus pontos
habituais de vendas, por parte da Policia Nacional. Isto fez com que, muitas jovens
que desenvolvem suas actividades no mercado informal vissem os seus
rendimentos baixarem cada vez mais, em consequência das poucas vendas que
faziam.

A aplicação destas medidas denuncia, até certo ponto, a desordem e a


fragilidade em que o sistema económico do país vive. Entretanto, várias vozes da
sociedade civil têm apelado para o perigo das medidas adoptadas agravarem a
situação social da maioria dos jovens e de suas famílias que têm no mercado
informal e, de modo particular, a venda ambulante, como a única fonte de geração
de rendimentos.

Ainda assim, a posição do governo em relação à economia informal em geral


e, em particular, a venda de rua, na maioria das vezes, é ambígua, porque, em
determinados momentos, vê a actividade como um problema policial, que remete à
uma transgressão administrativa. Por exemplo, nos últimos anos foram aprovadas
e implementadas medidas de combate à informalidade, em particular ao comércio
informal de rua.

Por outro lado, tem sido recorrente ouvir nos discursos políticos e na mídia
pública, a elevação dos jovens que conseguem melhorar as suas condições de
vida a partir das actividades informais dos jovens, como símbolo da luta e de
empreendedorismo.

Desta forma, é sempre complexo abordar as questões da informalidade em


Angola, porque, se de um lado é vista como uma atitude heróica, por outro,
também é vista como uma actividade desenvolvida à margem das leis
administrativas e causadora de desordem na cidade.

É neste cenário social e económico que se desenrola o presente estudo, que


pretende captar percepções dos jovens sobre as suas estratégias de sobrevivência
na cidade de Luanda, no Bairro do Rocha Pinto.
8

Sendo assim, o presente estudo pretende responder à seguinte pergunta de


partida: De que modo a venda informal tem servido de estratégia de
sobrevivência dos jovens no bairro do Rocha Pinto da cidade de Luanda?

4. Objetivos do estudo

4.1. Objectivo Geral

 Analisar as dinâmicas de venda informal como estratégias de sobrevivência


dos jovens em Luanda, no bairro Rocha Pinto.

4.2. Objetivos Específicos

 Caracterizar o Perfil sócio económico dos jovens vendedores ambulantes


em Luanda no bairro Rocha Pinto;

 Conhecer as dinâmicas de venda informal como estratégia de sobrevivência


dos jovens do bairro Rocha Pinto na cidade de Luanda;

 Descrever as estratégias de venda adoptadas pelos jovens vendedores de


rua no bairro Rocha Pinto na cidade de Luanda.
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5. Fundamentação teórica

Para a nossa fundamentação teórica vamos procurar desenvolver dois


conceitos, que serão chave na nossa dissertação, nomeadamente, o trabalho
informal e a juventude.

5.1. Trabalho informal

A revisão da literatura efectuada permitiu constatar o notável interesse das


ciências sociais pela temática do trabalho informal. Assim, vários estudos (OIT,
2006; Lopes, 2004; Santos, 2010; Amaral, 2005), abordaram a informalidade, no
intuito de compreender as dinâmicas socio económicas, que concorrem para o
surgimento e expansão de trabalho informal, ou economia informal, tanto nos
países considerados desenvolvidos, como nos países em desenvolvimento. Nos
estudos sobre o sector informal, dos autores acima referidos e outros, são
mobilizados diferentes conceitos e noções, como trabalho ou economia informal,
economia formal, informalidade, emprego e estratégias de sobrevivência como
referentes ao sector informal. Assim, no presente capítulo vamos procurar perceber
as várias perspectivas avançadas, para compreensão da informalidade nas
sociedades atuais.

Contudo, no primeiro conceito que vai constituir a nossa fundamentação


teórica vamos mostrar como, através da pesquisa bibliográfica a realizar no âmbito
do presente projecto, o debate em torno do sector informal não é consensual entre
os diferentes autores.

Nestes círculos de debates em torno da economia informal, duas posições


são marcantes. A primeira considera a informalidade como um processo inicial para
a formalidade. A segunda passou a perceber a informalidade como um fenómeno
que não deve ser visto como antagónico, mas, como algo que deve ser analisado e
incorporado às medidas administrativas, para que os seus actores não continuem
na vulnerabilidade, uma vez que este sector alberga parte da população
economicamente activa (Amaral, 2005; OIT, 2006; Kreinet et al, 2010).
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5.2. Juventude

A juventude é uma das classes da revolução das sociedades, onde


entendemos que o Estado deve criar políticas ligadas a este segmento
populacional, para potencializar-se diante da realidade social.

A abordagem sobre a juventude e os seus desafios sempre foram elementos


de reflexão, embora essas reflexões se fizessem no âmbito da abordagem familiar.
Daí que, só nos anos 1920 ela começa a ser estudada como uma categoria de
análise, altura em que os sociólogos da escola de Chicago passaram a dedicar-se
ao estudo das gangs de jovens, que se formavam nos guetos norte-americanos.
Estes estudos buscavam compreender fenómeno como a criminalidade, violência
na cidade, crescimento das favelas e o aumento da população (Samba, 2018).

Segundo Castro (2005), as abordagens sobre a juventude, na sua maioria


relacionam, frequentemente, elementos como faixa etária, mudanças
físicas/biológicas ou comportamentais. Este olhar sobre o conceito de juventude
não é consensual entre os autores, uma vez que, o critério idade ou
comportamento varia de acordo aos vários contextos sócio históricos.

A definição de juventude pelo critério etário começa a ganhar relevância a


partir de 1985, consagrado como ano internacional da juventude pela Organização
das Nações Unidas. A ONU considera jovens, todos os indivíduos que têm idade
compreendida entre 15 e 24 anos de idade.

No entanto, a perspectiva da ONU difere daquela adoptada pela União


Africana. Segundo a Comissão da União Africana (2006), na sua Carta Africana da
Juventude, considera-se jovens todas aquelas pessoas com idade compreendida
entre 15 e 35 anos. O mesmo critério etário também foi adoptado pelo Governo de
Angola e que constitui a base da criação das políticas e dos programas do
Ministério da Juventude e Desportos de Angola, no período de 2013-2017.
11
12

6. Abordagem Metodológica da Pesquisa

O presente ponto procura apresentar alguns passos metodológicos, que a


nossa dissertação poderá seguir no desenvolvimento da pesquisa, dentre o método
adoptado, as fases da pesquisa, bem como os instrumentos utilizados na recolha
de informações.

6.1. Local do Estudo

O estudo terá como campo de pesquisa o bairro do Rocha Pinto. Este local
foi escolhido pelas seguintes razões:

 Área em que o crescimento da venda informal tem crescido nos últimos


tempos;

 Área de fácil mobilidade para o (s) autor (es) do trabalho, tendo em conta os
conhecimentos que tem sobre o Bairro.

O Rocha Pinto é um bairro que se localiza na província de Luanda,


pertencente ao distrito da Maianga, no município de Luanda. Com mais de dez mil
habitantes, o bairro Rocha Pinto foi criado há mais de 40 anos. Está "encravado"
entre parte do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, e os bairros Cassenda,
Morro Bento, Gamek, Prenda e Samba. É atravessado pela Avenida 21 de Janeiro
que o divide em duas zonas.

O bairro começou a crescer em 1979, mas antes desta data o mesmo era
ocupado por 10 a 15 habitações, por lavras e plantações. A população que hoje
ocupa o bairro são, na sua maioria, deslocada de guerra provenientes,
principalmente, da província do Kwanza Sul. O mesmo passou a ter a sua
existência legal a partir de 1999.

6.2. Tipo de Pesquisa

Quanto à finalidade, trata-se de uma investigação básica de natureza


observacional com a forma de abordagem qualitativa cujos procedimentos técnicos
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a serem utilizados são a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Quanto ao


desenvolvimento no tempo trata-se de uma pesquisa de carácter retrospectivo.

Como vimos, a pesquisa terá um enfoque qualitativo, no qual se vai procurar


captar percepções e experiências dos vários atores que intervêm no mercado
informal e de forma particular os jovens ambulantes. Segundo Oliveira (2016) a
pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de se
explicar em profundidade o significado e as características do resultado das
informações obtidas através de entrevistas ou questões abertas, sem a
mensuração quantitativa de características ou comportamentos.

As pesquisas qualitativas fundamentam-se em dados obtidos nas interações


interpessoais, na coparticipação das situações os informantes, analisadas a partir
da significação que estes dão aos seus actos. O pesquisador participa, acompanha
e interpreta (Chizzotti, 2017, p. 64).

6.3. População e Amostra do Estudo

A população para um estudo científico é um conjunto definido de elementos


que possuem determinadas características. Comumente fala-se de população
como referência ao total de habitantes de determinado lugar (Gil, 2008, p. 89). No
entanto, a população do presente estudo são todos os vendedores informais que
atuam no bairro Rocha Pinto em Luanda. Estima-se que no bairro Rocha Pinto há a
existência de cerca de 2000 vendedores informais a atuar naquele bairro.

Destes aproximadamente 2000 vendedores informais do bairro, vamos


retirar uma amostra não probabilística por acessibilidade de 16 vendedores
informais maiores de 18 anos, sendo 8 do sexo masculino e 8 do sexo feminino
que atuam como vendedores informais no Rocha Pinto a pelo menos 2 anos ou
mais. De acordo com Gil (2008, p. 90), a amostra é definida como o subconjunto do
universo ou da população, por meio do qual se estabelece ou se estimam as
características desse universo ou população. A amostra por acessibilidade ou
conveniência é aquela destituída de qualquer rigor estatístico em que o
pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso admitindo que estes
possam, de alguma forma, representar o universo (Gil, 2008, p. 94).
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6.4. Critérios de Inclusão e Exclusão

Serão incluídos neste estudo todos os vendedores informais do bairro Rocha


Pinto que sejam maiores de 18 anos de idade, de ambos os sexos, com sanidade
mental, capacidade e que estejam dispostos, disponíveis e que vivendo em outras
localidades praticam a venda informal no bairro Rocha Pinto.

Serão excluídos todos aqueles que vivem no Rocha Pinto e não sejam
vendedores informais, os vendedores menores de 18 anos também serão
excluídos, bem como aqueles que não estejam dispostos e disponíveis e também
os que apresentam deficiências cognitivas.

6.5. Aspectos Éticos da Pesquisa

Os princípios éticos e deontológicos da pesquisa serão assumidos, pois que


durante o processo de investigação há o risco de partilha indevida de dados dos
entrevistados por parte da equipa de investigação ou mesmo pelas pessoas que
tiverem acesso aos dispositivos portadores dos dados e, para garantir a segurança
dos dados, os mesmos serão restringidos ao pesquisador e o dispositivo portador
dos dados será previamente protegido com palavra passe cujo acesso a mesma
será apenas do investigador.

Serão também preservadas as identidades dos sujeitos através da atribuição


de um código substituindo os nomes próprios para garantir o anonimato dos
sujeitos relativamente às informações solicitadas e, se for necessário identificar
algum sujeito que será antecipadamente solicitada a sua permissão ou autorização,
caso não for permitido ou autorizado então não o identificaremos.

Durante o processo de recolha das informações aos sujeitos, será


salvaguardado o princípio da transparência, pois que os entrevistados serão
devidamente informados sobre a identidade da instituição acadêmica, a identidade
do investigador bem como a apresentação dos objectivos da pesquisa através da
entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE ver Apêndice nº 2),
para participarem da pesquisa de forma livre e consciente e autorizarem o uso da
informação e imagens na dissertação. Caso seja necessário pode se captar a
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imagem dos mesmos e será pedida a devida autorização através do Termo de


Autorização de Uso de Imagem (Apêndice nº3).

Sendo que os entrevistados serão interpelados no espaço público, a


privacidade dos mesmos será garantida na medida em que serão entrevistas
individuais num espaço reservado no qual os mesmos se sintam confortáveis e
estarão apenas o entrevistado e o investigador. Ao participarem do estudo os
sujeitos serão beneficiados pelo uso dos resultados do estudo, das políticas
sociais, programas e projectos sociais que poderão surgir em decorrência do
presente estudo para benefício das pessoas que praticam a venda informal. Outro
benefício é que os mesmos terão a oportunidade de partilhar a sua experiência
adquirida na prática de catação de lixo.

Depois da leitura do TCLE aqueles que se mostrarem disponíveis vão


participar do estudo assinando o referido documento e os que se mostrarem
indisponíveis serão dispensados. Salienta-se que mesmo os que assinarem o
documento poderão desistir de participarem sem qualquer prejuízo, mas espera-se
que o façam com certa antecedência para permitir a substituição. O documento
será assinado em duas vias, sendo uma para o sujeito de pesquisa e outra para o
pesquisador.

O autor declara desde já que não há conflito de interesse secundário (ganho


financeiro, promoção, desvio de função, entre outros) capaz de prejudicar o
julgamento profissional e/ou os objectivos da investigação. Nem a origem do
financiamento/recursos do projecto, muito menos o tipo de relação com os sujeitos
se configuram em fontes de conflito de interesses.

O presente projecto será submetido à apreciação do Comité de Ética em


Investigação em Seres Humanos da Universidade Católica de Angola e a recolha
de dados terá início, somente após emissão do parecer de aprovação do projecto
neste órgão e no Exame de Qualificação constituído por um júri entre os
professores do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social.
Ressalta-se que a submissão do projecto de pesquisa ao Comité de Ética visa
garantir os direitos fundamentais dos participantes da investigação no mais estrito
cumprimento das disposições previstas no Regulamento do Comité de Ética em
17

Investigação, no Capítulo 9, primeiro parágrafo que informa que as “Investigações


ainda não aprovadas ou reprovadas não podem ser colocadas em andamento. Se
assim não for configuram irregularidades éticas e, portanto, exigirão apuração pelo
CEI”.

6.6. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

Como técnica de recolha de dados vai se utilizar a entrevista que se entende


como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe
formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à
investigação (Gil, 2008, p.109). Para isso, o instrumento a ser utilizado é o guião de
entrevista (Apêndice nº 2), onde vão constar as perguntas que se fará aos sujeitos
da pesquisa. Como se trata de uma entrevista semiestruturada, algumas questões
serão feitas mesmo no decorrer da conversa com os entrevistados com o objectivo
de aprofundar ainda mais as informações que se pretendem no presente estudo.

Portanto, entendemos que a entrevista semiestruturada é a mais adequada


para captar a subjetividade dos sujeitos da pesquisa de forma aprofundada. Por
conseguinte, a principal característica da entrevista semiestruturada está no facto
de combinar perguntas do tipo abertas e fechadas com a possibilidade de o
pesquisador improvisar e reconduzir a entrevista aos pontos de interesse. As
questões base predefinidas são seguidas sobre a forma de uma conversa informal
o que pode deixar o entrevistador mais confortável (Gil, 2008, p.109).

Para a efetivação desta entrevista os sujeitos serão selecionados por


acessibilidade. A amostra por acessibilidade ou conveniência é aquela destituída
de qualquer rigor estatístico em que o pesquisador seleciona os elementos a que
tem acesso admitindo, que estes possam de alguma forma, representar o universo.
Esta técnica é apropriada para estudos qualitativos ou exploratórios na medida em
que possibilita escolher os entrevistados de quem temos maior acessibilidade de
contactar (Gil, 2008, p. 94).
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6.7. Técnica de Análise de Dados

Como técnica de análise de dados vai utilizar-se a análise de conteúdo, que


segundo Bardin (citado por Godoy, 1995b), consiste em uma técnica metodológica
que se pode aplicar em discursos diversos e a todas as formas de comunicação,
seja qual for à natureza do seu suporte. Ela se estrutura em três fases: 1) pré-
análise; 2) exploração do material, categorização ou codificação; 3) tratamento dos
resultados, inferências e interpretação.

Na perspectiva de Taquette e Borges (2020), a análise de conteúdo é


baseada na contagem da frequência de aparição de características nos conteúdos
das mensagens e estas características são categorizadas. As categorias
construídas pela análise de conteúdo são resultados que não falam por si só,
precisam ser discutidos e interpretados pelo pesquisador.

7. Resultados Esperados

No final da presente pesquisa, espera-se que sejam:

 Caracterizados os Perfis socioeconômicos dos jovens vendedores


ambulantes em Luanda no bairro Rocha Pinto;

 Conhecidas as dinâmicas de venda informal como estratégia de


sobrevivência dos jovens do bairro Rocha Pinto na cidade de Luanda;

 Descritas as estratégias de venda, adoptadas pelos jovens


vendedores de rua no bairro Rocha Pinto na cidade de Luanda.
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8. Cronograma

2022-2023 2023-2024
ACTIVIDADES A DESENVOLVER
I Semestre II Semestre I Semestre II Semestre
Encontros com o orientador X X X X
Levantamento e seleção de X X X
bibliografias
Leitura e fichamento das obras X X X
selecionadas
Elaboração da Fundamentação teórica X X X
Elaboração dos instrumentos de X X
recolha de dados
Submissão do Projecto ao Comité de X
Ética da UCAN
Pré-teste dos instrumentos elaborados X
Reformulação dos instrumentos X
testados
Exame de qualificação X
Coleta de Dados X
Organização e análise dos dados X X
obtidos
Redacção da Dissertação X X
Revisão do texto X X
Entrega do trabalho X
Defesa Pública da Dissertação X
Correcção do trabalho com base nas X
orientações do Júri
Entrega da Versão Final a Secretaria X
do PPGSSPS
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9. Orçamento

VALOR UN
Nº DESCRIÇÃO QTD VALOR TOTAL (AKZ)
(AKZ)

1 Custo com transporte 1.000,00 288 288.000,00

Serviços de Internet 2.000,00 24 48.000,00


2

Cadernos 800,00 4 3.200,00


3

Tinteiros hp 122 15.000,00 6 90.000,00


4

Resmas de papel A4 3.000,00 5 15.000,00


5

Esferográficas 150,00 10 1.500,00


6

Lápis 100,00 3 300,00


7

Borrachas 150,00 3 450,00


8

Afias 150,00 2 300,00


9

Outros 200.000,00 1 200.000,00


10
Total Geral 222.350,00 346 646.750,00
Fonte do Financiamento Financiamento Próprio

Fonte: Elaboração Própria


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10. Referências Bibliográficas

AMARAL, I. (2005). Importância do sector informal da economia urbana em Países


da África Subsaariana. pp. 53-72.

ERNESTO, A.; Capita, G. (2015). A Economia Informal em Angola: Caracterização


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CHIZZOTTI, António (2017). Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 12ª ed.


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COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA (2006). Carta Africana da juventude, Banjul.

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v. 35, n. 2, p. 57-63 Mar./Abr. 1995. Artigo recebido pela Redação da
RAE em junho/1994, avaliado em agosto/1994 e janeiro/1995,
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KREINET, D. J. & WEISHAUPT, M. (2010). Economia informal: aspectos


conceituais e teóricos. Pp. 9- 25

LOPES, Carlos M (2004). Angola: os desafios da reconstrução. Artigo publicado em


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Petrópolis/RJ: Vozes.

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Editor

SAMBA, S. J. (2018). Trabalho informal em Lunada: luta e persistência dos jovens


migrantes. São Paulo, Cortez

SANTOS, Orlando, (2010). Do pregão da avó Ximinha AO grito da zungueira,


Trajetórias femininas no comércio de rua em Luanda. Tese do
Mestrado. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade
Federal da Bahia.
como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Estudos
Étnicos e Africanos.

TAQUETTE, S. e BORGES, L. (2020). Pesquisa Qualitativa para Todos. Petrópolis:


Rio de Janeiro: Vozes.

VAN-DÚNEM, J. O. S., (2008). Fundos Sociais: Um Colírio no Combate à pobreza?


Luanda, Edição Kilombelombe.
23

11. Apêndices

Tipo de entrevista Semiestruturada


A venda informal como estratégia de sobrevivência dos jovens
Tema da pesquisa
do bairro Rocha Pinto em Luanda
De que modo a venda informal tem servido de estratégia de
Pergunta de partida sobrevivência dos jovens no bairro do Rocha Pinto da cidade de
Luanda?
Analisar as dinâmicas de venda informal como estratégias de
Objectivo geral
sobrevivência dos jovens em Luanda, no bairro Rocha Pinto.
Campo de Pesquisa Bairro Rocha Pinto em Luanda
Duração 20 min
Sujeitos de Pesquisa Vendedores Informais
Questões relacionadas com a pergunta de partida: De que modo à venda informal
tem servido de estratégia de sobrevivência dos jovens no bairro do Rocha Pinto da
cidade de Luanda?
1. Como a venda informal tem te ajudado?
Questões relacionadas ao objectivo específico 1: Caracterizar o Perfil sócio
económico dos jovens vendedores ambulantes em Luanda no bairro Rocha Pinto
1. Sexo
2. Idade
3. Estado Civil
4. Nível Acadêmico
5. Local de Residência
6. Profissão/Ocupação

Questões relacionadas ao objectivo específico 2: Conhecer as dinâmicas de venda


informal como estratégia de sobrevivência dos jovens do bairro Rocha Pinto na cidade
de Luanda ;
1. Como funciona a venda informal aqui no Rocha?
2. Quais são os desafios desta actividade aqui no Rocha?
3. Consegues cobrir todas as despesas com o rendimento da Venda?
4. Como têm sido tratados pela polícia e pela fiscalização da administração?
5. Que conselho deixarias para o Estado Angolano a respeito à venda informal?
Questões relacionadas ao bjectivo específico 3: Descrever as estratégias de venda
adoptadas pelos jovens vendedores de rua no bairro Rocha Pinto na cidade de Luanda.
1. Descreve a tua actividade diária na venda ambulante aqui no bairro Rocha Pinto.
2. Que impacto a venda informal tem na sua vida pessoal?

Apêndice nº 1: Guião de Entrevista

Fonte: Elaboração Própria


24

Apêndice nº 2: TCLE
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Investigação: A venda informal como estratégia de sobrevivência dos
jovens do bairro Rocha Pinto em Luanda.
Pesquisador Responsável: Jorge Manuel Chiquinho
Descrição do projecto: Este é um estudo que estamos a fazer no Bairro
Rocha Pinto em Luanda, através do Instituto Superior João Paulo II/UCAN com o
objetivo de Analisar as dinâmicas de venda informal como estratégias de
sobrevivência dos jovens em Luanda, no bairro Rocha Pinto. Para isso, é preciso
que os participantes sejam submetidos a responder algumas questões. Quanto aos
riscos associados ao estudo, a técnica utilizada não causará nenhum dano físico
ou despesas ao utente.
Benefícios: Ao participar deste estudo, não receberá qualquer benefício
adicional nem dinheiro, mas estará contribuindo para ampliar o estudo sobre a
compreensão da Venda Informal no Bairro Rocha Pinto.
Confidencialidade: A participação neste estudo será confidencial. Os
resultados obtidos na avaliação serão mostrados somente às pessoas que
trabalham no projecto, mas o nome da pessoa que participa nunca será revelado.
Direito à retirada do estudo: Quem participa na investigação tem todo o
direito de fazer qualquer pergunta referente às vantagens e desvantagens, ou dizer
que não quer participar nela.
Participação voluntária: A participação é voluntária. Se houver qualquer
recusa em participar neste estudo, não ocorrerá qualquer perda de benefícios. Em
caso de dúvida ou nova informação relacionada ao estudo, serei capaz de
contactar o pesquisador Jorge Manuel Chiquinho, pelo Email
chiquinhojm16agmail.com ou pelos seguintes terminais telefônicos: 924958534 /
914269691 / 951511278 ou poderei também contactar o orientador do trabalho,
Daniel Luaciano Muondo, pelo seguinte terminal telefônico: 923509089 e pelo
Email: duondo@gmail.com .
Eu,_________________________________________________________,
recebi a devida informação sobre o conteúdo deste termo, livremente, sem
qualquer pressão por parte do investigador, eu expresso o meu consentimento em
participar deste estudo:
___________________________________ Data: __/__/__
Pesquisador que conversou com o inquirido
______________________________________
Assinatura do participante
O orientador
_____________________________

Daniel Luciano Muondo


25

Apêndice nº 3: Termo de Autorização de Uso de Imagem

Eu,................................................................................................................................

número de documento: BI ( ) Passaporte ( )...........................................................,

endereço................................................................................................................

município ..........................................., província ..................................................,

AUTORIZO o uso da minha imagem em fotos ou filmes, para ser utilizada na

investigação intitulada "A venda informal como estratégia de sobrevivência dos

jovens do bairro Rocha Pinto em Luanda" com fins estritamente científicos, sem

interesses comerciais e políticos, sem cobrança de honorários, cujo uso da imagem

abrange todo o território nacional e o exterior. Por esta ser a expressão da minha

vontade, declaro que AUTORIZO o uso acima descrito sem que nada haja a ser

reclamado a título de direitos relativos à minha imagem ou a qualquer outro que

possa surgir em decorrência da participação nesta investigação.

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