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CADERNO DO EDUCADOR

Escravo, nem pensar! em Mato Grosso


(MT) – Formação para a rede de educação

- 2023 -

1
Expediente
Repórter Brasil – Organização de Comunicação e Projetos Sociais
Presidente: Leonardo Sakamoto
Diretoria: Claudia Carmello Cruz, Lúcia Ramos Monteiro, Carolina Falcão Motoki,
Maurício Eraclito Monteiro Filho, Daniela de Carvalho Matielo
Conselho fiscal: Beatriz Costa Barbosa, Luiz Guilherme Barreiros Bueno da Silva e
Spensy Kmitta Pimentel
Coordenadores de programas: Carlos Juliano Barros (Jornalismo), Marcel Gomes (Pes-
quisa), Natália Suzuki (Educação)
Departamento administrativo-financeiro: Marta Elizabeth Vieira (coordenadora),
Juliana Furhmann (analista financeira), Neusa Amorim (analista financeira) e Júlio
Cesar Lima (estagiário)
Equipe do programa Escravo, nem pensar!: Natália Suzuki (coordenadora), Rodrigo
Teruel (assessor de projeto), Tatiana Chang Waldman (analista de projeto), Vitor Ca-
margo de Melo (analista de projeto), Lúcia Nascimento (analista de comunicação) e
Fernanda Banyan (assistente de projeto)
Caderno do educador – Escravo, nem pensar! em Mato Grosso
(MT) – Formação para a rede de educação – 2023
Conteúdo: Equipe do programa Escravo, nem pensar!
Projeto gráfico: Marcela Weigert | Diagramação: Luiza Poli
Realização: Repórter Brasil e Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso
Apoio: Fundo de Erradicação do Trabalho Escravo do Mato Grosso
Parceria: Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (COETRAE-MT)
www.reporterbrasil.org.br | www.escravonempensar.org.br
@reporterbrasil | /ONGReporterBrasil | /escravonempensar
CADERNO DO EDUCADOR
Escravo, nem pensar! em Mato Grosso
(MT) – Formação para a rede de educação

- 2023 -
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Carta ao educador(a)
Prezado(a),

Inicialmente gostaríamos de agradecer a sua disponibilidade e interesse em par-


ticipar desta formação. A sua presença neste momento é o primeiro passo para
colocarmos em prática este projeto. Esta ação educacional, da qual você se torna
integrante fundamental, é voltada a desenvolver ações e experiências educacio-
nais que promovam a prevenção ao trabalho escravo contemporâneo no estado
do Mato Grosso.

Nós, do programa Escravo, nem pensar! (ENP!), consideramos que um dos meios
mais eficazes para erradicar sérias violações de direitos humanos – como o tra-
balho escravo – é a educação, devido ao seu papel transformador e libertador.
Na última década, pudemos testemunhar a ocorrência de trabalho escravo em
diversas regiões do país. No entanto, também constatamos que, em lugares onde
foi possível desenvolver ações de educação para tratarmos desse tema, as co-
munidades se tornaram mais mobilizadas contra a exploração de trabalhadores,
organizando medidas de resistência, e mais atuantes, denunciando o crime às
autoridades competentes e dando visibilidade a um problema que, muitas vezes,
é naturalizado.

Nesses contextos, atribuímos essa transformação aos profissionais da Educação


– professores, gestores, técnicos – que fizeram uso de seu papel de formador e
foram capazes de realizar uma intervenção positiva na realidade em que vivem.
Por meio da abordagem do tema em sala de aula, da realização de projetos ex-
tracurriculares e de outras ações formativas, os educadores informaram crianças
e adolescentes sobre os perigos do aliciamento e da exploração no trabalho, mas,
sobretudo, contribuíram com a sua formação cidadã e fomentaram a postura re-
flexiva e crítica desses jovens que, por sua vez, tornaram-se multiplicadores de
informação, contribuindo para que as suas comunidades também se tornassem
mais cientes de seus direitos e deveres, especialmente nas relações de trabalho.
Diante disso, contamos com você para também ser a referência em sua região
sobre o tema do trabalho escravo e sobre ações educacionais que privilegiam os
direitos humanos.

Este caderno foi preparado para subsidiá-lo durante a nossa formação. Nas pági-
nas seguintes, você encontrará o registro das abordagens que faremos nos próxi-
mos dias e as referências necessárias para as suas atividades relacionadas a esse
projeto, que serão realizadas quando retornar ao seu trabalho cotidiano.

Desejamos a todos nós uma excelente formação e grande êxito nas nossas próxi-
mas ações! Estejamos sempre juntos, compartilhando experiências e superando
desafios.

Grande abraço,
Equipe do programa Escravo, nem pensar!

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Sumário
2 EXPEDIENTE

8 1.  ROJETO ESCRAVO, NEM PENSAR! EM MATO GROSSO – FORMAÇÃO


P
PARA A REDE DE EDUCAÇÃO 2023
8 1.1. Objetivo geral
8 1.2. Objetivos específicos
8 1.3. Justificativa e contexto
9 1.4. Vigência
9 1.5. Metodologia
11 1.6. Sobre a formação

12 2. MIGRAÇÃO
12 2.1. Introdução às migrações
14 2.2. Migração forçada: entre o desejo e a necessidade
18 2.3. Referências

19 3. ALICIAMENTO
19 3.1. Caso de referência
20 3.2. Vídeo de referência
21 3.3. Referências

22 4. TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO


22 4.1. Caso de referência
23 4.2. Vídeo de referência
26 4.3. Raio-x do trabalho escravo em Mato Grosso
29 4.4. Referências

30 5. COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO


30 5.1. Denúncia
31 5.2. Fiscalização
35 5.3. O ciclo do trabalho escravo contemporâneo
36 5.4. Rede de apoio aos trabalhadores
38 5.5. Referências

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39 6. TRÁFICO DE PESSOAS
39 6.1. Caso de referência
40 6.2. Vídeo de referência
41 6.3. Referências

42 7. MEIA INFÂNCIA: O TRABALHO INFANTIL NO BRASIL DE HOJE


42 7.1. Caso de referência
43 7.2. Vídeo de referência
45 7.3. Referências

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1 Projeto Escravo, nem pensar!
em Mato Grosso – Formação para
a rede de educação 2023

1.1. OBJETIVO GERAL


· Diminuir o número de trabalhadores aliciados para o trabalho escravo e
submetidos a condições análogas a de escravidão nas zonas rural e urbana
do território brasileiro, por meio da educação.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


· S ensibilizar e capacitar gestores e técnicos pedagógicos da rede estadual de
educação do Mato Grosso a formar professores de municípios vulneráveis
sobre os temas do trabalho escravo e assuntos correlatos.

· Mobilizar escolas da rede estadual do Mato Grosso a desenvolverem ativida-


des educativas de prevenção ao trabalho escravo contemporâneo e assuntos
correlatos com alunos e a comunidade extraescolar.

1.3. JUSTIFICATIVA E CONTEXTO


O governo federal brasileiro assumiu a existência do trabalho escravo perante
o país e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1995. O Brasil foi uma
das primeiras nações do mundo a reconhecer oficialmente o trabalho escravo
contemporâneo em seu território. De 1995 até 2022, mais de 60 mil trabalha-
dores foram libertados de situações análogas a de escravidão em atividades nas
zonas rural e urbana.

As principais atividades econômicas em que são encontrados casos de trabalho


escravo rural são a pecuária, a produção de carvão e os cultivos de cana-de-açúcar,
de soja e de algodão. Nos últimos anos, as ocorrências dessa violação têm sido
cada vez mais frequentes em atividades econômicas urbanas, como a construção
civil e o setor têxtil. No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo são
homens. As atividades para as quais esse tipo de mão de obra é utilizado exigem
força física, por isso os aliciadores buscam principalmente homens e jovens.

Os dados oficiais do Programa Seguro-desemprego registrados de 2003 a


2022 indicam que, entre os trabalhadores libertados, 64% são analfabetos ou não
concluíram nem o 5º ano do Ensino Fundamental. Os trabalhadores rurais liberta-
dos são, em sua maioria, migrantes, que deixaram suas casas com destino à região
de expansão agrícola. Saem de suas cidades, atraídos por falsas promessas de tra-
balho, ou migram forçadamente por causa de sua precariedade socioeconômica.
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O Mato Grosso é um estado estratégico para o combate ao trabalho escravo,
pois a ocorrência de mão de obra escrava em seu território é frequente. Entre 1995
e 2022, 6.223 trabalhadores foram submetidos a condições degradantes em 229
casos. Esses casos se concentram principalmente na pecuária (44%), mas também
em lavouras diversas (29%)e no desmatamento (4%). Há também registros no
meio urbano, principalmente na construção civil (5%). Os municípios mato-gros-
senses com mais trabalhadores escravizados são da região norte do estado, que
abrange o bioma Amazônia, como Confresa (22,5%), Tapurah (3,8%) e Nova Ban-
deirantes (5,2%). Dos 141 municípios do estado, 84 (58%) já tiveram casos de tra-
balho escravo registrados, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

A economia do Mato Grosso é baseada na produção agropecuária. Além da


criação de gado, o estado também concentra grandes propriedades produtoras
de soja, milho, cana-de-açúcar e algodão. Por isso, essa região se apresenta
como polo de atração de migrantes em busca de trabalho, os quais muitas vezes
acabam explorados.

Diante dessa situação, as estratégias governamentais – não apenas no Mato


Grosso, mas no território nacional com um todo – voltadas ao combate ao tra-
balho escravo dão ênfase à fiscalização das propriedades produtivas e à punição
administrativa e econômica dos empregadores flagrados utilizando mão de obra
escrava. Contudo, a erradicação do problema passa também pela adoção de po-
líticas públicas de prevenção para reverter a situação de pobreza e de vulnerabi-
lidade que corroboram para que trabalhadores venham a ser explorados. Dentre
essas políticas, estão as ações formativas no âmbito da educação.

Nesse contexto, a Repórter Brasil, por meio do seu programa educacional Es-
cravo, nem pensar!, propõe a realização de ações de educação voltadas à preven-
ção do trabalho escravo, como essa de formação de gestores públicos do sistema
educacional do estado do Mato Grosso.

1.4. VIGÊNCIA
O prazo de vigência do projeto é entre maio de 2023 e janeiro de 2024.

1.5. METODOLOGIA
A metodologia do projeto é dedicada à formação dos profissionais de educa-
ção (gestores e técnicos de formação e gestão pedagógica das DREs), para que se
tornem agentes multiplicadores sobre o tema do trabalho escravo na rede pública
de ensino. O intuito é fazer com que o conteúdo seja disseminado no sistema
de educação estadual, alcançando outros educadores para, então, envolver os
alunos. Os estudantes, por sua vez, são transformados em vetores de informação
sobre o tema da prevenção ao trabalho escravo, proliferando os conhecimentos
com parentes e a comunidade em geral.

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As atividades do programa Escravo, nem pensar! são realizadas em módulos
e sempre têm como objetivo a formação de multiplicadores. O trabalha começa
com a formação dos gestores e técnicos das Diretorias Regionais de Educação
(DREs), vinculadas à Secretaria de Estado de Educação do governo local (Seduc/
MT). Após formados, os gestores dessas diretorias são incentivados a compartilhar
os conhecimentos com os coordenadores pedagógicos e diretores das escolas
que, por sua vez, na terceira etapa do projeto, realizam atividades com o corpo
docente. Essas primeiras formações são a base para que, na sequência, os profes-
sores realizem atividades com alunos e toda a comunidade extraescolar sobre os
assuntos relacionados ao trabalho escravo e à prevenção a esse crime, objetivo
principal do projeto.O organograma a seguir ilustra esse processo:

Organograma do projeto

enp! enp!

enp!
Diretorias Regionais de Educação (DREs)

enp! enp!
ESCOLAS ESCOLAS

enp! enp!
Alunos Alunos

enp!
Comunidade

As formações acontecem em três módulos presenciais. O primeiro módulo


tem carga horária de 24 horas e os outros, de 16 horas cada um, totalizando 56
horas de formação. Há um intervalo de até três meses entre cada módulo.

Fluxograma do projeto

enp! enp! enp! enp! enp!


1o Módulo 2o Módulo 3o Módulo
Formação ENP!
presencial presencial presencial

Sistematização
e divulgação
enp! enp! enp! de resultados
Implementação Multiplicação para Atividades pedagógicas
na rede de educadores das com estudantes e a
ensino escolas comunidade

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Os encontros presenciais e os acompanhamentos pedagógicos contarão com
a participação de representantes de organizações da sociedade civil e de órgãos
do poder público envolvidos com o combate ao trabalho escravo.

Ao longo do ano, os “formadores de referência” das DREs preencherão rela-


tórios qualitativos e quantitativos relacionados ao progresso na implementação do
projeto. Esses documentos servirão como subsídios para a equipe do ENP! gerir o
projeto e produzir um caderno de resultados ao término das ações.

1.6. SOBRE A FORMAÇÃO


O processo formativo do Escravo, nem pensar! se baseia em encontros presen-
ciais e virtuais dedicados à abordagem de temáticas específicas. O tema central é
o trabalho escravo, abordado junto a outros fenômenos sociais, como migração,
aliciamento, tráfico de pessoas e trabalho infantil.

A formação está estruturada em blocos temáticos que tecem um eixo narra-


tivo para facilitar a compreensão do fenômeno do trabalho escravo contemporâ-
neo. Esse percurso pedagógico poderá ser utilizado por você nas suas atividades
como multiplicador(a).

Em cada capítulo consta ainda o enunciado das atividades práticas que serão
realizadas no decorrer da formação. O objetivo dessas atividades é contribuir
para fortalecer o entendimento dos temas abordados. A ideia é que sejam repro-
duzidas pelas DREs na etapa de multiplicação do projeto às escolas.

Por fim, ao final de cada bloco há uma seção intitulada “Para saber mais”, em
que trazemos referências detalhadas sobre os assuntos discutidos, presentes no
livro didático Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho es-
cravo. Principal publicação do Escravo, nem pensar!, este livro é utilizado em to-
das as nossas ações formativas e aborda o que é trabalho escravo contemporâneo,
suas reverberações no Brasil e as práticas possíveis para erradicá-lo. Seu conteúdo
é baseado na metodologia pedagógica do programa e na produção especializada
das áreas de educação, jornalismo e pesquisa da Repórter Brasil.

Ao final de cada bloco temático, sugerimos a reflexão das questões a seguir.


Elas ajudarão a elaborar as atividades de multiplicação após a formação.

·O  que essa abordagem traz de novidade para você?


·Q  ual a relação dos conteúdos desta seção com a realidade da sua região?
· Quais referências e atividades podem ser utilizadas na multiplicação para
as escolas?

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2 Migração
Questão provocadora
Quem (não) é migrante?

Resumo
As migrações fazem parte da história da humanidade. Graças a esse fenô-
meno, muitos povos e países se constituíram pela miscigenação de etnias e pela
fusão de culturas. A migração é um direito humano, afinal todo indivíduo deve ter
a possibilidade de escolher seus caminhos e destinos. Neste bloco, discutiremos
o aspecto conceitual da migração; suas causas e tipos; fluxos migratórios atuais
no Brasil, principalmente no Mato Grosso; sua relação com o mundo do trabalho
e os marcos legais vigentes relacionados à questão.

2.1. INTRODUÇÃO ÀS MIGRAÇÕES

ATIVIDADE PRÁTICA 1
Entrevista com um(a) migrante

Nesta atividade, compartilharemos histórias pessoais sobre migração. Pode


ser uma jornada de deslocamento próprio, de algum amigo ou familiar. Para isso,
entreviste um(a) colega, utilizando como referência o roteiro a seguir. Em seguida,
troquem de papel. Você agora deverá ser entrevistada(o) por sua/seu colega. Ao
final da atividade, a equipe do ENP! convidará algumas duplas para socializarem
as histórias com a turma.

Questões orientadoras
a) Quem é o(a) migrante em questão?
b) Migração interna ( ) Migração internacional ( )
c) Local de origem:
d) Local de destino:
e) Ano/década da migração:
f) Qual meio de transporte foi utilizado no deslocamento?
g) Quais foram os motivos da migração?

h) O que a pessoa esperava encontrar quando deixou o seu local de origem?

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i) Como era a realidade no local de destino? Era do jeito que a pessoa esperava?

j) 
Quais as diferenças entre os dois lugares com relação à linguagem, à alimenta-
ção e a outras questões culturais?

ATIVIDADE PRÁTICA 2
Fatores de deslocamento

As migrações podem ocorrer por inúmeros motivos e ter diferentes caracte-


rísticas. A mobilidade pode ser temporária ou definitiva, individual ou coletiva,
interna ou internacional, por vontade própria ou por necessidade. Não existe
um padrão, cada pessoa reage de um jeito ao migrar: muitas partem com a re-
solução de voltar, outras rapidamente cortam relações com amigos e familiares
que ficaram para trás; muitas limitam a comunicação ao envio de dinheiro, ou-
tras se valem das diferentes plataformas hoje existentes para manter um contato
frequente com o local de origem; há, ainda, aquelas que não resistem à sauda-
de, mudam os rumos do projeto migratório e retornam. No exercício a seguir,
abordaremos alguns dos principais fatores de deslocamento. Identifique e anote
se a motivação está ligada ao local de destino (atração) ou se está relacionada
ao local de origem (expulsão).

ATRAÇÃO (A) EXPULSÃO (E)

( ) R elações familiares ( ) T ratamento de ( ) Perseguição


difíceis saúde religiosa ou étnica
( ) F alta de boas ( ) Pobreza ( ) Falta de emprego
escolas ( ) Relacionamento ( ) Guerra
( ) N ovas conjugal ( ) Violência
oportunidades ( ) Rede de amigos ( ) Conhecer novos
de estudo e familiares lugares
( ) Desastres naturais ( ) Novas ( ) Falta de assistência
( ) Aprender outro oportunidades de saúde
idioma de emprego

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2.2. MIGRAÇÃO FORÇADA: ENTRE O DESEJO E
A NECESSIDADE

ATIVIDADE PRÁTICA 3
A Violeira

A formação social e a configuração territorial do Brasil devem muito às migra-


ções. Afinal, foi por conta dos sucessivos e variados deslocamentos de migrantes que
características culturais, fronteiras, cidades e frentes de expansão econômicas foram
criadas. O século 20 foi um ícone desse processo migratório. Mas, ainda hoje, essa
mutação está em curso, ainda que em menor escala e volume, envolvendo migrantes
internos e internacionais. O trabalho foi sempre um fator decisivo nesses fluxos, mas
nunca foi o único. Ouça a música a seguir e responda às questões que se seguem:

A Violeira
Tom Jobim e Chico Buarque

Desde menina Mais um filho e vim-me embora


Caprichosa e nordestina Cá no Rio vim parar
Que eu sabia, a minha sina
Era no Rio vir morar Ver Ipanema
Em Araripe Foi que nem beber jurema
Topei com o chofer dum jipe Que cenário de cinema
Que descia pra Sergipe Que poema à beira-mar
Pro Serviço Militar E não tem tira
Nem doutor, nem ziguizira
Esse maluco Quero ver quem é que tira
Me largou em Pernambuco Nós aqui desse lugar
Quando um cara de trabuco
Me pediu pra namorar Será verdade
Mais adiante Que eu cheguei nessa cidade
Num estado interessante Pra primeira autoridade
Um caixeiro viajante Resolver me escorraçar
Me levou pra Macapá Com a tralha inteira
Remontar a Mantiqueira
Uma cigana revelou que a minha sorte Até chegar na corredeira
Era ficar naquele Norte O São Francisco me levar
E eu não queria acreditar
Juntei os trapos com um velho marinheiro Me distrair
Viajei no seu cargueiro Nos braços de um barqueiro sonso
Que encalhou no Ceará Despencar na Paulo Afonso
No oceano me afogar
Voltei pro Crato Perder os filhos
E fui fazer artesanato Em Fernando de Noronha
De barro bom e barato E voltar morta de vergonha
Pra mó de economizar Pro sertão de Quixadá
Eu era um broto
E também fiz muito garoto Tem cabimento
Um mais bem feito que o outro Depois de tanto tormento
Eles só faltam falar Me casar com algum sargento
E todo sonho desmanchar
Juntei a prole e me atirei no São Francisco Não tem carranca
Enfrentei raio, corisco Nem trator, nem alavanca
Correnteza e coisa-má Quero ver quem é que arranca
Inda arrumei com um artista em Pirapora Nós aqui desse lugar
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Questões para discussão
a) Qual fenômeno a música narra e quem é a personagem dessa ação?
b) Quais são os locais de origem e destino da personagem?
c) O fenômeno narrado retrata um caso particular, mas é também uma alegoria
da trajetória de muitos migrantes. Discorra sobre isso.
d) As adversidades enfrentadas pela personagem a impedem de construir sua
própria trajetória? Discorra sobre isso.

ATIVIDADE PRÁTICA 4
Construção do trabalhador-personagem

A maior parte dos trabalhadores escravizados é formada por migrantes em


situação de vulnerabilidade socioeconômica. Eles deixam seus locais de origem
em busca de melhores oportunidades de emprego. Nesta atividade, traçaremos o
perfil de um(a) trabalhador(a) migrante que está suscetível ao aliciamento para a
exploração no trabalho. Esse personagem será utilizado como referência durante
o percurso da formação.

a) Nome:
b) Idade:
c) Estado civil:
d) Município de origem:
e) Origem: ( ) Campo ( ) Cidade
f) Escolaridade:
g) Fator de deslocamento:

h) Lazer:

i) Sonho:

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2.2.1. Vídeo de referência

Migrantes
O Documentário retrata as condições de trabalho e o
cotidiano dos trabalhadores da região Nordeste nos ca-
naviais das modernas usinas paulistas, destacando os
motivos que os levam a migrarem de suas terras para
submeterem-se a um trabalho árduo, penoso e arriscado
no corte da cana.

Direção: Beto Novaes, Francisco Alves e Cleisson Vidal |


Ano: 2007 | Duração: 45 min

Acesse: https://bit.ly/3Ls7pGN

ATIVIDADE PRÁTICA 5
O migrante entre o determinismo e o protagonismo

Retirantes
– Cândido
Portinari
(1944)

Analise a imagem e responda às questões a seguir:


a) Qual é o fenômeno histórico abordado na imagem?

b) Qual a mensagem transmitida e quais são os recursos visuais utilizados para compô-la?

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c) O
 autor fez do quadro uma denúncia para a sociedade de sua época. Você
acredita que a mensagem ainda é representativa da realidade atualmente?

PARA SABER MAIS

Livro Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao


trabalho escravo
O tema da migração é abordado com profundidade no capítulo 3,
intitulado “Quem não é migrante?”. Nele é apresentada a relação
entre migração e trabalho escravo, além dos principais fluxos migra-
tórios internos e internacionais no Brasil. Confira os tópicos a seguir:

·T ipos de migração – pág. 88


· Fatores da migração – pág. 86
·M igração e trabalho escravo – págs. 90 a 93

Acesse: https://bit.ly/415D85b

CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (1/8):


VULNERABILIDADE SOCIOECONÔMICA

A situação de pobreza, a falta de acesso adequado a


serviços públicos e escassas oportunidades de emprego
e renda são os principais fatores que levam uma pessoa
a ser submetida ao trabalho escravo. Passando necessi-
dade, muitos aceitam se submeter a situações de explo-
ração, dada a falta de alternativas. É comum a frase: “ter
qualquer trabalho é melhor do que trabalho nenhum”.

CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (3/8):


MIGRAÇÃO

A maior parte dos trabalhadores escra-


vizados no Brasil é de migrantes. Em
diversos casos, a migração do trabalha-
dor desde sua cidade ou país de origem
é estimulada a partir de uma proposta
de emprego, muitas vezes enganosa: o
aliciamento. Em outros, os trabalhadores partem por conta própria, motivados por
amigos ou familiares que já fizeram o percurso. Em todos os casos, migram sem
ter conhecimento prévio das condições que irão enfrentar no lugar de destino.
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2.3. REFERÊNCIAS
ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Quem não é migrante?”. In: Escravo, nem pensar! –
Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Repórter Brasil, 2022.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. Migração – O Brasil em movimento. São Paulo: Repór-


ter Brasil, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3qUOIkx. Acesso em: 9 mar. 2023.

MIGRANTES | Documentário. Publicado por Filosofando Ciências humanas em


debate [s.l.], 2016. 1 vídeo (46min15s). Disponível em: https://bit.ly/3Ls7pGN.
Acesso em: 20 mar. 2023.

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3 Aliciamento
Questão provocadora
Como o trabalhador cai no trabalho escravo?

Resumo
O objetivo desta seção é destacar a prática de aliciamento, um crime relaciona-
do ao recrutamento de trabalhadores, e suas modalidades (interno e internacional).
Essa prática estimula a migração do trabalhador mediante uma proposta – muitas
vezes enganosa – de emprego. O aliciamento é o elo entre a situação de precarie-
dade do trabalhador em seu local de origem ou o desejo de melhoria de vida e a
sua exploração no local de destino. Também é componente do tráfico de pessoas,
processo mais amplo que abarca o trabalho escravo e que será abordado adiante.

3.1. CASO DE REFERÊNCIA


Grupo do MA viaja 2 dias até Ribeirão e descobre suposto golpe de emprego
G1 Ribeirão e Franca | 22/06/2015. Disponível em: https://bit.ly/3InnZVU

Trabalhadores alegam ter sido contratados para construção de depósito. Su-


posto contratante em Ribeirão Preto não apareceu para encaminhá-los.

O sonho de uma oportunidade de emprego no interior de São Paulo (SP) virou


pesadelo para 100 homens que viajaram 4 mil quilômetros de São Mateus do Ma-
ranhão (MA) a Ribeirão Preto (SP). Com a promessa de vagas na construção civil,
os trabalhadores desembarcaram na cidade na madrugada de domingo (21), mas
o suposto contratante não apareceu para encaminhá-los.
Sem dinheiro para hospedagem e até mesmo para alimentação, os homens
passaram a noite em um posto de combustíveis na Rodovia Anhanguera. Comovi-
dos com a situação, moradores vizinhos ao local levaram pães e refrigerantes para
os trabalhadores, que estavam sem comer.
As únicas informações que os trabalhadores têm sobre o trabalho estão em
um documento que foi entregue a eles ainda no Maranhão. Os dados, no entanto,
são aparentemente falsos.

Sem trabalho

De acordo com o pedreiro A. Vasconcelos, os trabalhadores foram mandados


a Ribeirão Preto por intermédio de uma agência de empregos de São Mateus do
Maranhão. Eles alegaram que foram contratados para a construção de um depósi-
to e que cada um receberia um salário de R$ 1,4 mil. Desde a chegada a Ribeirão
Preto, no entanto, os homens não tiveram contato com o suposto contratante. “Fa-
laram que quando a gente chegasse aqui teria uma pessoa e um ônibus esperando
a gente, para levar a um hotel ou alojamento. A empresa é invisível. Todo mundo
está aqui com fome, sem ter como ir embora, dormindo no chão. Precisamos de
ajuda para voltar”, diz.
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J. A. L. da Silva deixou a mulher e os quatro filhos em São Mateus do Mara-
nhão acreditando que teria uma boa oportunidade de trabalho. A família depende
da renda dele para se sustentar. O trabalhador, no entanto, não sabe o que fazer
diante da situação. “O contrato era de R$ 1,4 mil na carteira com hora extra, mas
pelo visto não vai ter nada. Estamos aqui passando fome. Não temos ideia do que
vai acontecer. Fora dois dias e meio na estrada para não encontrar nada. É muito
esquisito. Não pode acontecer. A gente sai de casa, deixa a família para trás, che-
ga e acontece uma coisa dessas”, lamenta.

3.2. VÍDEO DE REFERÊNCIA

Aprisionados por promessas


O documentário retrata a situação de trabalhadores do cam-
po aliciados e explorados em fazendas e carvoarias do Bra-
sil. O vídeo apresenta as artimanhas e os mecanismos utili-
zados pelos aliciadores no processo de arregimentação dos
trabalhadores.

Produção: Comissão Pastoral da Terra, Centro pela Justiça e


o Direito Internacional e ONG Witness | Ano: 2006 |
Duração: 17 min

Acesse: https://bit.ly/3Ft35Du

ATIVIDADE PRÁTICA 6
Dramatização do aliciamento

Nesta atividade, iremos dramatizar o aliciamento de um trabalhador, que fica


sabendo de uma vaga de emprego a partir de um anúncio na rádio. Para isso, reú-
na-se com um(a) colega e crie um possível diálogo entre o trabalhador e o alicia-
dor no momento da contratação para a frente de trabalho. Utilize como referência
a vinheta produzida pelo ENP! e as perguntas a seguir:

Vinheta
“E atenção, atenção, amigos ouvintes, para este anúncio importante: estamos
precisando de trabalhadores para trabalhar em fazendas e na construção de pré-
dios. O trabalho é bom, o salário também, e o patrão ainda deixa adiantamento
com a família. Os homens que estiverem desocupados e interessados devem vir
aqui à rádio Liberdade e procurar o Josué. É trabalho garantido.”

Perguntas provocadoras para a dramatização


a) O trabalhador escolheria qual das ofertas de emprego?
b) Em qual município será essa frente de trabalho?

20
c) O trabalhador questionaria o Josué sobre quais informações acerca do emprego?
d) Por sua vez, o que Josué proporia ao trabalhador?

PARA SABER MAIS

Livro Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao


trabalho escravo
No capítulo 1 consta uma seção dedicada ao aliciamento, uma
prática criminosa a qual os trabalhadores são submetidos no
processo de arregimentação para as frentes de trabalho. Con-
fira:

· Aliciamento: porta de entrada para a


exploração – págs. 31 a 33

Acesse: https://bit.ly/415D85b

CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (2/8):


ALICIAMENTO

Os aliciadores – chamados de gatos ou emprei-


teiros – recrutam os trabalhadores com promessas de
bom salário e boas condições de trabalho. Em mui-
tos casos, oferecem adiantamentos: algum dinheiro
para deixar com a família, o pagamento das despesas
de viagem, transporte e alimentação. O aliciamento
pode ser interno, quando ocorre de um local para
outro do Brasil, ou internacional, quando o trabalha-
dor é arregimentado em outro país e se desloca para
o território brasileiro.

3.3. REFERÊNCIAS
APRISIONADOS por promessas. Publicado por Filosofando Ciências humanas em
debate [s.l.], 2016. 1 vídeo (16min30s). Disponível em: https://bit.ly/3Ls7pGN.
Acesso em: 20 mar. 2023

ESCRAVO, NEM PENSAR!. “O que é trabalho escravo contemporâneo?”. In: Es-


cravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo:
Repórter Brasil, 2022.

G1 RIBEIRÃO E FRANCA. Grupo do MA viaja 2 dias até Ribeirão e descobre suposto


golpe de emprego. Portal G1, 22 jun. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3InnZVU.
Acesso em: 18 mai. 2023.

21
4 Trabalho escravo contemporâneo
Questão provocadora
Toda forma de exploração do trabalho configura trabalho escravo?

Resumo
Este é o principal bloco da formação: vamos definir o que é trabalho escravo
contemporâneo. Para isso, são apresentadas as características desse tipo de explo-
ração, exemplificadas a partir de casos reais. O artigo 149 do Código Penal deve
ser usado para dar respaldo legal à definição do que é trabalho escravo e ressaltar
sua condição de prática criminosa. Dessa forma, enfatiza-se a diferenciação entre
trabalho escravo e irregularidades trabalhistas. O problema é apresentado a partir
de dados nacionais, mas também será contextualizado de acordo com a realidade
do Mato Grosso. Por fim, destacamos os principais dados decorrentes de fiscali-
zações de trabalho escravo.

4.1. CASO DE REFERÊNCIA


Operação flagra trabalho escravo em duas fazendas de Mato Grosso
Globo Rural | 22/11/2021. Disponível em: https://bit.ly/42Qa571

Maioria dos trabalhadores preparava o solo para o plantio da safra 2021/22 de


grãos. Em uma delas, seis pessoas viviam em curral, com fezes de animais

Uma operação conjunta do Grupo Especial de Fiscalização Móvel de Comba-


te ao Trabalho Escravo da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, acompanhada
pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Polícia Federal, flagrou trabalha-
dores em condições análogas à escravidão em duas fazendas do Norte do Mato
Grosso. Em outras duas da mesma região, os fiscais encontraram situações como
trabalho infantil e trabalhadores mantidos em situação degradante.
De acordo com as informações divulgadas pelo Ministério Público do Traba-
lho, a fiscalização ocorreu entre os dias 8 e 16 de setembro e resgatou 11 adultos
e dois adolescentes durante a operação. Em uma delas, em Guarantã do Norte,
seis pessoas eram mantidas alojadas num curral em uso, com fezes de animais.
As fazendas, localizadas nos municípios de Guarantã do Norte, Paranaíta,
Feliz Natal e Itaúba, estão inseridas no bioma amazônico e preparavam-se para o
plantio da safra 2021/22 de grãos, além de atuarem na criação de gado.
(...) “No curral, a equipe de fiscalização verificou que o piso era de madeira e
que havia um brete, corredor de passagem do gado para ser marcado e vacinado,
com fezes dos animais. Por esse brete também passavam os trabalhadores quando
iam preparar suas refeições, que eram consumidas em bancos de madeira, com
os pratos nas mãos ou apoiados no colo. A água consumida não era filtrada. Para
dormir, alguns trabalhadores improvisavam redes e paletes em cima do brete”,
descreve o MPT em nota, ao citar o caso de Guarantã do Norte.

22
Em Feliz Natal, o alojamento dos trabalhadores apresentava fiação exposta e
também era usado para o armazenamento de agrotóxicos e óleos lubrificantes. O
local, construído de madeira, foi interditado pela fiscalização e os funcionários
transferidos para uma casa na zona urbana do município.
(....) Em Itaúba, por exemplo, um dos trabalhadores relatou uma jornada de
trabalho de mais de 15 horas diárias. “Além da extensão das jornadas diárias e
da penosidade do trabalho exercido, também foi verificado que não eram con-
cedidas folgas a cada sete dias de trabalho e, ainda, que os dias não trabalhados
deixavam de ser remunerados pelo empregador, mesmo quando o afastamento se
dava por razões de saúde”, destaca o MPT.

4.2. VÍDEO DE REFERÊNCIA

A Liga (00:00 - 15:57)


Episódio do programa televisivo A Liga, que investiga a
situação de trabalhadores em trabalho escravo em dife-
rentes atividades produtivas no Brasil, nos meios rural
e urbano.

Produção: Rede Bandeirantes | Ano: 2011 Duração: 75 min

Acesse: http://bit.ly/3LEo3D1

ATIVIDADE PRÁTICA 7
Os elementos do trabalho escravo contemporâneo

Nesta atividade, realizaremos um exercício do livro digital ENP!. A partir das


condições de trabalho constatadas no vídeo e caso de referência apresentados,
identifique quais dos elementos elencados são indicadores de trabalho escravo.

Acesse: http://bit.ly/3lzljwc

23
ATIVIDADE PRÁTICA 8
Diagrama do trabalho escravo contemporâneo

O trabalho escravo é uma grave violação dos direitos humanos, porque fere
dois direitos fundamentais e inegociáveis do indivíduo: a liberdade e a dignidade.
De acordo com a seleção dos elementos identificados no exercício anterior, clas-
sifique-os no diagrama a seguir:

TRABALHO ESCRAVO

ANULAÇÃO DA DIGNIDADE (A) E/OU PRIVAÇÃO DA LIBERDADE (B)

CONDIÇÕES DEGRADANTES TRABALHO FORÇADO

·A
 lojamento precário ·R
 etenção de salário

· F alta de saneamento básico e higiene ·R


 etenção de documento

·P
 éssima alimentação · Isolamento geográfico e cultural

Baseado na · F alta de socorro e assistência médica · E ncarceramento


Instrução
Normativa
nº 139 do
·M
 aus-tratos e violência ·M
 aus-tratos e violência
Ministério
do Trabalho, ·A
 meaças físicas e psicológicas ·A
 meaças físicas e psicológicas
publicada em
24/1/2018.
Acesse: http:// JORNADA EXAUSTIVA DÍVIDA CONTRAÍDA
bit.ly/2Yv5hCV

ATIVIDADE PRÁTICA 9
Escravidão colonial e imperial versus trabalho escravo
contemporâneo

A escravidão e o trabalho escravo contemporâneo são fenômenos distintos.


Para compreender a relação e as diferenças entre ambos, faça o exercício que
consta na tabela a seguir, adaptada a partir da versão que consta no livro Gen-
te descartável: a nova escravidão na economia mundial, do pesquisador Kevin
Bales (2000). Para cada característica, marque a opção correspondente ao fenô-
meno indicado:

24
ESCRAVIDÃO COLONIAL TRABALHO ESCRAVO
CARACTERÍSTICAS
E IMPERIAL CONTEMPORÂNEO

Propriedade de uma ( ) Permitida ( ) Permitida


pessoa sobre a outra ( ) Proibida ( ) Proibida

( ) Alto ( ) Alto
Custo de mão de obra
( ) Muito baixo ( ) Muito baixo

Prazo para obtenção ( ) Longo prazo ( ) Longo prazo


de lucros ( ) Curto prazo ( ) Curto prazo

Disponibilidade de ( ) Variável ( ) Variável


mão de obra ( ) Abundante ( ) Abundante

( ) Longo período ( ) Longo período


Tempo de relacionamento
( ) Curto período ( ) Curto período

( ) Requisito obrigatório ( ) Requisito obrigatório


Raça e etnia
( ) Relevante ( ) Relevante

Ameaças, violência
psicológica, coerção
Manutenção da ordem física, punições
exemplares e até
assassinatos

Precisão (00:00 - 10:00)


O filme retrata as histórias de vida de pessoas resgata-
das do trabalho escravo no Brasil. Por meio de imagens
reais de operações de fiscalização conduzidas pelo
Grupo Especial de Fiscalização Móvel é possível obter
um retrato preciso dos quatro elementos que configu-
ram o trabalho escravo.

 rganização Internacional do Trabalho (OIT), Ministério


O
Público do Trabalho (MPT) | Ano: 2019 | Duração: 21 min

Acesse: https://bit.ly/3naYQGb

25
4.3. RAIO-X DO TRABALHO ESCRAVO EM
MATO GROSSO1

6.223 229 casos

trabalhadores municípios com


escravizados
– 1995 a 2022
84 registro de trabalho
escravo (59% do total)

Número de trabalhadores escravizados em Mato Grosso – 1995 a 2022

3o: Nova 9o: Vila


Bandeirantes (317) Rica (176)
6o: Juara
(195) 10: Confresa
(1393)

5 o:
Tapurah
7o: Comodoro
(240)
(194)

4o: Campos de
Júlio (284)

8o: Guiratinga
(193)
2o: Poconé
(421) 10o: Itiquira
(144)

1 Dados do Ministério do Trabalho e Emprego sistematizados


pela Repórter Brasil e pela Comissão Pastoral da Terra.
26
Número de trabalhadores escravizados em Mato Grosso, por atividade econômi-
ca – 1995 a 2022

Total: 6.223

Número de casos de trabalho escravo em Mato Grosso, por atividade econômica


– 1995 a 2022

Total: 229

27
Ranking dos dez principais municípios mato-grossenses por residência dos traba-
lhadores resgatados no Brasil – 2003 a 2022

PARA SABER MAIS

Livro Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao


trabalho escravo
O capítulo 1 traz aspectos conceituais e um panorama geográ-
fico do trabalho escravo no Brasil. Já o capítulo 2 é dedicado a
apresentar um perfil dos trabalhadores e trabalhadoras resgata-
dos dessa prática criminosa. Confira as seções a seguir:

· Trabalho escravo existe? – págs. 14 a 26


· Trabalho escravo e infrações trabalhistas: qual a diferença?
– págs. 29 e 30
· Casos de trabalho escravo no Brasil – págs. 40 a 43
· Trabalho escravo contemporâneo e escravidão colonial/
imperial: qual a diferença? - págs. 27 a 29
·R  aio-X do trabalho escravo – págs. 37 a 39
·H  á um perfil do trabalhador escravizado no Brasil? –
págs. 53 a 62

Acesse: https://bit.ly/415D85b

28
CICLO DO TRABALHO ESCRAVO
(4/8): TRABALHO ESCRAVO

Quando chegam à frente de


trabalho, os trabalhadores se depa-
ram com uma realidade diferente
da que foi prometida pelos alicia-
dores: todos os adiantamentos são
transformados em uma dívida, e
as condições de trabalho são pre-
cárias. Longe de suas famílias e de
suas redes de proteção social, mui-
tas vezes acabam sem ter a quem recorrer para pedir ajuda e trabalham forçada-
mente na tentativa de honrar a dívida fraudulenta. Nesse processo, é comum que
sejam submetidos a jornadas exaustivas, quando o pagamento recebido depende
do quanto se produz. Com isso, colocam sua saúde e segurança em risco.

4.4. REFERÊNCIAS
A LIGA: trabalho escravo 16.08.2011. Publicado por Pedro Ekman [s.l.], 2011. 1
vídeo (74min29s). Disponível em: http://bit.ly/3LEo3D1. Acesso em: 20 mar. 2023.

DOCUMENTÁRIO Precisão – Versão média duração. Publicado por mptrabalho


[s.l.], 2019. 1 vídeo (21min25s). Disponível em: https://bit.ly/3naYQGb. Acesso
em: 20 mar. 2023.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. Amazônia: trabalho escravo + dinâmicas correlatas. São Pau-
lo: Repórter Brasil, 2015. Disponível em https://bit.ly/3t7ekvZ. Acesso em: 22 mar. 2023.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. Condições do trabalho na colheita do café. Repórter Bra-


sil, 27 nov. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3pmBifC. Acesso em: 22 mar. 2023.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. “O que é trabalho escravo contemporâneo?”. In: Es-


cravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo:
Repórter Brasil, 2022.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Quem é o trabalhador escravizado?”. In: Escravo, nem pen-
sar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Repórter Brasil, 2022.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. Trabalho escravo e extrativismo vegetal. Repórter Bra-


sil, 5 maio 2020. Disponível em: https://bit.ly/3pnEKH9. Acesso em: 22 mar. 2023.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. Trabalho escravo e gênero: quem são as trabalhadoras


escravizadas no Brasil? São Paulo: Repórter Brasil, 2020. Disponível em: https://
bit.ly/32u9Xjl. Acesso em: 22 mar. 2023.

GLOBO RURAL. Operação flagra trabalho escravo em duas fazendas de Mato


Grosso. Globo Rural, 22 nov. 2021. Disponível em: https://bit.ly/42Qa571. Aces-
so em: 17 mai. 2023.
29
5 Combate ao trabalho escravo
Questão provocadora
A repressão ao trabalho escravo é suficiente para erradicá-lo?

Resumo
Esta etapa focaliza o momento em que o trabalhador escapa da situação de
exploração e, então, denuncia a condição à qual estava submetido. A partir daí,
a sociedade civil e os órgãos governamentais agem para resgatá-lo e garantir que
ele receba a compensação pela violação sofrida. São vários os atores envolvidos
que, juntos, contribuem para o combate ao trabalho escravo no Brasil. Por isso,
esta seção é dedicada também a detalhar o papel de cada um deles. Posterior-
mente ao flagrante, o empregador que submeteu trabalhadores a trabalho escravo
pode ser responsabilizado nas esferas administrativa, trabalhista e criminal.

5.1. DENÚNCIA
A partir de 2020, as denúncias de trabalho escravo de todo o Brasil passaram a
ser centralizadas no Sistema Ipê, uma plataforma on-line criada pela Secretaria de
Inspeção do Trabalho (SIT), do Ministério do Trabalho e Emprego. Com ele, denún-
cias e casos são encaminhados diretamente à Divisão de Fiscalização para Erradica-
ção do Trabalho Escravo (Detrae), da SIT, que, em seguida, direciona as demandas
às unidades competentes para a averiguação e o resgate de trabalhadores.

As denúncias devem conter:

· Nome do empregador, da fazenda ou da empresa;


· Localização (e, na zona rural, como chegar ao local);
· Quantos trabalhadores estão na mesma situação;
· Condições detalhadas da situação de trabalho;
· Como foi a contratação;
· Atividade exercida.

Acesse: https://ipe.sit.trabalho.gov.br/#!/

30
CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (5/8):
DENÚNCIA À SOCIEDADE CIVIL E AOS
ÓRGÃOS PÚBLICOS

A denúncia é o principal mecanismo pelo


qual uma situação de trabalho escravo é iden-
tificada. Muitas vezes, o trabalhador consegue
fugir da situação de exploração, colocando a
sua vida em risco. Quando tem sucesso em sua
empreitada, recorre às autoridades para denun-
ciar a violação que sofreu. O trabalho escravo
também pode ser identificado pelos órgãos e
entidades que atendem comunidades vulnerá-
veis, como unidades de assistência social, edu-
cação e saúde, além da sociedade civil. Isso
acontece em situações em que os próprios tra-
balhadores têm dificuldades em perceber que
estão sendo vítimas de exploração laboral.

5.2. FISCALIZAÇÃO

5.2.1. Caso de referência

Idosos submetidos a trabalho análogo ao de escravo são resgatados em zona


rural de Juína (MT)
Ministério Público do Trabalho | 08/03/2021. Disponível em: https://bit.ly/3WgU3QW

Trabalhadores, um de 69 anos e outro de 62, foram contratados para retirada de


vegetação e plantio de capim para formação da pastagem. O primeiro estava no
local há sete meses e, o segundo, há 10 dias

A operação de resgate, conduzida por procuradores do Trabalho e técnicos


de Segurança do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), por
auditores fiscais do Trabalho e por policiais civis de Alta Floresta, foi deflagrada
em 25 de fevereiro e concluída no dia 1º de março.
Os trabalhadores viviam em um barraco de lona construído no meio da mata,
que não os protegia das chuvas nem dos animais peçonhentos. Quando a bomba
de água não funcionava, o que ocorria com frequência, os dois tomavam banho
em um riacho próximo (chamado córrego das Onças), sem nenhuma privacidade.
Também faziam as necessidades fisiológicas no mato, a céu aberto. Dormiam em
camas improvisadas – colchões velhos e sujos sobre tábuas e toras de madeira.
(...) Os procuradores do Trabalho Danilo Nunes Vasconcelos e Juliana de
Oliveira Gois, bem como os auditores fiscais Adalto Araújo de Oliveira e Cláu-
dio Secchin, do Grupo de Fiscalização Móvel da Superintendência Regional do
Trabalho de Mato Grosso (SRT-MT), acompanharam, no último dia da operação,
a quitação das verbas rescisórias e das multas e o recolhimento do FGTS. Os

31
empregadores também deverão arcar com multas decorrentes da lavratura de
autos de infração.
Diante da gravidade dos fatos, os empregadores firmaram Termo de Ajuste de
Conduta (TAC) com o MPT e assumiram, dentre as várias obrigações de fazer e
não fazer, o compromisso de absterem-se de submeter, direta ou indiretamente,
empregados ou trabalhadores a situação contrárias às disposições de proteção do
trabalho e de sujeitá-los à condição análoga à de escravo.
O acordo estabeleceu multa de R$ 5 mil para cada cláusula descumprida,
devida a cada constatação de irregularidade. Os empregadores ainda se com-
prometeram a pagar indenizações por danos morais individuais e por danos
morais coletivos.

ATIVIDADE PRÁTICA 10
Quem é quem no Grupo Especial de Fiscalização Móvel

No exercício a seguir, identificaremos quem é quem no Grupo Especial de


Fiscalização Móvel (GEFM). Marque no espaço entre parênteses a letra atribuída
a cada função e instituição, de acordo com o respectivo agente.

AGENTE FUNÇÃO INSTITUIÇÃO


( )
· Fornecem assessoria jurídica gratuita para brasilei-
ros e migrantes internacionais hipossuficientes.
· Estabelecem Termos de Ajustamento de Conduta
(a) (TACs) com os empregadores (medida extrajudi- ( )
Auditores fiscais cial) para sanar irregularidades e violações traba- Polícia federal
do trabalho lhistas. (PF)
· Solicitam à Justiça indenizações aos trabalhadores
por dano moral individual.

( )
· Averiguam as condições trabalhistas nas proprie-
dades e empresas denunciadas.
· Lavram autos de infração em casos de irregulari-
( )
(b) dades.
Ministério
Procuradores do · Suspendem a atividade laboral se confirmadas
Público
trabalho graves violações trabalhistas.
Federal (MPF)
· Garantem o acesso a verbas rescisórias aos resga-
tados.
· Garantem o acesso a três parcelas do seguro-de-
semprego aos resgatados.

32
( )
· Ingressam com ações penais na Justiça Federal
para a responsabilização criminal dos empregado- ( )
res. Ministério do
(c)
· Podem solicitar à Justiça indenizações aos traba- Trabalho
Policiais federais
lhadores por dano moral individual. e Emprego
· E stabelecem Termos de Ajustamento de Conduta (MTE)
(TACs) com os empregadores (medida extrajudicial)
para sanar irregularidades e violações trabalhistas.

( )
· Pleiteiam medidas judiciais urgentes, como a soli-
citação de bloqueio de bens dos acusados caso se
neguem a pagar os direitos trabalhistas, reforçan-
do a atuação da auditoria fiscal do trabalho.
( )
(d) · E stabelecem Termos de Ajustamento de Conduta
Defensoria
Procuradores (TACs) com os empregadores (medida extrajudicial)
Pública
da república para sanar irregularidades e violações trabalhistas.
da União (DPU)
· Ingressam com ações civis públicas (ACPs) na
Justiça do Trabalho para a responsabilização traba-
lhista dos empregadores.
·P  odem solicitar à Justiça indenizações aos traba-
lhadores por dano moral individual.

( )
·R  ealizam a segurança da equipe do GEFM.
· Apreendem armas e efetuam prisões quando há
(e) ( )
flagrantes de crimes.
Defensores Ministério
· Investigam crimes – como aliciamento, redução de
públicos Público do
trabalhadores à condição análoga à de escravo, tortu-
federais Trabalho (MPT)
ra, exploração sexual agressão – e preparam provas.
· Abrem inquéritos que embasam as ações penais
na Justiça Federal.

CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (6/8):


FISCALIZAÇÃO

A denúncia é o principal mecanismo pelo qual


uma situação de trabalho escravo é identificada. Mui-
tas vezes, o trabalhador consegue fugir da situação de
exploração, colocando a sua vida em risco. Quando
tem sucesso em sua empreitada, recorre às autoridades
para denunciar a violação que sofreu. O trabalho es-
cravo também pode ser identificado pelos órgãos e en-
tidades que atendem comunidades vulneráveis, como
unidades de assistência social, educação e saúde, além
da sociedade civil. Isso acontece em situações em que
os próprios trabalhadores têm dificuldades em perce-
ber que estão sendo vítimas de exploração laboral.
33
CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (7/8):
RESGATE E DIREITOS TRABALHISTAS

Quando a fiscalização flagra situações de trabalho


escravo, ela realiza o resgate dos trabalhadores. Os em-
pregadores são autuados e recebem multas por cada ir-
regularidade encontrada. Os auditores fiscais do trabalho
realizam os cálculos para que os trabalhadores recebam
todos os seus direitos trabalhistas: salários, férias e 13º sa-
lário. Os fiscais só deixam o local quando o patrão final-
mente paga aos trabalhadores os seus direitos e garante o
retorno deles para casa, caso o recrutamento tenha sido
feito em outro município e se o trabalhador assim desejar.
Com a finalização desse processo, diz-se que os traba-
lhadores foram libertados. Eles são cadastrados para receber o benefício do seguro-de-
semprego, que se refere a um salário mínimo, por parte do Estado, durante três meses.

Fluxo nacional de atendimento às vítimas do trabalho escravo


O filme detalha as etapas do Fluxo Nacional de Atendimento às
Vítimas do Trabalho Escravo, que define os papéis e responsabi-
lidades de cada um dos atores envolvidos na política pública de
combate ao trabalho escravo, padroniza o atendimento às víti-
mas resgatadas e assegura o apoio especializado e humanizado,
garantindo seu encaminhamento às políticas e serviços públicos pertinentes.

Produção: Organização Internacional do Trabalho |


Ano: 2022 | Duração: 6 min

Acesse: http://bit.ly/3FLr2FZ

CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (8/8):


LINHAS DE AÇÃO NA ERRADICAÇÃO
DO TRABALHO ESCRAVO

Apesar de fundamental, a repressão ao


trabalho escravo não é suficiente para erradi-
car o problema. É preciso garantir a adoção de
políticas públicas de prevenção e assistência
às vítimas para reverter a situação de pobre-
za e de vulnerabilidade que corroboram para
que trabalhadores sejam explorados. A política
pública de erradicação do trabalho escravo no
Brasil é norteada pelas ações estipuladas no 2º
Plano Nacional para Erradicação do Trabalho
Escravo. As metas estabelecidas têm como res-
ponsáveis órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de entidades
da sociedade civil e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
34
5.3. O CICLO DO TRABALHO
ESCRAVO CONTEMPORÂNEO

35
5.4. REDE DE APOIO AOS TRABALHADORES
Existe no Brasil uma rede de órgãos e entidades dedicados ao combate do
trabalho escravo e à assistência às vítimas. No quadro a seguir, apresentamos
uma relação do contato dos principais atores com atuação no Mato Grosso.

ÓRGÃO/
UNIDADE ENDEREÇO CONTATO
ENTIDADE

Rua Amambaí, 160,


Telefone: (65) 3054-3068
bairro Alvorada –
Cuiabá E-mail:
Cuiabá/MT
cptmt10@gmail.com
CEP 78048-465

Comissão Rua Dom Francisco


Telefone: (65) 98106-0741
Pastoral da Dalla Vale, 187,
Juína E-mail:
Terra módulo 3 – Juína/MT
cptnoroestemt@gmail.com
CEP 78320-000

Av. JK, 226 – bairro


Porto Alegre Tapirapé – Porto Alegre
Telefone: (65) 8136-0924
do Norte do Norte/MT
CEP 78655-000

Telefone: (65) 3616-4800


Superintendência
Rua São Joaquim, 345, Atendimento: de
Regional do
Porto – Cuiabá/MT segunda a sexta-feira,
Trabalho e Emprego
CEP 78.020-904 das 8h às 12h e das 13h
em Mato Grosso
às 17h

Avenida Dom Telefone: (66) 3426-3663


Gerência Regional
Aquino, 407, Bairro Atendimento: de
do Trabalho e
Jd. Guanabara, segunda a sexta-feira,
Emprego em
Rondonópolis/MT das 7h às 11h e das 13h
Rondonópolis
CEP 78.710-150 às 17h

Telefone: (66) 3401-1320


Rua Pires de Campos,
Ministério do Agência Regional Atendimento: de
525, Barra do Garças/
Trabalho e em Barra do segunda a sexta-feira,
MT
Emprego Graças das 7h às 11h e das 13h
CEP: 78.600-000
às 17h

Telefone: (65) 3223-1392


Rua 04, Lote 22, Qd. Atendimento: de
Agência Regional
04 – COC, Cáceres/MT segunda a sexta-feira,
em Cáceres
CEP: 78.200-000 das 7h às 11h e das 13h
às 17h

Telefone: (66) 3419-3481


Rua Maceió, nº 658,
Atendimento: de
Agência Regional Centro (CIACE), Campo
segunda a sexta-feira,
em Campo Verde Verde/MT
das 7h às 11h e das 13h
CEP: 78.840-000
às 17h
36
Telefone: (66) 3531-5021
Avenida dos
Ministério do Atendimento: de
Agência Regional Jacarandás, 568, Jd.
Trabalho e segunda a sexta-feira,
em Sinop Jacarandás Sinop/MT
Emprego das 7h às 11h e das 13h
CEP: 78.550-000
às 17h

Rua Arnaldo Lopes


Telefone: (65) 3613-9100
Procuradoria Sussekind, nº 236,
Atendimento de segunda
Regional do Jardim Aclimação -
a sexta-feira, das 8h às
Trabalho de Cuiabá Cuiabá/MT
13h
CEP 78.050-258

Telefone: (66) 3521-7980


Procuradoria Rua Acerola, nº 147,
| (66) 3521-9115
do Trabalho no Setor H - Alta Floresta/
De segunda a sexta-feira
Município de Alta MT
Das 8h às 11h e das 12h
Ministério Floresta CEP: 78.580-000
às 14h
Público do
Trabalho
Telefone: (66) 3421-2032
Procuradoria Rua Dom Aquino, nº
| (66) 3411-8900
do Trabalho no 419, Jd. Guanabara
De segunda a sexta-feira
Município de Rondonópolis/MT
Das 8h às 11h e das 12h
Rondonópolis CEP: 78.710-150
às 14h

Av. das Figueiras, nº Telefone: (66) 3517-3100


Procuradoria
1964, Quadra 12, Lote De segunda a sexta-feira
do Trabalho no
13 - Sinop/MT Das 8h às 11h e das 12h
Município de Sinop
CEP: 78.550-000 às 14h

PARA SABER MAIS

Livro Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao tra-


balho escravo
O capítulo 4 é dedicado à apresentação da política pública de
erradicação do trabalho escravo, que inclui as ações de denún-
cia e fiscalização. Confira os tópicos a seguir:

· A quem denunciar? – pág. 44


· O reconhecimento e a fiscalização do problema –
págs. 132 a 136
· Institucionalização da política –
págs. 136 a 140
· Políticas de repressão – págs. 140 a 143

Acesse: https://bit.ly/415D85b

37
5.5. REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. II Plano Nacional para Erradica-
ção do Trabalho Escravo. Brasília: SEDH, 2008. Disponível em: https://bit.ly/3HVFyu7.
Acesso em: 16 fev. 2022.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Como quebrar o ciclo do trabalho escravo?”. In: Escravo,
nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Repórter
Brasil, 2022.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Idosos submetidos a trabalho análogo ao


de escravo são resgatados em zona rural de Juína (MT). MPT, 08/03/2021. Disponível
em: https://bit.ly/3WgU3QW. Acesso em: 17 mai. 2023.

38
6 Tráfico de pessoas
Questão provocadora
Todo trabalhador em situação de trabalho escravo foi traficado?

Resumo
O tráfico de pessoas transforma a vítima em objeto para compra e venda no
mercado (ilegal), explorando pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconô-
mica para a geração de lucro. Definido pelo Protocolo de Palermo – tratado da
Organização das Nações Unidas (ONU) assinado por diversos países, incluindo
o Brasil –, é um dos crimes transnacionais mais lucrativos do mundo, perdendo
apenas para o tráfico de drogas e de armas. A exploração decorrente do tráfico de
pessoas pode ser de muitos tipos, como o trabalho escravo, a exploração sexual e
a venda de órgãos humanos. Atualmente, os debates sobre tráfico de pessoas abor-
dam também questões relacionadas à migração interna e internacional.

6.1. CASO DE REFERÊNCIA

Grupo Móvel resgata 117 trabalhadores piauienses em fazenda de cana-de-açú-


car em Minas e Goiás
Ministério Público do Trabalho | 21/03/2023. Disponível em: http://bit.ly/3Kg7uv5

O Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo resgatou 212 trabalhadores


em condições análogas às de escravidão que estavam prestando serviços em usi-
nas de álcool e na produção de cana-de-açúcar em municípios de Minas Gerais
e Goiás. Do grupo, 117 trabalhadores eram piauienses que haviam sido trafica-
dos para fins de trabalho escravo nos municípios de Araporã, em Minas Gerais, e
Itumbiara e Edeia, em Goiás.
Os trabalhadores piauienses resgatados eram oriundos dos municípios de Isa-
ías Coelho, Oeiras, Inhuma, União, São Raimundo Nonato, Conceição do Canin-
dé, Regeneração, Francinópolis, Valença, Ipiranga do Piauí, Elesbão Veloso, Novo
Oriente, Aroazes, Teresina, Gilbués, Lagoa do Sítio e Amarante.
O procurador-chefe do MPT no Piauí, Edno Moura, destacou que esse é o
segundo caso de resgate de trabalhadores piauienses em Goiás, apenas esse ano.
Na primeira operação, 78 trabalhadores do Estado estavam entre os traficados.
“Infelizmente, são muitos os piauienses que são traficados para outros estados,
ludibriados com falsas promessas de bons salários, bons alojamentos e boa ali-
mentação, contudo, ao chegarem ao destino, descobrem que foram enganados,
que, além de salários bem abaixo dos prometidos, as condições de trabalho são
absolutamente degradantes. Estamos trabalhando para combater os traficantes e
para conscientizar os trabalhadores dos riscos que essa migração pode conter.
Para o sucesso do nosso trabalho, é fundamental a ajuda de toda a sociedade,
formulando denúncias ao Ministério Público do Trabalho”, frisa. (...)
Além do Piauí, os trabalhadores foram traficados dos estados do Maranhão,
Rio Grande do Norte e Bahia. O auditor fiscal do trabalho, Roberto Mendes, que
coordenou a operação, explica que, ao chegar ao local de trabalho, o grupo foi
39
encaminhado para cerca de 30 barracos. “A maioria desses abrigos eram extrema-
mente precários e não possuíam as mínimas condições para serem usados como
moradias. Alguns deles eram muito velhos, com as paredes sujas e mofadas, go-
teiras nos telhados, e não dispunham de ventilação adequada, sendo que alguns
dos quartos sequer possuíam janelas. O banho era tomado com água fria, que saía
diretamente do cano, mesmo nos dias mais frios e chuvosos”, explica. (...)

6.2. VÍDEO DE REFERÊNCIA

Tráfico de pessoas – Mercado de gente


O vídeo discute o tráfico de pessoas, as finalidades de explo-
ração e os meios para prevenir e combater essa violação dos
direitos humanos.

Produção: Repórter Brasil – Escravo,


nem pensar! | Ano: 2015 | Duração: 4 min

Acesse: https://bit.ly/3zHi8pu

ATIVIDADE PRÁTICA 11
Diagrama do tráfico de pessoas

A definição de tráfico de pessoas é dada pelo Protocolo de Palermo, um acordo


internacional firmado em 2000 e ratificado pelo Brasil em 2004. De acordo com
esse documento, tráfico de pessoas é “o recrutamento, o transporte, a transferência, o
alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a
outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à
situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios
para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para
Diagrama fins de exploração”. Em outras palavras, o tráfico de pessoas é crime e se caracteriza
elaborado de por três elementos: o ato, os meios e a finalidade. Nesta atividade iremos associar os
acordo com
a definição elementos conceituais do Protocolo de Palermo no diagrama a seguir:
sobre tráfico
de pessoas,
que consta
no texto do TRÁFICO DE PESSOAS
Protocolo
de Palermo. Ato... por meio de... com a finalidade de...
Confira
a tabela (o que é feito) (como é feito) (por que é feito)
completa no
Livro Escravo,
nem pensar!
– Educação
para a
prevenção
ao trabalho
escravo;
capítulo 6.
40
PARA SABER MAIS

Livro Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao tra-


balho escravo
No capítulo 6 apresentamos aspectos conceituais sobre o tráfico
de pessoas, bem como um panorama geográfico do problema e
as suas principais finalidades. Há ainda uma seção dedicada aos
mecanismos para o seu enfrentamento. Confira:

· Capítulo 6 – Tráfico de pessoas:


Mercado de gente – págs. 203 a 230

Acesse: https://bit.ly/415D85b

6.3. REFERÊNCIAS
ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Tráfico de pessoas: mercado de gente”. In: Escravo,
nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Re-
pórter Brasil, 2022.

ESCRAVO, NEM PENSAR! “Tráfico de pessoas – Mercado de gente (2ª edição


ampliada)”. Repórter Brasil, 15 jul. 2019. Disponível em: http://bit.ly/3nQSSuw.
Acesso em: 30 mar. 2023.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Grupo Móvel resgata 117 trabalhadores


piauienses em fazenda de cana-de-açúcar em Minas e Goiás. MPT-PI, 21/03/2023.
Disponível em: http://bit.ly/3Kg7uv5. Acesso em: 22 mar. 2023.

TRÁFICO de pessoas – Mercado de gente. Publicado por Escravo, nem pensar!


[s.l.], 2015. 1 vídeo (3min44s). Disponível em: https://bit.ly/3zHi8pu. Acesso em:
20 mar. 2023.

41
7 Meia infância: o trabalho infantil
no Brasil de hoje
Questão provocadora
Trabalho infantil é sinônimo de trabalho escravo?

Resumo
Nesta seção, apresentamos o problema do trabalho infantil a partir da sua defi-
nição conceitual, destacando que essa violação priva milhares de crianças e jovens
de acesso a direitos como educação e desenvolvimento pleno e saudável dos seus
aspectos psicológicos e físicos. Uma das grandes dificuldades para a erradicação
dessa prática é a sua naturalização por muitos grupos da sociedade. O enfrenta-
mento ao trabalho infantil, assim, passa pela reversão da situação de vulnerabili-
dade social das famílias e pela difusão de informações sobre o tema, combatendo
mitos que reiteram a ideia de que a inserção precoce e informal de jovens no mer-
cado de trabalho é algo benéfico. Apesar de o trabalho infantil ser frequentemente
confundido com trabalho escravo, mostraremos que são fenômenos distintos que
podem ter pontos de intersecção, já que trabalhadores escravizados, geralmente,
começaram a trabalhar muito cedo.

7.1. CASO DE REFERÊNCIA


Sem escola, sem recreio, sem futuro
Repórter Brasil | 22/03/21. Disponível em: http://bit.ly/3m9Zx2v

Excluídos do ensino remoto, crianças e adolescentes de todas as regiões brasi-


leiras foram empurrados para o trabalho ou aumentaram a jornada durante a pan-
demia do coronavírus

O ano é 2020: três irmãos, de 12, 13 e 14 anos pediam dinheiro nos arredores
de um shopping em São Luís, no Maranhão. No Sul do Brasil, em Barra do Ribeiro
(RS), um menino de 14 anos aumentou a jornada na roça do pai e dos vizinhos. Em
um engenho de cana no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, um garoto de 13
anos teve a mão amputada ao sofrer um acidente operando máquina. Também na
zona rural, agora do Centro-Oeste, 14 adolescentes estavam sendo escravizados no
campo. Na outra ponta do país, ao Norte, uma criança de 10 anos limpava a casa
dos patrões da mãe, faxineira no Amapá.
Quando os portões das escolas se fecharam, em março de 2020, para proteger
a população do coronavírus, as portas da miséria, da vulnerabilidade e de outras
violências se escancararam para crianças e adolescentes por todo o Brasil. Excluí-
dos do ensino remoto, muitos foram empurrados para o perigoso mundo do traba-
lho infantil.
[…] Os especialistas são unânimes em dizer que o trabalho infantil foi amplia-
do durante a crise sanitária e econômica causada pela pandemia. O fechamento
das escolas, por conta do isolamento social, agrava o quadro.

42
No primeiro semestre de 2020, o Disque 100 (Direitos Humanos) recebeu, em
média, 10 denúncias por dia referentes à exploração da mão de obra infantil. O
dado inédito, obtido pela reportagem via Lei de Acesso à Informação, aponta que
em todo o país foram 1.859 registros em seis meses.
[...] Entre as crianças que a reportagem encontrou, várias foram forçadas ao
trabalho por conta dessa maior vulnerabilidade fora da escola.
[...] No primeiro ano de pandemia, em três operações de resgate no Mato Gros-
so do Sul tinham menores de idade – o que surpreendeu o auditor fiscal do trabalho
Antônio Parron. “Fazia muito tempo [desde 2003] que eu não via tanto menino
assim em serviço pesado”, afirmou ele, que está nessa função há 25 anos.
Oito adolescentes foram escravizados no município de Nioaque. Em Porto Mur-
tinho, dois indígenas de 14 e 15 anos foram resgatados fazendo limpeza de pasto
com uso de agrotóxico. Estavam em condições semelhantes à escravidão havia dois
meses, alojados em barracos de lona, sem banheiro, no meio do mato.
[...] A equipe do Lição de Casa descobriu o exemplo extremo de Antônio*, de
13 anos, que perdeu uma mão por causa da exploração infantil em um engenho,
mas também investigou histórias muitas vezes já normalizadas, como a de Rafaela*,
que aos 10 anos seguia por caminho semelhante ao de sua mãe, já aprendendo o
trabalho de doméstica. [...]

7.2. VÍDEO DE REFERÊNCIA

Meia infância: o trabalho infantil no Brasil hoje


Sinopse: O trabalho infantil é uma violação de diretos de crian-
ças e adolescentes que compromete o desenvolvimento inte-
gral de meninos e meninas no mundo todo. Neste vídeo, você
entende o que é trabalho infantil, como e por que ele acontece,
quais suas piores formas e como combatê-lo.

Produção: Repórter Brasil – Escravo, nem pensar! | Ano: 2015 |


Duração: 5 min 36s

Acesse: https://bit.ly/3KNeLEd

ATIVIDADE PRÁTICA 12
Diagnóstico local
a) Em seu bairro é comum ver crianças e adolescentes trabalhando? De qual
faixa etária?
b) E xistem mais meninos ou meninas trabalhando?
c) E m quais atividades eles/elas costumam trabalhar?
d) H
 á alguma relação entre migração local e o trabalho infantil?
e) C
 omo o trabalho prejudica o rendimento escolar de crianças e adolescentes?
43
ATIVIDADE PRÁTICA 13
Conceito de trabalho infantil

O trabalho infantil é toda forma de trabalho, remunerado ou não, exercido


por crianças e adolescentes abaixo da idade mínima legal permitida para entrar
no mercado, de acordo com a legislação de cada país. Preencha as lacunas no
exercício a seguir:

a) O
 trabalho é proibido no Brasil para qualquer pessoa abaixo dos _____ anos.
b) Adolescentes podem se dedicar a uma atividade laboral somente na condição
de ________________ a partir dos _____ anos.
c) Trabalhos noturnos, perigosos e insalubres são proibidos até os _____ anos, res-
peitando, assim, a “Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP)”, na
forma do Anexo do Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008.

PARA SABER MAIS

Livro Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao tra-


balho escravo
O capítulo 7 apresenta o que é trabalho infantil, quais os princi-
pais mitos envolvendo essa violação de direitos e como comba-
tê-lo. Confira:

· Capítulo 7 – Trabalho infantil –


págs. 233 a 260

Acesse: https://bit.ly/415D85b

44
7.3. REFERÊNCIAS
ESCRAVO, NEM PENSAR! Meia infância – O trabalho infanto-juvenil no Brasil
hoje. Repórter Brasil, 25 abr. 2022. Disponível em: http://bit.ly/3zA8EfI. Acesso
em: 30 mar. 2023.

ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Trabalho infantil”. In: Escravo, nem pensar! – Educa-
ção para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Repórter Brasil, 2022.

MEIA infância: o trabalho infantil no Brasil hoje. Publicado por Escravo, nem pen-
sar! [s.l.], 2015. 1 vídeo (5min36s). Disponível em: https://bit.ly/3KNeLEd. Acesso
em: 17 mai. 2023.

SUAREZ, J.; MUZZI, L. Sem escola, sem recreio, sem futuro. Repórter Brasil,
22/03/2021. Disponível em: http://bit.ly/3m9Zx2v. Acesso em: 22 mar. 2023.

45
ANOTAÇÕES
Sobre o ENP!
Coordenado pela ONG Repórter Brasil, o programa Escravo, nem
pensar! (ENP!) é o primeiro programa educacional de combate ao
trabalho escravo a atuar em âmbito nacional. Desde 2004, previ-
ne comunidades socioeconomicamente vulneráveis de violações de
direitos humanos, como o trabalho escravo e o tráfico de pessoas.
Seus projetos já alcançaram 608 municípios em 12 estados brasilei-
ros e beneficiaram mais de 1,5 milhão de pessoas. O programa foi
incluído nominalmente na segunda edição do Plano Nacional para
a Erradicação do Trabalho Escravo e contempla metas ou ações de
prevenção ao trabalho escravo dos planos estaduais da Bahia, Mara-
nhão, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Tocantins.

Sobre a Repórter Brasil


A Repórter Brasil, fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais
e educadores, é reconhecida como uma das principais fontes de in-
formação sobre trabalho escravo no país. O seu objetivo é estimular
a reflexão e a ação sobre as violações aos direitos fundamentais dos
povos e trabalhadores do campo no Brasil. Suas reportagens, investi-
gações jornalísticas, pesquisas e metodologias têm sido usadas como
instrumentos por lideranças do poder público, da sociedade civil e
do setor empresarial em iniciativas de combate ao trabalho escravo
contemporâneo, que afeta milhares de brasileiros.
Realização

Parceria Apoio

Fundo Estadual Rua Amália de Noronha, 151


de Erradicação do São Paulo - SP
Trabalho Escravo CEP 05410-010
do Mato Grosso Tel: (11) 2506-6570
escravonempensar@reporterbrasil.org.br
www.escravonempensar.org.br

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