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- 2023 -
1
Expediente
Repórter Brasil – Organização de Comunicação e Projetos Sociais
Presidente: Leonardo Sakamoto
Diretoria: Claudia Carmello Cruz, Lúcia Ramos Monteiro, Carolina Falcão Motoki,
Maurício Eraclito Monteiro Filho, Daniela de Carvalho Matielo
Conselho fiscal: Beatriz Costa Barbosa, Luiz Guilherme Barreiros Bueno da Silva e
Spensy Kmitta Pimentel
Coordenadores de programas: Carlos Juliano Barros (Jornalismo), Marcel Gomes (Pes-
quisa), Natália Suzuki (Educação)
Departamento administrativo-financeiro: Marta Elizabeth Vieira (coordenadora),
Juliana Furhmann (analista financeira), Neusa Amorim (analista financeira) e Júlio
Cesar Lima (estagiário)
Equipe do programa Escravo, nem pensar!: Natália Suzuki (coordenadora), Rodrigo
Teruel (assessor de projeto), Tatiana Chang Waldman (analista de projeto), Vitor Ca-
margo de Melo (analista de projeto), Lúcia Nascimento (analista de comunicação) e
Fernanda Banyan (assistente de projeto)
Caderno do educador – Escravo, nem pensar! em Mato Grosso
(MT) – Formação para a rede de educação – 2023
Conteúdo: Equipe do programa Escravo, nem pensar!
Projeto gráfico: Marcela Weigert | Diagramação: Luiza Poli
Realização: Repórter Brasil e Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso
Apoio: Fundo de Erradicação do Trabalho Escravo do Mato Grosso
Parceria: Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (COETRAE-MT)
www.reporterbrasil.org.br | www.escravonempensar.org.br
@reporterbrasil | /ONGReporterBrasil | /escravonempensar
CADERNO DO EDUCADOR
Escravo, nem pensar! em Mato Grosso
(MT) – Formação para a rede de educação
- 2023 -
4
Carta ao educador(a)
Prezado(a),
Nós, do programa Escravo, nem pensar! (ENP!), consideramos que um dos meios
mais eficazes para erradicar sérias violações de direitos humanos – como o tra-
balho escravo – é a educação, devido ao seu papel transformador e libertador.
Na última década, pudemos testemunhar a ocorrência de trabalho escravo em
diversas regiões do país. No entanto, também constatamos que, em lugares onde
foi possível desenvolver ações de educação para tratarmos desse tema, as co-
munidades se tornaram mais mobilizadas contra a exploração de trabalhadores,
organizando medidas de resistência, e mais atuantes, denunciando o crime às
autoridades competentes e dando visibilidade a um problema que, muitas vezes,
é naturalizado.
Este caderno foi preparado para subsidiá-lo durante a nossa formação. Nas pági-
nas seguintes, você encontrará o registro das abordagens que faremos nos próxi-
mos dias e as referências necessárias para as suas atividades relacionadas a esse
projeto, que serão realizadas quando retornar ao seu trabalho cotidiano.
Desejamos a todos nós uma excelente formação e grande êxito nas nossas próxi-
mas ações! Estejamos sempre juntos, compartilhando experiências e superando
desafios.
Grande abraço,
Equipe do programa Escravo, nem pensar!
5
Sumário
2 EXPEDIENTE
12 2. MIGRAÇÃO
12 2.1. Introdução às migrações
14 2.2. Migração forçada: entre o desejo e a necessidade
18 2.3. Referências
19 3. ALICIAMENTO
19 3.1. Caso de referência
20 3.2. Vídeo de referência
21 3.3. Referências
6
39 6. TRÁFICO DE PESSOAS
39 6.1. Caso de referência
40 6.2. Vídeo de referência
41 6.3. Referências
7
1 Projeto Escravo, nem pensar!
em Mato Grosso – Formação para
a rede de educação 2023
Nesse contexto, a Repórter Brasil, por meio do seu programa educacional Es-
cravo, nem pensar!, propõe a realização de ações de educação voltadas à preven-
ção do trabalho escravo, como essa de formação de gestores públicos do sistema
educacional do estado do Mato Grosso.
1.4. VIGÊNCIA
O prazo de vigência do projeto é entre maio de 2023 e janeiro de 2024.
1.5. METODOLOGIA
A metodologia do projeto é dedicada à formação dos profissionais de educa-
ção (gestores e técnicos de formação e gestão pedagógica das DREs), para que se
tornem agentes multiplicadores sobre o tema do trabalho escravo na rede pública
de ensino. O intuito é fazer com que o conteúdo seja disseminado no sistema
de educação estadual, alcançando outros educadores para, então, envolver os
alunos. Os estudantes, por sua vez, são transformados em vetores de informação
sobre o tema da prevenção ao trabalho escravo, proliferando os conhecimentos
com parentes e a comunidade em geral.
9
As atividades do programa Escravo, nem pensar! são realizadas em módulos
e sempre têm como objetivo a formação de multiplicadores. O trabalha começa
com a formação dos gestores e técnicos das Diretorias Regionais de Educação
(DREs), vinculadas à Secretaria de Estado de Educação do governo local (Seduc/
MT). Após formados, os gestores dessas diretorias são incentivados a compartilhar
os conhecimentos com os coordenadores pedagógicos e diretores das escolas
que, por sua vez, na terceira etapa do projeto, realizam atividades com o corpo
docente. Essas primeiras formações são a base para que, na sequência, os profes-
sores realizem atividades com alunos e toda a comunidade extraescolar sobre os
assuntos relacionados ao trabalho escravo e à prevenção a esse crime, objetivo
principal do projeto.O organograma a seguir ilustra esse processo:
Organograma do projeto
enp! enp!
enp!
Diretorias Regionais de Educação (DREs)
enp! enp!
ESCOLAS ESCOLAS
enp! enp!
Alunos Alunos
enp!
Comunidade
Fluxograma do projeto
Sistematização
e divulgação
enp! enp! enp! de resultados
Implementação Multiplicação para Atividades pedagógicas
na rede de educadores das com estudantes e a
ensino escolas comunidade
10
Os encontros presenciais e os acompanhamentos pedagógicos contarão com
a participação de representantes de organizações da sociedade civil e de órgãos
do poder público envolvidos com o combate ao trabalho escravo.
Em cada capítulo consta ainda o enunciado das atividades práticas que serão
realizadas no decorrer da formação. O objetivo dessas atividades é contribuir
para fortalecer o entendimento dos temas abordados. A ideia é que sejam repro-
duzidas pelas DREs na etapa de multiplicação do projeto às escolas.
Por fim, ao final de cada bloco há uma seção intitulada “Para saber mais”, em
que trazemos referências detalhadas sobre os assuntos discutidos, presentes no
livro didático Escravo, nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho es-
cravo. Principal publicação do Escravo, nem pensar!, este livro é utilizado em to-
das as nossas ações formativas e aborda o que é trabalho escravo contemporâneo,
suas reverberações no Brasil e as práticas possíveis para erradicá-lo. Seu conteúdo
é baseado na metodologia pedagógica do programa e na produção especializada
das áreas de educação, jornalismo e pesquisa da Repórter Brasil.
11
2 Migração
Questão provocadora
Quem (não) é migrante?
Resumo
As migrações fazem parte da história da humanidade. Graças a esse fenô-
meno, muitos povos e países se constituíram pela miscigenação de etnias e pela
fusão de culturas. A migração é um direito humano, afinal todo indivíduo deve ter
a possibilidade de escolher seus caminhos e destinos. Neste bloco, discutiremos
o aspecto conceitual da migração; suas causas e tipos; fluxos migratórios atuais
no Brasil, principalmente no Mato Grosso; sua relação com o mundo do trabalho
e os marcos legais vigentes relacionados à questão.
ATIVIDADE PRÁTICA 1
Entrevista com um(a) migrante
Questões orientadoras
a) Quem é o(a) migrante em questão?
b) Migração interna ( ) Migração internacional ( )
c) Local de origem:
d) Local de destino:
e) Ano/década da migração:
f) Qual meio de transporte foi utilizado no deslocamento?
g) Quais foram os motivos da migração?
12
i) Como era a realidade no local de destino? Era do jeito que a pessoa esperava?
j)
Quais as diferenças entre os dois lugares com relação à linguagem, à alimenta-
ção e a outras questões culturais?
ATIVIDADE PRÁTICA 2
Fatores de deslocamento
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2.2. MIGRAÇÃO FORÇADA: ENTRE O DESEJO E
A NECESSIDADE
ATIVIDADE PRÁTICA 3
A Violeira
A Violeira
Tom Jobim e Chico Buarque
ATIVIDADE PRÁTICA 4
Construção do trabalhador-personagem
a) Nome:
b) Idade:
c) Estado civil:
d) Município de origem:
e) Origem: ( ) Campo ( ) Cidade
f) Escolaridade:
g) Fator de deslocamento:
h) Lazer:
i) Sonho:
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2.2.1. Vídeo de referência
Migrantes
O Documentário retrata as condições de trabalho e o
cotidiano dos trabalhadores da região Nordeste nos ca-
naviais das modernas usinas paulistas, destacando os
motivos que os levam a migrarem de suas terras para
submeterem-se a um trabalho árduo, penoso e arriscado
no corte da cana.
Acesse: https://bit.ly/3Ls7pGN
ATIVIDADE PRÁTICA 5
O migrante entre o determinismo e o protagonismo
Retirantes
– Cândido
Portinari
(1944)
b) Qual a mensagem transmitida e quais são os recursos visuais utilizados para compô-la?
16
c) O
autor fez do quadro uma denúncia para a sociedade de sua época. Você
acredita que a mensagem ainda é representativa da realidade atualmente?
Acesse: https://bit.ly/415D85b
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3 Aliciamento
Questão provocadora
Como o trabalhador cai no trabalho escravo?
Resumo
O objetivo desta seção é destacar a prática de aliciamento, um crime relaciona-
do ao recrutamento de trabalhadores, e suas modalidades (interno e internacional).
Essa prática estimula a migração do trabalhador mediante uma proposta – muitas
vezes enganosa – de emprego. O aliciamento é o elo entre a situação de precarie-
dade do trabalhador em seu local de origem ou o desejo de melhoria de vida e a
sua exploração no local de destino. Também é componente do tráfico de pessoas,
processo mais amplo que abarca o trabalho escravo e que será abordado adiante.
Sem trabalho
Acesse: https://bit.ly/3Ft35Du
ATIVIDADE PRÁTICA 6
Dramatização do aliciamento
Vinheta
“E atenção, atenção, amigos ouvintes, para este anúncio importante: estamos
precisando de trabalhadores para trabalhar em fazendas e na construção de pré-
dios. O trabalho é bom, o salário também, e o patrão ainda deixa adiantamento
com a família. Os homens que estiverem desocupados e interessados devem vir
aqui à rádio Liberdade e procurar o Josué. É trabalho garantido.”
20
c) O trabalhador questionaria o Josué sobre quais informações acerca do emprego?
d) Por sua vez, o que Josué proporia ao trabalhador?
Acesse: https://bit.ly/415D85b
3.3. REFERÊNCIAS
APRISIONADOS por promessas. Publicado por Filosofando Ciências humanas em
debate [s.l.], 2016. 1 vídeo (16min30s). Disponível em: https://bit.ly/3Ls7pGN.
Acesso em: 20 mar. 2023
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4 Trabalho escravo contemporâneo
Questão provocadora
Toda forma de exploração do trabalho configura trabalho escravo?
Resumo
Este é o principal bloco da formação: vamos definir o que é trabalho escravo
contemporâneo. Para isso, são apresentadas as características desse tipo de explo-
ração, exemplificadas a partir de casos reais. O artigo 149 do Código Penal deve
ser usado para dar respaldo legal à definição do que é trabalho escravo e ressaltar
sua condição de prática criminosa. Dessa forma, enfatiza-se a diferenciação entre
trabalho escravo e irregularidades trabalhistas. O problema é apresentado a partir
de dados nacionais, mas também será contextualizado de acordo com a realidade
do Mato Grosso. Por fim, destacamos os principais dados decorrentes de fiscali-
zações de trabalho escravo.
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Em Feliz Natal, o alojamento dos trabalhadores apresentava fiação exposta e
também era usado para o armazenamento de agrotóxicos e óleos lubrificantes. O
local, construído de madeira, foi interditado pela fiscalização e os funcionários
transferidos para uma casa na zona urbana do município.
(....) Em Itaúba, por exemplo, um dos trabalhadores relatou uma jornada de
trabalho de mais de 15 horas diárias. “Além da extensão das jornadas diárias e
da penosidade do trabalho exercido, também foi verificado que não eram con-
cedidas folgas a cada sete dias de trabalho e, ainda, que os dias não trabalhados
deixavam de ser remunerados pelo empregador, mesmo quando o afastamento se
dava por razões de saúde”, destaca o MPT.
Acesse: http://bit.ly/3LEo3D1
ATIVIDADE PRÁTICA 7
Os elementos do trabalho escravo contemporâneo
Acesse: http://bit.ly/3lzljwc
23
ATIVIDADE PRÁTICA 8
Diagrama do trabalho escravo contemporâneo
O trabalho escravo é uma grave violação dos direitos humanos, porque fere
dois direitos fundamentais e inegociáveis do indivíduo: a liberdade e a dignidade.
De acordo com a seleção dos elementos identificados no exercício anterior, clas-
sifique-os no diagrama a seguir:
TRABALHO ESCRAVO
·A
lojamento precário ·R
etenção de salário
·P
éssima alimentação · Isolamento geográfico e cultural
ATIVIDADE PRÁTICA 9
Escravidão colonial e imperial versus trabalho escravo
contemporâneo
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ESCRAVIDÃO COLONIAL TRABALHO ESCRAVO
CARACTERÍSTICAS
E IMPERIAL CONTEMPORÂNEO
( ) Alto ( ) Alto
Custo de mão de obra
( ) Muito baixo ( ) Muito baixo
Ameaças, violência
psicológica, coerção
Manutenção da ordem física, punições
exemplares e até
assassinatos
Acesse: https://bit.ly/3naYQGb
25
4.3. RAIO-X DO TRABALHO ESCRAVO EM
MATO GROSSO1
5 o:
Tapurah
7o: Comodoro
(240)
(194)
4o: Campos de
Júlio (284)
8o: Guiratinga
(193)
2o: Poconé
(421) 10o: Itiquira
(144)
Total: 6.223
Total: 229
27
Ranking dos dez principais municípios mato-grossenses por residência dos traba-
lhadores resgatados no Brasil – 2003 a 2022
Acesse: https://bit.ly/415D85b
28
CICLO DO TRABALHO ESCRAVO
(4/8): TRABALHO ESCRAVO
4.4. REFERÊNCIAS
A LIGA: trabalho escravo 16.08.2011. Publicado por Pedro Ekman [s.l.], 2011. 1
vídeo (74min29s). Disponível em: http://bit.ly/3LEo3D1. Acesso em: 20 mar. 2023.
ESCRAVO, NEM PENSAR!. Amazônia: trabalho escravo + dinâmicas correlatas. São Pau-
lo: Repórter Brasil, 2015. Disponível em https://bit.ly/3t7ekvZ. Acesso em: 22 mar. 2023.
ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Quem é o trabalhador escravizado?”. In: Escravo, nem pen-
sar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Repórter Brasil, 2022.
Resumo
Esta etapa focaliza o momento em que o trabalhador escapa da situação de
exploração e, então, denuncia a condição à qual estava submetido. A partir daí,
a sociedade civil e os órgãos governamentais agem para resgatá-lo e garantir que
ele receba a compensação pela violação sofrida. São vários os atores envolvidos
que, juntos, contribuem para o combate ao trabalho escravo no Brasil. Por isso,
esta seção é dedicada também a detalhar o papel de cada um deles. Posterior-
mente ao flagrante, o empregador que submeteu trabalhadores a trabalho escravo
pode ser responsabilizado nas esferas administrativa, trabalhista e criminal.
5.1. DENÚNCIA
A partir de 2020, as denúncias de trabalho escravo de todo o Brasil passaram a
ser centralizadas no Sistema Ipê, uma plataforma on-line criada pela Secretaria de
Inspeção do Trabalho (SIT), do Ministério do Trabalho e Emprego. Com ele, denún-
cias e casos são encaminhados diretamente à Divisão de Fiscalização para Erradica-
ção do Trabalho Escravo (Detrae), da SIT, que, em seguida, direciona as demandas
às unidades competentes para a averiguação e o resgate de trabalhadores.
Acesse: https://ipe.sit.trabalho.gov.br/#!/
30
CICLO DO TRABALHO ESCRAVO (5/8):
DENÚNCIA À SOCIEDADE CIVIL E AOS
ÓRGÃOS PÚBLICOS
5.2. FISCALIZAÇÃO
31
empregadores também deverão arcar com multas decorrentes da lavratura de
autos de infração.
Diante da gravidade dos fatos, os empregadores firmaram Termo de Ajuste de
Conduta (TAC) com o MPT e assumiram, dentre as várias obrigações de fazer e
não fazer, o compromisso de absterem-se de submeter, direta ou indiretamente,
empregados ou trabalhadores a situação contrárias às disposições de proteção do
trabalho e de sujeitá-los à condição análoga à de escravo.
O acordo estabeleceu multa de R$ 5 mil para cada cláusula descumprida,
devida a cada constatação de irregularidade. Os empregadores ainda se com-
prometeram a pagar indenizações por danos morais individuais e por danos
morais coletivos.
ATIVIDADE PRÁTICA 10
Quem é quem no Grupo Especial de Fiscalização Móvel
( )
· Averiguam as condições trabalhistas nas proprie-
dades e empresas denunciadas.
· Lavram autos de infração em casos de irregulari-
( )
(b) dades.
Ministério
Procuradores do · Suspendem a atividade laboral se confirmadas
Público
trabalho graves violações trabalhistas.
Federal (MPF)
· Garantem o acesso a verbas rescisórias aos resga-
tados.
· Garantem o acesso a três parcelas do seguro-de-
semprego aos resgatados.
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( )
· Ingressam com ações penais na Justiça Federal
para a responsabilização criminal dos empregado- ( )
res. Ministério do
(c)
· Podem solicitar à Justiça indenizações aos traba- Trabalho
Policiais federais
lhadores por dano moral individual. e Emprego
· E stabelecem Termos de Ajustamento de Conduta (MTE)
(TACs) com os empregadores (medida extrajudicial)
para sanar irregularidades e violações trabalhistas.
( )
· Pleiteiam medidas judiciais urgentes, como a soli-
citação de bloqueio de bens dos acusados caso se
neguem a pagar os direitos trabalhistas, reforçan-
do a atuação da auditoria fiscal do trabalho.
( )
(d) · E stabelecem Termos de Ajustamento de Conduta
Defensoria
Procuradores (TACs) com os empregadores (medida extrajudicial)
Pública
da república para sanar irregularidades e violações trabalhistas.
da União (DPU)
· Ingressam com ações civis públicas (ACPs) na
Justiça do Trabalho para a responsabilização traba-
lhista dos empregadores.
·P odem solicitar à Justiça indenizações aos traba-
lhadores por dano moral individual.
( )
·R ealizam a segurança da equipe do GEFM.
· Apreendem armas e efetuam prisões quando há
(e) ( )
flagrantes de crimes.
Defensores Ministério
· Investigam crimes – como aliciamento, redução de
públicos Público do
trabalhadores à condição análoga à de escravo, tortu-
federais Trabalho (MPT)
ra, exploração sexual agressão – e preparam provas.
· Abrem inquéritos que embasam as ações penais
na Justiça Federal.
Acesse: http://bit.ly/3FLr2FZ
35
5.4. REDE DE APOIO AOS TRABALHADORES
Existe no Brasil uma rede de órgãos e entidades dedicados ao combate do
trabalho escravo e à assistência às vítimas. No quadro a seguir, apresentamos
uma relação do contato dos principais atores com atuação no Mato Grosso.
ÓRGÃO/
UNIDADE ENDEREÇO CONTATO
ENTIDADE
Acesse: https://bit.ly/415D85b
37
5.5. REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. II Plano Nacional para Erradica-
ção do Trabalho Escravo. Brasília: SEDH, 2008. Disponível em: https://bit.ly/3HVFyu7.
Acesso em: 16 fev. 2022.
ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Como quebrar o ciclo do trabalho escravo?”. In: Escravo,
nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Repórter
Brasil, 2022.
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6 Tráfico de pessoas
Questão provocadora
Todo trabalhador em situação de trabalho escravo foi traficado?
Resumo
O tráfico de pessoas transforma a vítima em objeto para compra e venda no
mercado (ilegal), explorando pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconô-
mica para a geração de lucro. Definido pelo Protocolo de Palermo – tratado da
Organização das Nações Unidas (ONU) assinado por diversos países, incluindo
o Brasil –, é um dos crimes transnacionais mais lucrativos do mundo, perdendo
apenas para o tráfico de drogas e de armas. A exploração decorrente do tráfico de
pessoas pode ser de muitos tipos, como o trabalho escravo, a exploração sexual e
a venda de órgãos humanos. Atualmente, os debates sobre tráfico de pessoas abor-
dam também questões relacionadas à migração interna e internacional.
Acesse: https://bit.ly/3zHi8pu
ATIVIDADE PRÁTICA 11
Diagrama do tráfico de pessoas
Acesse: https://bit.ly/415D85b
6.3. REFERÊNCIAS
ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Tráfico de pessoas: mercado de gente”. In: Escravo,
nem pensar! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Re-
pórter Brasil, 2022.
41
7 Meia infância: o trabalho infantil
no Brasil de hoje
Questão provocadora
Trabalho infantil é sinônimo de trabalho escravo?
Resumo
Nesta seção, apresentamos o problema do trabalho infantil a partir da sua defi-
nição conceitual, destacando que essa violação priva milhares de crianças e jovens
de acesso a direitos como educação e desenvolvimento pleno e saudável dos seus
aspectos psicológicos e físicos. Uma das grandes dificuldades para a erradicação
dessa prática é a sua naturalização por muitos grupos da sociedade. O enfrenta-
mento ao trabalho infantil, assim, passa pela reversão da situação de vulnerabili-
dade social das famílias e pela difusão de informações sobre o tema, combatendo
mitos que reiteram a ideia de que a inserção precoce e informal de jovens no mer-
cado de trabalho é algo benéfico. Apesar de o trabalho infantil ser frequentemente
confundido com trabalho escravo, mostraremos que são fenômenos distintos que
podem ter pontos de intersecção, já que trabalhadores escravizados, geralmente,
começaram a trabalhar muito cedo.
O ano é 2020: três irmãos, de 12, 13 e 14 anos pediam dinheiro nos arredores
de um shopping em São Luís, no Maranhão. No Sul do Brasil, em Barra do Ribeiro
(RS), um menino de 14 anos aumentou a jornada na roça do pai e dos vizinhos. Em
um engenho de cana no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, um garoto de 13
anos teve a mão amputada ao sofrer um acidente operando máquina. Também na
zona rural, agora do Centro-Oeste, 14 adolescentes estavam sendo escravizados no
campo. Na outra ponta do país, ao Norte, uma criança de 10 anos limpava a casa
dos patrões da mãe, faxineira no Amapá.
Quando os portões das escolas se fecharam, em março de 2020, para proteger
a população do coronavírus, as portas da miséria, da vulnerabilidade e de outras
violências se escancararam para crianças e adolescentes por todo o Brasil. Excluí-
dos do ensino remoto, muitos foram empurrados para o perigoso mundo do traba-
lho infantil.
[…] Os especialistas são unânimes em dizer que o trabalho infantil foi amplia-
do durante a crise sanitária e econômica causada pela pandemia. O fechamento
das escolas, por conta do isolamento social, agrava o quadro.
42
No primeiro semestre de 2020, o Disque 100 (Direitos Humanos) recebeu, em
média, 10 denúncias por dia referentes à exploração da mão de obra infantil. O
dado inédito, obtido pela reportagem via Lei de Acesso à Informação, aponta que
em todo o país foram 1.859 registros em seis meses.
[...] Entre as crianças que a reportagem encontrou, várias foram forçadas ao
trabalho por conta dessa maior vulnerabilidade fora da escola.
[...] No primeiro ano de pandemia, em três operações de resgate no Mato Gros-
so do Sul tinham menores de idade – o que surpreendeu o auditor fiscal do trabalho
Antônio Parron. “Fazia muito tempo [desde 2003] que eu não via tanto menino
assim em serviço pesado”, afirmou ele, que está nessa função há 25 anos.
Oito adolescentes foram escravizados no município de Nioaque. Em Porto Mur-
tinho, dois indígenas de 14 e 15 anos foram resgatados fazendo limpeza de pasto
com uso de agrotóxico. Estavam em condições semelhantes à escravidão havia dois
meses, alojados em barracos de lona, sem banheiro, no meio do mato.
[...] A equipe do Lição de Casa descobriu o exemplo extremo de Antônio*, de
13 anos, que perdeu uma mão por causa da exploração infantil em um engenho,
mas também investigou histórias muitas vezes já normalizadas, como a de Rafaela*,
que aos 10 anos seguia por caminho semelhante ao de sua mãe, já aprendendo o
trabalho de doméstica. [...]
Acesse: https://bit.ly/3KNeLEd
ATIVIDADE PRÁTICA 12
Diagnóstico local
a) Em seu bairro é comum ver crianças e adolescentes trabalhando? De qual
faixa etária?
b) E xistem mais meninos ou meninas trabalhando?
c) E m quais atividades eles/elas costumam trabalhar?
d) H
á alguma relação entre migração local e o trabalho infantil?
e) C
omo o trabalho prejudica o rendimento escolar de crianças e adolescentes?
43
ATIVIDADE PRÁTICA 13
Conceito de trabalho infantil
a) O
trabalho é proibido no Brasil para qualquer pessoa abaixo dos _____ anos.
b) Adolescentes podem se dedicar a uma atividade laboral somente na condição
de ________________ a partir dos _____ anos.
c) Trabalhos noturnos, perigosos e insalubres são proibidos até os _____ anos, res-
peitando, assim, a “Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP)”, na
forma do Anexo do Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008.
Acesse: https://bit.ly/415D85b
44
7.3. REFERÊNCIAS
ESCRAVO, NEM PENSAR! Meia infância – O trabalho infanto-juvenil no Brasil
hoje. Repórter Brasil, 25 abr. 2022. Disponível em: http://bit.ly/3zA8EfI. Acesso
em: 30 mar. 2023.
ESCRAVO, NEM PENSAR!. “Trabalho infantil”. In: Escravo, nem pensar! – Educa-
ção para a prevenção ao trabalho escravo. São Paulo: Repórter Brasil, 2022.
MEIA infância: o trabalho infantil no Brasil hoje. Publicado por Escravo, nem pen-
sar! [s.l.], 2015. 1 vídeo (5min36s). Disponível em: https://bit.ly/3KNeLEd. Acesso
em: 17 mai. 2023.
SUAREZ, J.; MUZZI, L. Sem escola, sem recreio, sem futuro. Repórter Brasil,
22/03/2021. Disponível em: http://bit.ly/3m9Zx2v. Acesso em: 22 mar. 2023.
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ANOTAÇÕES
Sobre o ENP!
Coordenado pela ONG Repórter Brasil, o programa Escravo, nem
pensar! (ENP!) é o primeiro programa educacional de combate ao
trabalho escravo a atuar em âmbito nacional. Desde 2004, previ-
ne comunidades socioeconomicamente vulneráveis de violações de
direitos humanos, como o trabalho escravo e o tráfico de pessoas.
Seus projetos já alcançaram 608 municípios em 12 estados brasilei-
ros e beneficiaram mais de 1,5 milhão de pessoas. O programa foi
incluído nominalmente na segunda edição do Plano Nacional para
a Erradicação do Trabalho Escravo e contempla metas ou ações de
prevenção ao trabalho escravo dos planos estaduais da Bahia, Mara-
nhão, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Tocantins.
Parceria Apoio