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da história da consolidação da sociedade brasileira trouxe, e ainda traz, problemas nos
diversos segmentos sociais. Com isso, construções mal calculadas, produções legislativas
inócuas, administrações públicas caóticas, retrocessos de direitos fundamentais
conquistados, aumento da criminalidade e até perda de investimentos estrangeiros são
exemplos dos efeitos colaterais do subdesenvolvimento educacional brasileiro.
● Repertório estatístico:
Em recente estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial sobre o “êxito dos
países em preparar sua gente para criar valor econômico”, o Brasil apresentou a 83ª
colocação na qualidade da educação, dentre 130 países analisados. Tendo ficado em último
lugar entre países da América Latina, atrás de países como Bolívia, Paraguai, Uruguai e
Argentina, o Brasil possui 35% de seu capital humano subdesenvolvido. Para o Fórum
Mundial, o sucesso econômico a longo prazo de um país passa, necessariamente, pelo seu
capital humano de qualidade. Analisando o desenvolvimento econômico e a qualidade de
vida dos países com melhores índices de capital humano (Finlândia, Noruega, Suíça, Japão e
Suécia), é de se concluir que a educação escolar de qualidade é a base para o
desenvolvimento social e econômico. Isso se deve ao fato de que nestes países há baixíssimos
índices de violência, de criminalidade, de desemprego e de pobreza.
● Repertório estatístico:
Segundo pesquisa do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio),
realizada em 2019 e divulgada pelo IBGE, três a cada cinco adultos nordestinos, com 25 anos
de idade ou mais (cerca de 60,1%), não concluíram o Ensino Médio. Por outro lado, nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste, mais da metade da população com 25 anos de idade ou
mais concluiu o Ensino Médio. A mesma pesquisa também apontou que, no ano de 2019,
aproximadamente 6,6% (11 milhões de pessoas) de toda a população do Brasil estava em
situação de analfabetismo e que mais da metade deste amostral, cerca de 6,2 milhões de
pessoas, vivem na região Nordeste do país. Os principais motivos apontados pelos(as)
alunos(as) ou ex-alunos(as) são: a necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse
(29,2%). Com isso, é clara a falha do Estado no amparo à parte da sociedade mais
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necessitada e na criação, ou até mesmo na manutenção, de escolas públicas de qualidade,
pois, se isso fosse uma realidade, não seria vista uma taxa tão significativa de abandono
escolar, seja por necessidade de trabalho ou por falta de interesse. Além disso, esses dados
também deixam em evidência a diferença da oferta de educação nas diferentes regiões do
país, o que impacta diretamente no futuro emprego do indivíduo. Por conta disso, o
resultado são diferentes taxas de desenvolvimentos nas diferentes regiões brasileiras, com
regiões mais ricas e outras mais pobres.
● Repertório do Direito:
A) “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].” (CF, 1988).
B) “Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” (CF, 1988).
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extremamente lotadas e, assim, uma experiência desagradável tanto para os alunos quanto
para os docentes.
Essa era a situação da maioria das escolas da rede pública, ou seja, não se encontraria
uma situação mais favorável a não ser que houvesse a migração para certas escolas do
ensino privado, que, por serem um negócio como qualquer outro, dão uma prioridade muito
maior aos seus clientes: os alunos. É dito na Constituição brasileira que o ensino de
qualidade e gratuito é um direito de todas as pessoas, porém não é difícil ver, por meio de
ações recentes tomadas pelo governo brasileiro, o quão baixa é a prioridade da educação
pela perspectiva governamental. A um ponto no qual, hoje, por vezes, é necessária a
contratação de serviços privados caso se queira uma educação decente para os cidadãos, o
que é um ultraje e vai diretamente contra o que foi escrito na Carta Magna.
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● Repertório de Arte:
A)
Uma notícia do site do Estadão expõe os problemas das escolas cívico-militares ao
associar esse programa a uma ação de Jair Messias Bolsonaro para agradar a ala militar.
Segundo a matéria, os professores dessas escolas recebem um salário médio bruto de R$
4.040 mil, enquanto os militares de patentes mais altas chegam a receber R$ 7 mil por mês
em adicional. Nesses casos, o bônus de 30% incide sobre a renda bruta, que passa de R$20
mil por mês, e, em muitas escolas, esse salário chega a ser maior que o do diretor.
Os professores militares teriam também a função de desenvolver a imposição de
disciplina e de ensinar valores, o que faria com que os alunos fossem, supostamente, mais
obedientes e focados. Porém, para Priscila Cruz, do movimento “Todos pela Educação”, isso
não se resolve pela imposição da disciplina militar; a indisciplina escolar é, de fato, um
desafio, mas deve ter outra abordagem. Além disso, o programa cívico-militar poderia,
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algumas vezes, ensinar apenas uma versão da história, e não a verdade. O então Ministro da
Educação Abraham Weintraub afirmou, quando o programa foi lançado, em 2020, que o
objetivo deste não era formar cidadãos melhores, e sim “garantir que nossa bandeira verde
e amarela jamais será vermelha”.
Portanto, é possível falar dos problemas das escolas cívico-militares expondo os
fatos de que os militares estão sendo bem pagos para desenvolver trabalhos que não são
essenciais, em escolas que, muitas vezes, não possuem verba para oferecer o mínimo aos
estudantes. Além de, muitas vezes, os professores acabarem sendo parciais ao educar,
devido à pressão feita pelos militares, direcionando os estudantes à ideologia desejada.
B)
O programa jornalístico Outra estação, vinculado à rádio da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), discute, semanalmente, diferentes temas de interesse social,
buscando dados e conversando com pessoas que possam trazer contribuições sobre o
assunto. Além de ser transmitido na rádio da universidade, o Outra estação também está
disponível nas plataformas de streaming em forma de podcast, o que facilita ainda mais a
sua reprodução e a disseminação do conteúdo discutido nos episódios.
No episódio 18 do programa, “Escolas cívico-militares podem melhorar a educação
no Brasil?”, a apresentadora Luana Lima se propõe a explicar o funcionamento do modelo de
ensino, bem como as vantagens e as desvantagens. Logo de início, a host introduz o tema
citando que o recém-aprovado Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (PECIM) é um
projeto da época de campanha do presidente Jair Messias Bolsonaro, forte defensor desse
modelo escolar, e que tem, supostamente, como principal objetivo, resolver problemas de
desempenho nas escolas públicas brasileiras. Diferentemente dos colégios militares, que
possuem tanto o setor pedagógico quanto o setor administrativo gerenciados por militares,
as escolas cívico-militares teriam a gestão compartilhada: a parte administrativa ficando a
cargo dos militares e a parte pedagógica, a cargo de professores civis.
É possível utilizar esse repertório, primeiramente, a partir da reflexão de quanto a
atuação militar na gestão administrativa pode impactar o trabalho pedagógico dos
professores. Nesse sentido, o professor da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, Luciano
Mendes, compreende que o processo de educação de um civil compreende debates e
discussões, o que não cabe na postura de disciplina e na hierarquia militar. Ademais, a
padronização dos cidadãos na escola, contando desde a farda até os cabelos padronizados
para meninos e para meninas, poderia ser prejudicial para o desenvolvimento da identidade
pessoal do estudante, processo que é vivenciado, em partes, na escola.
Um segundo ponto interessante para ser desenvolvido, que é abordado no
programa, é a perspectiva financeira: o Ministério da Educação (MEC) irá destinar 54
milhões de reais às escolas para garantir o funcionamento do programa, o que significa um
milhão de reais para cada instituição. Desses 54 milhões, 28 serão destinados para arcar com
o pagamento dos militares da reserva das Forças Armadas, o que representa mais de 50% do
orçamento total, sendo o restante destinado para realizar melhorias na
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infraestrutura das escolas. É possível utilizar essa informação fazendo uma conexão com o
contra-argumento de que, dentre as justificativas para a implementação desse modelo de
ensino, está a tentativa de reduzir os problemas de indisciplina e de melhorar o
desempenho dos alunos, especialmente em escolas localizadas em áreas de vulnerabilidade
social. Para tal, pode-se afirmar que esse modelo se trata de uma implementação de caráter
muito mais ideológico do que educacional, uma vez que ocorre mais no sentido de difundir a
proposta militarista do que de resolver o problema de defasagem educacional, que é
colocada como um problema de falta de disciplina e de violência, e não como um problema
de falta de infraestrutura nas escolas. Um indicador de que ótimos resultados não vêm,
necessariamente, de estruturas militares, são os Institutos Federais (IFs) e os Centros
Federais de Educação Tecnológica (CEFETs), que contam com boa infraestrutura e com
professores civis bem capacitados, devido aos investimentos que são feitos nessas
instituições. Portanto, é possível contradizer o ponto de que é necessária uma estrutura
militarizada para solucionar os problemas educacionais no Brasil, mas sendo essenciais os
investimentos e a devida valorização nessa área.
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4. Vício digital, dependência tecnológica, nomofobia,
infodemia, FOMO e influenciadores digitais Educação,
ciência e tecnologias digitais
Guilherme Diniz Lan, Hannah Luiza Lemos e Lorrayne Paula Dias Soares
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● Repertório estatístico:
Um estudo realizado pela psicóloga americana Jean Twenge identificou que os jovens
que gastam três horas ou mais nas redes sociais são 35% mais suscetíveis a cometerem
suicídio ou a ficarem deprimidos do que quem passa menos de uma hora. Para aqueles que
passam cinco horas ou mais, a chance sobe para 71%. Neste estudo, evidencia-se que o uso
excessivo do celular e principalmente das redes sociais aumenta, de modo considerável, os
riscos de desenvolver transtornos psicológicos, tais como ansiedade e depressão. O
transtorno conhecido como nomofobia (ou seja, o medo de ficar longe do celular) é comum
em casos de pessoas com vício digital e com dependência tecnológica. Esses transtornos
relacionados à influência digital se tornam cada vez mais comuns, já que mais de 5,22
bilhões de pessoas em todo o mundo utilizam smartphones, o que é equivalente a 66,6% da
população mundial. Nesse sentido, após identificarmos a contemporaneidade desse
fenômeno social, conseguimos mobilizar o repertório ao relacionar as drásticas
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consequências da dependência tecnológica com as suas causas e, a partir disso, fazer o uso
dos dados estatísticos apresentados na pesquisa.
● Repertório de Arte:
Segundo o artigo “Dopamina, smartphones e você: uma batalha pelo seu tempo”, de
Trevor Haynes, pesquisador do Departamento de Neurobiologia da Escola de Medicina de
Harvard, o vício em celulares não está ligado ao aparelho em si, mas aos ambientes de
hipersociabilidade que eles proporcionam. Humanos evoluíram, enquanto espécie, para se
tornarem seres sociáveis e, enquanto um círculo social atual de uma pessoa tende a ter
cerca de 150 indivíduos, as redes sociais nos possibilitam a conexão com mais de 4 bilhões
de pessoas. A dopamina, um neurotransmissor químico produzido pelo cérebro, é liberado
quando atividades prazerosas são realizadas e, dentre elas, estão as interações sociais
bem-sucedidas e os estímulos de “recompensa social”, como rostos sorridentes, o
reconhecimento de um colega e uma mensagem de uma pessoa querida. Os smartphones
nos possibilitam ter esses estímulos sociais, de modo ilimitado, induzindo fortemente o fluxo
de dopamina. Tendo o conhecimento de que essas recompensas serão recebidas
aleatoriamente (notificações que não podem ser previstas, por exemplo) e associando isso
ao baixo nível de esforço ao checar o celular, tem-se nesse caso o desenvolvimento de um
hábito vicioso que é estimulado pelas redes sociais e pelas empresas por meio da relação
entre os gatilhos de recompensa e os mecanismos de liberação de dopamina.
Nota-se a potencialidade de utilizar o artigo “Dopamina, smartphones e você: uma
batalha pelo seu tempo”, em conjunto com os demais repertórios do tema, contrapondo as
causas do vício digital com as suas respectivas consequências.
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5. Negacionismo versus discurso científico: a
importância da valorização e da popularização
da ciência
Educação, ciência e tecnologias digitais
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Diante dos fatos históricos apresentados, é compatível apresentar maneiras de
utilizá-los como repertório produtivo no texto dissertativo-argumentativo padrão ENEM.
Perante a temas que envolvem a ciência, a educação e o negacionismo, o uso desses
repertórios faz-se pertinente como um mecanismo que ilustra cenários nos quais houve
privilégio de crenças e de interesses próprios em detrimento da ciência, constituindo o
caráter negacionista. Além disso, o reconhecimento desses fatos retrata como o descaso com
a ciência é um fenômeno propagado desde a Grécia Antiga, servindo como uma ferramenta
de contextualização na redação.
● Repertório de Arte:
Lançado em 2016, o filme americano Don’t look up, dirigido por Adam McKay, aborda
a questão do negacionismo científico na sociedade atual. Na obra, um grupo de astrônomos
descobre que um meteorito colidirá com a Terra em seis meses, acabando com toda a vida.
Apesar do alerta dos cientistas, diferentes partes da sociedade, como lideranças políticas,
não reconhecem a gravidade ou mesmo a veracidade da situação, haja vista interesses
pessoais imediatos que acabam retardando a tomada de decisão para aplicação de medidas
preventivas.
Fora da ficção, o enredo do filme retrata de forma muito semelhante a gestão de
alguns líderes políticos durante o ápice da pandemia do coronavírus. No Brasil, por exemplo,
o presidente Jair Messias Bolsonaro, por diversas vezes, diminuiu a seriedade da situação,
como nas falas – relembradas pelo site Poder 360 – “É só uma gripezinha" e “Brasileiro pula
em esgoto e não acontece nada”. Além disso, o líder do executivo brasileiro retardou e
inclusive desincentivou a vacinação da população, gerando um maior período de alta
mortalidade e de infecção pelo microorganismo.
Assim, feita a comparação entre o conteúdo fictício e a realidade contemporânea,
percebe-se que a utilização do filme Don’t look up como repertório é justificável, pois retrata
as causas e as consequências da postura negacionista, além de apresentar elementos para
realizar a contextualização do tema. Logo, na redação ENEM, esse repertório poderia vir no
primeiro parágrafo da introdução do texto ou na parte do desenvolvimento, a depender de
sua estruturação.
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de se imunizar ou não, aponta a professora de metodologia científica e pesquisadora do
movimento antivacina, Glícia Salviano Gripp. Além disso, há também o medo dos efeitos
colaterais da vacinação.
A pandemia do coronavírus foi um fator de fortalecimento para ideais negacionistas
que influenciam e fomentam o movimento antivacina. O crescimento desse fenômeno
também pode ser atribuído às teorias conspiratórias e ainda à relação da população com o
governo, uma vez que há uma postura desrespeitosa do presidente em relação à gravidade
do vírus desde o início do período pandêmico no Brasil. Durante um pronunciamento em
cadeia nacional de rádio e de TV, em março de 2020, Jair Messias Bolsonaro declarou que o
coronavírus era apenas uma “gripezinha”, sendo apenas uma de suas muitas falas
negacionistas.
Tendo em vista o crescente apoio por parte dos governantes em relação ao
negacionismo científico, o repertório em análise deixa explícita a importância de um grau
maior de conscientização geral da população e de uma reversão desse fenômeno. Pelo fato
de se tratar de um acontecimento presente, mas de lastro histórico, fica claro que esse
repertório pode ser usado em uma grande abrangência de textos, de temas e de eixos
temáticos.
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6. Dilemas bioéticos do avanço da ciência na
contemporaneidade
Educação, ciência e tecnologias digitais
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fio de cabelo caído, com uma amostra de urina ou com resquícios de pele deixados no
teclado para ler o DNA e comprovar se a pessoa é “geneticamente” apta, ignorando qualquer
outro indicador do contrário.
● Repertório do Direito:
A Síndrome de Down não é uma doença, mas sim um fato genético natural
de ocorrência gestacional durante a divisão das células embrionárias. É uma
alteração no cromossomo 21, quando há o nascimento com o acréscimo de
um terceiro cromossomo 21, sendo o habitual o nascimento com apenas
dois. O cromossomo a mais é o suficiente para alterar o desenvolvimento
do indivíduo, determinando quais características físicas e cognitivas serão
peculiares e distintas daqueles indivíduos que nascem com apenas 2
cromossomos 21. De acordo com as Diretrizes de Atenção à Saúde de
Pessoas com Síndrome de Down (SD), documento elaborado pelo
Ministério da Saúde (MS), o termo “síndrome” significa um conjunto de
sinais e sintomas e “Down” designa o sobrenome do médico e pesquisador
que primeiro descreveu a associação dos sinais característicos da pessoa
com a síndrome, John Langdon Down. Ainda, de acordo com o documento,
estima-se que no Brasil nasça uma criança com Síndrome de Down a cada
600 a 800 nascimentos, independente da etnia, do gênero ou da classe
social. A questão da Síndrome de Down reflete-se na bioética quando, em
pesquisas de casos de nascimentos de indivíduos com a trissomia 21,
percebemos que, em muitos países da Europa, a Síndrome de Down é vista
unicamente como uma gravidez indesejada. Na Islândia, por exemplo, 100%
dos nascituros são abortados quando se descobre a trissomia 21. O que o
país autoriza não é a erradicação da Síndrome de Down, mas sim a
erradicação das pessoas com a síndrome, sendo que, quando
diagnosticados em pré-natal, o aborto pode ser realizado de imediato, já a
questão dos poucos neonatos que nascem com a síndrome, se dá pelo fato
de não ter o médico conseguido diagnosticar a síndrome durante o pré
natal, considerando-se, assim, um bebê de sorte.
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ser utilizado como um repertório de mídia, pois demonstra uma situação polêmica, em
alguns países da Europa, nos quais se permite o aborto de diagnosticados com a Síndrome
de Down durante o pré-natal. O artigo aponta questionamentos sobre o direito ao
nascimento de portadores da síndrome – que não é considerada uma doença, mas que, em
muitos casos, é levada como um fardo para os possíveis pais do portador, que tem seu
direito ao nascimento interrompido durante a gestação –, os quais não apresentam uma
mutação incompatível com a vida. O principal questionamento que permanece é: “O que
vale mais, a possível vida de um portador da Síndrome ou o desgaste e o possível sofrimento
gerado a si mesmo e aos pais por possuir essa condição?”.
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● Repertório estatístico:
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A)
Realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) de 2019 mostra que, atualmente, 6 a cada 10 brasileiros estão
acima do peso, sendo que, entre 2002 e 2003, a porcentagem era de 4 a cada 10. Essa
pesquisa também coletou os dados de jovens entre 15 e 17, que mostraram que 19,4% das
pessoas dessa faixa etária estão com excesso de peso e que 6,7% estão com obesidade. E
esse problema acaba sendo maior em mulheres, com 29,5% das mulheres tendo obesidade
e 21,8% dos homens. Além disso, de acordo com dados do estudo “Epidemia de Obesidade
e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS”, é provável que, em 2030, a prevalência de
excesso de peso possa chegar a 68%.
Posto isso, tais dados podem ser usados em temas que se relacionam aos problemas
de saúde, à superlotação de hospitais e de postos de saúde e, também, à qualidade
nutricional. É importante considerar que o sobrepeso e a obesidade, muitas vezes, estão
ligados ao consumo de alimentos pobres em nutrientes, mas de alto valor calórico e mais
baratos, como ultraprocessados, bem como ao sedentarismo.
B)
A reportagem “Brasil volta ao Mapa da Fome das Nações Unidas”, veiculada pelo G1,
em julho de 2022, relata a situação do Brasil ao se tratar da fome. No período de 2019 a
2021, foi possível perceber o aumento de pessoas que enfrentam a falta crônica de
alimentos, sendo que, entre 2014 e 2016, os números eram de pouco menos de 4 milhões
que estavam em situação de insegurança alimentar grave. Já no período de 2019 a 2021,
esse número subiu para mais de 61 milhões. Um dos fatores que influenciou esse grande
aumento foi a pandemia, que dificultou o acesso à renda de trabalhadores informais e
deixou muitos deles desempregados, juntamente com outros fatores, como a alta inflação
dos alimentos, a desigualdade social e a falta de políticas públicas de inclusão.
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8. A importância do fortalecimento do SUS e o
crescimento do mercado da saúde privada
Saúde
● Repertório do Direito:
Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à
sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao
vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços
sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença,
na invalidez, na viuvez, na velhice ou em outros casos de perda de meios de
subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
Além disso, esse artigo também assinala que “a maternidade e a infância têm direito
à ajuda e à assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio,
gozam da mesma proteção social.”. Mesmo que tudo isso seja direito do cidadão, com a
precarização desses serviços, ele se vê, então, na obrigação de acessar o sistema privado.
● Repertório estatístico:
Em 2019, o Brasil gastou 8% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em saúde, dos quais
4,4% vêm de gastos privados e 3,8% de gastos públicos, segundo dados de 2019 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto isso, nos outros países analisados pelo
IBGE, a média desse percentual foi de 6,5%. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), os governos federais fornecem, em média, 51% dos gastos com saúde de um país,
enquanto 35% das despesas são pagas pelos habitantes. Entre as despesas com saúde, o
maior gasto das famílias brasileiras (66,8%) foi com serviços de saúde privados, como os
planos de saúde, inclusive os pagos pelos empregadores. Portanto, é possível afirmar que,
apesar de o Brasil oferecer um sistema de saúde gratuito, o SUS, ele está sendo precarizado,
e os brasileiros se veem obrigados a adquirir planos de saúde privados para suprir a carência
provocada pelo governo.
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9. As pandemias, as epidemias, as endemias e a
importância da adoção de estratégias coletivas de
saúde
Saúde
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repertório pode ser usado na proposta de intervenção, de modo a sugerir o fortalecimento
dessa característica como um jeito de solucionar o problema de as pessoas não aderirem às
medidas coletivas de saúde.
B)
Segundo a psicóloga Chrissie Ferreira de Carvalho, professora da UFSC,
● Repertório de Arte:
No jogo The Last of Us, após os EUA não conseguirem desenvolver um remédio para
o fungo Cordyceps, o governo perdeu quase completamente o controle sobre as pessoas.
Com isso, as cidades começaram a ser controladas por militares, favorecendo o surgimento
de milícias e fragmentando a sociedade. As pessoas começaram a se dividir em grupos
étnicos, segundo os critérios que julgavam ser os corretos, fazendo com que a opinião
individual se sobrepusesse à coletiva. Esta desunião levou a sociedade ao colapso, fazendo
com que muitas pessoas fossem infectadas ou mortas, o que acabou dificultando a adoção
de uma solução para o problema do fungo, visto que cientistas estavam morrendo por falta
de apoio ou não conseguiam se comunicar, mesmo se descobrissem algo.
Esse repertório pode ser usado para mostrar as consequências de se viver com
comportamentos individualistas em um período de pandemia ou de epidemia, evidenciando
a importância das ações coletivas no seu combate.
● Repertório estatístico:
Estudos realizados pelo Instituto Pólis apontaram uma taxa de mortalidade muito
abaixo da média em uma das comunidades mais populosas de São Paulo: Paraisópolis. Com
uma taxa de mortalidade por Covid-19 de 21,7 pessoas por 100 mil habitantes (menos da
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metade da média municipal, que é de 56,2 pessoas por 100 mil habitantes), Paraisópolis
possui uma densidade demográfica 6 vezes maior e uma renda média 7 vezes menor que o
resto do distrito de Vila Andrade. A região de Paraisópolis possui uma organização
comunitária muito bem estruturada e contou com o apoio de organizações civis para criar
uma política exemplar de enfrentamento à pandemia. O estudo também apontou que estes
foram os fatores principais pelos quais a taxa de mortalidade foi tão baixa. O fato de a
comunidade ser muito populosa, o que aumenta as chances de contaminação, e muito
pobre, o que limita os recursos para o combate à pandemia, mostra que uma população
unida pode sobressair às dificuldades e lutar melhor contra as pandemias e as epidemias.
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● Repertório do Direito:
A)
Há duas situações de morte: a encefálica e a de coração parado. A morte encefálica
ocorre em decorrência da morte do encéfalo (cérebro e tronco encefálico) após algumas
agressões neurológicas, quando as células do cérebro podem morrer e deixam de cumprir as
suas funções, e o quadro torna-se irreversível. Nessa ocasião, os órgãos que podem ser
doados são coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas e intestino, além dos tecidos como
córneas, ossos, pele e válvulas cardíacas. Já na morte por coração parado, somente os
tecidos podem ser doados, como ossos, medula óssea, cordão umbilical, sangue e esperma.
Em vida, os órgãos que podem ser doados são parte de um dos pulmões, parte do fígado e
um dos rins. Por sua vez, a doação entre pessoas vivas é autorizada somente para cônjuge
ou parentes até 4º grau, enquanto as situações especiais devem ser feitas com autorização
judicial.
B)
Durante o processo de doação de órgãos, um único doador pode beneficiar vários
receptores, que são selecionados a partir de uma lista única nacional. Para isso, os
receptores são separados por órgãos, tipos sanguíneos e outras especificações técnicas e
reunidos em uma lista única, que apresenta uma ordem cronológica de inscrição, sendo os
receptores selecionados, nessa ordem, em função da gravidade ou da compatibilidade
sanguínea e genética com o doador. A existência dessa lista única assegura a seriedade e a
transparência de todo o processo. Por questões éticas, não é possível que a família do
doador saiba para quem foi o órgão.
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● Repertório estatístico:
● Repertório de Arte:
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em uma visita de hospital, Willy se mostra desesperado com a possibilidade de tocar em algo
que o pudesse contaminar e também se afasta de Fuzzy por medo de que o relacionamento
o deixasse doente. Logo, o filme pode ser utilizado no texto para demonstrar a necessidade
de conscientização sobre os tratamentos disponíveis para portadores do vírus HIV e sobre as
reais formas de contágio.
● Repertório estatístico:
A)
Em média, uma em cada 25 pessoas no mundo tem pelo menos uma Infecção
Sexualmente Transmissível (IST), de acordo com os números mais recentes, divulgados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), com algumas tendo múltiplas infecções ao mesmo
tempo. A utilização dessa estatística no texto poderia demonstrar como as ISTs já se
propagaram para um grande número de pessoas, evidenciando como é essencial tomar os
cuidados para prevenir novas infecções.
B)
Mais de um milhão de novos casos de quatro Infecções Sexualmente Transmissíveis
(ISTs) surgem todos os dias, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Isso equivale a mais de 376 milhões de novos casos anuais de quatro enfermidades:
clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis. O uso desse repertório no início do texto, por
exemplo, permitiria que o leitor tivesse uma dimensão mais ampla sobre a real situação de
crescimento das ISTs.
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12. Medicalização/patologização excessiva
e automedicação
Saúde
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enquanto produz uma poção polissuco, acabando com o rosto transfigurado em forma de
gato.
Dessa forma, a saga Harry Potter pode ser utilizada na introdução de uma redação,
como repertório, para fazer alusão a casos em que há a ocorrência de automedicação e de
medicação sem orientação médica, comparando-os com situações reais. Ademais, a série de
filmes e de livros também pode ser usada no desenvolvimento da redação, ressaltando as
consequências que tais atos podem causar.
● Repertório estatístico:
Segundo a BBC, no Brasil, cerca de 23 mil pessoas morrem por ano por conta de
superbactérias que são altamente resistentes a antibióticos. Isso acontece porque, ao usar
os antibióticos de forma inadequada e exagerada, provoca-se uma seleção natural das
bactérias mais resistentes a medicamentos. Com o passar dos anos, nota-se que as
superbactérias ficaram ainda mais resistentes e, em alguns anos, os poucos antibióticos que
são utilizados para combatê-las não vão mais surtir efeito.
O dado estatístico descrito anteriormente pode ser utilizado como repertório 36
Em uma matéria intitulada “Atleta quase morre de hepatite após tomar remédio para
emagrecer”, publicada pela BBC em março de 2022, é relatado um caso ocorrido em 2019
com a atleta amadora de basquete Janyne Luna, que teve uma falência hepática aguda um
mês após se automedicar por 20 dias com suplementos para emagrecer. A mulher de 32
anos começou a tomar suplementos à base de plantas, ao conseguir a receita de uma amiga,
para caber no vestido de madrinha que teria que usar e, ao ver que não surtiram efeito,
parou de tomar. Porém, já era muito tarde e, um mês depois, os sintomas de problemas no
fígado, como confusão mental, corpo e olhos amarelados, enjoos e escurecimento da urina,
começaram a se manifestar. Essa situação levou à necessidade de um transplante de fígado,
único tratamento possível, que foi realizado em 2019, 5 dias após ela entrar na lista de
espera. O hepatologista Huygens, que foi médico de Janyne, relata que alguns remédios,
quando tomados em excesso e por tempo prolongado, podem causar hepatite
medicamentosa e que, apesar de ser um quadro raro, não se sabe quais pessoas são mais
suscetíveis a ele, por isso é preciso tomar cuidado com a medicação excessiva e não se
automedicar. A cirurgia realizada trouxe mudanças para vida de Luna, afinal, após um
transplante, é necessário tomar certos cuidados, entre eles controlar a alimentação,
exercitar-se, tomar um medicamento a cada doze horas para evitar que o fígado seja
rejeitado e frequentar o médico com certa regularidade. Logo, a automedicação realizada
pela atleta trouxe problemas permanentes para sua vida.
A utilização desse caso como repertório sociocultural pode ser feita associando-o
diretamente às consequências da automedicação. Dessa forma, é possível colocá-lo no
desenvolvimento do texto para contextualizar como a utilização independente, sem consulta
ao médico, e excessiva de remédios pode gerar problemas ao organismo humano, podendo
mascarar e causar doenças ou até levar à morte.
37
38
● Repertório do Direito:
39
Nesse sentido, o presente repertório poderia ser usado para mostrar que existe uma lei que
proíbe, mesmo que de forma indireta, o greenwashing.
40
14. Agravamento da questão ambiental no Brasil: crise
hídrica, queimadas, desmatamento, desequilíbrios
climáticos
Meio ambiente e sustentabilidade
Fernando Alves de Freitas, Gabriel Lyan Barbosa de Assis e Pedro Guilherme Andrade
Salgado
305
● Repertório das Ciências Humanas:
Albert Schweitzer foi um teólogo, filósofo e médico alemão nascido na Alsácia, que,
no século XIX, era parte do Império Alemão. Uma de suas frases pode ser usada como
repertório sociocultural neste eixo temático: “Vivemos em uma época perigosa. O homem
domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo”. Como este eixo trata
do agravamento da questão ambiental, pode-se apontar o ser humano como principal
causador desse problema. Apesar de esta frase ter sido dita em outro século, ainda é
pertinente no século atual, uma vez que é possível relacioná-la com a forma com que o
homem trata a natureza, ou seja, de forma imprudente, sempre extraindo dela, sem se
preocupar com as gerações futuras e priorizando o lucro.
41
● Repertório de Arte:
Seu Jorge, nome artístico de Jorge Mário da Silva, é um ator e compositor brasileiro
que atua em carreira solo desde 1999. Dentre seu repertório musical, destaca-se a canção
“Hagua”, lançada em 2001, que relata a situação caótica do meio ambiente, devido às ações
humanas. Na atualidade, 21 anos depois, a música continua representando a relação abusiva
do homem com a natureza, que pode ser expressa no seguinte trecho: “Poluição,
devastação, queimadas/ Desequilíbrio mental/ Desequilíbrio do meio ambiente”.
● Repertório estatístico:
42
15. Agronegócio e agricultura familiar: importância e
desafios dessas duas dinâmicas produtivas no Brasil
Meio ambiente e sustentabilidade
Giovanna Araújo Teixeira da Costa, Júlia Bárbara Almeida, Miranda Hagata de Medeiros
Pires
301
● Repertório das Ciências Humanas:
As commodities podem ser definidas como produtos de origem agropecuária ou de
extração mineral, em estado bruto ou com pequeno grau de industrialização, produzidos em
larga escala e destinados ao comércio externo, cujos preços são determinados pela oferta e
pela procura internacional. No Brasil, estes produtos correspondem a mais de 6,5% do PIB
(Produto Interno Bruto) e representam mais de 60% dos bens exportados. A soja é um dos
produtos de origem primária mais cultivados em grande escala no agronegócio visando à
exportação e, para melhor aproveitamento da safra, são utilizados agrotóxicos, que
representam um grande risco à saúde da população. É importante reiterar que o
agronegócio toma grande parte das terras que seriam destinadas à agricultura familiar,
caracterizada pelo modo de produção mais limpo e orgânico, o que é um grande problema,
pois retira a oportunidade de emprego de vasta parcela da população, representando uma
questão muito abordada pelo Movimento Sem Terra (MST).
● Repertório de Arte:
43
especialmente, na saúde do trabalhador. Nuvens de Veneno é um documentário revelador,
que faz refletir sobre a forma como crescemos e sobre o tipo de desenvolvimento que
queremos. Nele, evidencia-se que há uma grande disparidade no tratamento que o
agronegócio dispensa à saúde da lavoura e à saúde dos trabalhadores, ao passo que a
preocupação com o aumento da produção, sem economizar no uso dos agrotóxicos, revela
um descaso com os efeitos colaterais causados na vida da população e do meio ambiente.
Assim, o documentário retrata que os inseticidas usados pelos grandes produtores
têm afetado drasticamente a saúde e as lavouras de pequenos produtores familiares de
assentamentos e de comunidades. Os insumos químicos, levados pelas nuvens de veneno,
andam quilômetros e chegam até as cidades, enquanto os pesticidas evaporam,
condensam-se na chuva e intoxicam pessoas, plantas, nascentes. Nesse sentido, uma
pesquisa realizada por Wanderlei Pignati, professor da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT), na água de dez poços artesianos das cidades mato-grossenses de Lucas do Rio Verde
e de Campo Verde, durante dois anos, revelou que todos estavam contaminados com
resíduos agrotóxicos.
● Repertório estatístico:
44
16. A recusa aos maus-tratos aos animais:
enclausuramento, tráfico, testes científicos,
veganismo e vegetarianismo
Meio ambiente e sustentabilidade
45
No exemplo acima, é possível ver como o repertório sociocultural, artigo 32 da Lei de
crimes ambientais, pode ser utilizado para fazer uma redação cujo tema é a recusa aos
maus-tratos aos animais, uma vez que essa lei tem como função punir as pessoas que
maltratam os animais, sejam eles domésticos, silvestres ou exóticos.
Vacas criadas pela indústria do leite enfrentam o mesmo destino que aquelas da
indústria de carne. Elas são mortas quando a produção de leite diminui. Nenhuma vaca pode
viver sua vida natural que vai até os 25 anos de idade. Na verdade, 20% da carne bovina
vendida nos estabelecimentos vêm de vacas que foram exploradas pela indústria do leite.
Depois de serem transportadas por longas distâncias, as vacas são forçadas a entrar em um
box de atordoamento. Dentro dessas câmaras, elas são baleadas na cabeça, um processo
destinado a deixá-las inconscientes. Entretanto, muitas delas ainda estão conscientes quando
têm suas gargantas cortadas.
A notícia “O segredo desumano da indústria do leite”, publicada no portal Animal
Equality Brasil, mostra-nos que os maus-tratos aos animais não se restringem apenas aos
crimes que muitas vezes vemos nos jornais e que são reconhecidos pela lei. Nesse sentido,
os maus-tratos estão em nosso dia a dia e, de forma indireta, compactuamos com eles; a
crueldade mostrada nas indústrias de laticínios é um exemplo. Assim, esse repertório pode
ser usado na construção de um argumento de comprovação.
46
17. Produção e descarte do lixo, consumismo e
obsolescência programada
Meio ambiente e sustentabilidade
B)
O documentário The Clean Bin Project aposta na comédia para falar de um assunto
bem sério. Um casal, Grant e Jen, faz uma competição para reduzir o lixo produzido por eles
ao longo de um ano. Eles tomam essa iniciativa para responder à seguinte questão: é
47
possível um ser humano viver sem produzir qualquer tipo de lixo? O casal conversa com
especialistas e com ativistas em prol do lixo zero para aprofundar seus conhecimentos sobre
o tema de maneira abrangente. A produção audiovisual é uma inspiração para que o público
comece a refletir e a dar os primeiros passos para uma vida com menos desperdício.
● Repertório estatístico:
48
49
● Repertório do Direito:
50
➔ Direito a terras;
➔ Direito ao aproveitamento de recursos hídricos;
➔ Direito ao aproveitamento dos potenciais energéticos;
➔ A pesquisa e a lavra de riquezas minerais em terras indígenas devem ser autorizadas
pelo Congresso Nacional, ficando assegurada a participação nos resultados da lavra; ➔ É
vedada a remoção de povos indígenas de suas terras;
➔ São nulos ou extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por
objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras indígenas.
Apesar da existência desse artigo, muitos indígenas, obviamente, sofrem com o
descumprimento de seus direitos.
● Repertório estatístico:
51
19. LGBTQfobia
Desigualdades, minorias e intolerâncias
52
Racismo, e não com leis próprias. O repertório também pode ser usado em uma introdução,
destacando e problematizando o atraso do país em combater a LGBTQfobia.
53
as entidades governamentais se mostraram lentos para agir, os ativistas assumiram as
rédeas do tema, fazendo o que podiam, nesse primeiro momento, para combater a
homofobia e o estigma, de modo a garantir que as suas comunidades recebessem as
informações de saúde pública necessárias.
Entre esses esforços estava o panfleto de 1982 intitulado “Como fazer sexo em uma
epidemia: uma abordagem”. Criado por Michael Callen e por Richard Berkowitz, esse
panfleto foi um dos primeiros a aconselhar homens gays a usar preservativos durante as
relações sexuais, de acordo com uma exposição da Biblioteca Nacional de Medicina. Embora
os dois especialistas sejam considerados pioneiros do sexo seguro, muitas pessoas na
comunidade gay na época criticaram seu trabalho como “sexo negativo”. Organizações de
gays, de lésbicas e de negros, por sua vez, lutaram contra os pôsteres de campanha que
traziam o conceito errôneo de que a AIDS afetava principalmente homens gays brancos.
Ao utilizar repertórios da mídia como essa notícia veiculada no site da CNN Brasil, é
possível perceber e argumentar que a LGBTQfobia não é algo necessariamente do presente,
tampouco somente sobre a relação dada como fora do padrão pela sociedade, mas também
sobre eventos do passado relacionados à saúde pública que levaram a tal discriminação.
54
20. Dificuldades à plena inclusão da pessoa com
deficiência: capacitismo e demais obstáculos
Desigualdades, minorias e intolerâncias
● Repertório de Arte:
55
traz ao espectador um ponto de vista diferente do neurotípico, já que a série é narrada a
partir do ponto de vista da personagem.
● Repertório do Direito:
56
21. Gordofobia, padrões de beleza das redes sociais e
dismorfia corporal
Desigualdades, minorias e intolerâncias
B)
No livro A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões (2019), da autora Louise O’Neill,
publicado pela editora Darkside, a protagonista Gaia é uma sereia, filha do Rei dos Mares,
que vive em um mundo subaquático extremamente machista e severo, cujo reino está
firmado com base nas aparências e na beleza. Neste universo, todos aqueles –
57
principalmente as mulheres – que não estiverem dentro do padrão de beleza considerado
“aceitável” pelo Rei dos Mares serão banidos para um lugar chamado Longemar, para
viverem em miséria e em pobreza. As sereias que são aceitas no reino não devem comer
mais que duas garfadas em suas refeições, não importando se continuam com fome, para
que não haja riscos de elas ganharem peso e serem consideradas “anormais”. Para
completar, essas sereias devem sempre estar em sua melhor aparência, com caudas
enfeitadas (com pérolas costuradas a estas, por exemplo) e nenhum fio de cabelo fora do
lugar. Afinal, de que outra forma poderiam ser admiradas pelos tritões? Apesar de esta obra
não ter como principal assunto a dismorfia corporal, ela também trata sobre o tema,
acrescido ao fato de essa pressão estar sempre mais associada às mulheres.
● Repertório da Mídia/Atualidades:
Um repertório da atualidade que poderia ser utilizado é o quadro do Instagram “Isso
é estiloso? Ou só é estiloso porque ela é magra?”, da influencer Amanda Pieroni, no qual se
reproduz o look de famosas, como Ariana Grande e Kendall Jenner. Em seus reels, a dona do
perfil da rede social veste e analisa o visual levando em consideração se as roupas deformam
ou não o corpo e se a roupa em questão só fica bem em pessoas magras. O objetivo do
quadro é demonstrar a facilidade com que roupas que servem apenas para corpos padrões
são aceitas, mesmo quando isso resulta na exclusão de outros tipos de corpos. O quadro
também evidencia a tendência das pessoas em seguirem influencers apenas se estes
possuírem corpos magros e considerados o padrão de beleza a ser seguido.
58
22. Preconceito linguístico
Desigualdades, minorias e intolerâncias
Amanda Carvalho Ribeiro, Ester Cristina Tadim e Silva e Maria Letícia Oliveira
302
● Repertório de Arte:
A série do universo Marvel Luke Cage, originalmente transmitida pela Netflix em
2016 e atualmente encontrada no catálogo da plataforma de streaming Disney+, retrata um
ex-condenado com força sobre-humana e pele impenetrável que agora combate o crime.
Luke fala um inglês um pouco diferente, o chamado “Black English”, que é apenas uma
variedade da língua, mas, mesmo assim, sofre preconceito por falar dessa maneira.
A obra, além de explorar temas como a raça, a política e o movimento Black Lives
Matter, ilustra como o preconceito linguístico da sociedade é voltado a grupos
marginalizados, que já enfrentam outros tipos de preconceito. Também reflete como não são
as ações boas e significativas das pessoas que farão com que elas deixem de sofrer com esse
tipo de julgamento simplesmente por falarem uma variedade linguística distinta.
59
Segundo a notícia “Cantora de Parelheiros interpreta funk e rap em Libras”, publicada
pelo Terra, em 2022, enquanto assistia ao videoclipe "Vitória chegou”, de MC Lipi, a cantora
Nzambiapongo Brito, filha de deficientes auditivos, foi questionada por sua mãe sobre o que
o cantor estava tratando durante a música. Após interpretar a música para seus pais, a
cantora começou a compartilhar interpretações dos ritmos periféricos em suas redes sociais,
ganhando um público cada vez maior. Foi através do sucesso digital que ela passou a
trabalhar como intérprete de Libras em diversos eventos, mas o foco de suas redes sociais
continuou sendo o funk e o rap, estilos musicais que são esquecidos nas diversas traduções.
Além disso, na reportagem, Nzambi conta que o preconceito linguístico com o dialeto
periférico acontece até mesmo dentro dos centros de ensino e que uma professora já a
questionou sobre seu diploma pela dificuldade de se comunicar com ela, ressaltando que,
assim como existem variações das línguas orais, também existem nas línguas de sinais.
Situações como a enfrentada por Nzambiapongo são exemplos do preconceito linguístico
presente na sociedade brasileira; nesse caso, o preconceito era proveniente da variação
sociocultural, mas também pode ter origem histórica, regional ou estilística.
● Repertório estatístico:
60
23. Bullying e cyberbullying
Desigualdades, minorias e intolerâncias
61
● Repertório das Ciências Humanas:
Esse trecho evidencia que o bullying existe há muito mais tempo do que seu nome e
aponta também que a única forma de contê-lo é com o apoio de instituições, como família,
escola e o próprio Poder Judiciário, fazendo com que o agressor perca cada vez mais a
admiração dos outros e com que se impeça que ele saia vitorioso nesse tipo de atitude. O
repertório extraído do livro do ex-Secretário Municipal de Educação de São Paulo pode ser
usado em um possível parágrafo de desenvolvimento, para embasar argumentos como “não
culpe o agressor, culpe o sistema”, ou no fechamento do parágrafo, como um gancho para a
proposta de intervenção.
● Repertório do Direito:
62
63
● Repertório de Arte:
64
O filme Depois da Chuva aborda e retrata um momento em especial na história do
Brasil, mais especificamente os meses finais do regime autoritário militar e a volta das
eleições diretas na década de 1980. No filme, muitas pessoas comemoravam a vitória da
democracia, enquanto outras questionavam os candidatos presentes nas eleições e a efetiva
transformação da sociedade. O filme baiano está inserido nesse clima de ressaca e de
desconfiança quanto ao futuro do país. Dentro dessa realidade, a produção audiovisual
aborda a trama de um adolescente que luta contra a autoridade na casa e na escola. O
anarquista Caio terá um ano especial, já que, além de estar em um ano de transição,
conhecimento e aprendizagem, também conhece Fernanda, seu primeiro amor. Dessa forma,
o destino reserva surpresas, tanto para Caio, quanto para o país.
O repertório artístico é ótimo para ser inserido na introdução de uma redação cujo
tema esteja relacionado à cidadania e à participação política, já que o filme faz uma
referência a um movimento de resistência em prol da manutenção da democracia, em
especial, no contexto brasileiro.
● Repertório estatístico:
A)
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 56% da
população brasileira é negra e 52% é composta por mulheres. Em contraponto, na Câmara
dos Deputados, 75% dos deputados são brancos, enquanto no Congresso Nacional somente
17,8% dos parlamentares são negros e 15% são mulheres. Esses dados mostram que,
mesmo mulheres e negros sendo maioria em números no país, são minoria na atuação
política. Sendo assim, deve-se fortalecer a democracia brasileira com uma maior
representatividade racial e de gênero.
B)
Uma pesquisa do Datafolha, realizada em 2017, apresentou que 38% dos brasileiros
são indiferentes caso o governo seja democrático ou ditatorial, além de acreditarem que a
ditadura é melhor do que a democracia, a depender da circunstância. Esse dado mostra o
quanto o reconhecimento da importância da democracia vem sendo deixado de lado e
necessita ser fortalecido.
● Repertório do Direito:
65
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Esse artigo trata dos fundamentos que buscam o bem-estar do Estado Democrático
de Direito, pautando as leis e a política do país na democracia. A lei evidencia que os pilares
democráticos não devem ser desrespeitados e preserva (ou deveria preservar) a democracia
brasileira. Sendo assim, o uso do texto da Constituição torna-se relevante e pertinente para
o tema da importância do fortalecimento da democracia no Brasil.
66
67
pois foi um dos precursores do estilo contemporâneo de se protestar, com reverberações até
no Brasil, no caso dos protestos de 2013.
B)
Em junho de 2013, a prefeitura de São Paulo anunciou um aumento de 20 centavos
na tarifa dos meios de transporte público, o que iniciou uma série de protestos contra o
aumento, inicialmente locais, dentro de São Paulo, mas que, após ganharem repercussão na
mídia e viralizarem nas redes sociais – sobretudo no Facebook –, ganharam projeção
nacional, levando milhões de brasileiros às ruas pela primeira vez desde as manifestações do
“Fora Collor”. Considerando que a mobilização foi fortemente impulsionada pelas mídias
digitais, que também auxiliaram na divulgação e na organização dos protestos, além da
expressiva participação juvenil, que liderou e marcou presença nas ruas, os movimentos que
surgiram em junho de 2013, tais como o Movimento Passe Livre (MPL) e o Vem Pra Rua, são
exemplos válidos do impacto que a militância digital e juvenil pode apresentar quando
mobilizada. Portanto, o uso das Jornadas de Junho de 2013 na redação é interessante para o
enriquecimento da argumentação com base em exemplos práticos e que foram impactantes,
devido ao fato de poder ser facilmente utilizado de maneira produtiva.
● Repertório de Arte:
O livro Vermelho, branco e sangue azul, escrito pela estadunidense Casey McQuiston,
conta a história de Alex Claremont-Diaz, filho da presidenta dos Estados Unidos da América.
Ele é um jovem de 23 anos que almeja seguir na carreira política devido à influência de seus
pais. Em uma das cenas do livro, há uma grande manifestação organizada por jovens contra a
invasão de privacidade após Alex ter suas informações íntimas vazadas por um partido
oposto ao de sua mãe. É possível usar esse repertório para falar sobre a participação dos
jovens na política, já que ele pode funcionar na construção de uma analogia quanto às
pessoas que também desejam participar desse campo, mas, diferentemente do personagem
principal, não possuem influência e incentivo. Além disso, o repertório pode ser usado como
contra-argumentação à afirmação de que a juventude não quer participar da política, já que
o estudante pode escrever sua introdução dizendo que, similarmente àquela realidade
fictícia, jovens também participam de manifestações para a manutenção de seus direitos e se
engajam diretamente na política.
● Repertório do Direito:
A)
O Parlamento Jovem Brasileiro (PJB) oferece a estudantes do Ensino Médio de todo o
país a oportunidade de simular o papel dos deputados federais no Poder Legislativo. Os
jovens, após seletiva feita pelas Secretarias de Educação Estaduais (SEEs), tomam posse
como deputados jovens por um período de cinco dias na Câmara dos Deputados, em
68
Brasília. O programa une adolescentes de diferentes culturas, gêneros, etnias, crenças e
realidades sociais, com todas as despesas custeadas pela Câmara. O programa busca
incentivar habilidades de debate, de argumentação, de articulação política, de valorização
do consenso e busca do bem comum por meio da elaboração de uma proposta legislativa.
O Parlamento Jovem Brasileiro é, ainda, uma ferramenta pedagógica, pois tem início
nas escolas, as quais dão lugar a discussões acerca de diversos temas, como política,
cidadania e participação popular. As reflexões propostas neste processo estimulam os
estudantes do Ensino Médio a compreender melhor as realidades nas quais estão inseridos,
a buscar soluções para os problemas observados e a entender suas responsabilidades
governamentais, institucionais e cidadãs.
O Parlamento Jovem Brasileiro, criado e regulamentado pela Resolução nº 12/2003 e
pelo Ato da Mesa nº 49/2004 da Câmara dos Deputados, pode ser citado na introdução da
redação do ENEM para exemplificar uma iniciativa de educação política que promove a
participação juvenil em posições de liderança do processo legislativo. Além disso, é possível
destacar que este programa estimula o ativismo político e que, por meio da expressão de
posicionamentos e da promoção de discussões acerca de temas de relevância, os
participantes influenciam o engajamento juvenil na política.
B)
A Emenda Constitucional (EC) nº 97/2017 definiu que, a partir do ano de 2020, seria
vedada a celebração de coligações nas eleições proporcionais para a Câmara dos Deputados,
para a Câmara Legislativa, para as assembleias legislativas e para as câmaras municipais. Essa
alteração teve impacto no ato do pedido de registro de candidaturas à Justiça Eleitoral, visto
que, com o fim das coligações, cada partido passou a, individualmente, indicar seus
candidatos. Além disso, outro importante reflexo da mudança foi a definição de que, para
concorrer no pleito, cada partido deveria indicar o mínimo de 30% de mulheres filiadas.
Antes da promulgação da emenda, a Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições) previa, em
seu parágrafo 3º do artigo 10º, que todo partido político ou coligação eleitoral deveria
apresentar no mínimo 30% e no máximo 70% de candidaturas do mesmo sexo. Após a EC nº
97/2017, a indicação de mulheres para participar das eleições passou a ser feita pelo
partido, e não por coligações; dessa forma, a mudança teve impacto no fomento à
participação feminina na política.
Com isso, essa EC pode ser utilizada como repertório em redações que discutam o
envolvimento de minorias na política. A medida pode ser citada no parágrafo de introdução,
para iniciar e/ou contextualizar o tema do texto, ou pode ser abordada no desenvolvimento,
como um exemplo de providência que tem como consequência maior participação de grupos
minoritários na política. Após essa exemplificação, é possível propor ou discutir outras ações
que tenham o mesmo objetivo.
69
26. Despolitização, polarização e crescimento de
grupos conservadores e extremistas: faces
contemporâneas da política
Cidadania e participação política
70
respeito ao Estado Democrático de Direito, dado o fato de que desrespeitam conceitos
básicos da democracia e direitos humanos universais.
● Repertório de Arte:
A notícia “Confiança da população nas instituições e nos três poderes cai”, da Folha
de Pernambuco, traz dados de uma pesquisa do Datafolha conduzida em 2021 em
comparação com os de uma pesquisa similar feita em 2019 sobre a confiança da população
nas instituições públicas e nas diferentes mídias. A reportagem traz números importantes
relacionados à despolitização da população brasileira, que vem aumentando ao longo do
tempo e atingindo, em diversos casos, uma desconfiança da sociedade igual ou maior do que
cinquenta por cento em relação a instituições ou a mídias como a Presidência (50%), os
partidos políticos (61%), as agremiações (61%) e as redes sociais (53%). A argumentação
pode ser feita a partir das estatísticas que anunciam o fato de que as pessoas confiam cada
vez menos no Poder Público e na sociedade organizada como um todo, o que leva ou à
polarização, pela desconfiança canalizada no outro, ou ao desinteresse da população com a
política, pela desconfiança canalizada no todo.
71
72
● Repertório de Arte:
73
leituras de livros de ciências, de linguística, de filosofia, entre outros. Quando eles são
forçados a voltar para a sociedade, pode-se perceber diferenças entre os filhos de Ben e as
outras crianças. Embora eles tenham grandes conhecimentos sobre natureza e sejam
extremamente inteligentes devido às leituras e aos debates em família, Bo, Vespyr, Kielyr,
Rellian, Zaja e Nai não possuem as habilidades necessárias para o pleno convívio social.
Na redação padrão ENEM, pode-se usar o filme para discutir como a família é
fundamental para que os filhos sejam educados dentro do contexto em que vivem, ou seja,
como os ensinamentos dentro de casa são fundamentais para o desenvolvimento e preparo
das crianças para lidar com situações que são inerentes a suas vivências familiares
particulares, mas também para pontuar que a educação escolar deve ser simultânea, pois
várias habilidades, inclusive o convívio social, são desenvolvidas principalmente dentro dos
ambientes escolares.
● Repertório do Direito:
A)
O Pacto Educativo Global, lançado em 15 de outubro de 2020, é um chamado do
Papa Francisco para que as pessoas, instituições e governos mundiais priorizem uma
educação humanizada, solidária e libertadora. As diretrizes desse Pacto são: colocar o
indivíduo no centro de cada processo educativo, ouvir as gerações mais novas, promover a
mulher, responsabilizar a família, abrir-se à acolhida, renovar a economia e a política, cuidar
da casa comum.
Dentro do texto dissertativo-argumentativo, pode-se utilizar essa notícia para
exemplificar esforços mundiais para que a família seja inserida e engajada na educação das
crianças. Também é possível usar um ditado popular que foi citado pelo Papa no lançamento
do Pacto, que é “Para educar uma criança, é necessária uma aldeia inteira”, reforçando o
argumento de que a instituição familiar é fundamental para que a educação seja plena, mas
que é imprescindível o apoio de todas as instâncias da sociedade.
74
B)
No artigo “A importância da parceria da família e da escola na educação infantil”, de
Cristiane Rosana da Silva, é discutido como a educação das crianças é positivamente
influenciada quando a família e a escola estão simultaneamente presentes. No texto ENEM,
pode-se utilizar esse texto para reforçar argumentos de participação da família no convívio
escolar, importância de ambas as instituições, diferenças do tipo de educação que cada uma
oferece, problemas causados no processo educacional de crianças com pais ausentes, etc.
75
28. Novos modelos de família: o respeito à pluralidade
familiar
Família e grupos etários
76
● Repertório do Direito:
A família é o primeiro grupo social de uma pessoa, daí sua inegável importância para
a sociedade. É por ela que o carinho, afeto e compreensão chegam a cada membro. É a
partir dela que se busca a realização de sonhos. A Constituição de 1988 incluiu, pela primeira
vez, novos elementos para o Direito da Família, abrangendo, em seu conceito, outras formas
possíveis a esse núcleo social. Embora sempre existissem, essas outras configurações
familiares eram ignoradas no mundo do Direito. A Constituição de 1988 foi um grande salto
no conceito em questão e nas garantias aos direitos de diversos tipos de famílias. Entretanto,
foi o Código Civil de 2002, em um outro momento, que promoveu diversas modificações que
se faziam necessárias, além de incluir arranjos de leis especiais a fim de que fossem
regulamentadas as normas descritas na Carta Magna.
● Repertório estatístico:
77
29. Abandono parental e alienação
parental Família e grupos etários
Rodrigo Félix, Renan Felipe e Pedro Couto
304
● Repertório estatístico:
Dados do Censo Escolar feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2013
apontam que 5,5 milhões de crianças não possuem o nome do pai na certidão de
nascimento. A falta da figura paterna pode acarretar diversos problemas ao indivíduo
durante sua vida. Essa ausência pode ser um facilitador para transtornos psicológicos, como
depressão e ansiedade, além de comprometer os relacionamentos interpessoais, tanto na
escola quanto na vida profissional. Esses dados mostram que o abandono parental é uma
questão a ser superada, já que aparentemente há uma falha em conscientizar uma parcela
dos homens em relação a essa postura, pois, se não houver espaço para discussão desses
temas, torna-se recorrente tal ação.
● Repertório de Arte:
78
sua mãe e medo de estar só e ser abandonado por sua nova companhia, fato dado pela
ausência de seu pai, Jesus, um homem que tem a reputação de alcoólatra. Acompanhando o
enredo, nota-se que Josué não teve uma infância normal, uma vez que nunca o vemos
brincar e nem conversar com outras crianças, resumindo seu lazer e diversão apenas a seu
pião, brinquedo que utiliza sozinho, sem a companhia de qualquer amigo ou pessoa com
quem se sentisse seguro de compartilhar seus momentos. Todos esses sinais de insegurança,
falta de confiança e dificuldade de interação social podem ser citados como consequências
do abandono parental na vida de uma criança.
79
30. Etarismo/ageísmo: o preconceito com o
envelhecer
Família e grupos etários
80