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Análise crítica do sistema educacional brasileiro na sua organização/ gestão/

legislação/ dinâmica interna e suas relações com a sociedade local

O começo da história da educação no Brasil não tem um viés igualitário e


universalizado, pois o acesso à educação era restrito apenas a uma pequena
parcela da população que tinha boas condições financeiras e principalmente no
ensino superior não havia políticas públicas de inserção de camadas sociais menos
favorecidas, sempre privilegiando a elite brasileira. A partir da criação da lei
9.394/96 a educação se torna mais universalizada, pois os seguintes princípios do
artigo 3° desta lei garantem:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
XIV - respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas
surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva.

No artigo 4°, entre outros princípios que garantem a educação para outros
grupos sociais, ainda é garantido:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade.
Logo, é perceptível que houve um avanço na organização do sistema de ensino
brasileiro no que diz respeito ao acesso à educação.
O sistema educacional brasileiro está organizado em diferentes esferas que
são promovidas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.
A criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) visa garantir
direitos educacionais à sociedade brasileira, dentre outras leis da educação, e
estabelece diretrizes que visam disciplinar a educação escolar.
Entretanto, mesmo com tais garantias vigentes à lei e sendo um dos dois
sistemas (junto ao sistema de saúde) que têm maior taxa de verba destinada, o
sistema educacional passa por outros problemas que ultrapassam a esfera dos
direitos garantidos na LDB, e ainda mostram que alguns desses princípios não são,
de fato, garantidos como são escritos na lei. Como exemplo temos as taxas de
evasão escolar, reprovações, má qualidade de ensino e infraestrutura como
podemos observar em: Evasão escolar deixa Brasil atrás de outras economias,
mostra OCDE ( JUNIA, 2021), UNICEF alerta que 3,5 milhões de estudantes
brasileiros foram reprovados ou abandonaram a escola em 2018 (ALINE, 2019)
entre outras taxas negativas que mostram problemas na organização do sistema
nacional de educação. Tais problemas do sistema de educação são explícitos no
filme “pro dia nascer feliz”, como a aluna Valéria que escreve a situação de não
conseguir ter uma vida normal como a de qualquer criança que têm acesso à
educação e saúde sem os problemas que lhe aflige, como a necessidade de
trabalhar e ajudar em casa. Depois de mostrar 3 escolas públicas o filme nos mostra
1 escola particular e é perceptível como os alunos desse âmbito têm uma relação
melhor com a educação e com a vida, os problemas apresentados são outros, em
uma escala de dificuldade bem menor. Tendo isso em vista, é fácil ver que mesmo
com direitos garantidos na LDB do acesso e manutenção da educação para toda
população, essa segue tendo um certo privilégio para camadas sociais mais
privilegiadas em detrimento da população que não possui boas condições sociais e
financeiras.
As políticas educacionais que foram implementadas no Brasil visando uma
melhor qualidade de gestão surtiram efeitos positivos que avançaram a qualidade
da gestão educacional, entretanto é possível observar que surgem outros problemas
atrelados à gestão que estão intrínsecos ao modelo educacional brasileiro e que
enquanto não houver reforma nesse modelo, os problemas não irão desaparecer.
Podemos citar como boas ações direcionadas à gestão a escolha de diretor por
desempenho e experiência e a adaptação das políticas estaduais a necessidades
locais específicas. Por outro lado, o modelo tradicional implementado que visa
oferecer uma grande carga horária, atrelada a disciplinas e cursos obrigatórios, nos
mostra efeitos negativos de gestão, que inclusive, se comparada a modelos de
outros países onde surtem efeitos melhores, mostra-se atrasada.
No estudo “Um Olhar Sobre A Educação”, divulgado em 2017, mostra que o
Brasil é um dos países que menos gasta com alunos na educação básica,
entretanto, o gasto por aluno nas universidades se compara à de países Europeus.
Assim, levando esse fato em consideração conseguimos perceber o motivo da
pouca adesão ao ensino superior dos alunos do ensino médio da rede pública, a
educação que forma alunos na rede básica não é suficiente para oferecer o acesso
ao ensino superior por meio dos programas oferecidos como Sisu, ProUni e Fies. O
jornal extraclasse, mostra que, em 2018, o percentual dos que ingressam no ensino
superior após completarem o ensino médio no sistema público é 36%, ante 79,2%
dos egressos da rede privada.
Ainda assim, não obstante essa disparidade entre classes sociais e formas
de ingresso em programas para políticas públicas, ou até serviços básicos de
qualidade, o modelo educacional brasileiro admite formas de dominação digital das
organizações e da administração da educação, ou seja, há máquinas controladas
por algoritmos que conduzem a organização e administração da educação. Os
processos seletivos para programas públicos, além de serem burocratizados e
impostos de formas elitizadas, ainda contam com meios digitais que conduzem
esses processos, causando um aumento na burocracia e dificultando o acesso.
Para Damásio, 2020, há robôs frios e sem sentimentos pioneiros da inteligência
artificial que causam problemas quando implementados em áreas que necessitam
de decisões tomadas de modo racional.
Referências

OLIVEIRA, J. Evasão escolar deixa Brasil atrás de outras economias. Disponível


em:<https://www.em.com.br/app/noticia/educacao/2021/06/30/internas_educaca
o,1281975/evasao-escolar-deixa-brasil-atras-de-outras-economias-mostra-ocde.sht
ml>.

MONTEIRO, A. UNICEF alerta que 3,5 milhões de estudantes brasileiros foram reprovados
ou abandonaram a escola em 2018. Disponível em:
<https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/unicef-alerta-que-3-5-milhoes-
de-estudantes-brasileiros-foram-reprovados-ou-abandonaram-escola-em-2018#:~:text=Ape
nas%20em%202018%2C%20escolas%20estaduais,71%25%20maior%20que%20das%20me
ninas.>.

INEP. Altos índices de desistência na graduação revelam fragilidade do ensino médio, avalia
ministro. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/32044-censo-da-educacao-superior#:~:text
=Total%20de%20estudantes%20%E2%80%93%20O%20Brasil,estudantes%20conclu%C3%
ADram%20a%20educa%C3%A7%C3%A3o%2>.

BBC. OCDE: Brasil está entre os que menos gastam com ensino primário, mas tem
investimento ‘europeu’ em universidade. Disponível em:
<https://g1.globo.com/educacao/noticia/ocde-brasil-esta-entre-os-que-menos-gastam-com-
ensino-primario-mas-tem-investimento-europeu-em-universidade.ghtml>.

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