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PATOLOGIA EDUCACIONAL EM MOÇAMBIQUE

Victorino Candieiro*

RESUMO: O presente artigo procura mostrar a evolução da história de educação no nosso País,
partindo do período colonial até a actualidade, na qual objectiva a criticar para melhoria da
qualidade de ensino no País. A Educação é um processo pelo qual a sociedade prepara os seus
membros para garantir a sua continuidade e o seu desenvolvimento. Trata-se de um processo
dinâmico que busca, continuamente, as melhores estratégias para responder aos novos desafios
que a continuidade, transformação e desenvolvimento da sociedade. Esta educação precisa ser
inclusiva no que diz respeito as nuances das condições de uma educação inclusiva para todas as
camadas sociais. A esta qualidade esta associada ao factores burocráticos na formulação e
reformulação de curricula. Com interrupção das aulas devido da eclosão de coronavírus,
Segundo as directrizes do Ministério da educação as aulas seriam ministradas através de órgãos
de comunicação de massa (Rádio e televisão). Esta leccionação não seria materializada porque
nem todos os alunos possuem rádio ou televisão, olhando pela programação de cada estação,
seria impossível ministrar aulas a meia-noite como foi implantado pela TVM. Considerando que
as disciplinas do sistema nacional de educação são várias, tornaria impossível desenvolver PEA
nesse molde.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de educação, papel do estado na supervisão educacional,
insumos escolar.

Educação: Qualidade de ensino em Moçambique

Segundo Castiano (2005:79-80) educação é um processo pelo qual a sociedade prepara os seus
membros para garantir a sua continuidade e o seu desenvolvimento. Trata-se de um processo
dinâmico que busca, continuamente, as melhores estratégias para responder aos novos desafios
que a continuidade, transformação e desenvolvimento da sociedade. Assim para NEWITT (1997,
p.382), a educação é basicamente a maneira de uma sociedade preparar as gerações mais nova
para o desempenho de uma função útil da sociedade.

Segundo DEVOK Uma educação de qualidade designa-se aquela que possibilita o domínio
eficaz dos conteúdos previstos nos planos curriculares; como aquela que possibilita a aquisição
de uma cultura científica ou literária; ou aquela que desenvolve a máxima capacidade técnica
para servir ao sistema produtivo; ou, ainda, aquela que promove o espírito crítico e fortalece o
compromisso para transformar a realidade social.

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Para o caso particular de Moçambique admite-se segundo Castiano que a qualidade da educação
é mensurada cruzando indicadores e factores, aparentemente, o debate sobre a qualidade da
educação procura evidenciar argumentos para se oferecer aquilo que se considera como sendo
uma boa qualidade de educação cujos indicadores de relevo seriam ter cada vez uma maior
quantidade de alunos a transitarem de classe e professores qualificados em todos os níveis.

Como factores para a melhoria da qualidade são geralmente indicados a média do número de
alunos por turma e por professor, a disponibilidade do material escolar, particularmente do livro
escolar para cada aluno, etc.

Educação em Moçambique

O acesso ao ensino em Moçambique no tempo colonial

O problema de ensino em Moçambique começa mesmo na época colonial, durante o período


colonial, conforme testa ISAACMAN e STEPHAN (1984, p.92) as oportunidades educacionais
para moçambicanos eram extremamente limitadas, as poucas possíveis eram disponibilizadas
exclusivamente pela Igreja católica num contexto de ensino de adaptação para dominar a língua
portuguesa como condição para entrar na escolaridade primária. Olhando para a questão do
género, as raparigas eram ensinadas através de métodos tradicionais visando perpetuar
comportamentos seculares das comunidades através de mitos e ritos de iniciação, de modo que se
preparassem para actividades económicas familiares e procriação de filhos depois de casar.

Avaliando o ensino no tempo colonial, pode-se afirmar que, era discriminatório e muito selectivo
porque, em parte era assimilacionista ao estabelecer vários critérios para se aceder à educação.
Os moçambicanos que conseguiam ingressar no ensino deviam apenas estudar até ao ensino
rudimentar. As raparigas sofriam dupla exclusão, visto que a sociedade tradicional, assegurava
apenas a preparação destas para as tarefas domésticas e económicas no seio da comunidade.

Nesta perspectiva, Nyerere embora na sua visão não enfoque a descriminação da mulher no
acesso à educação na época colonial, no caso moçambicano pode-se notar que dos
moçambicanos que não sabiam ler nem escrever, 60% eram mulheres como resultado não só de
práticas coloniais assim como da educação tradicional que mantinham a mulheres num estado de

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ignorância, o lugar da mulher era de ser boa mãe, doméstica e servil, limitando o papel social
da mulher ( Isaacman, 1984,p. 222).

Reflectindo criticamente sobre o sistema de educação colonial, visava apenas ensino de


rudimentar de escrita, uso da bíblia como livro de leitura, visando preparação de alguns negros
para ajudarem na missão evangelizadora, nem que isso implicasse o uso das línguas locais na
preparação destes.

Moçambique, como tantos países foi atravessado por várias épocas, nas quais o conceito de
qualidade, concretamente da educação foi tomando contornos de acordo com a realidade em
vigor. Registam-se no país momentos durante a colonização; pôs colonização (pôs
independência); durante a guerra de desestabilização e por fim o momento actual, o pôs guerra
de desestabilização.

Segundo NEWITT (1997) Durante o período colonial, Neste período os objectivos gerais e
específicos da educação para os indígenas e para população branca e assimilado, também o papel
da igreja católica e das missões no ensino.

O colonialismo não só era uma exploração económica mas também a dominação ideológica e
social, a educação nesta altura, tinha como função reproduzir as desigualdade social entre negro
e branco, a e educação era um instrumento de opressão cultural de discriminação, de imposição
de superioridade do colonizador e colonizado.

Segundo DAVOK neste período que a educação começa a ter um cunho rácico e marginalizam-
te:

 Os chamados povos primitivos deviam ser civilizados sim, mas lentamente e a sua
educação devia, sobretudo, estar virada para a formação em trabalhos manuais.
 A educação devia estar em harmonia com os usos e costumes, assim como com o grau de
desenvolvimento intelectual e moral do povo indígena
 O liberalismo e a igualdade só se aplicava como princípios para os colonos brancos. Os
negros, esses podiam continuar oprimidos.

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Educação no período pós-independência
Segundo CASTIANO (2005, p.51) período pôs colonial, logo apôs a proclamação da
independência, o (2005, p.51), neste período a educação visava formação de uma personalidade
socialista onde a escola tinha uma posição central no projecto de edificação da sociedade
socialista. O lema nesta óptica, era a formação do homem novo, que fosse capaz de construir
uma sociedade socialista.com efeito, a lei fundamental do nosso país consagra o direito a
educação a todo o cidadão nacional.

O acesso à educação no contexto da independência nacional

Após a independência nacional em 1975, a educação tornou-se socialmente um direito e dever de


cada cidadão. Em 1978 frequentavam na escola pública mais de 1419297cidadãos dos quais
47.2% eram mulheres, contra os 586868 em 1973 ( Isaacman, 1984, p.93).

Apreciando os números acima, pode-se deduzir que o paradigma de educação para todos se
tornava uma realidade apesar de dificuldades próprias de um país que acabava de ascender à
independência nacional sem ainda um perfil educacional concebido.

Para BORDIEU e PASSERON, não significava com isto que, o acesso à educação estava
democratizado, porque as probabilidades de acesso da maioria dependiam de zonas com
oportunidades objectivas favoráveis e do reforço de mecanismos de acesso alocados pelo estado
em diversas regiões. Com isto quer se dizer que, entre as zonas rurais deste Moçambique e as
cidades onde se supõe existir facilidades de acesso, diferentes factores terão condicionado o
acesso ao ensino para todos.

Desde que Moçambique se tornou independente, tem empreendido várias reformas no sistema de
educação através da diversificação do currículo atendendo aspectos culturais locais e regionais
(Isaacman,1984, p.221)estas reformas não tem atingido o verdadeiro epicentro da doença. Sobre
este mesmo assunto, BORDIEU (s/d, p.275) afirma que não basta reformular ideologias de
carácter universalista para reivindicação da ética de igualdade formal de oportunidades à
educação porque nem todas as categorias sociais tem acesso à educação.

Para justificar a desigualdade no acesso á educação, o governo do dia argumenta baseando-se no


fardo colonial herdado quanto à fragilidade da rede escolar. Para fundamentar que o acesso a
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educação era uma realidade e está massificado, aponta por exemplo a existência de turmas
numerosas que na óptica do governo tem vários condicionantes: insignificante rede escolar
herdada do sistema colonial, nas zonas rurais fizeram-se sentir os efeitos das agressões militares
externas, as sanções e a Guerra Civil no período pós -independência que destruíram vasta rede
escolar, a mobilidade populacional para os centros urbanos sufocando a capacidade de absorção
da população estudantil, desigualdade de acesso na perspectiva regional e na perspectiva campo
– cidade, a fraca construção de novas escolas, a falta de professores e o baixo nível económico
do país e o aumento gradual da procura do acesso ao saber (GOLIAS, 1993,p.73).

Sobre o mesmo assunto, Castiano (2005) afirma que a procura social do ensino continua hoje
muito acima das possibilidades de oferta e comenta: …”a opção foi aumentar o número de
alunos que frequentam a escola o que, consequentemente, reduziu qualidade de ensino…
“(p.155).

Num outro desenvolvimento sobre a questão das turmas numerosas em Moçambique, Golias
(1993) teceu seguinte comentário:
De acordo com a lei 6/92 sobre o ensino em Moçambique, a idade de ingresso passa a ser de 6
anos e não 7. Assim o número de crianças em idade escolar necessariamente irá duplicar nos
próximos anos, a situação será mais complexa com o regresso das crianças em idade escolar nos
países vizinhos… (p.73).

Avaliando o posicionamento destes autores, a política defendida pelo governo de abertura de


ensino para todos enquanto por um lado herdou-se do sistema colonial, um sistema educacional
restrito e de carácter elitista sem infra-estruturas escolares suficientes capazes de responder a
demanda, concorre para existência de turmas numerosas, sem necessariamente significar o
acesso de todos ao ensino. Mas sim à escola.

Apesar destas dificuldades, segundo Nyerere apud Castiano (2005, p.211-216) torna-se
necessário estender educação para todos na perspectiva de integrar todas as pessoas que fazem
parte da sociedade baseada em valores de igualdade e de respeito pela dignidade humana pois a
educação é um dos instrumentos de reabilitação social.

Tudo indica que Moçambique inspirou-se no modelo de HORTON, segundo CASTIANO


(2005, p.200) que defende a escolarização obrigatória das crianças de todos os sexos nas cidades
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e nas zonas rurais, assim como a centralização e supervisão do ensino pelo Estado visando
garantir a uniformidade de oportunidades educativas.

Desta forma a educação em Moçambique, teria função de desenvolver espírito de solidariedade


colectiva ligada ao trabalho prático na perspectiva de produzir um cidadão crítico capaz de
produzir juízo de valores sobre o seu meio.

Retomando esta questão, BORDIEU não acredita em utopias, refere que os privilégios sociais
continuam a depender de diplomas escolares e se o ensino assegura o acesso à minorias não
estaria a reproduzir elites?

De facto, segundo Dias (2002, p.56), o ensino constitui um instrumento de manutenção de


desigualdades sociais quando as políticas públicas de educação não consideram os factores que
perpetuam desigualdades ao longo de gerações. Intentando-se com a afirmação desta autora,
reforçar a ideia de que se não olhar-se as desvantagens enfrentadas pelas populações do interior,
que vão desde a falta de infra-estruturas, tabus culturais e os, os programas de ensino elitista que
muita das vezes não respeita as diferenças culturais e económicas, deixando alunos que vivem
duas realidades diferentes mas impostos a aprender mesmos conteúdos e exigidos competências
uniformizadas1.

Discurso político sobre a educação para todos será uma utopia pois as desigualdades vão
persistir. A declaração mundial de educação (1990) refere que mais de 960 milhões de adultos
dois quais 2/3 são mulheres são analfabetas. Reconhece por outro que a educação é um direito
fundamental de todos, mulheres e homens de todas as idades no mundo inteiro e, nesta
perspectiva, defende universalizar o acesso à educação e promover a equidade, ampliar os
meios e raio de acção da educação básica, mobilizando recursos para o efeito.

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Numa experiência própria, de um estudante que formou-se na zona rural do País, descreve das dificuldades
enfrentadas no ensino superior nos primeiros meses da adaptação, deparou-se com dificuldades de trabalhar com
dispositivos informáticos muito além desses aparelhos electrónicos, era o contacto tardio com bibliotecas, pois, ao
longo do ensino geral nunca tinha entrado em uma. As matérias tidas com as que estavam nos livros escolares
pareciam novas, além de ser novas período recuado na preparação ao ingresso do nível superior um dos grandes
desafio era de estudar o que não haviam transmitido na escola, e como saberia dessa matéria? Através dos exames
de conclusão do ciclo e os da admissão, que faz concluir que nem todas as lições dados pelo professor reflecte a
matéria da classe, mas sim uma parte dela, oque norteia o dever e o direito de uma escola ter biblioteca.(grifo do
autor).

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Moçambique deu importantes avanços nessa época, quando apontou a erradicação do
analfabetismo como uma das formas básicas de acabar com subordinação da mulher, alterar a
hierarquia tradicional em relação à mulher e promover a participação de maior número de
mulheres na vida das comunidades, (ISAACMAN, 1984).

Num esforço de edificação de uma sociedade onde o acesso ao ensino deve contribuir par o
desenvolvimento, Moçambique ultimamente tem feito reformas curriculares visando acomodar
cidadão de ambos sexos, reforçando a valorização cultural entre a escola e as tradições
comunitárias (Idem, p. 240).

Quanto a nós, entre os avanços e retrocessos que Moçambique vem encarando na promoção de
educação para todos, deve-se nos indagar da contribuição que o seu sistema educativo traz
enquanto reprodutora da estrutura de relações, sabido que a escola é a instituição com uma
posição favorável para inculcar cultura estandardizada rumo à construção de um sistema de
relações que garantam igualdade de oportunidades se, em parte as elites estudam fora do país ou
a nível interno, mas em escolas privadas.

Em Moçambique embora estejam ultrapassados teoricamente problemas em relação ao acesso à


educação devido a vários factores, como o estabelecimento de igualdade de oportunidades para
ambos sexos embora de forma objectiva nem todos os moçambicanos acedem da mesma forma
ao ensino.

Ainda na visão de Castiano (2005, p. 51), Concretamente estabelecem-se objectivos para a


educação que são:

 A eliminação do analfabetismo;
 A expansão de uma escolarização universal e obrigatória, e intensificação de uma
formação técnica de quadros para o aparelho do estado;
 Formação de quadros quantitativa e qualitativamente necessário para a gestão e condução
do processo educativo.
Os mesmos autores revelam que, no período de Guerra civil houve no sector da educação uma
crise geral do sistema da educação.

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 O acesso de todas as crianças à educação básica e um mínimo de qualidade às crianças
que estivessem já na escola;
 Um crescimento do número de crianças sem possibilidade de ir à escola e também pelo
aumento de desistências e reprovações tornando-se assim, péssima a qualidade de
educação no país.
Após os acordos gerais de paz outros objectivos/desafios em consonância com vários programas
em outros sectores sociais, foram traçados. O principal e que até os dias continua tema de acesos
debates, resume-se no alargamento do acesso da população ao sistema de ensino formal
fundamentalmente no ensino básico claro, equilibrando sempre com os outros níveis de ensino2.
Para atingir tal objectivo, o Governo moçambicano procura expandir as oportunidades em
especial para a população das zonas rurais e à rapariga, com a participação do sector privado.

Propôs-se a melhorar a qualidade de ensino, partindo por um investimento mais forte na


formação e competência dos professores, oferta de mais material didáctico, aumento do tempo de
permanência dos alunos na escola.

É óbvio que os avanços conseguidos pelas mulheres na escolarização são encorajadores, mas
pode-se sublinhar a política da inclusão da mulher no acesso ao mercado de trabalho, sobretudo
da sua qualificação, o empandeiramento da mulher por algum momento pode desfavorecer na
qualidade de competências profissionais que as vezes não vão além do padrão exigido, quando
estes concorrem ao lado do homem. Estes casos podem ser constatados no campo, pois sabendo
que a maa qualidade que a professora por vezes pode enfrentar na sala de aula afecta de certo
modo o empenho dos seus alunos, visto que no nosso país as professoras constituem o maior
numero dos docentes do ensino primário.

Um olhar sobre os professores reformados pelo ensino superior


Nessa sessão não queremos destacar os professores aposentados, mas sim, os professores que
ingressam o ensino superior para dar continuidade a sua formação psicopedagógica. É sabido que
há várias modalidades de ensino adoptadas pela instituições de ensino superior e público todos
2
Não quer dizer que não haja escolas, mas sim que tipo de ensino na zona rural é levada a cabo? como o ensino é
encarado pelos professores na zona rural e porquê há diferença nos níveis de assimilação das matérias nas diferentes
zonas (Na zona rural e na urbe)? Estes são os pontos que devem ser equilibrados.
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empenhados para a continuidade de formação de quadros qualificados para ensinar os mais
novos o que eles aprenderam tarde.

A reformação de professores no ensino superior fica sujeito tecnicamente a aquisição de


competências para o seu oficio. O que bem se sabe na realidade ignorada pelo estado é de estas
reformações são maioritariamente consideradas como forma de alavancar o status social,
académico e financeiramente dos professores que sobe de uma categoria para outra.

A qualificação das qualidades no ensino superior sobretudo do ensino online e/ou à distancia, é
devia ser testada e talvez comparada com a de ensino presencial com vista a identificar as
diferenças e semelhanças encontradas.

A já extinta a Universidade pedagógica num dos seus concelho universitário propunha a


eliminação de ensino à distância evidentemente por causa de baixo rendimento académico, pois
sabe-se que os cursos de ensino à distancia nas universidades públicas reprova-se em grande
escala comparativamente com as universidades privada. Não quero dizer que as universidades
privadas não tem qualidade e nem o contrário para as universidades públicas, mas sim apresentar
algumas razões de optar no ensino privado.

Nas universidades privadas as sessões são regularmente frequente em períodos preestabelecidos


com apresentação de trabalhos nas sessões presencias enquanto que as privadas facultam
trabalhos sem defesas agendadas, levando o estudante a não familiarizar-se com o tema e a
cadeira.

Educação de qualidade versus sociedade de qualidade

De acordo com Castiano (2005, p.114), Esta melhoria deveria ser alcançada através de
instrumentos escolhidos tais como investindo mais na formação e na competência dos
professores, na oferta de mais material didáctico, no aumento do tempo de permanência dos
alunos na escola (extensão do calendário), na reforma curricular…no investimento para melhor
gestão das escolas ora, qualidade no nosso seio é vista por um lado internamente, ou seja,
qualidade no sentido de olhar para os diferentes acontecimentos durante o processo de
escolaridade do indivíduo, é evidente que o termo qualidade aqui é usado na sua acepção de
eficácia "interna", ou seja, em relação aos objectivos próprios do sistema de educação que se
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resumem em reduzir o número de reprovações, através do domínio das competências exigidas
em cada classe onde o aluno transita.

Estas tendências de reduzir as reprovações no período anterior, resumiam-se no fornecimento de


material escolar aos alunos, mas no inicio do presente milénio, a questão de redução das
reprovações confunde-se com a passagem semiautomática, de outra forma. Recentemente no
ensino secundário geral, entra o fenómeno corrupção que se traduz na adulteração dos resultados
finais desse rendimento escolar. Prova disso, surpreendentemente num passado muito recente,
em 2019, os casos de fraude académica foram registadas em quase todas escolas secundárias do
País, com maior frequência nos centros urbanos e seus arredores, que levaria a anulação de
exames da primeira época, entretanto, o mesmo caso foi repetido na segunda época desta feita,
anulando seriamente o exame de história da 12ª classe.

Para terminar nessa retrospectiva qualitativa, concretamente no segundo ciclo do ensino


Secundário Geral, houve maior aproveitamento escolar na 1ª época do que na 2ª, onde dois
terços dos candidatos não conseguiu transformar ``quantidade em qualidade`` de forma positiva.
Então estes números reduzem ou mesmo reiteram o resultado dos esforços do governo rumo a
qualidade de educação, nos centros urbanos e as escolas localizadas nos seus arredores 3,
poderiam ser a excepção da fraca qualidade de ensino, uma vez que estas escolas tem insumos
escolares suficientes para produzir competências qualificadas, mas não aconteceu.

Então, para que finalidades o nosso ensino define os quatro pilares nas suas metas, se :

 Aprender a conhecer, que visa para adquisição de uma cultura geral e conhecimentos
específicos que estimulem a curiosidade para continuar aprendendo e desenvolver-se na
sociedade do conhecimento, está em crise para a sua materialização. Aprendizagem
manifesta-se pela mudança da forma da reacção ao um certo fenómeno já vivido e o
Conhecimento é o cúmulo desse mesmo, mas não é manifestado pelos alunos em grande
parte;

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Arredores incluímos as escolas localizadas nas vilas distritais com características próximas das escolas urbanas ou
mesmo escolas localizadas há poucos quilómetros da capital provincial.
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 Aprender a fazer manifestando através de desenvolvimento de competências que
capacitem as pessoas para enfrentar um grande número de situações, trabalhar em equipa
e desenvolver-se em diferentes contextos sociais e de trabalho. Bom nesse aspecto,
precisa-se reflectir desse saber fazer, por a técnica requere materiais adequado para ser
conciliado com conhecimento, as aulas de informáticas por exemplo são de estrema
importância nessa época de digitalização, o saber fazer deve responder as questões
praticas da sociedade, entretanto, o próprio aluno nem consegue resolver seus problemas
da Escola4, como poderá resolver de uma sociedade?

 Aprender a ser tratando de conhecer e valorizar-se a si mesmo e construir a própria


identidade para actuar com crescente capacidade de autonomia, de juízo e de
responsabilidade pessoal nas diferentes situações da vida; é provável que este domínio
seja relativo, mas de certa forma, aprender a ser envolve o instinto próprio de
sobrevivência em grupo, assim também a forma como a matéria ee incutida no aluno e
como a pessoa que a transmite se comporta, como os pais lhe educam, e que meio
envolvente se manifesta. Aqui pode entrar a teoria de aprendizagem social, sobretudo
oque o professor faz. Realmente a corrupção e assédio nas escolas partem do próprio
aluno ou do professor, face a essa receptividade o saber ser vai se corrompendo.

 Aprender a viver - juntos desenvolvendo a compreensão e valorização do outro, a


percepção das formas de interdependência, respeitando os valores do pluralismo, a
compreensão mútua e a paz. Respeita-se quando há valorização universal, não de lado
parcial e compreendido subjectivamente.

Moçambique, rumo a uma educação de qualidade improvável?

No percurso histórico, respalda o interesse de aceitar o papel de educador é um desafio para os


profissionais num ambiente escolar que carece de revisão em muitos de seus aspectos tanto no

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Problemas ligados a pesquisas científicas e uso da Internet nas suas aulas que seriam crucias na aquisição de
conhecimento no período além da escola.
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que tange a organização como os conteúdos abordados e as políticas do estado. A potência
transformadora diante de uma realidade complexa não é observada em todos os professores, o
que remete a fiscalização do ensino nos variantes aspectos.

Numa referência histórica que começa sob aspecto social da educação, que ainda no século
XVIII, a sequência dos conteúdos ensinados seguiu a ordem disciplinar. A homogeneização das
classes garantiu o controlo do tempo e estabeleceu uma relação de poder no processo de ensino.
Todavia, o sistema público de ensino ainda se respalda no modelo disciplinar. Na falta de
recursos as actividades pedagógicas ficam restritas a giz, quadro e livro didáctico. O professor é
o responsável por escolher o livro didáctico, que ainda é seu principal instrumento de trabalho.

De um lado os intelectuais humanistas devem promover a crítica e a insatisfação, e não se


acomodar diante do conformismo alimentado pela sociedade consumista que caracteriza a nossa
época.

Por exemplo, Bauman (2011) analisa os diversos desafios educacionais decorrentes das
mudanças na sociedade actual, tais como: a instantaneidade nas comunicações, a modificação do
trabalho, a inconstância das relações, a instalação do pensamento único, a falta da crítica, e a
comercialização e instrumentalização do ensino. Todas essas transformações atingem
directamente a Sociologia e a Filosofia da Educação que foram constituídas ao longo dos últimos
séculos. As reflexões de Bauman (2011), acerca dos processos educacionais actuais estão em
sintonia com os estudos que o pensador vem construindo ao longo dos últimos anos sobre as
mudanças nas práticas sociais na sociedade consumista conceituada por ele como líquida.

De acordo com esse pensador, a racionalidade instrumental vem sendo aplicada verticalmente à
escola. Uma educação humanista transformada age na contramão do conformismo incentivado
pela sociedade consumista. A volatilidade da sociedade líquida moderna, termo utilizado por
Bauman (2013), para designar a sociedade actual em oposição à fase anterior da modernidade,
estimula a insegurança.

Na modernidade sólida, termo usado pelo pensador para designar o período em que a
humanidade tinha acções e projectos colectivos que casavam com as escolhas individuais, as

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instituições eram pensadas para ter uma durabilidade, havia o desejo de homogeneização e
assimilação das diferenças tanto no plano cultural como no escolar, de acordo com Bauman
(2013). Na fase actual, a sociedade é heterogénea, multicultural, não havendo mais o desejo de
assimilação por parte dos diferentes nem da sociedade. O ser humano, um seleccionador desde
sempre, agora tem que escolher num ritmo insaciável. E na dimensão do ensino entende-se a
trajectória de construir novos paradigmas desde a readmissão da educação já que nunca se teve a
educação na sociedade sólida propriamente moçambicana. Assim propõe-se a diferença entre
currículo pré-activo e currículo real presente nas salas de aula.

De acordo com Bauman (2008), os alunos na modernidade sólida entendiam os professores como
autoridades a serem respeitadas. Era interessante assimilar a História de seu país e do mundo da
forma como era apresentada. Os professores, bem como os estudantes da última década,
enfrentaram mudanças e desafios no campo da transmissão desses conhecimentos que não são
mais exclusividade do professor. Na modernidade sólida, os professores dominavam o controlo
das fontes de conhecimentos e da lógica do aprendizado, suas divisões, sequências e tempos, ao
passo que na modernidade líquida, termo que o professor de história utiliza para explicar a
destruição das instituições sociais e politicas instituídas nos séculos anteriores e dos laços
humanos frente às transformações do capitalismo deste século, a autoridade dos professores está
ameaçada pela ampla abertura ao acesso a várias fontes de conhecimento que os alunos não
aproveitam. Há, ainda, na perspectiva de conhecimento durável aquele que ninguém pode roubar,
uma promessa desagradável para os jovens moderno-líquidos, que nasceram em um ambiente
tecnológico e estão inseridos nesta sociedade de desejo e consumo imediato, conforme Bauman
(2011).

A escola era percebida na modernidade sólida, de acordo com Bauman (2001), como
disciplinadora, como instituição que desviava as crianças da criminalidade e formava cidadãos
capazes de escolher seus representantes. A escola era um lugar que moldava mentes e corpos
para a vida social adulta pautada na ordem e no trabalho.

Segundo DAVOK (2007) A razão de ser da escola, é criar condições para que os alunos
desenvolvam as capacidades e aprendam conteúdos relevantes que lhes permitam compreender a

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realidade natural e social e, assim, poder participar conscientemente nas relações sociais,
políticas e culturais como condição fundamental para o exercício da cidadania na construção de
uma sociedade democrática e inclusiva” A ideia de educação emancipatória liberal tem suas
raízes no século XVIII, concebida como promotora da autonomia dos homens.

As práticas de ensino de História capacitavam para a cidadania, que era entendida como caminho
para a felicidade. Foi também no século das luzes que houve a introdução de professores
profissionais para mediar a transmissão intergerações das virtudes da razão, de acordo com
Bauman (2010).

A escola da modernidade moldava os alunos para uma sociedade na qual o homem estava sujeito
às regras e era guiado. Foi o tipo de escola em que estudou a maioria dos professores de História
que actualmente ministram aulas.

Segundo BAUMAN (2010), a modernidade consolidou a escola como espaço racional de


transmissão não somente de conhecimento, mas de maneiras de conduta para o trabalho. A
escola como estrutura, currículo, conhecimentos e regras formativas tornou-se uma instituição
zumbi, que para Bauman (2010) são as instituições que estão mortas, mas ainda funcionam, o
que levanta um forte apelo à reestruturação. Na modernidade sólida, os professores possuíam
monopólio de conteúdo; para ser bom professor era importante a quantidade de conteúdo
disciplinar e a cultura geral deste.

A educação escolar era a continuação da educação doméstica e ambas tinham um carácter


formativo duradouro. Na modernidade sólida, o não harmónico deveria ser eliminado. A pureza é
um ideal, porém pureza e sujeira dependem do lugar de onde estão sendo observadas. A pureza
estava associada à higiene.

Havia, segundo Bauman (2013), um desejo de homogeneização e assimilação por parte do


diferente, pela cultura e por essa escola. O homem era objecto de uma educação racionalizada,
planificadora. Segundo o sociólogo (2013), não há mais o desejo de assimilação dos diferentes
por parte da sociedade actual que é multicultural. Também se findou a ideia de que os
professores possuem um ofício moral. Bauman empregou a metáfora “Os professores do Estado

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Jardineiro” para demonstrar que os Estados-Nação na modernidade tinham a função de manter a
ordem com cuidados constantes, podando as ervas daninhas; eram aqueles que podavam os
diferentes, moldavam as pessoas e determinavam o que era falso e verdadeiro. Os professores de
História transmitiam um conhecimento que tinha o intuito civilizatório nascido no Iluminismo e
que ajudou na consolidação do Estado-Nação em Moçambique no início do último quartel do
século XX.

A subdivisão de educação no país

Há que se considerar esta nova percepção de mundo quando analisar-se as relações estabelecidas
entre os professores de História e os documentos curriculares norteadores do ensino elaborados
pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano nos anos pois independência, foi um
exemplo de explicar a modernidade moçambicana conforme as comparações do sociólogo.

A educação no país subdivide-se em vários subsistemas (ensino básico, ensino secundário geral,
educação de adultos/alfabetização,). Todos os subsistemas estão sob égide do Ministério da
Educação e Desenvolvimento Humano, o ensino técnico profissional e o ensino superior
controlado pelo ministério do ensino superior e tecnologia.

Relativamente ao ensino básico, falar de uma educação de qualidade significa em criar condições
de acesso para todas as crianças em idade de iniciar a escolaridade. Porém, tal não acontece
devido a exiguidade de infra-estruturas escolares na pátria amada, as crianças que conseguem o
ingresso são atravancadas em turmas numerosíssimas condicionando assim a possibilidade de o
professor vir a atender as dificuldades de cada uma das crianças na sala de aulas.

Para ultrapassar empiricamente estes problemas pressupõe-se a aplicação de certas medidas a


seguir:

 Aumentar o nível de supervisão escolar e aplicar medidas severas aos respectivos


prevaricadores de ensino, concretamente no que diz respeito a: permanência dos
professores nas escolas localizadas no interior no período escolar; aos professores que
obviamente, não o aceitam e nem exercem o papel de educador como seu desafio e
adoptam esses objectivos como seus, (Bauman, 2009).
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 Enriquecer os insumos escolares (carteiras para todas as crianças na sala de aulas, salas
com um mínimo de condições, etc.). As crianças no país, estudam em condições
deploráveis, mesmo dentro dos maiores centros urbanos há escolas que usam árvores
como salas de aula; as crianças que pelo menos conseguem estar numa sala de aulas
geralmente sentam-se no chão frio, sujo, etc. (sob todos os riscos posturais) apesar da
adopção de projecto da operação troco do Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural, que consiste em transformar madeira apreendida em carteiras
escolar;

 As condições sanitárias das escolas mesmo dentro dos maiores centros urbanos são
também deploráveis (não aconselháveis ao uso humano); quando desloca-se um pouco e
mais além dos maiores centros urbanos, encontra-se situações ainda piores, os distritos e
localidades esses, estão entregues a chamada inovação, construções com material local
nas quais durante o tempo chuvoso, são decretadas (férias) pois, as suas salas são feitas
de caniço, palha, capim, etc. possíveis de ser derrubadas por um simples sopro da mãe
natureza. Diante desta precariedade, é necessário que se construam infra-estruturas
estáveis e de raiz que permitam a continuação das aulas mesmo nos períodos calamitosos,
em particular na época chuvosa;

 Em terceiro lugar, formar professores suficientes e de qualidade que aceite o papel de


educador como seu desafio, para além de reduzir-se o rácio professor-aluno que
actualmente encontra-se excessivo.

No que diz respeito aos restantes subsistemas de ensino, os problemas não estão muito distantes
dos existentes no ensino básico (corrupção e nepotismo, professores não devidamente
qualificados, infra-estruturas insuficientes, que ditam turmas numerosas, acesso limitado por
falta de meio de transporte para alcançar uma Escola Secundária, etc.).

No ensino técnico profissional e superior por exemplo, adicionam-se a falta de professores


(nacionais) devidamente qualificados para as áreas; aplicação de curricula de acordo com a
realidade das instituições e o país, pós é notória exigência de competências aos estudantes mas

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sem que tenham devidos equipamentos na sua aprendizagem. O mesmo caso chega nas escolas
técnicas do ramo industrial onde há falta de material para aulas práticas.

Se a boa escola é aquela que reprova sem contemplação, e porquê o melhor hospital não é aquele
que mata? Não se trata de erro de professor mas sim de todo sistema, apenas o professor está a
frente e é embaixador desse erro.

Por exemplo:

 Passagem semiautomática, não é erro do professor;

 Incompatibilidade de curricula de acordo com as realidades e respectivas diferenças


geográficas, económicas e culturais. Isto é, exigir resultados semelhantes mas com dados
diferente, não é o erro do professor;

 As turmas numerosas, não é o erro do professor;

 Falta de aplicação de medidas inovadoras que mantenham o professor no exercício do seu


papel de forma responsável deontologicamente profissional na supervisão pedagógica,
não é o erro do professor;

 A deficiência de material didáctico na escola, não é o erro do professor;

 A não aplicação regular de medidas que afastem os professores à corrupção e assédio nas
escolas, não é o erro do professor;

 A falta de comunicação entre pais e ou encarregados de educação com os seus


educandos, não é o erro do professor;

 A inércia na denúncia de actos de corrupção e assédio por parte dos prejudicados, não é o
erro do professor;

 Criar projecto um Distrito um Banco em vez de um Distrito uma Biblioteca, não é erro do
professor;

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 Concluindo, se o Erro de um médico pode matar um doente, de outro lado considera-se
que o Erro de um Professor destrói uma Nação!

Lembrando que a melhor arma de destruição passiva de uma nação, manipulação e exploração de
um País é instruir mal essa sociedade.

A questão de nível e o processo de selecção para a contratação influencia de certa forma a


corrupção no sector da educação que é um dos grandes “cancro” que conduz a fragilidade do
sector educacional. Isto é, o como a taxa de contracção que nunca supre as necessidades de
quadros formados quantitativamente nos vários subsistemas de formação dos profissionais da
educação, e do outro lado, a demanda financeira que não é suficiente na contratação completa,
comparando com o senário anterior, época em que os formados eram absorvidos na sua
totalidade, que ainda seguindo a história de contracção, remonta do período em que não era
necessário ter formação psicopedagógica, pode se dizer que o índice de corrupção na contratação
era inexistente. Entretanto, a sua formação actual ultrapassa a condição financeira que o estado
direcciona para o sector educacional.

Processamento da corrupção nas Escolas


Não queremos dizer da origem da corrupção, pois tem outros elementos ainda ocultos, mas com
certeza faremos a descrição de uma das principal causa de desenvolvimento da corrupção nas
escolas públicas do nosso país. Não queremos retirar a cumplicidade do professor, mas sim
sustentar como um professor pode ser influenciado a ser corrupto.

Através de processo de passagem semiautomática, maioria dos professores sentem-se retraídos


quando são compulsivamente obrigados a atingir metas do governo, e não da própria realidade
dos alunos.

Uma opinião de certos professores perguntados sobre as causas que lhes levam a aceitar dinheiro
oferecido pelo aluno frisaram que

Primeiramente um professor pode ter aquela vocação e amor de dar aula e compensar os alunos
de acordo com o seu trabalho, mas a questão de você ver um aluno que não assiste aulas a ser

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defendido por um professor com vista a ter uma nota satisfatória. E também porque a direcção
espera disso, leva ao professor “santo” a se converter à religião do diabo.

O que eles procuraram nos explicar é que se não houvesse pressão no enfeite das pautas, e a
integridade dos demais colegas (professores), quiçá, a questão de corrupção seria mero problema
de aluno e não o contrario ou paralelo.

A pandemia de Covid-19: Novo desafio para testar a educação no País

Pressuposto de um país jovem, com quase todos sectores básicos em ascensão, o mundo todo
sofre dos efeitos de um vírus mortífero que afecta e infecta todos através de um contacto físico
ou uma distância de pouco mais de dois metros, que obrigou o encerramento das aulas de forma
tradicional ao nível mundial.

Esta Pandemia mexeu com tudo, testou tudo, num percurso das actividades normais no País, no
início de 2020, parecia um ano de muitas vitórias e realizações, foi o contrário. Se o Ministério
da Saúde foi o mais importante e com mais orçamento, mesmo antes da eclosão da doença, ela
sofreu um revés ao longo dos meses subsequentes. Nos meados da segunda quinzena de Março,
o país registou o seu primeiro caso positivo e levou desta feita a interrupção das aulas em todos
os níveis de ensino, de seguida a declaração do Estado de Emergência pelo facto de cada vez o
país registar novos casos.

Aulas paralisaram, várias foram as formas de reintegrar o aluno no mundo de aprendizagem


permanecendo em casa. Mas como é que o aluno poderá aprender em casa?

Segundo as directrizes do Ministério da educação as aulas seriam ministradas através de órgãos


de comunicação de massa (Rádio e televisão). Esta leccionação não seria materializada porque
nem todos os alunos possuem rádio ou televisão, olhando pela programação de cada estação,
seria impossível ministrar aulas a meia-noite como foi implantado pela TVM. Considerando que
as disciplinas do sistema nacional de educação são várias, tornaria impossível desenvolver PEA
nesse molde.

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No ensino superior foram adoptadas várias estratégias de continuidade das aulas, desta feita aulas
on-line ministradas nos diferentes plataformas. Como, as redes sociais, WhatsApp e Google
Room entre outros. Os resultados não seriam os mesmos, pois, maior parte dos estudantes não
possuem computador e nem smartphone para manter se ligados a tempo inteiro das aulas. Essa
posse não foi apenas a dificuldade, mas também a questão de familiarização com o estudo on-
line através dos dispositivos informático, a titulo de exemplo são estudantes do primeiro ano que
muitos saem dos Distritos onde o acesso ao computador é raro e com escolas sem computadores
nas aulas de TICs5, poucas são as chances dele se integrar nesse novo modelo de ensino.

Mais uma vez, essa dificuldade respondeu a incapacidade do modelo nosso ensino por ter alunos
com um currículo brilhante nas suas disciplinas, mas com fragilidade de materialização dessas
disciplinas, como tal (as disciplinas práticas). A pandemia “descortinou o pano colorido que a
nossa educação usou por longo tempo para enganar a mentalidade do aluno de que ele estuda
informática”.

Em ma homilia do papa Francisco, teceu aos pais para que retomassem a responsabilidade de
educar os seus filhos, essa educação não se limitava em conhecer a moral e o civismo. É o
momento dos pais conhecerem os seus filhos mas também completar a actividade do professor
em casa, prestando acompanhamento nas lições do seu filho. Entretanto, poderia se copiar o
modelo italiano, norueguês ou da Dinamarca, ministrar aulas on-line, vídeo-aula, nesses vídeo-
aulas os pais ou encarregados fazem o acompanhamento das aulas em casa, permitindo uma
conexão entre alunos mesmo do ensino pré-escolar com os seus professores, mas essa prática
seria também inviável mesmo que as escolas tivessem computadores para o efeito, problema
levantado pelo este modelo é o nível de instrução escolar dos pais que é deficiente, maior parte
da população moçambicana encontra-se, na zona rural e é lá onde o maior parte da população é
analfabeta o tem pouca instrução.

Os condenados da pandemia

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Em alguns casos mesmo os alunos das capitais províncias beneficiam-se do computador. Por exemplo na cidade de
Quelimane, as Escolas de Secundárias públicas que tem salas de informática devidamente apetrechadas não fazem
1/3 delas, outras tem um computador mas com um projector de imagem onde os alunos apenas assistem as aulas
através da tela.
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Aprovados através do vírus

Reprovado pelo vírus

O maior perdedor

Conclusão

Referências bibliográfica

(Artigo em edição).

*
Académico Licenciado em Ensino de História e Documentação pela Universidade Pedagógica de Moçambique.
Pesquisador independente, as suas áreas de interesse são: História Social e Politica, Desenvolvimento educacional e
Gestão de unidades documentais. Basicamente promove a partir de iniciativas individual pesquisas locais nas áreas
do seu interesse.

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