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Dulce Helena Xavier

Nasser Micas

As Finalidade e Objectivos do Ensino de História

Licenciatura em Ensino de História

Universidade Save

Maxixe

2023

Dulce Helena Xavier


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Índice

Introdução.....................................................................................................................................3

Noções básicas sobre as finalidades educativas...........................................................................4

Finalidades educativas do ensino de História...............................................................................5

Os objectivos didácticos do ensino de História............................................................................7

Compreender os fatos ocorridos no passado e saber situá-los em seu contexto...........................7

Compreender que na análise do passado há muitos pontos de vista diferentes............................8

Compreender que há formas muito diferentes de adquirir, obter e avaliar informações sobre o
passado..........................................................................................................................................9

Transmitir de forma organizada o que se estudou ou se obteve sobre o passado.......................10

Conclusão....................................................................................................................................11

Referência bibliográfica..............................................................................................................12
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Introdução

A formulação de finalidades educativas para o sistema escolar é uma exigência prioritária no


planeamento e execução de acções públicas no campo da educação, pois elas estabelecem as
orientações básicas para as políticas educacionais e, daí, para a elaboração dos currículos e sua
operacionalização nas escolas e salas de aula. Elas geralmente são enunciadas no preâmbulo de
planos, projectos e documentos normativos, ora explicitamente ora de forma velada, neste caso
requerendo do pesquisador um trabalho mental de captar seu real sentido e intencionalidade. Não
é incomum encontrarmos nos documentos, metas e formas de operacionalização que destoam dos
enunciados preliminares, bem como formas de operacionalização que revelam as verdadeiras
finalidades.

É inegável a importância de se discutir as finalidades educativas escolares no âmbito dos sistemas


de ensino. Por certo, a educação escolar é um dos principais temas na definição de finalidades
educativas, ocupando lugar central nas políticas sociais e nos gastos públicos, sendo um campo
de confrontações entre os vários interesses sociais e políticos vigentes numa sociedade.
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Noções básicas sobre as finalidades educativas

A definição de finalidades e objectivos estabelece, também, referências para formulação de


critérios de qualidade da educação que, por sua vez, orientam políticas educacionais e directrizes
curriculares, as quais incidem directamente sobre o trabalho das escolas e dos professores.

As finalidades educativas, em primeiro lugar, referem-se a orientações explícitas ou implícitas


para os sistemas escolares, expressando valores e significados acerca do sentido da educação e da
instituição escolar. Escreve Lenoir:

[...], as finalidades educativas escolares são indicadores poderosos para se apreender as


orientações tanto explícitas quanto implícitas dos sistemas escolares, as funções teóricas
de sentido e de valor das quais elas são portadoras, bem como as modalidades esperadas
nos planos empírico e operatório dentro das práticas de ensino e aprendizagem. A análise
das finalidades permite, assim, perceber sua ancoragem na realidade social, o sentido que
elas atribuem ao processo educativo, os desafios e as visões que elas veiculam, bem como
as recomendações de actualização em sala de aula (LENOIR, 2016).

As finalidades indicam, assim, uma orientação filosófica e valorativa, elas “explicitam os valores
escolhidos e que dão fundamento à organização do sistema educativo”, diferentemente de
objectivos que se referem a resultados mais precisos, circunscritos, voltados a acções concretas
delimitadas para certo período de tempo, inclusive operacionalizados em metas quantificáveis
(Idem).

Em segundo lugar, as finalidades têm seu fundamento em concepções filosóficas que definem o
significado da educação na sociedade e, especialmente, o significado de “indivíduo educado” em
cada contexto histórico e político. Com isso, elas podem orientar as políticas educacionais e
fornecer fundamentos para o currículo. Segundo ESQUIVEL (2015:578), finalidades educativas
são concebidas como princípios filosóficos os quais estão comprometidos com os valores e
intenções que guiam as acções educacionais.

Em terceiro lugar, as finalidades educativas resultam do contexto social, político, cultural, no


qual estão implicadas relações de poder entre grupos e organizações sociais que disputam
interesses económicos, ideológicos, políticos. Resultam de um jogo de forças em que se
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defrontam sistemas de valores, ideologias, tradições, interesses particulares e de distintos grupos


sociais que compõem determinada sociedade. Portanto, não são neutras, ao contrário, são
directamente influenciadas pelo contexto social e ideológico, reflectindo-se nas expectativas e
valores acerca de objectivos formativos, nas políticas para os sistemas educativos e na estrutura e
conteúdo do currículo. A análise das finalidades educativas escolares permite, assim, captar sua
ancoragem na realidade social, o sentido que elas atribuem ao processo educativo, e as
orientações dadas pela sociedade ou, talvez mais precisamente, aqueles que a controlam, para sua
operacionalização (LENOIR, 2016).

Finalidades educativas do ensino de História

Nas sociedades contemporâneas, a História tem um importante papel. A História é, mais do que a
“mestra da vida” como a definiu Heródoto, um conhecimento que se pode utilizar como
justificação do presente. Vivemos no seio de sociedades que utilizam a História para legitimar
acções políticas, culturais e sociais, o que não é nenhuma novidade (PRATS, s/d: 4).

Neste texto, não queremos colocar em questão a utilidade ou a utilização da História; não
discutimos esta utilidade do estudo do passado entre as sociedades ocidentais. O que apontamos é
a utilidade do estudo da História para a formação integral (intelectual, social e afectiva) das
crianças e adolescentes (Idem).
A presença da História na educação se justifica por muitas e variadas razões. Além de fazer parte
da construção de qualquer perspectiva conceitual no marco das Ciências Sociais, ela tem, do
nosso ponto de vista, um interesse próprio e auto-suficiente como disciplina de grande
potencialidade formativa. Entre outras possibilidades, seleccionamos as que seguem, entendendo
que o estudo da História pode servir para:

I. Facilitar a compreensão do presente, uma vez que não há nada no presente que não
possa ser melhor compreendido através do passado. A História não tem a pretensão de
ser a “única” disciplina que objectiva ajudar a compreender o presente, mas pode-se
afirmar que, com ela, a compreensão do presente adquire maior riqueza e relevância
(PRATS, s/d: 4).

II. Preparar os alunos para a vida adulta. A História oferece um marco de referência para
entender os problemas sociais, para situar a importância dos acontecimentos diários, para
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usar a informação criticamente e, finalmente, para viver com uma consciência cidadã
plena (PRATS, s/d: 5).

III. Despertar o interesse pelo passado, o que indica que a História não é sinónimo de
passado. O passado é o que ocorreu, a História é a investigação que explica e dá
coerência a esse passado. Por isso, a História coloca questões fundamentais sobre esse
passado a partir do presente, o que não deixa de ser uma reflexão de grande
contemporaneidade e, portanto, susceptível de compromisso (Idem).

IV. Potencializar nas crianças e adolescentes um sentidos de identidade. Ter uma


consciência das origens permite que, quando adultos, possam compartilhar valores,
costumes, ideias etc. Esta questão é facilmente manipulável a partir de ópticas e exageros
nacionalistas. Nossa concepção de educação não pode levar à exclusão ou ao sectarismo,
uma vez que a própria identidade sempre cobrará sua dimensão positiva na medida em
que mobiliza na direcção de uma melhor compreensão daquilo que é distinto, o que
equivale a falar de valores de tolerância e de valorização do diferente (Idem).

V. Ajudar os alunos na compreensão de suas próprias raízes culturais e da herança


comum. Este aspecto está intimamente ligado ao ponto anterior. Não se pode impor uma
cultura padrão ou uniforme em âmbito planetário aos jovens de uma sociedade tão diversa
culturalmente como a actual. Sem dúvida, é certo que compartilhamos uma grande parte
da cultura comum. É necessário colocar esta herança em seu contexto preciso (Idem).

VI. Contribuir para o conhecimento e a compreensão de outros países e culturas do


mundo actual. Definitivamente, a História há-de ser um instrumento para ajudar a
valorizar os “demais”. Os que viveram isolados por razões históricas e políticas, devem
compensar essa situação fomentando a compreensão em relação a outras sociedades
próximas ou exóticas (Idem).

VII. Contribuir para o desenvolvimento das faculdades mentais por meio de um estudo
disciplinado, uma vez que a História depende em grande medida da investigação
rigorosa e sistemática. O conhecimento histórico é uma disciplina para a formação de
ideias dobre os fatos humanos, o que permite a formulação de opiniões e análises muito
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mais estritas e racionais sobre as coisas. O processo que leva a isto é um excelente
exercício intelectual (Idem).

VIII. Introduzir os alunos em um conhecimento e no domínio de uma metodologia


rigorosa, própria dos historiadores. As habilidades requeridas para reconstruir o
passado podem ser úteis para a formação do aluno. O método histórico, como se discutirá
mais adiante, pode ser simulado no âmbito didáctico, estimulando as capacidades de
análise, inferência, formulação de hipóteses, entre outras (Idem).

IX. Enriquecer outras áreas do currículo, uma vez que o alcance da História é imenso,
por organizar “todo” o passado, seu estudo serve para fortalecer outros ramos do
conhecimento; é útil para a literatura, para a filosofia, para o conhecimento do
progresso científico, para a música. De facto, há muitas disciplinas que não se pode
estudar sem conhecer algo da História e de sua história (Idem).

Todos estes elementos configuram um mundo rico em possibilidades formativas, que podem
tomar diferentes formas conceituais, plenamente coerentes com os limites e conteúdos das
Ciências Sociais no contexto da educação (PRATS, s/d: 5).

Os objectivos didácticos do ensino de História

Os principais objectivos do ensino de História são os seguintes:

Compreender os fatos ocorridos no passado e saber situá-los em seu contexto

Isto significa, em primeiro lugar, que é preciso que os alunos e alunas saibam reconhecer
convenções temporais quotidianas, que vão desde o “antes de” ou o “depois de” até as divisões
clássicas da História, ou a estrutura secular, a origem convencional dos calendários, entre outros
(Ibid: 6).
Para compreender os fatos e situá-los em seu contexto é necessário saber localizar alguns
acontecimentos simples em uma sequência temporal e utilizar convenções cronológicas
adequadas mediante o uso de linhas e outras representações gráficas (Idem).

De outro lado, as acções ocorridas no tempo nunca podem ser explicadas de forma isolada. Os
alunos e alunas deveriam saber demonstrar, fazendo referência a narrativas do passado, que as
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acções têm consequências. Ademais, também é preciso demonstrar que se tem consciência de
uma série de mudanças em um período de tempo. Isto requer contextualizar historicamente os
fatos e, para poder contextualizar, devem se levar em consideração as características das
formações sociais (Idem).

Não é possível contextualizar os fatos se os alunos e as alunas não forem capazes de demonstrar
que são conscientes das motivações humanas com relação aos acontecimentos do passado.
Também não é possível contextualizar o passado sem compreender que os acontecimentos
históricos têm, geralmente, mais de uma causa e diversas consequências. E, além disso, que tanto
uma como as outras têm natureza muito diferente e, por isso, ao explicar problemas históricos é
preciso saber situar algumas causas e consequências em ordem de importância (Idem).

É precisamente em torno do conceito de mudança que se nucleariza este primeiro objectivo do


Ensino de História. Os alunos e alunas devem chegar a demonstrar uma compreensão clara do
conceito de mudança em diferentes períodos de tempo e reconhecer algumas das complexidades
inerentes à ideia de mudança no momento de explicar problemas históricos (Idem).

Isto supõe entender a importância de determinadas elementos de longa continuidade histórica.


Quando se examinam problemas históricos, é necessário estabelecer diferença entre causas e
motivos. Para alcançar este objectivo, os alunos e alunas deveriam adquirir uma ampla
compreensão do problema da mudança e aplicá-la a questões históricas complexas. Desta forma
poderiam apresentar uma hierarquia bem argumentada de mudanças relativas a questões
históricas complexas (Idem).

Em resumo, é necessário demonstrar uma compreensão clara das características das distintas
formações sociais e das complexidades da inter relação entre causa, consequência e mudança nos
fatos históricos (Idem).

Compreender que na análise do passado há muitos pontos de vista diferentes

Efectivamente, os alunos e alunas gradualmente deveriam ser capazes de, em primeiro lugar, a
partir da informação histórica, reagir diante de narrativas sobre o passado e fazer comentários
sobre elas. Em segundo lugar, deveriam chegar a reconhecer que pode haver mais de uma versão
sobre um acontecimento histórico e identificar distintas versões existentes de um acontecimento,
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reconhecendo também que as descrições do passado frequentemente são diferentes por razões
igualmente válidas em uma versão ou em outras. Em etapas mais avançadas da escolarização, os
alunos e alunas deveriam ser capazes de compreender algumas razões gerais que explicam a
diversidade das versões sobre o passado (Idem).

Deveriam chegar a reconhecer que a pessoas influem nas interpretações de um problema


histórico. Segundo sua procedência, a época ou o lugar, a visão do fato é diferente. É necessário,
inclusive, ter consciência de que existe uma relação estreita entre as descrições do passado e as
fontes utilizadas para formular o relato (Ibid: 7).

Os alunos e as alunas deveriam ser capazes de avaliar as interpretações históricas em função,


inclusive, de sua distorção, assim como analisar os problemas que surgem quando se procura
fazer uma História “objectiva” (Idem).

Finalmente, os alunos e alunas, ao final de seus estudos secundários, deveriam mostrar uma
compreensão do fato de que os valores de sua época, de sua classe e nacionalidade, ou suas
crenças, afectam os historiadores em seus juízos sobre o passado. Em que pese tudo isso, devem
aprender que a História, entendida como conhecimento científico, é a única maneira rigorosa e
objectiva de explicar os tempos passados, apesar da provisoriedade de suas conclusões (Idem).

Compreender que há formas muito diferentes de adquirir, obter e avaliar informações


sobre o passado
Este importante objectivo do ensino da História está relacionado à forma como se obtém os dados
que servem para construir a explicação histórica. Para alcançá-lo, os alunos e alunas deveriam ser
capazes de extrair informações a partir de uma fonte histórica seleccionada pelo professor.
Posteriormente, e à medida que suas habilidades fossem ampliadas, os estudantes deveriam saber
adquirir informação histórica por meio de fontes que contém mais informação do que o
necessário, e que devem ser avaliadas e criticadas, de acordo com procedimentos habituais que os
historiadores utilizam ao fazer a crítica às fontes (Idem).

Contudo não é suficiente saber extrair a informação; é preciso saber avaliá-la; para isto, os
estudantes devem comparar o valor de algumas fontes relacionadas com uma questão histórica
concreta. É preciso saber reconhecer que tipos de fontes históricas poderiam ser utilizados para
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uma linha concreta de investigação e seleccionar os tipos de fontes que poderiam ser úteis para
proporcionar informação em uma investigação histórica (Idem).

É muito importante comparar criticamente as fontes utilizadas e reconhecer que o valor que elas
têm é determinado, em grande parte, pelas perguntas que fazemos sobre os dados que oferecem
sobre sua origem, ou sua relação com o tema de que tratam ou ao qual pertencem (Idem).
Finalmente, é preciso demonstrar habilidade para utilizar fontes apesar de sua mutilação e de suas
imperfeições, assim como ter consciência do carácter das fontes, de seus diversos usos e
limitações, das circunstâncias de sua criação e se podem ser utilizadas outras informações que
sejam melhores (Idem).

Transmitir de forma organizada o que se estudou ou se obteve sobre o passado


Para isto, é necessário em primeiro lugar, saber descrever oralmente aspectos do passado. Sem
dúvida, deve-se saber comunicar coisas do passado utilizando-se mais de um meio de expressão
(mapas, informes, desenhos, diagramas, narrativas etc.). Nossos alunos e alunas deveriam ser
capazes de seleccionar material histórico relevante com a finalidade de comunicar um aspecto do
passado utilizando diferentes meios (Idem).

Na direcção dessas questões, os estudantes devem: expor correctamente uma investigação


histórica relevante, omitindo o material supérfluo; seleccionar a informação relevante para
realizar uma exposição completa, precisa, equilibrada, fazendo uso de algumas das convenções
da comunicação histórica; sintetizar uma série de informações complexas e díspares sobre um
problema histórico de modo a elaborar uma explicação coerente e equilibrada; estruturar
informação complexa de forma apropriada para defender uma argumentação analítica, coerente e
equilibrada sobre um problema histórico; estruturar informação complexa dos métodos mais
apropriados para defender uma exposição analítica, coerente e apropriada sobre problemas
históricos substanciais, demonstrando ser consciente quanto à existência de enfoques alternativos
(PRATS, s/d: 8).
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Conclusão

A História é definida como tudo aquilo que o homem produz no decorrer de sua existência, é o
produto de suas acções na sociedade, sendo assim, enquanto seres sociais, pode-se dizer que
fazemos parte desse processo de forma activa, pois independentemente de nossas práticas sociais
sempre deixaremos vestígios, os mesmos que constituíram uma história. A História engloba
desde acontecimentos, objectos, pessoas e até mesmo construções, ou seja, tudo o que se encontra
a nossa volta pode ser denominado como tal, pois cada elemento contribui de maneira
significativa para a composição da mesma.

O ensino da disciplina História possibilita ao aluno compreender sua vivência, ampliando seus
conhecimentos sobre si e a sociedade o que este aluno aprende com ensino de História, devi ir
além de transmitir conhecimentos de determinada localidade, ambiente em que eles vivem, é
fundamental que o mesmo conheça a História de seu quotidiano, como também de seu Estado,
País e do mundo, para assim compreender o porquê e como chegamos até aqui, como se
desenvolveu as culturas, politicas, estruturas, economia, entre outras características. O passado
que deve impulsionar a dinâmica do ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental é aquele que
dialoga com o tempo actual.
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Referência bibliográfica

ESQUIVEL, R. Analise dos objectivos educacionais do ensino de línguas no Chile: a ideologia


por trás dos ajustes curriculares. Educativa, Goiânia. 2015.

LENOIR, Y. Do liberalismo ao neoliberalismo: quais os impactos para fins educativos escolares


e para o conhecimento disciplinar. Quebec, Canadá: Group éditions Editeurs, 2016.

PRATS. Joaquín. Ensinar História no contexto das Ciências Sociais: princípios básicos. S/d.

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