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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

CENTRO DE RECURSO DE PEMBA

Tema do trabalho

As transformações africanas sócio – culturais pós coloniais em África

Nome: Mohamede Abubacar Abdul


Código: 708207426

Curso de Licenciatura em: História

Disciplina: História das Sociedades IV

Ano de Frequência: 4º Ano

Pemba, Abril de 2023


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bibliográfica
nacional e
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internacionais
relevantes na área
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Aspectos
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gerais
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Referências APA 6ª edição das
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Bibliográficas em citações e citações/referência
bibliografia s bibliográficas

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Índice:

Introdução………………………………………………………………………………………………………………………...4

Estratégias de desenvolvimento do país nos campos político, económico e social………….5

O legado colonial……………………………………………………………………………………………………………….5

Transição e consolidação da independência nacional (1974-1977)…………………………………..5

A construção do socialismo (1977-1983/4)………………………………………………………………………6

A abertura da economia e para uma transição política (1984-1992)…………………………………7

Reconstruindo uma nova sociedade (1992-1999)…………………………………………………………….7

Produção de conhecimento científico: as ciências sociais………………………………………………..8

Conclusão…………………………………………………………………………………………………………………………9

Referências bibliográficas……………………………………………………………………………………………….10

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Introdução:

Moçambique tornou-se independente em 1975, depois de uma luta armada de libertação


nacional. A FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique, que havia conduzido a
luta durante 10 anos, formou o primeiro governo, com um programa de trabalho
orientado para a construção de uma sociedade socialista. (COELHO; 1997, 152)

Em 1976 surgiram os primeiros indícios de desestabilização em Moçambique, cujo


desenvolvimento atinge a forma de uma guerra civil alargada a todo o país, sobretudo
na década de 80, opondo o governo e a RENAMO - Resistência Nacional de
Moçambique. A desestabilização provocada por estes conflitos internos é agravada por
agressões militares que a Rodésia faz a Moçambique, mais tarde transferidas para o
regime de apartheid da África do Sul. Apenas em 1992, com a assinatura do ‘Acordo
Geral de Paz’ entre a FRELIMO e a RENAMO, cessam as hostilidades e inicia-se um
processo de paz e reconciliação.

A década de 80 marca a transição de uma economia centralmente planificada para uma


economia aberta, de mercado. Nos anos 90, concretiza-se a transição política
anteriormente iniciada, onde se destaca a introdução de uma constituição pluralista e a
emergência de um processo de descentralização política e administrativa.

Com este perfil, pretendemos apresentar um resumo informativo sobre a evolução dos
acontecimentos políticos, económicos e sociais em Moçambique, no período pós-
independência, e os desenvolvimentos no campo científico, particularmente nas
Ciências Sociais, que acompanharam estes processos.

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Estratégias de desenvolvimento do país nos campos político, económico e social

Existe hoje uma extensa bibliografia em Português e em Inglês (1)  sobre o assunto que
estamos a tratar, utilizando periodizações semelhantes, ou mais ou menos diferenciadas,
o que reflecte também diferentes orientações e interpretações dos impactos dos diversos
acontecimentos internos ou externos, sobre o desenvolvimento do país. Com este
conjunto de informações, cuja análise resulta do trabalho sobre fontes secundárias e não
sobre dados empíricos provenientes do nosso trabalho de pesquisa, pretendemos apenas
trazer a vosso conhecimento alguns pontos que consideramos importantes para
contextualizar o desenvolvimento da pesquisa em Moçambique, no âmbito do projecto
‘Reinventing Social Emancipation: exploring the possibilities of counter-hegemonic
globalization’, do qual todos nós fazemos parte.

O legado colonial

Entre a chegada do primeiro navegador português a Moçambique (1498) e o controle


efectivo do território e a instalação da administração colonial, decorreu um processo
difícil de dominação das diversas organizações políticas africanas que detinham o poder
no território. A ocupação efectiva ocorreu em finais do século passado, com a
dominação do Estado de Gaza no sul do país, embora apenas na década de 20, a
administração colonial tenha passado a assumir um real controle do território.

Transição e consolidação da independência nacional (1974-1977)

Com o cessar-fogo e a assinatura dos ‘Acordos de Lusaka’ em Setembro de 1974,


sucede-se a criação de um governo de transição, composto por representantes da
FRELIMO e do governo português, cuja duração se estende até à independência
nacional de Moçambique, a 25 de Junho de 1975.

O hiato provocado pela saída massiva dos portugueses que haviam preenchido a maior
parte dos lugares do quadro da administração e do aparelho económico, depois da
proclamação da independência nacional, teve que ser preenchido e assumido pela
FRELIMO. As mudanças operadas em Moçambique pelo sistema de administração
portuguesa em finais do período colonial, não foram suficientemente abrangentes de

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molde a criarem uma élite negra educada. Na altura da independência, Moçambique
tinha uma população com um percentagem de 90% de analfabetos, um número reduzido
de técnicos e pessoas com formação superior. No geral, havia poucas pessoas
preparadas para preencherem os lugares abruptamente deixados pelos portugueses. É
importante registar que o êxodo de portugueses e de alguns indianos neste período entre
a transição e o pós-independência, foi acompanhado por uma ‘sabotagem’ da economia
de Moçambique, que pode ser caracterizada pelo esvaziamento das contas bancárias,
fraudes na importação de mercadorias e exportações ilegais de bens (carros, tractores,
maquinaria, etc). Na mesma altura, empresas e bancos portugueses procederam ao
repatriamento do activo e dos saldos existentes, criando assim um rombo na economia
de Moçambique.

A construção do socialismo (1977-1983/4)

Com a criação do Partido Marxista-Leninista, em 1977, criaram-se também os


‘movimentos democráticos de massas’ para enquadrar os trabalhadores, as mulheres, a
juventude, organizações criadas ‘de cima para baixo’ sob a tutela e orientação do
Partido. Durante este período, Moçambique estabelece relações com os países do Leste
europeu, de quem recebe inicialmente uma ajuda no campo militar. Recorde-se que os
primeiros indícios de conflitos armados haviam surgido em 1976.

A adesão de Moçambique ao processo de sanções contra a Rodésia e o encerramento


das fronteiras entre os dois países, abriu o caminho para uma história de hostilidades
que havia de durar até aos anos 90. O apoio dado por Moçambique aos guerrilheiros e
refugiados zimbabweanos, agravou ainda mais as relações entre os dois países. As
incursões militares perpetradas pelo regime de Ian Smith ao interior de Moçambique,
foram agravados pelo apoio dado à criação e desenvolvimento de um movimento de
oposição à FRELIMO, a RENAMO. Com a independência do Zimbabwe, em 1980, a
base de apoio deste movimento foi transferida para a África do Sul, que por sua vez
também realizou incursões militares ao interior de Moçambique e criou um clima
permanente de instabilidade. A África do Sul tinha como objectivos retaliar a
FRELIMO pelo apoio dado ao ANC (Congresso Nacional Africano), através da
destruição das infraestruturas e da sua economia, por forma a obrigar a FRELIMO a
sentar-se a uma mesa de negociações. Com o apoio militar sulafricano, a RENAMO
aumentou o seu exército, de menos de 1000 efectivos em 1980, para 8000 efectivos em

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1982 (Human Rights Watch, 1994: 8). Com zonas de combate em Manica e Sofala,
rapidamente as suas operações militares se expandiram por todo o país. Em 1982, a
guerra tinha-se alastrado às províncias do sul, Gaza e Inhambane, e à Zambézia.

A abertura da economia e para uma transição política (1984-1992)

Segundo BRITO (1980), diz que as pressões políticas no campo interno e externo e a
necessidade de receber ajuda alimentar para superar a crise económica e as
consequências da guerra e das calamidades naturais levaram a FRELIMO a redefinir a
sua política externa: i) em 1982 o governo ‘começou a cortejar os Estados Unidos e a
fazer a sua "viragem para o Ocidente" (HANLON, 1997: 15); ii) em 1984, assinou o
‘Acordo de Nkomati’ com a África do Sul, uma tentativa de cortar os apoios da África
do Sul à RENAMO. Com este acordo, criaram-se também alguns espaços para
negociações sobre a mão de obra moçambicana, e sobre o fornecimento da energia
eléctrica de Cabora-Bassa para a África do Sul.

Depois de uma fase de economia centralmente planificada, em 1985 dão-se os primeiros


passos para a sua liberalização, o que leva a uma transição. Visando reverter as
tendências negativas do crescimento económico através de um reajustamento estrutural,
em 1987 é introduzido o Programa de Reabilitação Económica (PRE) e em 1990 o
Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES). O programa de ajustamento
estrutural, é um pacote que envolve o livre comércio, a desregulamentação e
a privatização. O governo liberalizou os preços, praticamente terminou a sua gestão do
mercado, cortou o seu orçamento nos sectores sociais, e introduziu mudanças nas
políticas da saúde e da educação, onde foi estabelecido um sistema que atribui acesso
com base no rendimento.

Reconstruindo uma nova sociedade (1992-1999)

Em 1990 a FRELIMO introduziu uma nova constituição que permitia eleições


multipartidárias, a liberdade de imprensa e o direito à greve. Desde 1987 que se faziam
esforços para estabelecer conversações entre a FRELIMO e a RENAMO. Em Julho de
1990 o governo e a RENAMO deram início às conversações em Roma e em Outubro de
1992, também em Roma, Joaquim Chissano e Afonso Dlakama assinaram o Acordo de
Paz. O processo de cessar fogo, a desmobilização e o repatriamento decorreram sem

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incidentes de maior, e em Outubro de 1994, realizavam-se as primeiras eleições
multiparditárias (presidenciais) em Moçambique. Em 1998 realizaram-se as primeiras
eleições para os órgãos locais, estando também em preparação as segundas eleições
presidenciais, calendarizadas para 1999.

Produção de conhecimento científico: as ciências sociais

Segundo MAZULA (1995), salienta que a produção científica na área das Ciências
Sociais tem um papel fulcral a desempenhar no diagnóstico e interpretação dos diversos
processos sociais. No entanto, ela não deixa de estar permeável ao meio ambiente em
que se insere, ficando assim exposta a manipulações que podem servir os interesses dos
poderes políticos. Com um enfoque no período pós-independência, na nossa breve
análise tentaremos ilustrar essa interpenetração entre produção científica e o meio em
que os seus produtores se inserem.

Nas colónias portuguesas, o desenvolvimento das Ciências Sociais, moldado para


legitimar o sistema político vigente, transformara o Estado colonial no sujeito da
história e as populações africanas no seu objecto. Em Moçambique, a maior parte dos
estudos produzidos durante este período, consistiam em descrições etnográficas,
estatísticas, estudos sobre questões da diplomacia portuguesa, monografias, leis e
instituições coloniais, visando legitimar e dar visibilidade à presença portuguesa em
Moçambique. O sistema de educação fora estruturado para reforçar a ideologia do
regime, e os paliativos introduzidos com as reformas tentavam contornar a possibilidade
de produzir uma élite educada que viesse a constituir uma oposição política e um grupo
forte de intelectuais.

A independência de Moçambique, em 1975, trouxe consigo novos desafios nos campos


político, social e económico, e a necessidade de reconstruir e dar uma nova direcção à
produção científica na área das Ciências Sociais. Apesar do reduzido número de pessoas
com formação superior existente nessa época, uma jovem geração de intelectuais
moçambicanos estabeleceu a ruptura com os moldes de produção científica vigentes, e
trouxe uma nova abordagem à produção científica e consequentemente aos programas e
métodos de ensino neste mesmo campo.

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Conclusão:

Os portugueses chegaram a Moçambique em 1498 e a administração colonial foi


instalada três anos mais tarde, ficando o território dependente do Estado da Índia até
1752. Em 1569, Moçambique foi elevada à condição de capitania-geral, englobando a
região de Sofala e a do Monomotapa. A ocupação de Moçambique se iniciou em 1507,
contudo, segundo o historiador Luiz Felipe de Alencastro, a penetração portuguesa em
Moçambique foi muito frágil, sobretudo se comparada à conquista e à ocupação de
Angola, na costa ocidental da África. (ANDRADE; 1998, p.142)

Durante boa parte da colonização portuguesa, Moçambique desempenhou a função de


entreposto comercial e de ponto de apoio para os navios com destino ao Oriente. Com
relação ao desenvolvimento interno da colonização, de acordo com Luiz Felipe de
Alencastro, os portugueses praticamente não interferiram no processo produtivo da
região, além de não conseguirem reorientar em benefício próprio os circuitos de
comércio local, o que corrobora a posição estratégica de Moçambique na carreira da
Índia. As trocas permaneceram voltadas para o Norte da África e para o Leste, em
direcção ao Golfo Pérsico, onde regiões como Omã adquiriam grande quantidade de
escravos.

Para Charles Boxer, a penetração portuguesa no território de Moçambique também foi


dificultada, até o século XVIII, pela insalubridade verificada nas regiões costeiras da
África e da Ásia. A correspondência oficial entre Lisboa e Goa, de 1650 a 1750, relata a
preocupação das autoridades com o escasso contingente de portugueses reinóis no
Oriente e com as altas taxas de mortalidade na região, incluindo Moçambique como
parte do circuito indiano. Tal situação parece não ter se alterado depois de 1750, pois,
em 1799, o vice-rei conde de Resende sugeriu o envio anual de vadios e voluntários do
Rio de Janeiro para povoar diferentes regiões africanas, como Moçambique.
(ANDRADE; 1998)

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Referencias bibliograficas:

ANDRADE, X., LOFORTE, A., OSÓRIO, C., et al (1998). Famílias em contexto de


mudanças em Moçambique. Maputo: WLSA Mozambique e Centro de Estudos
Africanos.

BRITO, Luís (1980). ‘Dependência Colonial e Integração Regional’. Estudos


Moçambicanos, pp.23-32.

BRAGANÇA, A.& DEPELCHIN, J. (1986). ‘Da idealização da FRELIMO à


compreensão da História de Moçambique’ Estudos Moçambicanos. (5/6), pp29-52.

COELHO, João Paulo (1997). ‘A investigação recente da luta armada de libertação


nacional: contexto, práticas e perspectivas’. ARQUIVO (17), pp.159-179

HANLON, Joseph (1997). Paz sem benefícios: como o FMI bloqueia a reconstrução de


Moçambique. Maputo: Centro de Estudos Africanos.

Human Rights Watch (1994). Landmines in Mozambique. New York.

MAZULA, B. (1995). Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique: 1975-1985.


Porto: Afrontamento e Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa.

NEWIT, Malyn (1997). História de Moçambique. Lisboa: Publicações Europa-


América.

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