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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Problemas de Organização do Espaço Urbano

Sónia António Bernardo 708195670

Curso: Geografia
Disciplina: Geografia do Urbanismo
Ano de Frequência: 4º
Docente: Sebastião Carlos Murrere

Milange, Abril, 2022


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do problema)
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objecto do
trabalho
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domínio do
discurso
Conteúdo académico 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência
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Análise e
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discussão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
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dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
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Normas APA  Rigor e coerência
Referências
6ª edição em das
Bibliográfica 4.0
citações e citações/referência
s
bibliografia s bibliográficas
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Índice

Introdução..........................................................................................................................5

1.Problemas de organização do espaço urbano.................................................................6

1.1.Conceito de espaço urbano..........................................................................................6

1.2.Aglomerações urbanas.................................................................................................6

1.2.1.Dispersão urbana......................................................................................................7

1.2.2.Impactos das aglomerações urbanas.........................................................................8

1.3.Morfologia urbana.....................................................................................................11

1.3.1.Elementos da forma urbana....................................................................................13

1.3.2.Abordagens da morfologia urbana.........................................................................14

1.3.3.Tipologias de morfologia urbana............................................................................14

1.3.3.1.Planta irregular ou desordenada..........................................................................15

1.3.3.2.Planta Regular ou Ortogonal...............................................................................16

1.3.3.3.Planta Radioconcêntrica......................................................................................16

Conclusão........................................................................................................................18

Referências bibliográficas...............................................................................................19
Introdução

O presente trabalho da Cadeira de Geografia do Urbanismo presa a


nomenclatura de um trabalho científico e trás uma abordagem virada a “Problemas de
organização do espaço urbano”. Parte-se do pressuposto de que na actualidade, mais
de metade da população mundial reside em áreas urbanas, o que indica que o mundo
actual se está a metamorfosear num local predominantemente urbano. Com efeito, a
gestão das áreas urbanas tem sido apontada como uma das questões mais desafiantes e
pertinentes do século XXI. Com efeito, as áreas urbanas, mais do que o modo de vida e
respectivos aspectos que o caracterizam, são o receptáculo de toda uma dimensão
simbólica relacionada, essencialmente, com a formação de uma identidade cultural, de
acordo com a qual são estabelecidos alguns valores que, de alguma forma, explicam os
indivíduos que a integram. Por isso, o conceito de qualidade de vida articula-se,
directamente, com o de progresso urbano, na medida em que a aposta na melhoria das
condições de vida dos cidadãos fomenta nestes últimos a repercussão de boas práticas
urbanas.

O presente trabalho em abordagem versa – se sobre os seguintes objectivos.

Objectivo geral:

 Analisar os problemas de organização do espaço urbano;

Objectivos específicos:

 Identificar os impactos das aglomerações urbanas;


 Descrever os impactos das aglomerações urbanas;
 Apresentar as tipologias de morfologia urbana.

A metodologia utilizada na elaboração do presente trabalho foi a consulta


bibliográfica, que consiste na recolha, análise crítica e interpretação de dados. Cuja
citações estão inseridas no desenvolvimento do trabalho e na referencia bibliográfica.
Estruturalmente o trabalho obedece a seguinte organização: introdução,
desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.

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1. Problemas de organização do espaço urbano
1.1. Conceito de espaço urbano.

De acordo com Milton Santos (1999), “o espaço é a síntese, sempre provisória,


entre o conteúdo social e as formas espaciais e como simples materialidade não tem
condições de provocar mudanças mas apenas de participar da história viva” (p.86).

Visto desta maneira, o espaço transforma-se em cidade somente a partir de uma


quantidade determinada de tempo e de trabalho humano que o-instrumentalizam.

Segundo Roberto (1995), refere que:

O espaço urbano representa, antes de mais nada, um uso, ou ainda, um


valor de uso e desta maneira a vida se transforma, com a transformação dos
lugares de realização de sua concretização, que a norma se impõe e que o
Estado domina a sociedade, organizando, posto que normaliza os usos através
dos interditos e das leis. (p.10).

Em termos gerais, podemos considerar o espaço urbano como sendo o conjunto


de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais usos definem áreas, como: o centro
da cidade, local de concentração de actividades comerciais, de serviço e de gestão; áreas
industriais e áreas residenciais, distintas em termos de forma e conteúdo social; áreas de
lazer; e, entre outras, aquelas de reserva para futura expansão.

O espaço urbano como produto social, em constante processo de reprodução, nos


obriga a pensar a acção humana enquanto obra continuada, acção reprodutora que se
refere aos usos do espaço onde tempos se sucedem e se justapõe montando um mosaico
que lhe dá forma e impõe característica a cada momento.

1.2. Aglomerações urbanas

Para apresentar os impactos das aglomerações urbanas, é preciso verificar se o


termo aglomerado tem significado idêntico ou diferente de aglomeração. Nos
dicionários, aglomerado é apresentado como adjectivo (referente a algo junto, reunido).
Já o termo aglomeração é descrito como “acção ou efeito de aglomerar-se, agrupar-se”

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O Dicionário Aurélio (1999), apresenta o termo “aglomerado urbano” como
sinónimo de aglomeração urbana, descritos como “qualquer agrupamento urbano, seja
vila ou cidade”.

Sobre o assunto, Matos (2000) destaca que aglomeração urbana é um


conceito de uso relativamente recente no Brasil. Reporta-se a um conjunto de
pessoas ou actividades que se concentram em espaços físicos relativamente
pequenos, daí a sua acepção mais eminentemente urbana, não rural.

O termo aglomeração, nesta concepção, não diz respeito ao “agrupamento de


cidades” ou “junção” de centros urbanos distintos, mas sim na acepção da concentração
dos aspectos já enumerados anteriormente, em espaços compactos.

Assim, o que se nota é que existem duas formas de abordagem sobre a


aglomeração urbana: uma diz respeito a essa concentração de pessoas, serviços,
actividades etc, em espaços compactos, não ultrapassando necessariamente os limites
político-administrativos de uma cidade; já o outro ponto de vista compreende a
aglomeração urbana numa perspectiva mais ampla.

1.2.1. Dispersão urbana

As transformações e mudanças no conteúdo do urbano, na forma das cidades e


nos modelos de urbanização têm produzido configurações fragmentadas, descontínuas e
de baixa densidade, que se diferem sobremaneira da tradicional cidade compacta
(Abramo, 2007; Gonçalves, 2011). Actualmente, a dispersão urbana é uma das
principais características dessas transformações

A designação - dispersão urbana - é equivalente ao “urban sprawl” do


inglês e a “étalement urbain” do francês. Em geral, as terminologias explicam a
expansão horizontalizada, espraiada, descontínua, não compacta do tecido
urbano, da malha urbana ou do ambiente urbano construído etc. (Brueckner,
2000; Burchell et al., 2005).

Para Oliva (2004) e Silva (2013), “trata-se de um processo de aglomeração


urbana espraiada, que trata da extensão do espaço urbano configurada pelo tecido
urbano (cidade).” Desse modo, conformam-se os núcleos urbanos dispersos e
territorialmente desagregados do conjunto urbano principal.

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Segundo Spósito (2007), a dispersão urbana é um tipo específico de expansão do
tecido urbano que se expressa pelo espraiamento em rupturas e descontinuidades, com
redefinições das lógicas de distribuição espacial dos usos residenciais, industriais,
comerciais.

Actualmente, o sistema interpretativo da urbanização dispersa tem mudado de


qualidade. E essa transformação se dá na medida em que a expansão do tecido urbano
acaba por se diluir, inicialmente limitado pelos padrões de densidade urbana que
configurava a cidade compacta, e actualmente pela introdução dos automóveis no modo
de vida urbano.

Como Lamas (1993) defende, a forma física do espaço é uma realidade


para a qual um número de factores não-espaciais contribui. Dentre esses
factores, o autor enfatiza a importância de condições sócioeconómicas, que se
materializam na forma urbana, através de acções voluntárias no espaço, que
partem de estéticas, ideologias, culturas, padrões de comportamento e
sociabilidade diversos.

A análise dessas configurações territoriais urbanas sustenta-se no âmbito do


processo de produção do espaço, uma vez que os diferentes elementos que constituem a
morfologia urbana são resultantes das acções e interesses de determinados agentes.

Sobre o assunto, Gottdiener (2010) ressalta que, na perspectiva crítica, “as


formas do espaço de assentamento são produzidas pelas forças sócio-estruturais
dominantes que controlam a sociedade”. (p.195).

Por isso, o entendimento da constituição das distintas formas espaciais demanda,


necessariamente, a compreensão das transformações ao longo do tempo, segundo as
acções e os interesses dos diferentes agentes.

1.2.2. Impactos das aglomerações urbanas

O espaço urbano, na actualidade, torna-se cada vez mais complexo, frente às


diversas transformações resultantes da intensificação do processo de urbanização.
Dentre inúmeros aspectos, podem-se destacar os impactos resultantes dos intensos
fluxos migratórios do campo para as cidades.

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Com o êxodo rural, muitas cidades passaram por um rápido e intenso
crescimento populacional. As transformações vivenciadas no território nacional nas
últimas décadas, tais como a expansão da fronteira agrícola, reestruturação industrial,
implantação de infra-estruturas, investimentos públicos, dentre outras, também
modificaram, de diferentes formas, a configuração da rede urbana moçambicana.

Algumas das consequências das aglomerações urbanas podem ser


enumeradas: proliferação das favelas, desemprego, marginalidade e carência de
infra-estrutura básica. Esses problemas estão relacionados à qualidade de vida
da população e são decorrentes de uma urbanização acelerada que não vem
acompanhada de uma infra-estrutura que lhe dê suporte. (Smolka, 1999).

Nesta mesma ordem de ideias, importa frisar que há, ainda, problemas de ordem
ecológica. São problemas relativos à poluição do ar, da água e do solo. O processo de
erosão ocasionado pela má ocupação de determinadas áreas urbanas, como as encostas
de morros e as margens de rios e córregos, é um desses problemas.

Não obstante, nota-se que a construção de habitações precárias nessas áreas


acelera a erosão dos solos, destrói o ambiente e compromete a qualidade de vida e a
segurança das populações de baixa renda, que costumam ocupar tais áreas.

Por outro lado Villaça (1998), afirma que “poucos associam o fato de que a
aglomeração urbana é muito mais um processo do que uma condição; enfim, a
aglomeração urbana não faz sentido se não for entendida sob uma perspectiva
comparativa.”

Assim podemos encontrar os seguintes impactos relacionados as aglomerações


urbanas:

 Maiores distâncias para a cobertura dos serviços públicos (segurança, educação,


saúde, etc.);
 Agravamento dos conflitos sociais através do aumento da segregação socio-
espacial;
 Maior consumo de recursos naturais (água, energia eléctrica e combustíveis
fósseis);
 Aumento da poluição atmosférica;
 Crescimento da demanda por transporte automotivo individual;

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 Congestionamentos e maior consumo do tempo médio das viagens diárias;
 Maior incidência de alguns problemas de saúde e causas de óbito (obesidade,
acidentes de trânsito, problemas respiratórios, enfermidades tipicamente rurais,
etc.).

Mergulhando na mesma linha de pensamento Carlitos (s/a), afirma que as


cidades do mundo apresentam vários tipos de problemas. Quanto mais antiga e maior
for a cidade, mais diversificados e mais complexos são os problemas que se reflectem
de uma forma directa ou indirecta nas populações urbanas.

Neste contexto, os problemas mais comuns e mais importantes para a maioria


das grandes cidades são: a saturação e “sares”, o trânsito, a marginalidade,
criminalidade, delinquência, abastecimento, poluição, abastecimento, lixo e esgoto
(saneamento do meio) e as periferias urbanas.

Não obstante, importa frisar que não só as cidades são afectadas com a questão
das aglomerações urbanas, mas também temos o caso das periferias urbanas que
caracterizam-se por ser espaços urbanos ou peri-urbanos pobremente infra-estruturais e
mal equipados. Nestas áreas vivem populações mais modestas e muito dependentes do
centro urbano quanto ao emprego, comércio, escolas de níveis superior, etc.

No entanto, as periferias urbanas também apresentam problemas de água,


electricidade, saneamento, transporte, etc. Ademais, nota-se que as periferias urbanas,
além dos seus problemas próprios, podem constituir aspecto de preocupação por duas
razões:

 Por afectarem o equilíbrio ecológico da região e atingirem ecossistemas de


especial valor;

 Por cercarem e congestionarem o centro urbano principal, limitando a sua área


central, as suas possibilidades futuras de expansão ou ainda por criarem
conjuntos urbanos desequilibrados com funcionamento deficiente. Ex: a cidade
da Beira.

Contudo, é importante considerar a dinâmica das periferias urbanas por serem


áreas do território urbano mais sujeitas a mudanças. Dai a importância de acompanhar
estas alterações e intervir sempre que necessário através dos P.D.M (Plano Director
Municipal) ou mesmo P.G.U (Plano Geral de Urbanização).

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Nesta mesma linha de ideias Sposito (2007), afirma que uma má ocupação do
território da periferia, nas primeiras fases de crescimento, pode tornar inviável uma
solução optimizada do espaço no futuro.

Dai que o planeamento das periferias urbanas, deve ser o mais cuidado, sob pena
da população ai residente sentir-se marginaliza e constituir focos de tensão social.

1.3. Morfologia urbana

O conceito de morfologia urbana não gera ambiguidade – embora muitos


empreguem o termo quando se referem à forma urbana – o mesmo não pode ser dito em
relação à tipologia, considerando-se que a palavra “tipo” assume acepções diversas,
dependendo do autor e da época a que pertence.

O termo “morfologia” vem do grego (morphé + lógos + ía) e significa


“a ciência que estuda a forma” ou “a ciência que trata da forma”. Do ponto de
vista urbanístico, a morfologia pode ser definida como o estudo da forma
urbana ou o estudo dos aspectos exteriores do meio urbano, por meio do qual se
coloca em evidência a paisagem e sua estrutura. (Lamas, 1992, p.37).

De acordo com Oliveira (2016), “a morfologia urbana é o estudo da forma das


cidades. No entanto, diferentes abordagens indicam vários elementos constituintes do
tecido urbano ou de sua paisagem.”

José Lamas propõe que esse estudo seja feito a partir da análise dos
elementos morfológicos - as “unidades ou partes físicas que, associadas e
estruturadas, constituem a forma”, ou seja, o solo, os edifícios, o lote, o
quarteirão, as fachadas, os logradouros, o traçado, as ruas, as praças, os
monumentos, a vegetação e o mobiliário. (Lamas, 1992, p.46)

Assim sendo, esses elementos devem ser articulados entre si e vinculados ao


conjunto que definem – os lugares que constituem o espaço urbano.

“os pesquisadores ligados à morfologia urbana atentam para os resultados tangíveis de


questões sociais, económicas, políticas, ou seja, estudam a manifestação de ideias e
intenções na medida em que elas tomam forma no chão e moldam as cidades” (Moudon,
1997).

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Além disso, a compreensão das formas urbanas como manifestação física de um
contexto cultural específico tem favorecido a apreensão das diferentes paisagens
urbanas.

“Contudo, é importante aclarar que boa parte desses pesquisadores tem abordagem
‘internalista’, o que quer dizer que eles percebem a forma urbana a partir de uma lógica
interna própria” (Gauthier; Gilliland, 2006).

Nesse sentido, a base da morfologia urbana é a ideia de que a organização do


tecido da cidade em diferentes períodos e o seu desenvolvimento não são aleatórios,
mas seguem leis que a morfologia urbana trata de identificar. Portanto, a formação
física da cidade tem dinâmica própria, ainda que condicionada por factores culturais,
económicos, sociais e políticos.

De acordo com George (1983), olhando a cidade como um todo, onde o espaço
se diferencia em termos de situação geográfica e de proximidade ou afastamento do
centro, o uso/ocupação do solo urbano, distingue-se em área especializadas, tais como:

a) O centro – é a área mais bem conhecida e estudada no interior da cidade. Em termos


geográfico a designação utilizada é de origem anglo-saxónica e é conhecida pela sigla
C.B.D (Central Business District). Trata-se pois do centro de negócio (comercio e
serviços mais importantes da cidade).

b) As áreas residenciais – podem-se diferenciar tendo em conta:

 A composição étnica e sócio-económica dos seus habitantes;

 A situação geográfica (vista agradável, lugar panorâmico e sossegado, com


espaços verdes à volta, etc.);

 Acessibilidade ao centro e à cidade no seu conjunto;

 A qualidade e tipologia das construções.

c) As áreas comerciais – identificam-se pelo:

 Tipo de comércio (diversidade ou especialização);

 O nível do comércio (luxo ou vulgar);

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 A localização relativamente ao C.B.D.

d) Áreas industriais e os subúrbios – regra geral onde se localizam as indústrias, tendo


em sua volta bairro de operários que trabalham nestas fábricas.

1.3.1. Elementos da forma urbana

A expressão forma urbana pode apontar diferentes direcções conceituais. O


dicionário Aurélio (Ferreira, 1988, p.648) nos dá muitos usos para o substantivo (forma
é um verbete extensíssimo!) e também para o adjectivo (urbano refere-se a certo modo
de organização socioeconómica e espacial, mas também à maneira cortês, afável e
civilizada nos relacionamentos sociais).

Oliveira (2016), divide a forma urbana em três elementos principais:

 Sistema de Edifícios
 Sistema de Parcelas
 Sistema de Ruas

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Falar em forma urbana ou espaço urbano remete, necessariamente, à abordagem
dos processos de organização social na cidade a partir de suas características
configurativas.

1.3.2. Abordagens da morfologia urbana

Na visão de Quincy, Apud Aymonino (1981), referem que “a tipologia


corresponde ao estudo dos tipos - termo que possui acepções arquitectónico-urbanísticas
diversas, podendo designar um objecto a partir do qual são concebidas obras diferentes
entre si”. (p.104).

Segundo Oliveira (2016), as principais abordagens da morfologia urbana e


algumas de suas características são:

 Abordagem Histórico-Geográfica: O autor divide a paisagem urbana em três


elementos: plano de cidade (que é composto por sistema de ruas; lotes
e quarteirões; e as plantas de implantação dos edifícios), o tecido edificado e os
usos do solo. Além disso, desenvolve três conceitos ligados ao processo de
desenvolvimento urbano: cintura periférica, região morfológica e ciclo de
parcela burguesa.
 Abordagem Tipológica Projectual: A abordagem se baseia nos conceitos
de tipo, tipologia, estrutura, tecido, série e no estabelecimento do método
tipológico projectual.
 Sintaxe Espacial: A teoria parte do pressuposto da relação espaço-sociedade,
onde a configuração espacial opera de forma sistémica, e é a principal geradora
de movimento e força motriz das relações e fenómenos sociais.
 Análise Espacial: As principais características da abordagem é o uso de
ferramentas computacionais e modelos matemáticos para análise, diagnóstico e
simulação de sistemas urbanos.

1.3.3. Tipologias de morfologia urbana

O espaço urbano não é homogéneo, diferencia-se do ponto de vista morfológico


(a forma como o solo urbano é ocupado: o traçado das ruas, a disposição dos edifícios, a
localização dos espaços verdes.) e funcional (actividades desenvolvidas nos centros

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urbanos que desempenham um papel importante na satisfação das necessidades da
população).

Morfologia Urbana: O estudo das formas urbanas e dos atores e


processos responsáveis pela sua transformação. Demanda a habilidade de
detectar um vasto sistema de sinais estruturais que permitam, dinamicamente,
ler, compreender um organismo urbano em todas as suas escalas (Maretto,
2013).

Na visão de Hall (2006), a morfologia urbana traduz-se na forma como o solo


urbano é ocupado: o traçado das ruas, a disposição dos edifícios, a localização dos
espaços verdes, o que origina a planta da cidade/urbana, existindo essencialmente três
tipos de plantas:

 Irregular;
 Regular ou ortogonal; e
 Radioconcêntrica.

1.3.3.1. Planta irregular ou desordenada

A Planta Irregular caracteriza-se por um traçado desordenado das ruas, as ruas


são estreitas e sinuosas, o que dificulta a circulação automóvel, podemos encontrar ruas
sem saída ou acabam em escadas, neste tipo de planta também são característicos os
pátios interiores ou pequenas praças.

Como exemplo representativo deste tipo de planta temos as cidades muçulmanas ou os


centros históricos de algumas cidades europeias.

Figura 1: Ilustração de uma planta irregular

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Fonte: Adaptado pela autora a partir do Google Earth/2022.

1.3.3.2. Planta Regular ou Ortogonal

A Planta Regular caracteriza-se por ruas de traçado geométrico, direitas,


paralelas e perpendiculares umas às outras com ângulos de 90º, o que facilita a
circulação automóvel.

Como exemplo representativo deste tipo de planta temos as cidades norte


americanas, cidades recentes ou áreas reconstruídas, como é o caso da baixa pombalina
em Lisboa.

Figura 2: Ilustração de regular da cidade de Las Vegas

16
Fonte: Adaptado pela autora a partir do Google Earth/2022.

1.3.3.3. Planta Radioconcêntrica

A Planta Radioconcêntrica caracteriza-se por ruas circulares e radiais à volta


do centro, que poderá ser uma rotunda, um castelo, uma igreja, uma praça, um mercado,
um centro de negócios...

Como exemplo representativo deste tipo de planta temos as cidades europeias


medievais.

Figura 3: Ilustração de uma planta Radioconcêntrica da cidade de Moscovo.

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Fonte: Adaptado pela autora a partir do Google Earth/2022.

Conclusão

Diante das reflexões empreendidas no trabalho aferiu-se que, morfologia urbana


é, obviamente, o estudo da forma das cidades. Mas enquanto há consenso entre os

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‘morfologistas urbanos’ sobre o que eles estudam, há também um debate considerável
sobre como as formas urbanas devam ser estudadas.

Constatou-se assim, que a natureza do espaço urbano constitui-se como uma


força activa capaz de estabelecer e conservar a ordem de tudo o que existe em seu
interior por meio de uma delicada relação entre espaço e sociedade podendo, quase
sempre, produzir resultados radicalmente diferentes em momentos históricos
subsequentes.

Contudo, algumas das consequências das aglomerações urbanas podem ser


enumeradas: proliferação das favelas, desemprego, marginalidade e carência de infra-
estrutura básica. Esses problemas estão relacionados à qualidade de vida da população e
são decorrentes de uma urbanização acelerada que não vem acompanhada de uma infra-
estrutura que lhe dê suporte. Não obstante, é importante considerar a dinâmica das
periferias urbanas por serem áreas do território urbano mais sujeitas a mudanças. Dai a
importância de acompanhar estas alterações e intervir sempre que necessário através dos
P.D.M (Plano Director Municipal) ou mesmo P.G.U (Plano Geral de Urbanização).

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Referências bibliográficas

Ferreira, A. B. H. (1988). Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira.

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