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Percepção da Comunidade Local sobre os Perigos Ambientais na prática da Actividade


Agrícola no Distrito de Balama (2017-2021).

Fausia Basílio Armando (fausiabasilio@gmail.com)


Docente: Msc, Talassamo Saide Ali
Cadeira: Ecossistema de Terra e Biodiversidade.

Universidade Rovuma-Extensão de Cabo Delgado-Montepuez. Curso de Licenciatura em


Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário com Habilitações em Ecoturismo.

Resumo
As acções humanas repercutem sobre o meio ambiente, criando alterações que podem
reflectir num quadro de degradação ambiental. Desde a criação da agricultura, muita coisa
mudou na arte de cultivar a terra, e não foram apenas mudanças positivas. Desta forma,
embora a pecuária seja a mais nociva das actividades no distrito de Balama, aferiu-se que a
agricultura também possui o seu nível de impacto ambiental, desde o desmatamento para o
plantio, uso da água, contaminação das águas e solos com fertilizantes e agrotóxicos são
alguns dos impactos negativos da agricultura sobre o meio ambiente. Neste contexto, este
artigo tem como tema: Percepção da Comunidade Local sobre os Perigos Ambientais na
prática da actividade Agrícola no Distrito de Balama (2017-2021). E, como objectivo geral, o
estudo visa analisar a percepção da comunidade local sobre os perigos ambientais na prática
da actividade agrícola no Distrito de Balama. De sublinhar que, o estudo da percepção
ambiental é de fundamental importância para que possamos compreender melhor as inter-
relações entre o ser humano e o ambiente, suas expectativas, anseios, satisfações e
insatisfações, julgamentos e condutas.
Palavras-chave: Agricultura; Perigos ambientais; Comunidade Local; Balama.

Abstract
Human actions have repercussions on the environment, creating changes that may
reflect on a framework of environmental degradation. Since the inception of agriculture, a lot
has changed in the art of cultivating the land, and it's not just positive changes. In this way,
although livestock is the most harmful of activities in the district of Balama, it was verified
that agriculture also has its level of environmental impact, from deforestation for planting,
water use, contamination of water and soil with fertilizers. and pesticides are some of the
negative impacts of agriculture on the environment. In this context, this article has as its
theme: Perception of the Local Community on Environmental Hazards in the practice of
Agricultural activity in the District of Balama (2017-2021). And, as a general objective, the
study aims to analyze the perception of the local community about the environmental hazards
in the practice of agricultural activity in the District of Balama. It should be noted that the
study of environmental perception is of fundamental importance so that we can better
understand the interrelationships between human beings and the environment, their
expectations, desires, satisfactions and dissatisfactions, judgments and behaviors.
Keywords: Agriculture; Environmental hazards; Local Community; Balama.
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Resumen
Las acciones humanas repercuten en el medio ambiente, generando cambios que
pueden reflejarse en un marco de degradación ambiental. Desde los inicios de la agricultura,
mucho ha cambiado en el arte de cultivar la tierra, y no son solo cambios positivos. De esta
forma, si bien la ganadería es la actividad más dañina en el distrito de Balama, se verificó que
la agricultura también tiene su nivel de impacto ambiental, desde la deforestación para la
siembra, uso de agua, contaminación del agua y suelo con fertilizantes y pesticidas. algunos
de los impactos negativos de la agricultura en el medio ambiente. En ese contexto, este
artículo tiene como tema: Percepción de la Comunidad Local sobre los Peligros Ambientales
en la práctica de la actividad Agrícola en el Distrito de Balama (2017-2021). Y, como
objetivo general, el estudio pretende analizar la percepción de la comunidad local sobre los
peligros ambientales en la práctica de la actividad agrícola en el Distrito de Balama. Cabe
señalar que el estudio de la percepción ambiental es de fundamental importancia para que
podamos comprender mejor las interrelaciones del ser humano con el medio ambiente, sus
expectativas, deseos, satisfacciones e insatisfacciones, juicios y conductas.
Palabras llave: Agricultura; Peligros ambientales; Comunidad local; Balamá.
Introdução
Na história da humanidade, o modo de produção dominante passou por profundas
transformações. O planeta terra vem sofrendo com as transformações ambientais, causadas
pela industrialização e pela actividade agrícola não conservacionista. A contaminação das
águas e do solo, o desmatamento, a piora do efeito estufa e a destruição da camada de ozónio
são problemas que prejudicam não apenas uma nação, mas todo o mundo, (Espinosa, 1993).
Neste sentido, a percepção ambiental é uma actividade mental de interacção do
indivíduo com o meio, que ocorre através de mecanismos perceptivos propriamente ditos e,
principalmente, cognitivos. Os mecanismos perceptivos são dirigidos por estímulos externos,
captados pelos cinco sentidos, (Merigueti, 2004).
Deste modo, o presente trabalho tem como tema: Percepção da Comunidade Local
sobre os Perigos Ambientais na prática da actividade Agrícola no Distrito de Balama
(2017-2021). Haja vista que a percepção dos perigos é o primeiro passo porque estes são
tangíveis, diferentemente dos riscos, que necessitam de uma elaboração cognitiva para sua
apreensão. Os perigos podem ser perguntados de forma mais directa, enquanto os riscos
requerem um trabalho maior para a acurácia no questionário. Neste sentido, dadas as análises
feitas no distrito de Balama, observa-se que a comunidade local parece estar muito distraída
em relação aos problemas ambientais que vigoram naquele distrito, pois não tem havido
acções intervencionistas, como forma de mitigar os problemas ambientais que ali se
vivenciam.
Este trabalho tem como objectivo geral analisar a percepção da comunidade local
sobre os perigos ambientais na prática da actividade agrícola no Distrito de Balama. Como
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objectivos específicos, o trabalho visa identificar os principais perigos ambientais


ocasionados pela actividade agrícola no distrito de Balama, descrever as percepções da
comunidade local sobre os perigos ambientais na prática da actividade agrícola no Distrito de
Balama e sugerir estratégias que possam garantir uma agricultura sustentável no distrito de
Balama.
A metodologia utilizada na elaboração do presente trabalho foi a consulta
bibliográfica, que consiste na recolha, análise crítica e interpretação de dados.
Estruturalmente o trabalho obedece a seguinte organização: introdução, desenvolvimento,
conclusão e referências bibliográficas.

REVISÃO LITERÁRIA

Percepção ambiental
Os aspectos cognitivos, motivacionais, avaliativos e de conduta são processos
psicológicos básicos e estão intimamente atrelados aos aspectos perceptivos de intercâmbio
com o espaço. As percepções funcionam como conectores que estabelecem contactos locais e
constantes, entre acções ou operações e objectos e eventos, (Piaget, 1969).
De imediato, pode-se citar Tuan (1980) que diz que percepção é uma actividade, um
estender-se para o mundo. Com essa mesma visão, Davidoff (1983), diz que “nossos sentidos
podem ser considerados como nossas janelas para o mundo”. O mesmo autor define a
percepção como o processo de organizar e interpretar dados sensoriais recebidos (sensações)
para desenvolvermos a consciência do ambiente que nos cerca e de nós mesmos. A
percepção, portanto, implica interpretação.
Assim, trata-se, a percepção, da apreensão de uma situação objectiva baseada em
sensações, acompanhada de representações e frequentemente de juízos (Ballone, 2003). Na
percepção, acrescentamos aos estímulos elementos da memória, do raciocínio, do juízo e do
afecto, portanto, acoplamos às qualidades objectivas dos sentidos outros elementos
subjectivos e próprios de cada indivíduo.
Deste modo, a percepção ambiental pode ser definida como sendo uma tomada de
consciência do ambiente pelo ser humano, ou seja, o acto de perceber o ambiente em que se
está inserido, (Faggionato, 2004). Integra elementos da psicologia, da geografia, da biologia e
da antropologia, entre outras ciências, tendo como objectivo principal o entendimento sobre
os factores, os mecanismos e os processos que levam o ser humano a possuir percepções e
comportamentos distintos em relação ao meio ambiente.
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A percepção ambiental é uma actividade mental de interacção do


indivíduo com o meio, que ocorre através de mecanismos perceptivos
propriamente ditos e, principalmente, cognitivos. Os mecanismos perceptivos
são dirigidos por estímulos externos, captados pelos cinco sentidos. Desta
forma, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para
que possamos compreender melhor as inter-relações entre o ser humano e o
ambiente, suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos
e condutas, (Merigueti, 2004).

A partir da percepção ambiental busca-se entender a lógica que rege as relações


estabelecidas entre os grupos humanos e os elementos naturais. Esse entendimento permite a
atribuição de valores e importâncias diferenciadas para cada um desses elementos e para os
serviços ecossistêmicos do ambiente natural como subsídios para o planeamento de
estratégias afectivas de consciencialização ambiental, de conservação e de preservação dos
espaços naturais e antrópicos.

Agricultura
Segundo Andrade (2006), “a agricultura é uma prática económica que consiste no uso
dos solos para cultivo de vegetais a fim de garantir a subsistência alimentar do ser humano,
bem como produzir matérias-primas que são transformadas em produtos secundários em
outros campos da actividade económica”. Noutra perspectiva, Oliveira (1995:4) define a
agricultura como a ciência que tem por finalidade produzir, em condições económicas,
plantas úteis ao homem. Por extensão, também se ocupa pela criação dos animais domésticos
e das indústrias que utilizam os produtos do campo como matéria-prima.
Entretanto, pode se resumir a consistência da agricultura, como arte de cultivar a terra,
ou conjunto de técnicas para o cultivo da terra destinados à alimentação humana e animal,
produção de matérias-primas e ornamentação. Como referido, a produção agrícola envolve
vasta gama de produções, dentro delas encontra-se a rizicultura.

Perigos ambientais
Segundo a OHSAS 18001, o Perigo é toda fonte, situação ou acto com um potencial
para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde, ou uma combinação
destes. A Norma Regulamentadora nº 10, define o Perigo como a situação ou condição de
risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de
medidas de controlo.
Portanto, o Perigo trata-se de toda fonte (actividade, ambiente, máquina rotativa,
substância, etc.) com potencial de causar danos à saúde e integridade física do trabalhador.
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Perigo é a situação em que se encontra, sob ameaça, a existência ou a integridade de uma


pessoa, um animal, um objecto etc1.
Perigo é fonte ou situação com potencial de causar lesão ou doença, danos à
propriedade, ao meio ambiente ou combinação destes. Desta forma, a propriedade inerente do
agente químico de ter potencial de causar efeitos adversos quando um organismo, sistema ou
população é exposta ao agente.

Comunidade local
De acordo com Palácios (2001), a comunidade local2 é definida como um
agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa circunscrição territorial de nível de
localidade ou inferior, que visa a salvaguarda de interesses comuns através da protecção de
áreas habitacionais, áreas agrícolas sejam ela cultivadas ou em Pousio, floresta, sítios de
importância cultural, pastagens fontes de água e área de expansão (p.1)

Por seu turno, Chichava (1999), define comunidade como sendo pessoas vivendo
numa zona residencial, cujas vidas são entrelaçadas em determinado grau, por actividade e
relações que são desenvolvidas dentro da área entre os diferentes grupos de pessoas. A
comunidade será assim, uma entidade orgânica, dinâmica e não estática, que se desenvolve,
cresce, declina, muda e altera-se em resposta as iniciativas locais.
Tendo como base aos autores supracitados acima, depreende-se que comunidade local
é um agrupamento de pessoas, que vivendo num espaço geográfico, identificam-se com os
problemas locais e se empenham na busca de soluções para os mesmos.

Problemas ambientais provocados pela actividade agrícola


Na história da humanidade, o modo de produção dominante passou por profundas
transformações. O planeta terra vem sofrendo com as transformações ambientais, causadas
pela industrialização e pela actividade agrícola não conservacionista. A contaminação das
águas e do solo, o desmatamento, a piora do efeito estufa e a destruição da camada de ozónio
são problemas que prejudicam não apenas uma nação, mas todo o mundo, (Espinosa, 1993).
Na óptica de Lewandowski (2011), “as actividades agrícolas provocam impactos
sobre o ambiente, tais como: Poluição atmosférica; Poluição dos solos e da água;
Diminuição da biodiversidade; Erosão do Solo; Desmatamento, etc. ” (p.184).

1
https://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/risco-perigo/

2
O local implica um espaço com características peculiares, que evoca sentimentos de familiaridade e
vizinhança, congrega identidade e história (Bourdin, 2001, p.13).
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 Erosão: O domínio das monoculturas, típico da moderna agricultura, também gera


condições favoráveis à erosão, a medida em que tende a desprezar as vegetações
nativas, que garantem a firmeza do solo, e a estimular o plantio de espécies únicas em
todos os espaços disponíveis de uma região, (Ludwing, 2005).

Contudo, a actividade humana acelera esse processo como uso de técnicas de cultivos
incompatíveis com as características ambientais do local onde são empregadas, como por
exemplo a queima da vegetação. Quando se retira a vegetação que oferece protecção ao solo,
a probabilidade do surgimento de erosões aumenta exponencialmente. Além disso, a retirada
da mata ciliar para o plantio provoca o assoreamento dos rios.

 Diminuição da biodiversidade: Na óptica de Ludwing (2005), “os agrotóxicos


(pesticidas) utilizados para o controle de pragas nas lavouras, muitas vezes, são
pulverizados por aviões e atingem as áreas vizinhas, matando, assim, espécies de
animais e plantas.

Além disso, o desmatamento também contribui para a diminuição da biodiversidade, uma


vez que desloca animais de seu habitat natural.

 Poluição dos solos e da água: O uso de insumos agrícolas, como adubos químicos,
corretores do solo e pesticidas (os chamados agrotóxicos), contaminama água e solo.
Rodrigues (2011, p.11).
Entretanto, essa contaminação é intensificada quando chove ou quando a lavoura é
irrigada, pois os produtos químicos escoam para os rios e infiltram no solo.

 Poluição atmosférica: A agricultura intensiva, por ser mecanizada, é uma


modalidade que utiliza muita energia e combustíveis fósseis, como o óleo diesel.
Neste contexto, a utilização de implementos agrícolas e máquinas, como arados
mecânicos, plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras, contribui para a queima desses
combustíveis e a consequente poluição do ar, (Rodrigues, 2011, p.11).

 Escassez de água potável: A irrigação é responsável pela utilização de grande parte


da água potável. Mais da metade da água consumida é destinada a irrigar campos
cultivados.
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Com efeito, em uma época como a actual em que já se tem falta de água para o consumo
em diversos locais, essa informação por si só já se configura como uma preocupação
ambiental importante, (Espinosa (1993).
Contudo, as causas dos impactos da agricultura sobre o ambiente têm origem na
demanda de mercado, e suas consequências implicam em custos ambientais e ecológicos de
difícil mensuração. Para que se promova o desenvolvimento de uma agricultura sustentável é
necessário consciencializar o agricultor sobre a conservação do ambiente, além de oferecer os
meios e métodos para alcançar esse desenvolvimento sustentável.

METODOLOGIA
Neste estudo, foram usados vários materiais para a concretização desta pesquisa, no
entanto alguns desses materiais foram tangíveis e outros intangíveis. No entanto, foram os
usados os seguintes materiais tangíveis: Computador, Celular Android, Obras literárias
físicas. E dos intangíveis destacam-se os seguintes: Internet para obtenção de informações
sobre o tema em abordagem.
O estudo guiou-se na base de alguns procedimentos metodológicos para a sua
materialização, para tanto, o método de abordagem usado neste estudo é o método Dedutivo,
pois das pesquisas já realizadas sobre a Analise dos problemas ambientais provocados pela
agricultura foram inferidas as leis particulares.
A classificação da presente pesquisa sob ponto de vista dos seus objectivos, a pesquisa
é descritiva, pois tem como objectivo primordial descrever as percepções da comunidade
local sobre os perigos ambientais na prática da actividade agrícola no Distrito de Balama e
sugerir estratégias que possam garantir uma agricultura sustentável no distrito de Balama.
Quanto a abordagem a pesquisa é qualitativa, na vertente da análise e compilação de
conteúdo. De acordo com Oliveira (2011, p.25), a pesquisa qualitativa é entendida como uma
“expressão genérica”. Isso significa, por um lado, que ela compreende actividades ou
investigação que podem ser denominadas específicas.
Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa é de campo, visto que irá se basear na
recolha de dados no distrito de Balama, a partir da técnica de observação directa e das
técnicas de entrevista e questionário. Quanto a natureza a pesquisa é básica. Porque traz à
tona novos conhecimentos que poderão dirigir à solução de problemas ambientais provocados
pela actividade agrícola no distrito de Balama.
O método de procedimento que segundo o qual a pesquisa se fundamenta é o método
Descritivo, porém, o estudo traz a descrição das percepções da comunidade local sobre os
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perigos ambientais na prática da actividade agrícola no Distrito de Balama e por fim sugere
estratégias que possam garantir uma agricultura sustentável no distrito de Balama. Do ponto
de vista dos procedimentos técnicos a pesquisa é de Campo e Bibliográfica.

RESULTADO DA PESQUISA

Análise ambiental em actividades agrícolas no distrito de Balama


Desde a criação da agricultura, muita coisa mudou na arte de cultivar a terra, e não
foram apenas mudanças positivas. Desta forma, embora a pecuária seja a mais nociva das
actividades no distrito e de forma peculiar no distrito de Balama, aferiu-se que a agricultura
também possui o seu nível de impacto ambiental, desde o desmatamento para o plantio, uso
da água, contaminação das águas e solos com fertilizantes e agrotóxicos são alguns dos
impactos negativos da agricultura sobre o meio ambiente.
Os impactos da produção agrícola no meio ambiente são uma consequência da
necessidade de consumo das sociedades e do avanço das técnicas produtivas. É fato que a
agricultura Intensiva, por meio dos recursos por ela utilizados, promoveu uma verdadeira
revolução no aumento da produtividade e na redução de tempo para a obtenção de resultados
na agricultura. Entretanto, esse avanço não ocorreu sem custos aos recursos naturais. Há
diversos aspectos desse sistema que provocam críticas dos ambientalistas.
Entretanto, a agricultura no distrito de Balama não causa apenas impactos negativos
no meio ambiente, as plantações também ajudam a sequestrar o carbono responsável pelo
agravamento do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global. Como a comunidade do
distrito de Balama precisa se alimentar através da agricultura, não há como parar de produzir,
mas a população deve buscar alternativas ecológicas ou sustentáveis, de modo a produzir sem
criar impactos severos ao meio ambiente.

Analise dos Perigos Ambientais na prática da actividade Agrícola no Distrito de Balama


Das análises feitas, percebeu-se que os agricultores do distrito de Balama numa
primeira fase procedem com a retirada da cobertura vegetal original para o plantio
(desmatamento), o que propicia o surgimento de erosões no solo, e mesmo no período em que
o solo está coberto de plantações, por vezes ocorrem erosões, mas quando a drenagem da
água não é bem-feita, o que acaba afectando ou comprometendo inclusive a produção.
Por outro lado, o desmatamento para o plantio nas zonas de produção no distrito de
Balama provoca a migração e extinção de certos animais. O uso indiscriminado de
agrotóxicos colabora para a diminuição da biodiversidade, pois esses pesticidas, muitas
11

vezes, não atingem apenas as pragas, mas também organismos (animais e plantas) que estão
no raio de aplicação do agrotóxicos.
Não obstante, importa frisar que a contaminação ou poluição dos solos e da água no
distrito de Balama é ocasionada pelo uso de defensivos agrícolas, os chamados agrotóxicos,
que são utilizados para combater as pragas que atingem as lavouras. Entretanto, esses
produtos químicos não atingem apenas o campo cultivado. Muitas vezes, no distrito de
Balama, quando chove ou quando o terreno é irrigado, os pesticidas são levados para as
camadas mais profundas do solo e para os mananciais de água doce. Por outro lado, o uso
excessivo dos agrotóxicos pode prejudicar permanentemente o solo, tornando-o inapto a
receber qualquer tipo de cultivo.
Como se não bastasse, as queimadas descontroladas são uma das principais causas dos
perigos ambientais no distrito de Balama. Os incêndios liberam o carbono sequestrado pela
floresta, além de emitir a atmosfera uma quantidade três vezes maior de CO2 em relação aos
combustíveis fósseis utilizados. Como consequência dos efeitos catastróficos sobre as áreas
exploradas, no distrito de Balama destacam-se, erosão, infertilidade e desgaste do solo,
emissão maior de CO2 que provoca o aquecimento global.
Todavia, a agricultura é responsável pela maior parte do consumo de água potável no
distrito de Balama entre todas as actividades desenvolvidas pela comunidade local, é nessa
actividade que também ocorre o maior desperdício. A água utilizada para a irrigação das
lavouras em Balama é em grande parte perdida, parte dela evapora ou escoa, indo parar em
mananciais poluídos, o que a torna imprópria para o consumo da população.
Contudo, dadas as análises feitas no distrito de Balama, depreendeu que a comunidade
local parece estar muito distraída em relação aos problemas ambientais que vigoram naquele
distrito, pois não tem havido acções intervencionistas, como forma de mitigar os problemas
ambientais que ali se vivenciam. Nisto, a comunidade local residente no distrito de Balama
constitui o principal agente causador dos perigos ambientais durante a realização das
actividades agrícolas, e, em contrapartida, pouco intervém na colmatação desses problemas
existentes, factor que constitui maior preocupação para o governo e também da própria
comunidade endógena.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Análise Ambiental em Actividades Agrícolas


As acções humanas repercutem sobre o meio ambiente, criando alterações que podem
reflectir num quadro de degradação ambiental. Para Ross (2006), os problemas ambientais
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decorrente de práticas económicas predatórias ocasionam implicações para a sociedade a


médio e longo prazos, diante do desperdício dos recursos naturais e da degradação
generalizada, com a perda da qualidade ambiental e de vida, tornando-se urgente a elaboração
de planeamentos territoriais que busquem integrar elementos socioeconómicos e, também
ambientais.
Nesta perspectiva, as actividades agrícolas são, em sua maioria, de grande potencial
para a degradação ambiental, vale salientar que nem todas as diferentes formas de práticas
agrícolas causam os mesmos impactos.
É fato que a agricultura encontra-se inclusa nas actividades que mais dependem dos
recursos naturais, principalmente da água e do solo, e se sua exploração for mal conduzida,
pode ocasionar impactos negativos ao meio ambiente, (Mafra, 2010). Mas,
independentemente da dimensão de áreas voltadas às actividades agrícolas, estas podem
apresentar impactos ambientais (positivos e negativos) independentemente da cultura
empregada.

Agricultura e Meio Ambiente


A agricultura convencional apesar de ser bem-sucedida no que se refere à demanda na
produção de alimentos, não é realizada de forma sustentável, pois dependem de insumos,
cujas matérias-primas são os recursos naturais não renováveis, (Macedo, 1995).
Assim, percebe-se que a adequação do uso das terras, consiste em uma proposição do
uso das terras de acordo com sua oferta ambiental. Daí a importância de identificar a
compatibilidade entre a capacidade de uso com o plano de uso actual, de maneira que,
possam ser identificadas às áreas que estão sendo utilizados com o reconhecimento de causas
e efeitos ao ambiente.
O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2008: Agricultura para o
Desenvolvimento, apresenta em um cenário mundial a preocupação quanto a agricultura e o
meio ambiente, na qual apresenta os pontos positivos da agricultura como essencial no
sequestro de carbono, gestão das bacias hidrográficas e na preservação da biodiversidade,
isso se praticada de maneira sustentável. Como mostra também, os aspectos negativos dos
manejos inadequados das áreas agrícolas, podem ocasionar o empobrecimento dos lençois
freáticos, poluição por produto químicos e na própria exaustão dos solos.
No que se refere ao uso e exaustão dos solos agrícolas os problemas se multiplicam de
forma indelével, principalmente em áreas de declives incluindo o empobrecimento dos solos,
a formação de voçorocas, sedimentação e assoreamento nos cursos de água, etc.
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À luz de Mafra (2010), a erosão em áreas agricolas é um grave problema, pois as


matas são derrubadas e queimadas desordenadamente, as encostas íngremes são aradas na
direcção da maior declividade, os pastos são superlotados com rebanhos e as terras cultivadas
são submetidas a monoculturas (que reduzem a resistência dos ecossistemas e empobrecem as
terras em nutrientes específicos).
Portanto, Mafra (2010) chama atenção para este aspecto ao afirmar que:

“O maior problema da erosão em terras com vocação agrícola


consiste na eliminação da capa superficial do solo, importante por seu
conteúdo em matéria orgânica e fracções minerais finas, as quais garantem a
nutrição indispensável ao crescimento dos vegetais”, (Mafra, 2010, p. 307).

Com a erosão o solo perde não só elementos nutritivos que o mesmo possui como
também os constituintes do seu corpo, logo um terreno fértil em que a erosão atua
acentuadamente se tornará pobre e apresentará baixa produção agrícola.
Conquanto, a percepção dos perigos é o primeiro passo porque estes são tangíveis,
diferentemente dos riscos, que necessitam de uma elaboração cognitiva para sua apreensão.
Os perigos podem ser perguntados de forma mais directa, enquanto os riscos requerem um
trabalho maior para a acurácia no questionário. Neste sentido, as perguntas sobre perigos
específicos (áreas contaminadas, trânsito, poluição, etc.) são mais adequadas para um
questionário grande cujo objectivo era maior do que este módulo de questões, (Kates, 1967;
Douglas, 1985; 1987; Lupton, 1999; Slovic, 2000).
Portanto, a percepção do meio natural tem sido progressivamente abalada nas últimas
décadas em função da crescente urbanização e do êxodo rural. As pessoas que nascem e
crescem em ambientes totalmente construídos tendem a perder muito de sua sensibilização e
percepção em relação ao meio natural, deixando de, com ele, criar vínculos fortes o suficiente
para que possa ser construída uma valoração mental dos elementos.
Segundo Merigueti (2004), cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente
às acções sobre o ambiente em que vive. As respostas ou manifestações daí decorrentes são
resultado das percepções (individuais e/ou colectivas), dos processos cognitivos, dos
julgamentos, do imaginário popular e das expectativas de cada pessoa e dos grupos
envolvidos.
Desta forma, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que
possamos compreender melhor as inter-relações entre o ser humano e o ambiente, suas
expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas.
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Conclusão
As causas dos impactos da agricultura sobre o ambiente têm origem na demanda de
mercado, e suas consequências implicam em custos ambientais e ecológicos de difícil
mensuração. Para que se promova o desenvolvimento de uma agricultura sustentável é
necessário consciencializar o agricultor sobre a conservação do ambiente, além de oferecer os
meios e métodos para alcançar esse desenvolvimento sustentável.
A agricultura no distrito de Balama não causa apenas impactos negativos no meio
ambiente, as plantações também ajudam a sequestrar o carbono responsável pelo
agravamento do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global. Como a comunidade da
distrito Balama precisa se alimentar através da agricultura, não há como parar de produzir,
mas a população deve buscar alternativas ecológicas ou sustentáveis, de modo a produzir sem
criar impactos severos ao meio ambiente.
A comunidade local residente no distrito de Balama constitui o principal agente
causador dos perigos ambientais durante a realização das actividades agrícolas, e, em
contrapartida, pouco intervém na colmatação desses problemas existentes, factor que
constitui maior preocupação para o governo e também da própria comunidade endógena.
A partir da percepção ambiental busca-se entender a lógica que rege as relações
estabelecidas entre os grupos humanos e os elementos naturais. Esse entendimento permite a
atribuição de valores e importâncias diferenciadas para cada um desses elementos e para os
serviços ecossistêmicos do ambiente natural como subsídios para o planeamento de
estratégias afectivas de consciencialização ambiental, de conservação e de preservação dos
espaços naturais e antrópicos.
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